quinta-feira, 9 de outubro de 2014

SÉRIE: A ORAÇÃO NO BREVE CATECISMO - PERGUNTA 98

P. 98. O QUE É ORAÇÃO?

R. A Oração é um santo oferecimento dos nossos desejos a Deus, por coisas conformes com a sua vontade, em nome de Cristo, com a confissão dos nossos pecados, e um agradecido reconhecimento das suas misericórdias.
Sl 10.17; 145.19; I Jo 5.14; 1.9; Jo 16.23-24; Fp 4.6.
A oração é definida como uma ação santa feita por santos – o que exige alguma forma de separação do mundo para Deus (Mt 6:6 - Tu, porém, quando orares, entra no teu quarto e, fechada a porta, orarás a teu Pai, que está em secreto; e teu Pai, que vê em secreto, te recompensará). Esta separação deve ser constante, independente da disponibilidade de um tempo especial (I Ts 5:17 - Orai sem cessar). Se ela vem do coração, então, é um momento em que o coração do cristão deve estar totalmente voltado para Deus, buscando o seu reino como prioridade (Mt 6:33 - …buscai, pois, em primeiro lugar, o seu reino e a sua justiça, e todas estas coisas vos serão acrescentadas) e tendo as demais coisas como secundárias e, às vezes, até como empecilhos (Tg 4:3 - …pedis e não recebeis, porque pedis mal, para esbanjardes em vossos prazeres).
A oração também é ensinada como uma entrega de si mesmo, colocando os próprios desejos diante do Senhor (Fp 4:6 - Não andeis ansiosos de coisa alguma; em tudo, porém, sejam conhecidas, diante de Deus, as vossas petições, pela oração e pela súplica, com ações de graças) já com ações de graças, isto é, reconhecendo a sabedoria de Deus em atendê-los ou não.
Segundo o BCW[1], a oração pode ser vista em três facetas: súplicas, confissão e gratidão.

SÚPLICAS

Suplicar é pedir, seja em favor de si mesmo ou de outrem, de instituições ou eventos. É colocar-se diante de Deus para expressar os desejos do coração – desejos estes que devem ser santos, justos, lícitos. Súplica pressupõe humildade (II Cr 32:26 - Ezequias, porém, se humilhou por se ter exaltado o seu coração, ele e os habitantes de Jerusalém; e a ira do SENHOR não veio contra eles nos dias de Ezequias; II Cr 33:12 - Ele, angustiado, suplicou deveras ao SENHOR, seu Deus, e muito se humilhou perante o Deus de seus pais) e reconhecimento de sua própria incapacidade para alcançar aquilo que se almeja (Mt 14:30 - Reparando, porém, na força do vento, teve medo; e, começando a submergir, gritou: Salva-me, Senhor!).

CONFISSÃO

Confessar é falar a mesma coisa que Deus, que conhece a cada uma de suas criaturas (Jo 2:25 - E não precisava de que alguém lhe desse testemunho a respeito do homem, porque ele mesmo sabia o que era a natureza humana) mesmo que estas tentem esconder-se (Sl 139:11-12 - Se eu digo: as trevas, com efeito, me encobrirão, e a luz ao redor de mim se fará noite, até as próprias trevas não te serão escuras: as trevas e a luz são a mesma coisa). E Deus nos diz que somos pecadores (Sl 14:3 - Todos se extraviaram e juntamente se corromperam; não há quem faça o bem, não há nem um sequer). Negar isso é atrever-se a dizer que Deus está errado como fez Saul (I Sm 15:20 - Então, disse Saul a Samuel: Pelo contrário, dei ouvidos à voz do SENHOR e segui o caminho pelo qual o SENHOR me enviou; e trouxe a Agague, rei de Amaleque, e os amalequitas, os destruí totalmente)
É através da oração que nós colocamos nossas ansiedades nas mãos de Deus, expressamos nossa fé de que ele é Deus perdoador (Sl 99:8 - Tu lhes respondeste, ó SENHOR, nosso Deus; foste para eles Deus perdoador, ainda que tomando vingança dos seus feitos) que paga o preço dos nossos pecados (I Co 6:20 - Porque fostes comprados por preço. Agora, pois, glorificai a Deus no vosso corpo) e declara que eles foram totalmente pagos (Jo 19:30 - Quando, pois, Jesus tomou o vinagre, disse: Está consumado! E, inclinando a cabeça, rendeu o espírito), cancelando o escrito da dívida que era contra nós (Cl 2:14 - …tendo cancelado o escrito de dívida, que era contra nós e que constava de ordenanças, o qual nos era prejudicial, removeu- o inteiramente, encravando-o na cruz).
Confessar é entregar a si mesmo, afirmando estar em guerra contra Deus (Cl 1:21 - E a vós outros também que, outrora, éreis estranhos e inimigos no entendimento pelas vossas obras malignas), sem Deus no mundo (Ef 2:12 - naquele tempo, estáveis sem Cristo, separados da comunidade de Israel e estranhos às alianças da promessa, não tendo esperança e sem Deus no mundo) e, ao afirmar estar desejoso de mudar este status (I Jo 1:9 - Se confessarmos os nossos pecados, ele é fiel e justo para nos perdoar os pecados e nos purificar de toda injustiça) e estar em paz com Deus (Rm 5:1  Justificados, pois, mediante a fé, temos paz com Deus por meio de nosso Senhor Jesus Cristo).
Confessar é, antes de mais nada, acusar-se a si mesmo (At 19:18 - Muitos dos que creram vieram confessando e denunciando publicamente as suas próprias obras) ao mesmo tempo que busca o perdão.

GRATIDÃO

A gratidão é a mais humilde das virtudes, porque reconhece ter sido incapaz de conseguir satisfazer seu desejo sozinho. A oração de gratidão expressa o reconhecimento de ter recebido uma boa dádiva (Tg 1:17 - Toda boa dádiva e todo dom perfeito são lá do alto, descendo do Pai das luzes, em quem não pode existir variação ou sombra de mudança) que não poderia vir de nenhum outro lugar, nem ser alcançada por nenhum outro modo (Dt 8:17 - Não digas, pois, no teu coração: A minha força e o poder do meu braço me adquiriram estas riquezas). Não há nada pior do que a demonstração de ingratidão, recebendo algo e atribuindo a si mesmo a conquista.
O profeta Isaías ensina como adorar a Deus em face de suas inúmeras bênçãos – a gratidão expressa em nominar o autor da benção, torna-la conhecida (e ao seu autor) e finalmente exaltar o doador (Is 12:4 - Direis naquele dia: Dai graças ao SENHOR, invocai o seu nome, tornai manifestos os seus feitos entre os povos, relembrai que é excelso o seu nome).
A determinação bíblica é dar graças a Deus por seus poderosos feitos (Sl 150:2 - Louvai-o pelos seus poderosos feitos; louvai-o consoante a sua muita grandeza), mesmo que não os entenda nem entenda o propósito de Deus (I Ts 5:18 - Em tudo, dai graças, porque esta é a vontade de Deus em Cristo Jesus para convosco), mas com a firme convicção de que até mesmo a nossa existência é uma prova da misericórdia de Deus (Lm 3:22 - As misericórdias do SENHOR são a causa de não sermos consumidos, porque as suas misericórdias não têm fim).



[1] Breve Catecismo de Westminster.

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