7 Agora, pois, ó SENHOR,
meu Deus, tu fizeste reinar teu servo em lugar de Davi, meu pai; não passo de
uma criança, não sei como conduzir-me. 8
Teu servo está no meio do teu povo que elegeste, povo grande, tão numeroso, que
se não pode contar. 9 Dá,
pois, ao teu servo coração compreensivo para julgar a teu povo, para que
prudentemente discirna entre o bem e o mal; pois quem poderia julgar a este grande
povo?
10 Estas palavras
agradaram ao Senhor, por haver Salomão pedido tal coisa.
11 Disse-lhe Deus: Já que
pediste esta coisa e não pediste longevidade, nem riquezas, nem a morte de teus
inimigos; mas pediste entendimento, para discernires o que é justo; 12 eis que faço segundo as
tuas palavras: dou-te coração sábio e inteligente, de maneira que antes de ti
não houve teu igual, nem depois de ti o haverá. 13 Também até o que me não pediste eu te dou, tanto
riquezas como glória; que não haja teu igual entre os reis, por todos os teus
dias. 14 Se andares nos
meus caminhos e guardares os meus estatutos e os meus mandamentos, como andou
Davi, teu pai, prolongarei os teus dias.
I Rs 3:7-14
DEUS
CONTINUA CUMPRINDO SUAS PROMESSAS
Salomão foi o segundo
filho de Davi com Bate-Seba (II Sm 12.13-14).
Depois disso Davi consolou a Bate-Seba e, então,
conceberam a Salomão (II Sm 12.24). Mas Natã preferiu
chamar-lhe Jedidias (II Sm 12.25).
Após duas tentativas
frustradas de filhos de Davi de ficarem com o trono (Absalão e Adonias) Salomão
viria a reinar. Entretanto, antes que Salomão fosse declarado rei Adonias
tentou declarar-se rei com, mais uma vez, a omissão de Davi e a ajuda de alguns
homens de confiança de Davi (I Rs 1.5-7).
Joabe era homem de
atitudes agressivas e contestáveis, como quando matou a Abner (II
Sm 3:27),
foi cúmplice na morte de Urias (II Sm
11:16-17),
trabalhou pela volta de Absalão (II Sm 14:1) a quem mais tarde assassinaria contra
as ordens de Davi (II Sm 18:14).
OS INSTRUMENTOS DE
DEUS
Natã, o profeta,
percebe os movimentos de Adonias, o risco de mais um assassinato na família
real (I Rs 1:12)
e a passividade de Davi, já homem mui velho, e resolve agir como instrumento do
cumprimento da vontade do Senhor. A já idosa Bate-Seba, instruída por Natã (I
Rs 1:13)
vai até Davi e obtém dele a promessa de que o reino seria de Salomão, e não de
Adonias (I Rs 1.29-30).
Após a decisão de Davi ainda houve alguns percalços até que Salomão tivesse condições
de reinar em paz – o que só aconteceu após a morte de Adonias, Joabe, Simei
(descendente de Saul que amaldiçoara Davi e fora colocado em prisão domiciliar
– II Sm 16:13)
e a expulsão do sacerdócio de Abiatar (I Rs 2.27).
Salomão viria a se
tornar um dos mais poderosos e brilhantes reis que o mundo já conheceu. Não
construiu nenhum império, o que é especialmente digno de nota que tenha se
destacado reinando em uma faixa de terra diminuta espremida entre impérios.
Assumiu o trono por volta de 1015 a.C. e sua fama é inexcedível – até os dias
atuais ainda são feitas descobertas a respeito do resplendor do seu reinado.
O QUE BUSCAR EM
PRIMEIRO LUGAR
Salomão teve um início
extremamente promissor. Recebeu de Deus tudo o que um rei poderia desejar
(riqueza, paz, longevidade) e uma sabedoria extremada (I
Rs 3.11-13).
Salomão recebeu de
Deus duas coisas: uma grande sabedoria e uma riqueza incalculável – a ponto de
prata ser desprezível em seu reinado (I Rs 10:21).
Salomão pediu a Deus somente uma delas – mas não foi o que todos os reis
costumam pedir. Ele pediu sabedoria para governar o povo que Deus lhe confiava
– e recebeu. Deus se agradou da disposição de seu coração e lhe deu não só a
maior sabedoria que um homem mortal pode ter, como também a maior riqueza.
UM REI SÁBIO
Embora só tenhamos a
descrição de dois atos de sabedoria salomônica, o mais conhecido é quando duas prostitutas disputavam
a maternidade de uma criança (I Rs 3.16-20) e ele, com uma sentença inesperada (I
Rs 3.25) identifica a mãe verdadeira sem precisar fazer
teste de DNA (I Rs 3.27)
a Escritura afirma que ele escreveu provérbios, livros, pesquisou sobre todos
os assuntos possíveis em seus dias (I Rs
4.32-33).
UMA RIQUEZA
INEXCEDÍVEL
Também proverbial é a
extensão da riqueza de Salomão, que possuía minas de ouro, prata e cobre – bem
como a construção do grandioso templo em Jerusalém com as paredes todas
recobertas de ouro (I Rs 6:22), bem como os utensílios (I
Rs 7:48-50) e adornos (I
Rs 6.32).
Sua fama de tal sorte
correu que uma rainha quis conhece-lo e fez uma grande viagem para observar
esse homem rico e verificar se as coisas inacreditáveis que havia ouvido eram
verdadeiras. Quando viu tudo, seu comentário dela era de que nem a metade foi
lhe contada. Reza uma tradição confirmada pela existência de um grupo de
"judeus africanos" e pesquisas genéticas que uma parte da antiga
nobreza etíope pode ter sido gerada nesta visita[1].
A TOLICE DE UM
SÁBIO MUNDANO
Salomão, entretanto,
era um homem mundano. Chegou a ter setecentas mulheres, muitas das quais princesas
de reinos vizinhos com os quais fazia alianças comerciais e ainda trezentas
concubinas, provavelmente hebreias ou escravas (I
Rs 11:3). Este, entretanto,
não foi o seu maior problema, mas o fato de que, sendo sábio, resolveu
experimentar também os prazeres e a sabedoria do mundo (Ec
2.10) e, para agradar suas
mulheres, cedeu ao seus desejos fazendo algo que era odioso ao Senhor (Ex
20:4),
não apenas uma vez, mas em relação a todas as suas mulheres estrangeiras (I
Rs 11:8).
Salomão não apenas
edificou altares e permitiu o culto aos deuses dos povos como, também, deixou
de ser fiel e seguiu a tais falsos deuses (I Rs 11.4).
LIÇOES PRECIOSAS
Mas, mesmo com sua
loucura e idolatria, Salomão ainda foi usado por Deus para escrever os livros
de provérbios, cantares e Eclesiastes, este último, provavelmente, já nos seus
dias finais quando percebeu sua loucura e lembrou-se que teria que prestar
contas de seus atos a Deus. A Escritura nada fala de arrependimento de Salomão,
sendo que Eclesiastes mostra muito mais um homem profundamente resignado com o fato
de que não conseguiu a felicidade nas concupiscências mundanas (I
Jo 2.15-16) e sabe que:
i.
As riquezas do mundo são apenas vaidade (Ec
1:2);
ii.
Terá que prestar contas a Deus (Ec
11:9);
iii.
Ninguém escapa ao julgamento de Deus (Ec
12.14);
iv.
Ser sábio não é ter conhecimento, mas
temer a Deus (Ec 12.13) por que o temor do Senhor é o princípio
da sabedoria (Sl 111:10) e, por isso, podemos chamar Salomão de
um sábio imprudente.
Fica,
então, a exortação: cuidemos para que não sejamos meros conhecedores não
praticantes (Tg 1:22).
[1]
OS FRUTOS DA VISITA DA RAINHA DE SABÁ: É evidente que a rainha etíope
fez-se acompanhar por um séquito que incluía cortesãos e cortesãs, além da sua guarda. Isto explicaria uma lenda e
uma descoberta recente. A LENDA: Existem judeus negros, também chamados
“beith Israel” na África, e a explicação para isto seria o fato de a família
real etíope (deposta em 1974) sempre ter afirmado ser descendente da rainha de
Sabá, a quem chamavam Makeda, e do rei Salomão. A CIÊNCIA: Se a origem
de algumas tribos e da descendência da família real não pode ser comprovada,
outras tribos africanas podem afirmar (como os lembas), sem sombra de dúvidas,
serem de origem semítica comprovada por DNA numa pesquisa feita por Tudor
Parfitt, pesquisador inglês, que atesta que há laços genéticos comuns com os cohanins,
ou filhos de Coré, levitas que ministravam no templo nos dias de Davi e Salomão.
Pela descoberta genética um ancestral comum viveu por volta do século X a.C.
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