Nossa
primeira (e triste constatação) é a existência do cristianismo que se manifesta
nos fins de semana. Lamentavelmente esta chaga é mais comum do que gostaríamos,
fruto de uma visão antiga que foi preservada dentro de um cristianismo não tão
bíblico assim que advoga a existência de dois tipos de vida: a natural e a
espiritual, a sagrada e a profana.
Outra
chaga é o cristianismo que se manifesta apenas dentro dos muros santos
da Igreja, na segurança de um ambiente conhecido e controlado, na presença de
outras pessoas que também professam a mesma fé. Muitos sabem tudo de teologia,
opinam sobre liturgia e até mesmo sugerem alterações na prédica, na oratória,
na mensagem.
Fora
da Igreja são verdadeiros agentes secretos - ninguém sabe que são crentes, não
falam como crentes, não se vestem como crentes, não compartilham da sua fé. São
eloquentes para muitos assuntos, de política a futebol, são capazes de
descrever emocionadamente a chegada de uma corrida de caramujos - mas não
consideram ser possível apresentar quatro frases sequenciais descrevendo a obra
redentora de Cristo.
Na
Igreja canta-se que é “uma família, vivendo a verdade, sem qualquer falsidade”
mas durante a semana não há contato, e, pior, sequer sabe das lutas e
necessidades dos irmãos. Ao saber de um problema promete efusivamente que vai
“interceder junto ao trono de graça” e,
se tem oportunidade, faz uma oração que quase impressiona o Espírito Santo -
mas nem mais uma palavra durante toda a semana.
Na
Igreja temos muitos apelos emocionados em prol da obra missionária, descrevendo
com detalhes as lutas dos vários obreiros espalhados pelo mundo, mas não há a
menor disposição, fora da Igreja, para anunciar a mensagem de salvação em Jesus
Cristo nem mesmo para o vizinho de cadeira na hora do almoço ou durante 30h em
uma viagem de ônibus.
Não
é bom que seja assim. A Igreja precisa entender que o Senhor não chamou ninguém
para ser cristão apenas durante os fins de semana, ou apenas nos cultos. A
comunhão dos santos é para ser vivida todos os dias, o testemunho é para ser
eloquente em todos os lugares, tanto nos muito conhecidos, como a Igreja, como
nos mais inóspitos, como o local de trabalho. Não esconda sua bíblia - uma hora
alguém vai lhe dar a oportunidade de testemunhar de Jesus, nem que seja por
causa de uma atitude inoportuna de algum adversário.
Sei
que nada disso é novidade - a Igreja sabe o que deve fazer. Não fazer é pecado.
Ser cristão apenas de fim de semana é um pecado que deve ser evitado. Ser
cristão apenas na Igreja é, também, um pecado porque deixa de atingir a Judéia,
a Samaria e até mesmo o Marajoara, os confins da terra.
Como
mudar isso? Por mais difícil que isto possa parecer, é possível, para você, mudar
um mundo inteiro: o mundo que está mais próximo de você - você mesmo. Se você
mudar o seu proceder, terá mudado, de imediato, o mundo que mais lhe importa: o
seu. E então estará apto a influenciar, ou ao menos a testemunhar o poder do
Espírito para influenciar a vida das pessoas. Está pronto?
Está
disposto a mudar a sua história e a da sua Igreja?
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