quinta-feira, 9 de outubro de 2014

SÉRIE PERSONAGENS: ABSALÃO, O FILHO DE BELA APARÊNCIA E DE HORRÍVEL CORAÇÃO

O FILHO DE BELA APARÊNCIA E DE HORRÍVEL CORAÇÃO

Agora, pois, não se apartará a espada jamais da tua casa, porquanto me desprezaste e tomaste a mulher de Urias, o heteu, para ser tua mulher. Assim diz o SENHOR: Eis que da tua própria casa suscitarei o mal sobre ti, e tomarei tuas mulheres à tua própria vista, e as darei a teu próximo, o qual se deitará com elas, em plena luz deste sol. Porque tu o fizeste em oculto, mas eu farei isto perante todo o Israel e perante o sol.
II Samuel 12:10-12

DEUS CUMPRE A PRIMEIRA PARTE DA SENTENÇA

Davi teve muitos filhos. Dentre eles destaca-se um jovem chamado Absalão, famoso por sua beleza e vaidade (II Sm 14.25-26).
Por causa do pecado de Davi, tomando Bate-Seba e ordenando a morte de Urias o Senhor havia dito que sua casa jamais experimentaria a paz (II Sm 12.10).
Uma das frases mais emblemáticas usadas pelos profetas para autenticar sua mensagem era "Porque a boca do Senhor o disse" (por exemplo, Jr 23.16), indicando a sua plena convicção de que o que eles estavam falando provinha de Deus e certamente iria acontecer. Com Davi não seria diferente. A sentença dada por Deus era tríplice: o filho do adultério morreria (II Sm 12.14), o que efetivamente aconteceu.

DEUS CUMPRE A SEGUNDA PARTE DA SENTENÇA

A segunda oportunidade de cumprimento da sentença do Senhor sobre a casa de Davi ocorreu quando Amnom, filho de Davi com Ainoã (II Sm 3.2), enamorou-se de Tamar, irmã de Absalão, filho de Davi com Maaca (II Sm 3.3). Eram, portanto, irmãos por parte de pai, embora não de mãe. Sua fixação leva-o a adoecer de paixão (II Sm 13.1-2).
OS MAUS CONSELHEIROS
Para todo pecado sempre tem um incentivador. E com Amnom não foi diferente, seu primo, Jonadabe, muito sagaz (II Sm 13.3) arma um estratagema e, no final, Amnom abusa e depois despreza Tamar (II Sm 13.14-15).

UM PAI OMISSO

Davi certamente conhecia as histórias de Eli e Samuel. Homens de Deus que foram péssimos pais. Conhecia a sentença de Deus sobre sua família, e, mesmo irado, não tomou nenhuma providência em relação a gravíssimo pecado de Amnom (II Sm 13.21). Absalão, vendo a letargia do pai, cuidou da irmã (II Sm 13.19-20) e nada fez contra Amnom, embora tenha passado a odiá-lo profundamente (II Sm 13.22).

UM FILHO VINGATIVO

Era dever de Davi julgar o pecado de seu filho, mas não o fez. Dois anos depois Absalão resolve por em prática um plano para vindicar a honra da sua irmã. Em um período de fartura, animais gordos e festa, convidou o rei e os servidores para visitarem sua casa (II Sm 13.23-24) – evidentemente a corte seria um enorme peso para o jovem príncipe (II Sm 13.25), que acaba conseguindo reunir os irmãos em sua casa sem a presença do pai (II Sm 13.26-27).
Tudo não passava de um estratagema pensado silenciosamente durante dois anos para matar Amnom (II Sm 13.28).

NOVA OMISSÃO

Novamente Davi não age com firmeza, provavelmente apenas rejeitando publicamente ao filho, mas não vai busca-lo para aplicar a justiça, mesmo sabendo onde o filho assassino estava (II Sm 13.37). Depois de três anos Davi resolve absolver o filho em seu coração (II Sm 13.38).
Com a intercessão de Joabe, depois de algum tempo Absalão recebe indulto, embora continue não sendo recebido pelo pai (II Sm 14.23-24).

UM FILHO DISSIMULADO

Parecia que haveria paz na casa de Davi, mas a sentença de Deus era irrevogável e Absalão, mesmo perdoado em parte, não iria dar paz a Davi. Manda chamar a Joabe que lhe atende a contragosto, e Joabe consegue que Davi receba Absalão (II Sm 14.33).
Mas Absalão tinha escolhido um caminho mortal – assassinara o irmão em vingança e ainda nutria mágoas para com o próprio pai que não defendera a própria filha. Provavelmente ele entendia que um pai que não julgava a causa da própria filha não seria justo para julgar as causas de estranho – e resolve colocar-se como opção diante do povo para fazer esta tarefa (II Sm 15.1-2) acusando o próprio pai de não ter disposição ou interesse em resolver os problemas do povo (II Sm 15.3). Vagarosamente ele ia ganhando, demagogicamente, a simpatia do povo (II Sm 15.6).
Davi continuou omisso e, quatro anos depois, Absalão já tinha feito um estrago tão grande que julgou-se no momento de tomar o trono de seu pai (II Sm 15.10).

DEUS CUMPRE A TERCEIRA PARTE DA SENTENÇA

A primeira parte da sentença de Deus sobre Davi era de que ele não teria paz – pela espada matara Urias e, por isso, a espada seria uma constante ameaça em seu reinado. Mas, como tomara a esposa de Urias, outro também tomaria as suas, com a diferença de que, tendo feito o que fez às ocultas, contra ele seria feito à vista de todo o povo (II Sm 12.11).
Para mostrar que não havia nenhuma chance de conciliação com Davi – e para incentivar seus seguidores, tornando impossível uma deserção, fazendo deles cúmplices de seus atos, Absalão resolve tomar uma atitude extrema. Para más ações, sempre há maus conselheiros. E Absalão era pródigo em se deixar influenciar por eles. Aconselhando por Aitofel, toma para si, as concubinas que Davi deixara (II Sm 15.16) e coabita com elas na frente de todo o povo (II Sm 16. 21-22).

UMA HISTÓRIA TRISTE, UM FIM TRÁGICO

O fim da história de Absalão é bastante conhecido. Depois da fuga Davi preparou um exército, sob a liderança de Joabe, para evitar ser morto por Absalão. Mesmo em meio às ameaças de morte Davi ordena que Absalão seja tratado "amavelmente". Os servos de Davi, no entanto, liderados por Joabe, acham Absalão preso pelos seus cabelos num carvalho (II Sm 18-9-10) e Joabe o mata (II Sm 18.14) e enterram-no. Quando Davi toma conhecimento chora a morte do filho (II Sm 18.33) e é duramente repreendido por Joabe (II Sm 19.5-6).

LAMENTO DE UM CORAÇÃO AMARGURADO

O choro de Davi expressa uma grande angústia especialmente porque ele sabe que todo aquele sofrimento – primeiro, o filho de Bate-Seba, depois, o sofrimento de Tamar, a morte de Amnom e agora Absalão e outros mais que viriam seriam nada além das consequências do seu pecado. Por sua família ele poderia se lembrar sempre de quão pecador era, e, também, de quão gracioso Deus fora preservando-lhe a vida e o trono, como ele expressa no Sl 51.3: Pois eu conheço as minhas transgressões, e o meu pecado está sempre diante de mim enquanto chorava amargamente após ser confrontado por Natã e ver, diante dele, Bate-Seba e a sua proeminente barriga.

LIÇÕES PRECIOSAS

DEUS É CONFIÁVEL

Podemos confiar na veracidade da palavra de Deus. Tudo quanto o Senhor afirmar que acontecerá é inevitável que aconteça. Davi nunca teve descanso em todos os seus dias – este privilégio foi para seu filho, Salomão (I Cr 22.8-9).

DEUS É JUSTO

A justiça de Deus é inescapável. Davi achou que podia acobertar o seu pecado com Bate-Seba através de um estratagema, trazendo Urias para que ele se deitasse com a esposa (II Sm 11.8-11). Não deu certo. Davi também tentou deixar passar em branco o pecado de Amnom e, mais tarde, o de Absalão. Também não deu certo.

DEUS É GRACIOSO


Apesar do pecado de Davi – aparentemente menos grave do que o pecado de Saul, Deus não o rejeitou. Davi confessou o seu pecado e foi perdoado. Saul não se arrependeu – assim como ele pecou para agradar o povo, continuou pecando porque queria apenas ajeitar a situação. Como Davi sabemos o que merecemos: a ira de Deus. Mas aprendemos que ele também é Deus perdoador (Sl 99.8), desde que confessemos os nossos pecados e confiemos na sua graça (I Jo 1.9). Para sermos abençoados só é necessário uma coisa: ouvir a voz de Deus e deixar de ser rebelde (Is 1:19) e passar a ser obediente (Is 1.16-18).

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