O FILHO DE BELA APARÊNCIA E DE HORRÍVEL CORAÇÃO
Agora, pois, não se
apartará a espada jamais da tua casa, porquanto me desprezaste e tomaste a
mulher de Urias, o heteu, para ser tua mulher. Assim diz o SENHOR: Eis que da
tua própria casa suscitarei o mal sobre ti, e tomarei tuas mulheres à tua
própria vista, e as darei a teu próximo, o qual se deitará com elas, em plena
luz deste sol. Porque tu o fizeste em oculto, mas eu farei isto perante todo o
Israel e perante o sol.
II Samuel 12:10-12
DEUS CUMPRE A PRIMEIRA PARTE DA SENTENÇA
Davi teve muitos filhos. Dentre eles destaca-se
um jovem chamado Absalão, famoso por sua beleza e vaidade (II Sm 14.25-26).
Por causa do pecado de Davi, tomando Bate-Seba e
ordenando a morte de Urias o Senhor havia dito que sua casa jamais
experimentaria a paz (II Sm 12.10).
Uma das frases mais emblemáticas usadas pelos
profetas para autenticar sua mensagem era "Porque a boca do Senhor o
disse" (por exemplo, Jr 23.16), indicando a sua plena convicção
de que o que eles estavam falando provinha de Deus e certamente iria acontecer.
Com Davi não seria diferente. A sentença dada por Deus era tríplice: o filho do
adultério morreria (II Sm 12.14), o que efetivamente aconteceu.
DEUS CUMPRE A
SEGUNDA PARTE DA SENTENÇA
A segunda oportunidade de cumprimento da
sentença do Senhor sobre a casa de Davi ocorreu quando Amnom, filho de Davi com
Ainoã (II Sm 3.2),
enamorou-se de Tamar, irmã de Absalão, filho de Davi com Maaca (II Sm 3.3). Eram, portanto, irmãos por parte de pai,
embora não de mãe. Sua fixação leva-o a adoecer de paixão (II Sm 13.1-2).
OS
MAUS CONSELHEIROS
Para todo pecado sempre tem um incentivador. E
com Amnom não foi diferente, seu primo, Jonadabe, muito sagaz (II Sm 13.3) arma um estratagema e, no final, Amnom abusa e depois despreza Tamar
(II Sm 13.14-15).
UM
PAI OMISSO
Davi certamente conhecia as histórias de Eli e
Samuel. Homens de Deus que foram péssimos pais. Conhecia a sentença de Deus
sobre sua família, e, mesmo irado, não tomou nenhuma providência em relação a
gravíssimo pecado de Amnom (II Sm 13.21).
Absalão, vendo a letargia do pai, cuidou da irmã (II Sm 13.19-20) e nada fez contra Amnom, embora tenha passado a odiá-lo
profundamente (II Sm 13.22).
UM
FILHO VINGATIVO
Era dever de Davi julgar o pecado de seu filho,
mas não o fez. Dois anos depois Absalão resolve por em prática um plano para
vindicar a honra da sua irmã. Em um período de fartura, animais gordos e festa,
convidou o rei e os servidores para visitarem sua casa (II Sm 13.23-24) – evidentemente a corte seria um
enorme peso para o jovem príncipe (II Sm
13.25), que acaba conseguindo reunir os irmãos em sua casa sem a presença do pai (II Sm 13.26-27).
Tudo não passava de um estratagema pensado
silenciosamente durante dois anos para matar Amnom (II Sm 13.28).
NOVA
OMISSÃO
Novamente Davi não age com firmeza,
provavelmente apenas rejeitando publicamente ao filho, mas não vai busca-lo
para aplicar a justiça, mesmo sabendo onde o filho assassino estava (II Sm 13.37). Depois de três anos Davi resolve absolver o filho em seu coração
(II Sm 13.38).
Com a intercessão de Joabe, depois de algum
tempo Absalão recebe indulto, embora continue não sendo recebido pelo pai (II Sm 14.23-24).
UM
FILHO DISSIMULADO
Parecia que haveria paz na casa de Davi, mas a
sentença de Deus era irrevogável e Absalão, mesmo perdoado em parte, não iria
dar paz a Davi. Manda chamar a Joabe que lhe atende a contragosto, e Joabe
consegue que Davi receba Absalão (II Sm
14.33).
Mas Absalão tinha escolhido um caminho mortal –
assassinara o irmão em vingança e ainda nutria mágoas para com o próprio pai
que não defendera a própria filha. Provavelmente ele entendia que um pai que
não julgava a causa da própria filha não seria justo para julgar as causas de
estranho – e resolve colocar-se como opção diante do povo para fazer esta
tarefa (II Sm 15.1-2) acusando o próprio pai de não ter disposição
ou interesse em resolver os problemas do povo (II Sm 15.3). Vagarosamente ele ia
ganhando, demagogicamente, a simpatia do povo (II Sm 15.6).
Davi continuou omisso e, quatro anos depois,
Absalão já tinha feito um estrago tão grande que julgou-se no momento de tomar
o trono de seu pai (II Sm 15.10).
DEUS CUMPRE A TERCEIRA
PARTE DA SENTENÇA
A primeira parte da sentença de Deus sobre Davi
era de que ele não teria paz – pela espada matara Urias e, por isso, a espada
seria uma constante ameaça em seu reinado. Mas, como tomara a esposa de Urias,
outro também tomaria as suas, com a diferença de que, tendo feito o que fez às
ocultas, contra ele seria feito à vista de todo o povo (II Sm 12.11).
Para mostrar que não havia nenhuma chance de
conciliação com Davi – e para incentivar seus seguidores, tornando impossível
uma deserção, fazendo deles cúmplices de seus atos, Absalão resolve tomar uma
atitude extrema. Para más ações, sempre há maus conselheiros. E Absalão era
pródigo em se deixar influenciar por eles. Aconselhando por Aitofel, toma para
si, as concubinas que Davi deixara (II
Sm 15.16) e coabita com elas na frente de
todo o povo (II Sm 16. 21-22).
UMA
HISTÓRIA TRISTE, UM FIM TRÁGICO
O fim da história de Absalão é bastante
conhecido. Depois da fuga Davi preparou um exército, sob a liderança de Joabe,
para evitar ser morto por Absalão. Mesmo em meio às ameaças de morte Davi
ordena que Absalão seja tratado "amavelmente". Os servos de Davi, no
entanto, liderados por Joabe, acham Absalão preso pelos seus cabelos num
carvalho (II Sm 18-9-10) e Joabe o mata (II Sm
18.14) e enterram-no. Quando Davi toma conhecimento chora a
morte do filho (II Sm 18.33) e é
duramente repreendido por Joabe (II Sm
19.5-6).
LAMENTO
DE UM CORAÇÃO AMARGURADO
O choro de Davi expressa uma grande angústia
especialmente porque ele sabe que todo aquele sofrimento – primeiro, o filho de
Bate-Seba, depois, o sofrimento de Tamar, a morte de Amnom e agora Absalão e
outros mais que viriam seriam nada além das consequências do seu pecado. Por
sua família ele poderia se lembrar sempre de quão pecador era, e, também, de
quão gracioso Deus fora preservando-lhe a vida e o trono, como ele expressa no Sl 51.3: Pois eu conheço as minhas
transgressões, e o meu pecado está sempre diante de mim enquanto chorava
amargamente após ser confrontado por Natã e ver, diante dele, Bate-Seba e a sua
proeminente barriga.
LIÇÕES
PRECIOSAS
DEUS
É CONFIÁVEL
Podemos confiar na veracidade da palavra de
Deus. Tudo quanto o Senhor afirmar que acontecerá é inevitável que aconteça.
Davi nunca teve descanso em todos os seus dias – este privilégio foi para seu
filho, Salomão (I Cr 22.8-9).
DEUS
É JUSTO
A justiça de Deus é inescapável. Davi achou que
podia acobertar o seu pecado com Bate-Seba através de um estratagema, trazendo
Urias para que ele se deitasse com a esposa (II Sm 11.8-11). Não deu certo. Davi também tentou deixar passar em branco o pecado
de Amnom e, mais tarde, o de Absalão. Também não deu certo.
DEUS
É GRACIOSO
Apesar do pecado de Davi – aparentemente menos
grave do que o pecado de Saul, Deus não o rejeitou. Davi confessou o seu pecado
e foi perdoado. Saul não se arrependeu – assim como ele pecou para agradar o
povo, continuou pecando porque queria apenas ajeitar a situação. Como Davi
sabemos o que merecemos: a ira de Deus. Mas aprendemos que ele também é Deus
perdoador (Sl 99.8), desde que confessemos os nossos pecados
e confiemos na sua graça (I Jo 1.9). Para sermos abençoados só é necessário
uma coisa: ouvir a voz de Deus e deixar de ser rebelde (Is 1:19)
e passar a ser obediente (Is 1.16-18).
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