quinta-feira, 15 de setembro de 2011

A MANIFESTAÇÃO SOBERANA DA GRAÇA DE DEUS É EDUCADORA

A frase: "Nem eu tampouco te condeno" é acompanhada por outra, igualmente importante. Se a primeira frase significa a sua vida, a sua liberdade, a segunda, "vai e não peques mais" significa a necessidade de que ela tivesse, à partir daquele momento, uma nova vida. Que as coisas velhas fossem abandonadas, e que ela tivesse uma nova vida [II Co 5.17 - E, assim, se alguém está em Cristo, é nova criatura; as coisas antigas já passaram; eis que se fizeram novas], que andasse em novidade de vida [Rm 6.4 - Fomos, pois, sepultados com ele na morte pelo batismo; para que, como Cristo foi ressuscitado dentre os mortos pela glória do Pai, assim também andemos nós em novidade de vida].

O apostolo Paulo afirma que a graça de Deus manifestou-se não apenas salvadora, mas, também, educadora [Tt 2.11-14 - Porquanto a graça de Deus se manifestou salvadora a todos os homens, educando-nos para que, renegadas a impiedade e as paixões mundanas, vivamos, no presente século, sensata, justa e piedosamente, aguardando a bendita esperança e a manifestação da glória do nosso grande Deus e Salvador Cristo Jesus, o qual a si mesmo se deu por nós, a fim de remir-nos de toda iniqüidade e purificar, para si mesmo, um povo exclusivamente seu, zeloso de boas obras]. Enfatizar conhecimento meramente teórico da graça de Deus é a mesma coisa que tentar descrever a luz para um deficiente visual. Há alguns anos, todo empolgado com a compra do meu primeiro carro, conversava com um amigo tentando descrevê-lo [um Fiat Prêmio, completo, bege] para um amigo. Sem perceber, comecei a dizer-lhe da cor do carro, inclusive mostrando-lhe um de cor semelhante que passava – e só então percebi a gafe que cometia, pois o meu amigo é daltônico.

O cristianismo não pode ser resumido a conhecimento teórico, como assevera Tiago com muita propriedade [Tg 2.26 - Porque, assim como o corpo sem espírito é morto, assim também a fé sem obras é morta]. Aos mesmos fariseus que desejavam a morte da mulher adúltera e do próprio Jesus o mestre lhes diz que, embora honrassem a Deus com os lábios [Mc 7.6 - Respondeu-lhes: Bem profetizou Isaías a respeito de vós, hipócritas, como está escrito: Este povo honra-me com os lábios, mas o seu coração está longe de mim]. Dificilmente algum de nós tem tanto conhecimento das Escrituras quanto os fariseus e doutores da lei tinham – mas todos eles rejeitavam o verdadeiro conhecimento, isto é, eles rejeitaram aquele que revela Deus aos corações dos homens [Jo 12.45 - E quem me vê a mim vê aquele que me enviou], por meio de quem Deus nos fala ainda hoje [Hb 1.1-4 - Havendo Deus, outrora, falado, muitas vezes e de muitas maneiras, aos pais, pelos profetas, nestes últimos dias, nos falou pelo Filho, a quem constituiu herdeiro de todas as coisas, pelo qual também fez o universo. Ele, que é o resplendor da glória e a expressão exata do seu Ser, sustentando todas as coisas pela palavra do seu poder, depois de ter feito a purificação dos pecados, assentou-se à direita da Majestade, nas alturas, tendo-se tornado tão superior aos anjos quanto herdou mais excelente nome do que eles].

O perdão que aquela mulher recebeu incluía a ordem de fazer algo diferente em sua vida: ela não poderia voltar às mesmas práticas. Deveria ir para sua casa, para os seus, para qualquer lugar, mas não poderia voltar à sua velha vida. Não lhe era permitido continuar na sua vida de pecados. Era imperativo que ela demonstrasse em seu viver a gratidão para com aquele que a tirou do lamaçal do pecado e lhe deu uma nova oportunidade que ninguém queria lhe dar, e que, como vimos, nem ela mesma ousava desejar. Ela não buscava perdão – mas a maior prova da soberania da graça de Deus é justamente Deus nos dar o que não merecemos e, muitas vezes, se sequer sabemos necessitar.

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