terça-feira, 21 de outubro de 2014

O QUE PODEMOS APRENDER COM A AUTO-REVELAÇÃO DE DEUS A JÓ

1 Então, respondeu Jó ao SENHOR:
2 Bem sei que tudo podes, e nenhum dos teus planos pode ser frustrado. 3 Quem é aquele, como disseste, que sem conhecimento encobre o conselho? Na verdade, falei do que não entendia; coisas maravilhosas demais para mim, coisas que eu não conhecia. 4 Escuta-me, pois, havias dito, e eu falarei; eu te perguntarei, e tu me ensinarás. 5 Eu te conhecia só de ouvir, mas agora os meus olhos te veem. 6 Por isso, me abomino e me arrependo no pó e na cinza.
Jó 42.1-6


A Escritura afirma que tudo quanto foi escrito foi registrado para nossa instrução e consolação (Rm 15:4). Isto quer dizer que a história de servos de Deus como Adão, Abraão, José, Moisés e, especialmente nesta noite, Jó, devem nos servir de fonte de instruções preciosas. A história de Jó começa com a descrição de um homem temente a Deus – e de um astuto, oculto e poderoso acusador. Como juiz nesta disputa temos o Senhor de todas as coisas que permite que o acusador prove a Jó em sua fé, colocando-o em situações em que muitos vacilariam, mas ao final o inimigo tem que se dar quase que por vencido ao ouvir de Jó que tudo provém de Deus (Jó 2:10). Mas Satanás nem sempre está sozinho – e às vezes até mesmo as pessoas mais próximas de nós, que querem o nosso bem, podem ser usadas por ele, como foi a sua mulher (Jó 2:9) ou seus amigos que tiraram da possível culpa dos filhos (que morreram), com as quais Jó se preocupava, uma ligação com, também, culpa em Jó (Jó 8.4-6). Em sua dor Jó diz muitas coisas duras, como amaldiçoar o dia do seu nascimento (Jó 3.3-5), deseja a morte (sem, entretanto, tentar o suicídio) e questiona ao próprio Deus em sua justiça (Jó 34:6). E é por causa deste questionamento que Deus se revela mais intimamente ao seu servo. Jó o temia, Jó o amava – e o Senhor se lhe dá a conhecer mais intimamente (Sl 25:14). No verso 5 Jó resume o resultado desta impactante e profunda experiência que ele teve com Deus (Jó 42.5), provando que, de fato, o sofrimento de Jó não era por causa de pecado (Mt 5:8), mas para conduzi-lo a uma vitória irrefutável sobre satanás.
O que podemos aprender com a história de Jó, talvez o mais antigo dos livros da bíblia a ser escrito e anterior mesmo à saída de Abrão de Ur? Podemos aprender com Jó e sua experiência que

DEUS É SOBERANAMENTE ONIPOTENTE

2 Bem sei que tudo podes, e nenhum dos teus planos pode ser frustrado.
Acusado por Satanás, repudiado pelos cidadãos (Jó 27.19-23), sem o apoio dos amigos, ainda assim Jó estava nas mãos de um Deus soberano. O fato de Deus ser soberano pode ser bom ou ruim para o homem. Ou temos o Deus soberano como nosso Deus, ou o consideramos nosso adversário (Rm 5:10). O conhecimento que Jó adquiriu de Deus não foi fruto de suas experiências, mas de sua experiência com Deus – não se trata de meros eventos, mas do resultado da revelação que Deus faz de si mesmo. Ninguém pode conhecer a Deus se Deus não o revelar (Lc 10:22). Jó admite que Deus tudo pode, e isto pode significar duas coisas:
i.                   Que Deus tem poder para fazer tudo quanto desejar fazer, como o próprio Jó afirma (Jó 11:10). É no exercício desta soberania que Deus permite o sofrimento de Jó mas ao mesmo tempo impede satanás de tocar-lhe a vida (Jó 2:6).
ii.                Que ele tem o direito de fazer o que desejar (Ef 1:11), inclusive na história de qualquer um, de homens ou reinos (Is 45:9).
Em ambos os casos trata-se do exercício de sua onipotente soberania no governo de sua criação, o que inclui a nossa vida e nosso destino eternos, logo, é melhor tê-lo como amigo do que como inimigo.
Além de aprendermos que o nosso Deus é onipotente e soberano, também podemos aprender que

DEUS É MARAVILHOSAMENTE SÁBIO

3 Quem é aquele, como disseste, que sem conhecimento encobre o conselho? Na verdade, falei do que não entendia; coisas maravilhosas demais para mim, coisas que eu não conhecia.
A percepção de Jó, após a revelação de Deus, é que Deus está acima da capacidade humana de compreensão, mas, ao mesmo tempo, nada foge ao seu conhecimento. Jó percebe que sem o verdadeiro conhecimento não há bom conselho – e quem é que pode dar conselhos a Deus (Is 40.13-14). Sem o verdadeiro conhecimento não há sabedoria – e se alguém quer sabedoria deve pedi-la a Deus (Tg 1:5). Sem conhecimento o melhor que o homem é capaz de produzir é estultícia e impiedade, tornando-se, assim, repreensível em suas descobertas. O questionamento existencial de Jó era: "qual pecado eu cometi para perecer sofrer"? A verdadeira sabedoria percebe que não sofrer é que é uma maravilhosa dádiva de Deus – e até mesmo o sofrer pode ser uma benção (At 4:21) bem como se tornar uma benção (I Co 4.11-13). E esta sabedoria só vem pela revelação de Deus (I Pe 4:14), que se mostra soberanamente sábio. Nada foge ao conhecimento de Deus, nem ações nem pensamentos (Jr 20:12), nada feito de dia ou de noite (Sl 139:12). O presente, passado ou futuro estão todos diante de Deus e fazem parte do seu propósito, seu único e eterno propósito (Ef 3:11).
Assim, com a experiência de Jo aprendemos que temos um Deus soberanamente onipotente, que é, também, maravilhosamente sábio. Mas, além disso, podemos aprender ainda que

DEUS É CONSTANTEMENTE PRESENTE

4 Escuta-me, pois, havias dito, e eu falarei; eu te perguntarei, e tu me ensinarás. 5 Eu te conhecia só de ouvir, mas agora os meus olhos te veem.
É profundamente reconfortante para o crente saber que tem um Deus sempre presente, a ponto de fazer-se um conosco tanto na encarnação de Cristo (Is 7:14) quanto na doação do seu Espírito Santo (Mt 28:20). Nosso Deus é o Deus que escuta (Is 49:8) diferente dos que tem ouvidos e nada ouvem (Sl 115.3-7). O pedido de Jó é por ensino, por instrução. Jó não entendia, a princípio, o porquê do seu sofrimento, mas somente depois de perceber que Deus é soberano, sábio é que ele vai perceber que o Deus que ele adorava era um Deus presente. Era o Deus supremo, mas também o Deus presente (Is 57:15).  Ele não foi bem sucedido enquanto pretendeu possuir entendimento, não sabendo que os caminhos de Deus são mais elevados do que os que podemos perceber ou imaginar (I Co 2:9). Quando o Senhor se revela sabemos que ele é o Deus presente (Sl 145:18), diferente dos falsos deuses dos povos. Nosso Deus é o Deus que ensina, que se revela, que se dá a conhecer e que nos fala ao coração. Quando os adversários perguntam onde está o nosso Deus (Sl 42:3) e angustiados clamamos pelo Senhor ele fala conosco (Sl 27.7-8). Temos um Deus presente, que nos chama a si (Mt 11:28) e, quando atendemos, não nos rejeita (Jo 6:37).
Não devemos nos esquecer de quem é o nosso Deus, de quem é o Deus que se revela a Jó: ele é soberanamente onipotente, maravilhosamente sábio e está sempre pessoalmente presente. Todavia não podemos nos esquecer da quarta e última lição que Jó aprendeu, uma lição prática. Ele aprendeu que

DEUS É GRACIOSAMENTE BENEVOLENTE

6 Por isso, me abomino e me arrependo no pó e na cinza.
Ninguém pode confiar em sua própria justiça diante da santidade de Deus. Homens como Daniel, por exemplo, oravam ao Senhor confiados na graça de Deus (Dn 9:18). Jó, o homem que o próprio Deus considerava íntegro e reto (Jó 1:1) era, porém, apenas um homem. Era um homem de elevada integridade, mas era apenas um homem e, como tal, também era apenas um pecador (Ec 7:20). Acusado pelo diabo de ser apenas um interesseiro (Jó 1.9-10); acusado pelos amigos de ser um hipócrita e estar escondendo algum pecado que Deus resolveu punir publicamente (Jó 8.20), Jó, que sabia não ser nada disso (Jó 34:6) era, entretanto, um pecador, e acaba cometendo o erro de se ensoberbecer na sua própria integridade – e por isso precisa arrepender-se. Jó cometeu o pecado de confiar na sua própria justiça. Mesmo tendo a aprovação de Deus, como Jó tinha, ainda estamos sujeitos a cair neste pecado. Somente Cristo pode desafiar o príncipe deste mundo (Jo 14:30). Mesmo o justo Jó teve que se arrepender do pecado de, no mínimo, se achar tão justo quanto Deus (Is 64:6), embora, na verdade ele achava que estava sofrendo injustamente. Como qualquer outro homem Jó também precisou arrepender-se para ter seus pecados cancelados (At 3:19).

CONSIDERAÇÕES FINAIS

Depois de termos aprendido com o melhor de todos os professores, aquele conhece tudo, que é a fonte e a sustentação de tudo, devemos nos perguntar? Qual é o Deus que nós, que nos chamamos cristãos, temos conhecido?
O que há de errado com o nosso cristianismo?

DÚVIDAS A RESPEITO DA SOBERANIA ONIPOTENTE DE DEUS?

O que há de errado com a nossa fé, que fraqueja tão facilmente como se duvidasse da onipotência de Deus? O que há de errado com uma fé que, na primeira prova, teme mais o homem do que a Deus (Mt 10:28), como se Deus não fosse soberano (At 4:24) e não fosse capaz de julgar até mesmo as nações (Is 40.15).

DÚVIDAS A RESPEITO DA MARAVILHOSA SABEDORIA DE DEUS?

O que há de errado com uma fé que questiona os caminhos que Deus escolheu para nós e quer ditar novos caminhos? O que há de errado com uma fé que rejeita o sofrimento, a perseguição (II Tm 3:12) e, por outro lado, anseia pelas coisas que há no mundo (I Jo 2:15)? O que há de errado com esta fé que acha que crer em Cristo é sinônimo de vitória no mundo e não sobre o mundo (Jo 16:33).

DÚVIDAS A RESPEITO DA CONSTANTE PRESENÇA DE DEUS?

O que há de errado com uma fé que intenta andar sozinha, sem levar em consideração a presença daquele que prometeu que não nos deixaria órfãos (Jo 14:18) e que estaria conosco todos os dias até a consumação dos séculos (Mt 28:20)? Porque inventar substitutos inúteis e sem vida para o Deus presente, como se ele estivesse longe e incapaz (Sl 94.7-9).

DÚVIDAS A RESPEITO DA GRACIOSA BENEVOLÊNCIA DE DEUS?

O que há de errado com uma fé que pretende comprar o favor de Deus com sacrifícios (Is 1:11) mas que rejeita o método de Deus para se aproximar dele (I Jo 1:9). O que há de errado com uma fé que se acha possuidora de justiça e se afasta cada vez mais de Deus (Lc 18.14).

O QUE FAZER COM O ENSINO DO SENHOR

A Palavra de Deus nos ensina que aquele que sabe o que deve fazer, e deve fazer o bem, e não o faz, nisto peca (Tg 4:17).
Você já sabe que Deus é soberano e tudo faz como lhe apraz. Vai continuar lutando contra ele (Mt 12:30).
Você já sabe que Deus é maravilhosamente sábio – ainda acha que pode esconder algo daquele que conhece todos os seus caminhos (Sl 139:3).
Você já sabe que Deus está constantemente presente – ainda acha que vai conseguir ausentar-se de seu Espírito (Sl 139.7-8)?
Você já sabe que Deus é graciosamente benevolente e te oferece o perdão de seus pecados tão logo eles sejam confessados. Vai continuar rejeitando a graça de Deus (Hb 12:25).

CONCLUSÃO


Nem eu nem você sabemos absolutamente nada quanto ao dia de amanhã. O tempo que temos é hoje. Não há mais o tempo que passou – e talvez não tenhamos o porvir. Só temos o hoje. Só temos o agora. Exorto você a entregar a sua vida ao Senhor neste momento (Sl 37:5), a busca-lo enquanto há tempo para acha-lo (Is 55:6). Busque de todo o seu coração e ele se deixará achar por você (Jr 29:13) antes que chegue o tempo em que ele te buscará, não mais com graça (Lc 19:10) mas com julgamento (Pv 1. 24-30).

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