terça-feira, 29 de maio de 2012

ENTÃO É VÍCIO, É? VÁ SE TRATAR…

Vigiar perfis em redes sociais pode virar vício. Você já teve a sensação que entra mais vezes do que deveria no perfil do Facebook de algum amigo? Ou talvez de um ex ou desafeto? Talvez alguém também esteja fazendo o mesmo com você: sabe na ponta da língua onde você estava no último sábado à noite e conhece detalhes da última viagem. As redes sociais são ótimas para quem gosta de se informar sobre a vida de conhecidos, e também quem gosta de mostrar o que acontece em sua própria vida. Mas algumas vezes essa curiosidade toma proporções exageradas e é aí que começa um problema que se torna cada vez mais comum: o vício em vigiar a vida de outras pessoas através das redes sociais, também conhecido como cyberstalking. O profissional autônomo Leandro Prudente, 26, confessa que não conseguiria ficar sem seus perfis nas redes sociais. Ele diz que já se sentiu vigiado e também já vigiou. “Cheguei a criar um perfil anônimo para que a pessoa não soubesse que visitei a página dela”, conta. Leandro não é o primeiro e nem será o último a fazer isso. Muitos lançam mão do mesmo artifício, de criar um segundo perfil, para obter anonimato diante de algumas ferramentas inovadoras que pipocam vez ou outra nas redes. “Eu já cheguei a ficar com a página de uma pessoa aberta o dia todo. Atualizava de tempos em tempos para ver se tinha algo novo”, conta Leandro. Mesmo diante dessas situações, ele afirma que não é obcecado em vigiar a vida alheia. “Não deixo de viver a minha vida para ficar olhando perfil de outras pessoas.”

“A proposta da rede social é justamente olhar e ser olhado. Se a informação está ali é para ser lida. Se colocam fotos, é para que todos possam vê-las”, afirma o psicólogo Erick Itakura, membro do Núcleo de Pesquisa em Psicologia e Informática (NPPI) da Pontifícia Universidade Católica de São Paulo (PUC-SP). Erick explica que o brasileiro ainda não entende completamente as consequências da exposição exagerada de sua vida pessoal pela internet. “Em outros países vemos que as pessoas são mais seletivas. Não é aconselhável expor demais sua intimidade. Quando se usa de forma correta, não há nada de errado com as redes sociais, mas hoje em dia é cada vez mais comum que pessoas se peguem vigiando outras através dos perfis”, afirma. Erick explica que quando o online se torna mais importante do que o real, o problema, normalmente, já está instalado. “Deixar de falar, ver, visitar ou ligar para amigos e familiares apenas para se dedicar às redes sociais significa que algo está errado. Ficar o tempo inteiro olhando a vida de uma pessoa, também. Nestes casos é necessário fazer um tratamento para que isso possa ser revertido”, afirma. A psicóloga Luciana Ruffo, do NPPI da PUC-SP, esclarece que existem sinais que mostram quando alguma coisa errada. “Se a pessoa não consegue ficar sem entrar em um determinado perfil por algumas horas, ou se tem algum compromisso, mas antes precisa se informar sobre o que acontece naquele momento com outra pessoa, demonstra um comportamento que precisa ser repensado ou tratado.” “Quando a gente diz que uma pessoa é viciada significa que ela deixa de fazer algo para se dedicar ao vício. Um exemplo é o funcionário que apresenta queda de produtividade porque fica o dia inteiro vendo o que outra pessoa está postando no Facebook. Quando chega neste ponto, algum tipo de distúrbio está se manifestando”, explica Erick.

Acordo
O controle exercido através do monitoramento do perfil de uma pessoa é um caminho cada vez mais trilhado pelos casais que mantém páginas em redes sociais. São homens e mulheres que observam atentamente os recados deixados pelos amigos do parceiro, por exemplo. A ressalva feita por Luciana é a de que o monitoramento deve ser de comum acordo do casal. Neste caso, não há problemas. “O que não dá é para ser unilateral. Outras coisas que não podem acontecer são roubos de senhas ou mesmo apagar mensagens do outro para afastar algumas pessoas da vida do parceiro.” De acordo com Luciana as mulheres gostam mais de vigiar do que os homens. “Mulheres demonstram ter mais necessidade de uma vida social rica em detalhes. Elas têm mais curiosidade. O homem não precisa saber tantos detalhes assim”, explica.

Quando vigiar é crime
O que fazer quando você é quem está sendo constantemente vigiado ou monitorado? Luciana diz que tudo depende de quem é o perseguidor. “Se é alguém conhecido você pode tentar conversar com essa pessoa ou simplesmente excluí-la da lista de amigos e fechar seu perfil para desconhecidos. Se for um estranho, é preciso procurar ajuda jurídica.” “Meu ex-namorado me monitorava através da minha página em um site de relacionamento pessoal. Ele roubou minhas senhas e chegou a se passar por mim em algumas conversas com amigas para descobrir se eu o traía”, conta uma advogada gaúcha de 30 anos que prefere não se identificar. A advogada procurou a polícia e conseguiu se livrar do ex. Ficou três anos longe das redes sociais e até hoje toma muito cuidado com o que escreve. “Fiquei traumatizada. Durante muito tempo não consegui manter uma conversa normal pela internet”, conta. O advogado e autor do livro “A invasão da privacidade através da Internet” (Editora e Livraria JM) Guilherme Tomizawa explica que a pessoa que se sentir prejudicada deve procurar uma delegacia e fazer um boletim de ocorrência. “A invasão de privacidade tem consequências civis e penais. Tudo depende de como os dados que a pessoa obtém são usados.” O advogado aconselha as pessoas que precisarem abrir um processo judicial a procurarem um cartório para que o tabelião faça uma cópia da página na internet que possa ser considerada uma prova de que um crime está sendo cometido, como xingamentos que alguém deixou no seu perfil que possam caracterizar difamação, injúria ou calúnia. “Hoje está bem mais fácil detectar crimes cometidos através da internet. As pessoas não podem achar que o computador é garantia de impunidade”, afirma.

CONSIDERAÇÕES FINAIS

O que aprendi com amigos que conhecem bem de internet: você não pode entrar e ficar sem ser descoberto em uma página se o proprietário dela desejar mesmo saber quem a visitou. Outra coisa importante: Cuidado com o que você comenta, porque às vezes passa recibo da invasão de privacidade. Uma terceira, ainda mais importante: não seja tolo, vá cuidar de sua vida.

segunda-feira, 28 de maio de 2012

HONRA AO CONSTRUTOR, NÃO ÀS FERRAMENTAS

1Mensagem pregada no culto dominical noturno, 26 de maio de 2012, na Igreja Presbiteriana em Gurupi, rua 13.

 

Quem é Apolo? E quem é Paulo? Servos por meio de quem crestes, e isto conforme o Senhor concedeu a cada um. Eu plantei, Apolo regou; mas o crescimento veio de Deus. De modo que nem o que planta é alguma coisa, nem o que rega, mas Deus, que dá o crescimento. Ora, o que planta e o que rega são um; e cada um receberá o seu galardão, segundo o seu próprio trabalho.

I Co 3.5-9

Diante da dificuldade dos coríntios entenderem que nem ele, Paulo, nem Apolo, nem qualquer outro pregador eram alguma coisa, por causa da infantilidade de seus corações, o apóstolo trata de abordar a questão por um outro ângulo. Não se trata mais do que os diversos pregadores que eram do conhecimento dos coríntios [talvez sequer conhecessem a Pedro pessoalmente], mas de quem eles eram, ou melhor, do que eles eram. Paulo retira a ênfase nas pessoas dos apóstolos para coloca-la na única pessoa a quem os coríntios deviam, realmente, seguir. Propositalmente Paulo pergunta: quem são Apolo e Paulo? São pessoas influentes? São pessoas poderosas? São pessoas de honra na sociedade? Que são eles, afinal? A ênfase de Paulo não está na personalidade, mas na função. Assim, poderíamos entender a pergunta da seguinte maneira: o que Paulo e Apolo são mesmo? Quem Paulo e Apolo eram os coríntios sabiam bem, tanto que disputavam pertencer-lhes como seguidores. Não entendiam que, quando Paulo conclamava: sede meus imitadores [I Co 4.16: Admoesto-vos, portanto, a que sejais meus imitadores] e ainda [I Co 11.1: Sede meus imitadores, como também eu sou de Cristo] a ênfase era sempre no "eu sou de Cristo". Os coríntios e todos os demais deveriam imitá-lo naquilo que ele imitava a Cristo. Não era o Paulo que pecava que deveria ser imitado, mas o que lutava contra o pecado e cuja vitória sabia vir das mãos de Cristo [Rm 7.24-25: Desventurado homem que sou! Quem me livrará do corpo desta morte? Graças a Deus por Jesus Cristo, nosso Senhor. De maneira que eu, de mim mesmo, com a mente, sou escravo da lei de Deus, mas, segundo a carne, da lei do pecado]. Deixava para trás muitas coisas, e prosseguia para o alvo da soberana vocação [Fp 3.14: ...prossigo para o alvo, para o prêmio da soberana vocação de Deus em Cristo Jesus]. A primeira atitude que Paulo espera dos coríntios é que sejam como ele e Apolo: servos de Jesus Cristo.

O CRISTAO É ESSENCIALMENTE UM SERVO

Enquanto os coríntios discutiam quem era maior, Paulo afirma que tanto ele [e ele em primeiro lugar] quanto Apolo eram apenas servos, escravos [Mt 20.26: Não é assim entre vós; pelo contrário, quem quiser tornar-se grande entre vós, será esse o que vos sirva]. Não há grande escravo. Não há grande servo. Escravo é escravo, sem vontade, sem identidade própria, sem liberdade. Servo apenas serve. E só serve enquanto pode servir. Se Paulo pergunta quem ele é a resposta é significativa: nada. Ele não é nada. É um ninguém. É um servo. E apenas um servo inútil e, como tal, deveria se esforçar para cumprir o que o seu Senhor lhe mandou [Lc 17.10: Assim também vós, depois de haverdes feito quanto vos foi ordenado, dizei: Somos servos inúteis, porque fizemos apenas o que devíamos fazer]. Se o trabalho foi feito, a honra não é dos escravos. Quem construiu as pirâmides? Será que Queóps, Quéfren e Miquerinos colocaram alguma pedra nelas? Certamente que não. Esta tarefa foi dos escravos. Mas onde estão seus nomes? Quem eram suas famílias? Onde moravam? Ninguém sabe. E os engenheiros, quem foram? Será que os faraós desenharam, calcularam e superintenderam o trabalho? Também é certo que não, engenheiros, capatazes, exatores, escravos... todos desapareceram na historia. Mas eles são os senhores, os construtores. É deles o nome, a honra de terem construído tais monumentos. Você pode dizer que isso foi há muito tempo. Tudo bem, vamos pensar mais recentemente. Quem matou milhões de judeus e levou a Europa à guerra? Você logo responde: Adolf Hitler. Mas Hitler matou mesmo milhões de pessoas ou foram seus soldados? Quem ganhou a guerra? Por acaso Churchil e Rooselvet foram para os campos de batalha? Sabemos que não. Algum deles desembarcou na Normandia? Também não. Mas são eles os heróis celebrados pela história. O grande bandido do início do séc. XXI foi Osama Bin Laden. Mas ele não derrubou avião algum. Tudo isto é para que compreendamos o principio que Paulo queria que os coríntios compreendessem: ele, Paulo, bem como Pedro e Apolo, eram apenas servos. Grande, digno de ser exaltado, seguido e adorado é o Senhor Jesus, o arquiteto, o proprietário, o dono de tudo e de todos [I Co 12.6: E há diversidade nas realizações, mas o mesmo Deus é quem opera tudo em todos]. É pra ele que os coríntios devem olhar. É para ele que nós devemos olhar pois é ele o autor e o consumador da fé [Hb 12.2: ...olhando firmemente para o Autor e Consumador da fé, Jesus, o qual, em troca da alegria que lhe estava proposta, suportou a cruz, não fazendo caso da ignomínia, e está assentado à destra do trono de Deus]. A identidade de Paulo e Apolo dilui-se diante do que eles são. Paulo chega ao ponto de afirmar que se deixaria gastar pelos crentes [II Co 12.15: Eu de boa vontade me gastarei e ainda me deixarei gastar em prol da vossa alma. Se mais vos amo, serei menos amado?] À pergunta: "quem é Paulo"? Ele mesmo responde: apenas um servo. Não é quem, mas a quem ele serve [Gl 2.20: logo, já não sou eu quem vive, mas Cristo vive em mim; e esse viver que, agora, tenho na carne, vivo pela fé no Filho de Deus, que me amou e a si mesmo se entregou por mim]. Paulo e Apolo eram nada mais que instrumentos para que os coríntios conhecessem a fé cristã – e cada um dentro de uma capacitação e permissão do próprio Deus, conforme Paulo diz na frase "conforme o Senhor concedeu" individualmente a cada um, lembrando que a capacitação de Deus é segundo o seu querer, de acordo com o apostolo [Rm 12.6: tendo, porém, diferentes dons segundo a graça que nos foi dada: se profecia, seja segundo a proporção da fé e I Co 12.4: Ora, os dons são diversos, mas o Espírito é o mesmo]. A chave para entendermos o pensamento de Paulo é: "conforme o Senhor concedeu a cada um" [de nós – Paulo e Apolo]. Foi o Senhor que os escolheu [Jo 15.16: Não fostes vós que me escolhestes a mim; pelo contrário, eu vos escolhi a vós outros e vos designei para que vades e deis fruto, e o vosso fruto permaneça; a fim de que tudo quanto pedirdes ao Pai em meu nome, ele vo-lo conceda]. É o Senhor quem concede dons aos homens, é o Senhor quem concede obreiros para a Igreja – e isso não seria nada diferente em relação a Apolo e Paulo, que foram servos usados por Deus para que muitos coríntios cressem no Senhor – e cada coríntio que creu no Senhor, seja por intermédio de Paulo, seja de Apolo, creu porque o Senhor lhe abriu o coração para atender às verdades de Deus.

O CRISTAO É ESSENCIALMENTE UM TRABALHADOR

Parece a mesma qualificação anterior, mas sabemos que há servos que não executam os trabalhos para os quais foram designados – são inúteis e, no tempo próprio, receberão na justa medida do seu "não trabalho" [Mt 25.30: E o servo inútil, lançai-o para fora, nas trevas. Ali haverá choro e ranger de dentes]. Não é assim com Paulo e Apolo. Observemos que Paulo dá a Apolo a honra que Apolo tem. Ele não desejava aumentar o seu valor diminuindo a importância do trabalho de Apolo. Ele queria que os coríntios reconhecessem os três personagens envolvidos na existência daquela Igreja. É possível que você pergunte: três? Onde está o terceiro. Vejamos o verso 6, onde Paulo inicia uma comparação da Igreja com uma lavoura:

· Paulo: Toda lavoura, em algum momento, teve alguém que tomou a terra virgem e preparou-a e, no tempo próprio, depositou a semente no solo. Esta honra, em corinto, pertence a Paulo, o servo que planta, que tinha como propósito não edificar sobre fundamento alheio [Rm 15.20: ...esforçando-me, deste modo, por pregar o evangelho, não onde Cristo já fora anunciado, para não edificar sobre fundamento alheio]. Alguns coríntios podiam não gostar de Paulo. Podiam discordar de seus métodos. Podiam achar seu ensino duro e áspero. Paulo era um empreendedor, um visionário, percebia onde deveria plantar, e o fazia. Queria ver igrejas nascendo e pagava o preço por isso. Mas os coríntios não poderiam, jamais, tirar-lhe a honra de ser o pioneiro, o fundador. Podiam ter muitos preceptores, muitos professores, mas apenas um pai [I Co 4.15: Porque, ainda que tivésseis milhares de preceptores em Cristo, não teríeis, contudo, muitos pais; pois eu, pelo evangelho, vos gerei em Cristo Jesus].

· Apolo: Apolo não poderia ser o pai da Igreja de Corinto. Ele não foi o fundador, não foi o pioneiro – como Paulo afirma neste mesmo capítulo, pai é apenas um, Apolo seria somente um dos preceptores, um servo que rega. Mas isto não diminui sua importância, pelo contrário, foi tão importante na historia daquela Igreja a ponto de muitos considerarem-no mais importante do que Paulo. Sua função foi dar continuidade ao trabalho iniciado sem cometer o erro de achar que tinha que começar tudo de novo. E não é difícil encontrar falhas – ou pessoas que apontem falhas em quem já foi. Mas a visão bíblica é que Apolo não suplantou o trabalho de Paulo. Ele o complementou – ele não era um empreendedor, sua função era dar continuidade ao processo iniciado e organizado por Paulo – o trabalho de Paulo era mais imediatista, o de Apolo demandava mais tempo. Às vezes um obreiro assume um campo desqualificando o trabalho de seu antecessor. Apolo não iniciou – encontrou uma Igreja viva e a regou, alimentou-a, cuidou dela.

· Deus: embora Paulo e Apolo sejam importantes, o mais importante personagem listado por Paulo não é quem planta ou rega, mas a fonte do crescimento da Igreja. Muitos agricultores lançam a semente na terra e nada colhem. Muitas lavouras são regadas e adubadas mas nada é produzido. O trabalho de Paulo e Apolo poderia ter sido em vão, aliás, nem haveria trabalho de Apolo se Deus não tivesse abençoado o trabalho de Paulo. Se Deus não tivesse dado crescimento ao trabalho paulino não haveria necessidade do trabalho de Apolo. Deus é o personagem principal: ele é quem dá o crescimento. A afirmativa de Paulo é que o crescimento veio de Deus, mostrando que o servo que planta não é coisa alguma, e tampouco o servo que rega o é. Embora não esteja escrito, o sentido da frase é que Deus é o único que realmente deve ser lembrado pelos coríntios como o autor da sua fé, pois é ele quem dá o crescimento.

O CRISTAO RECEBE RECOMPENSA POR SEU TRABALHO

O que planta e o que rega possuem o mesmo propósito – tem um trabalho a desempenhar para o seu Senhor. Este trabalho traz bênçãos àqueles diante dos quais são postos. Como em terra inculta, o trabalho do agricultor, ao plantar, e do preceptor, ao regar, são trabalhos que evidenciam um só propósito: alcançar o tempo da colheita. Foram escolhidos para desempenhar o seu trabalho e, desempenhando-o fielmente, receberem o galardão [Mt 25.21: Disse-lhe o senhor: Muito bem, servo bom e fiel; foste fiel no pouco, sobre o muito te colocarei; entra no gozo do teu senhor]. Paulo não esperava galardão de quem rega – assim como Apolo não deveria ansiar por receber o galardão do plantador. Um era preceptor, e como tal deveria ser honrado e lembrado. O outro era o pai, e isso não mudaria ainda que fosse essa a vontade dos coríntios. Eles não mudariam a natureza do que eram, não mudariam a historia, ainda que desejassem esquecê-la. Ambos receberiam de Deus o galardão de cooperadores. Embora o artigo não esteja explicito, ele está presente quando Paulo afirma que de Deus [nós] somos cooperadores. Ele está referindo-se a si mesmo e a Apolo, e a Paulo, e a todos os demais servos que se afadigavam na obra do Senhor. Foram escolhidos por Deus e colocados em funções diferentes para que, cada um a seu tempo e seu modo, executassem o serviço que, no final, se tornaria a lavoura de Deus. Como numa lavoura as atividades de plantar, manter limpa, regar e outras mais são atividades complementares, uns e outros, cooperando, levam a bom termo a obra completa [Ef 4.16: ...de quem todo o corpo, bem ajustado e consolidado pelo auxílio de toda junta, segundo a justa cooperação de cada parte, efetua o seu próprio aumento para a edificação de si mesmo em amor]. Por causa deste trabalho Paulo podia olhar para a Igreja em Corinto e dizer: vocês não são um sonho, vocês são mais que um projeto, mais que uma terra a ser cultivada. Vocês são a obra acabada, a lavoura de Deus. Vocês não são terra, adubo, água, adubo e sementes. Vocês são uma lavoura, produzem frutos. Vocês não são um amontoado de material de construção. São mais que isso. São um edifício, uma obra completa na qual o Espírito Santo pode habitar e produzir frutos abundantes. Mas os coríntios só se tornaram o que eram porque o Senhor concedeu frutos ao trabalho de desbravadores que, com risco da própria vida, anunciaram o evangelho e alimentaram uma fé ainda incipiente, sem muito conhecimento, sem tradições religiosas e sem o conhecimento prévio das Escrituras. Mas cresceram, foram abençoados com dons, e se tornaram uma Igreja importante. Por duas vezes Paulo afirma que os coríntios eram a prova mais cabal da aprovação de Deus sobre o seu próprio trabalho [II Co 3.2-3: Vós sois a nossa carta, escrita em nosso coração, conhecida e lida por todos os homens estando já manifestos como carta de Cristo, produzida pelo nosso ministério, escrita não com tinta, mas pelo Espírito do Deus vivente, não em tábuas de pedra, mas em tábuas de carne, isto é, nos corações]. O cristão é automotivado – ele é uma pessoa espiritual e sua motivação é interna, é essencialmente espiritual. Qualquer motivação que não seja espiritual na obra cristã será carnal. Homens carnais fazem coisas carnais, e obterão resultados carnais. Mas se a motivação for ver a gloria de Cristo, se a motivação for experimentar a bênção de Deus em todo quanto fizer [Cl 3.17: E tudo o que fizerdes, seja em palavra, seja em ação, fazei-o em nome do Senhor Jesus, dando por ele graças a Deus Pai].

CONSIDERAÇÕES FINAIS

Amados, o que Paulo nos diz é que devemos trabalhar para o Senhor na certeza de que ele nos dará os resultados. Se formos fieis, se formos dedicados colheremos bons resultados [Sl 1126.6: Quem sai andando e chorando, enquanto semeia, voltará com júbilo, trazendo os seus feixes]. O trabalho é árduo, as dificuldades são muitas, mas devemos ser firmes, inabaláveis produzindo sempre, abundantemente não obra do Senhor, sabendo que, se fizermos realmente para glória de Deus, se trabalharmos fielmente, o nosso trabalho não será em vão [I Co 15.58: Portanto, meus amados irmãos, sede firmes, inabaláveis e sempre abundantes na obra do Senhor, sabendo que, no Senhor, o vosso trabalho não é vão]. Isto não é uma condicional. Isto é uma afirmação do apóstolo Paulo, alguém que tinha a experiência de trabalhar para o Senhor e ver os resultados do trabalho aparecerem pela graça de Deus [Ef 3.20: Ora, àquele que é poderoso para fazer infinitamente mais do que tudo quanto pedimos ou pensamos, conforme o seu poder que opera em nós], e não por seus próprios méritos [I Co 15.10: Mas, pela graça de Deus, sou o que sou; e a sua graça, que me foi concedida, não se tornou vã; antes, trabalhei muito mais do que todos eles; todavia, não eu, mas a graça de Deus comigo].

CHANTAGEM: NELSON JOBIM NEGA O QUE TINHA QUE NEGAR: OU AMIGO É PRA ESSAS COISAS

1 olharUM FATO E DUAS VERSÕES

Um fato e duas versões. Em “furo” de reportagem, a Revista Veja revela um encontro de Lula com Gilmar Mendes no escritório de Nelson Jobim em Brasília. A conversa foi tenebrosa, pelo que se lê na revista. Indignado com o assédio, Gilmar Mendes, num gesto de coragem, confirmou tudo à revista. Pois bem, acabo de falar com o anfitrião do encontro, Nelson Jobim, que está neste momento passeando por uma feira em Itaipava, em companhia da mulher Adrienne e de amigos do casal. Jobim confirma o encontro, mas nega seu conteúdo. Eis o resumo do seu relato à Radio do Moreno; Conteúdo da conversa: “Não houve nada disso do que a VEJA, segundo me informaram, está publicando. Estou aqui em Itaipava e soube desse conteúdo através de um repórter do Estadão, que me procurou há pouco. Portanto, estou falando sem ter lido a revista. Mas, posso assegurar que, se o conteúdo for mesmo esse, o de que Lula teria pedido a Gilmar para votar no mensalão, não é verdade. Quem tocou no assunto mensalão fui eu, no meio da conversa, fazendo a seguinte pergunta: ‘Vem cá, essa coisa do mensalão vai ser votada quando?’ [conveniente: ele ou Lula poderiam dar início à conversa, mas era melhor que fosse o amigo]. No mais, a conversa girou sobre assuntos diversos da atualidade.”

Razão do encontro
“Desde que deixei o ministério, o presidente Lula tem me prometido uma visita. Três dias antes, a assessora Clara Ant me ligou dizendo que o presidente Lula iria a Brasília conversar com a presidente Dilma numa quarta-feira e que retornaria no dia seguinte, mas antes queria falar comigo. De pronto, respondi que o encontro poderia ser na minha casa, no meu escritório ou em qualquer outro lugar que o presidente quisesse. Lula optou pelo meu escritório, não só porque tinha prometido conhecê-lo, mas, também, porque fica perto do aeroporto. E assim ocorreu.”

Presença do Gilmar
“O Gilmar e eu estamos envolvidos num projeto sobre a Constituição de 88 e temos nos reunidos sistematicamente para tratar do assunto. Por coincidência [coincidência interessante: CPI que Lula quis que acontecesse em curso; CPI que Lula quer desmoralizar e diz controlar acontecendo; julgamento do mensalão que Lula admitiu que aconteceu, chegando inclusive a pedir desclupas à nação mas agora tenta negar ou desmoralizar, ou no mínimo, deixar para depois das eleições pois querem abocanhar 1000 prefeituras este ano – ABRE O OLHO, BRASIL], o Gilmar estava no meu escritório, quando o presidente Lula apareceu para a visita [gente importante como Nelson Jobim não tem uma secretária? – e ele diz que tem – não tem uma agenda? – isso seria inacreditável]. Conversaram cerca de uma hora, mas só amenidades. Em nenhum momento, Lula e Gilmar conversaram na cozinha. Aliás, Lula não esteve na cozinha do escritório.”

Repercussões do fato
“Agora, não posso controlar as versões, especulações, que a mídia e as pessoas fazem desse encontro. Faz parte do jogo. O que eu posso dizer é que não houve nada disso.” Diante do relato de Jobim, eu, como repórter crédulo, diante de fonte tão idônea, poderia me dar por satisfeito e fazer um texto jornalisticamente convencional, tipo ” Jobim nega pressão de Lula” ou, como nós furados gostamos de fazer, com muita satisfação: “Jobim DESMENTE a VEJA” [já virou moda bater na VEJA – que volta e meia denuncia as maiores falcatruas do Brasil, como José Dirceu recebendo ministros num quarto de hotel; mensalão, mensalinho, caso cachoeira]. Mas, durante a conversa, eu notei a voz estranha do Jobim. Ele estava cumprindo um rito, um protocolo, um dever de anfitrião de evitar mais constrangimento a si e a outros atores do espetáculo. Os bons repórteres, como os meninos da Veja, [Otávio|Cabral à frente, são uma espécie de Eike Batista às avessas: “Vazou, furou”. Com a notícia na rua, o encontro secreto de Jobim, que tinha um propósito, pode ter outro, o de tentativa de coação de juiz ou coisa que valha. Seria coerção? sei lá.

Nelson Jobim, meu velho amigo de guerra, não ia me deixar na mão. Repito: como anfitrião, não poderia confirmar o escândalo. Mas me deu uma pista através de um controvertido depoimento. Inicialmente, me disse que a presença de Gilmar foi mera coincidência, do tipo “Ah, eu estava passando por aqui…”. Só que o próprio Jobim deixou escapar que o encontro fora marcado com três dias de antecedência. Logo, Gilmar sabia que, naquele horário daquela quinta-feira, Jobim estaria recebendo Lula. Então, NÃO FOI SURPRESA NEM COINCIDÊNCIA COISA NENHUMA!

E deixo pra botar no pé, o fim do mistério. Amiga minha, de Diamantino (MT), terra de Gilmar Mendes, a meu pedido, localiza Gilmar. E se atreve a perguntar se era tudo verdade: “Claro que é! Eu mesmo confirmei tudo à revista.”

COMENTO

O que Luis Inácio Lula da Silva fez foi cometer mais um crime. Mais um de uma longa lista. Já se apresentou como classista, como racista, já quis obrigar a mãe de uma de suas filhas a um aborto. Lula é um criminoso contumaz. E agora cometeu mais um crime: Chantagem. CHANTAGEM é o nome do crime cometido por Lula. Que fique claro: LULA é o chantagista. O objeto material da chantagem é uma CPI – isto é, o congresso inteiro, e o CHANTAGEADO é, não apenas o ministro Gilmar Mendes, mas todo o STF. Porque chantagem?

Lula afirmou a Gilmar Mendes que era inconveniente [PARA O PT] o julgamento do processo do mensalão neste momento. O PT quer abocanhar 1000 prefeituras este ano. Quem é Lula para sugerir o ritmo do STF? Ele acha que pode porque, afinal, indicou seis dos atuais ministros – e Dilma mais dois. Lula afirmou possuir o controle da CPI e disse que tinha poderes para proteger o ministro Gilmar Mendes de investigações constrangedoras, oferecendo-lhe proteção em caso de adiamento do juilgamento. Lula sugeriu que sabia que Mendes manteria relações não-repubicanas com o senador Demóstenes Torres, com uma frase “codificada”: “E a viagem a Berlim”. Ele se referia a boatos de que o ministro e o senador Demóstenes Torres teriam viajado para a Alemanha à custa de Carlos Cachoeira e usado um avião cedido pelo contraventor. Quando ouviu do interlocutor um “Vá fundo na CPI, vá em frente porque você não vai encontrar nada”, ficou surpreso. Em resposta, o ministro confirmou o encontro com o senador em Berlim, mas disse que pagou de seu bolso todas as suas despesas, tendo como comprovar a origem dos recursos. “Vou a Berlim como você vai a São Bernardo. Minha filha mora lá”, disse Gilmar, que, afirma ter sentido-se constrangido. O ministro Gilmar relatou o encontro a dois senadores, ao procurador-geral da República e ao advogado-geral da União.

O que Lula tentou fazer chama-se CHANTAGEM: “pressão exercida sobre alguém para obter dinheiro ou favores mediante ameaças de revelação de fatos criminosos ou escandalosos (verídicos ou não)”. “Pressão que se exerce sobre alguém mediante ameaça de provocar escândalo público, para obter dinheiro ou outro proveito; extorsão de dinheiro ou favores sob ameaça de revelações escandalosas”.

Esse crime também pode ser tipificado como obstrução de justiça, por tratar-se de agente público encarregado de procedimentos judiciais: Usar de violência ou grave ameaça, com o fim de favorecer interesse próprio ou alheio, contra autoridade, parte, ou qualquer outra pessoa que funciona ou é chamada a intervir em processo judicial, policial ou administrativo, ou em juízo arbitral. A pena prevista é de 1 (um) a 4 (quatro) anos, e multa, além da pena correspondente à violência.

sexta-feira, 25 de maio de 2012

COMO RESPONDER AOS ULTRAJES E ATAQUES DO MUNDO

Mensagem pregada no curso de Especialização em Revitalização e Multiplicação de Igrejas – Centro de Pós Graduação Andrew Jumper

Finalmente, sede todos de igual ânimo, compadecidos, fraternalmente amigos, misericordiosos, humildes, não pagando mal por mal ou injúria por injúria; antes, pelo contrário, bendizendo, pois para isto mesmo fostes chamados, a fim de receberdes bênção por herança. Pois quem quer amar a vida e ver dias felizes refreie a língua do mal e evite que os seus lábios falem dolosamente; aparte-se do mal, pratique o que é bom, busque a paz e empenhe-se por alcançá-la. Porque os olhos do Senhor repousam sobre os justos, e os seus ouvidos estão abertos às suas súplicas, mas o rosto do Senhor está contra aqueles que praticam males.

I Pe 3.8-11

DSCN8761Vivemos numa era de grandes esperanças frustradas. E a maior parte desta frustração tem sua origem não no fato de não haver recursos disponíveis, mas muito mais do que o que as pessoas estão fazendo com eles. Não é diferente na Igreja, que dispõe de todos os recursos que necessita para desempenhar o seu papel e colher os resultados disso. Um dos aspectos desta disponibilidade de recursos é quanto ao cumprimento do grande mandamento que é amar ao próximo como a si mesmo e a Deus acima de todas as coisas [Mc 12.33: ...e que amar a Deus de todo o coração e de todo o entendimento e de toda a força, e amar ao próximo como a si mesmo excede a todos os holocaustos e sacrifícios]. Uma vez que sabemos que este mandamento, se vivenciado pela Igreja será a mais contundente forma de testemunho que um cristão pode dar [Jo 13.35: Nisto conhecerão todos que sois meus discípulos: se tiverdes amor uns aos outros] podemos então compreender que Deus quer que demonstremos a nossa piedade através da amorosa convivência de irmãos. Enquanto para muitos isto é uma utopia, quero chamar a Igreja a refletir sobre as seguintes questões: estaria Jesus equivocado ao ordenar-nos a uma vida piedosa? Ou ele estava falando absolutamente sério e quer que sua Igreja viva piedosamente amando-se mutuamente? A estas acrescento ainda uma outra: como a Igreja pode cumprir o mandamento do amor mútuo?

Creio que o texto bíblico não apenas orienta, mas determina que os cristãos sejam piedosos, ajudando uns aos outros a carregarem as suas cargas [Gl 6.2: Levai as cargas uns dos outros e, assim, cumprireis a lei de Cristo], como irmãos e amigos que são em Cristo Jesus.

A resposta para nossas perguntas pode ser encontrada nas palavras do apóstolo Pedro em sua primeira carta: I Pe 3.8-12 que nos ensina que

I. Para colocar em pratica este texto da palavra de Deus, de maneira os crentes posam realmente mostrar que amam ao Senhor Jesus Cristo é necessário que a Igreja não demande a justiça própria porque o Senhor advertiu que os seus sofreriam perseguição, e a ninguém deveriam retribuir o mal com o mal, pelo contrário, quando ofendida, oferecer a outra face. A Igreja deve se lembrar que o Senhor é reto juiz, e ele faz justiça a seu tempo e modo. Não cabe à Igreja buscar vingar-se, pelo contrário, cabe-lhe entregar tudo nas mãos do seu Senhor porque toda ofensa à Igreja é uma ofensa ao próprio Cristo [At 22.7-15]. Não foi preciso ninguém ir ferir a Saulo de Tarso por sua cegueira – o próprio Cristo mostrou-lhe quão sério era seu estado. Quando perseguida a Igreja deve abençoar e orar pelos perseguidores. As Escrituras nos orientam a amar, orar e abençoa-los [Mt 5.44: Eu, porém, vos digo: amai os vossos inimigos e orai pelos que vos perseguem – e ainda Rm 12.14: ...abençoai os que vos perseguem, abençoai e não amaldiçoeis].

II. É dever da Igreja amar e abençoar porque assim ela cumpre o seu chamado desde Abraão [Gn 28:14: A tua descendência será como o pó da terra; estender-te-ás para o Ocidente e para o Oriente, para o Norte e para o Sul. Em ti e na tua descendência serão abençoadas todas as famílias da terra]. O pai da fé foi chamado para ser bênção, seus filhos foram, igualmente, chamados para abençoar, como bem lembra o apóstolo Paulo escrevendo aos romanos [Rm 12.14: ...abençoai os que vos perseguem, abençoai e não amaldiçoeis] e nos assegura o Senhor sobre a bem aventurança dos cristãos quando forem perseguidos injustamente por causa de sua fé no redentor [Mt 5.11-12: Bem-aventurados sois quando, por minha causa, vos injuriarem, e vos perseguirem, e, mentindo, disserem todo mal contra vós. Regozijai-vos e exultai, porque é grande o vosso galardão nos céus; pois assim perseguiram aos profetas que viveram antes de vós].

III. Não precisamos odiar, e sim orar. Não precisamos amaldiçoar, e sim bendizer, porque sabemos que o Senhor cuida de nós em toda e qualquer situação [Gn 12.3: Abençoarei os que te abençoarem e amaldiçoarei os que te amaldiçoarem; em ti serão benditas todas as famílias da terra], não permitindo que mal nenhum alcance os seus, de maneira que os livra de todas as suas tribulações [Sl 34.17: Clamam os justos, e o SENHOR os escuta e os livra de todas as suas tribulações] mesmo que os perseguidores sejam mais fortes [Sl 142.6: Atende o meu clamor, pois me vejo muito fraco. Livra-me dos meus perseguidores, porque são mais fortes do que eu]. À Igreja não cabe odiar porque ela não sabe se aquele que se levanta contra ela agora não será um irmão no futuro, como foi com o apóstolo Paulo [At 9.15-16: Mas o Senhor lhe disse: Vai, porque este é para mim um instrumento escolhido para levar o meu nome perante os gentios e reis, bem como perante os filhos de Israel; pois eu lhe mostrarei quanto lhe importa sofrer pelo meu nome] e, se for mesmo um inimigo contumaz, lembremos das palavras do Senhor que não muda [Dt 32.43: Louvai, ó nações, o seu povo, porque o SENHOR vingará o sangue dos seus servos, tomará vingança dos seus adversários e fará expiação pela terra do seu povo].

Disto tudo entendemos que Deus nos colocou para sermos sal e luz, para sermos seus representantes demonstrando ao mundo o amor que ele mostrou por nós. Se somos mesmo enviados ao mundo por Cristo como ele foi enviado por Deus, concluímos que nossa missão é proclamar o salvador, é levar a todos a expressão do amor daquele que veio para buscar e salvar os perdidos. Como a Igreja pode esperar que o mundo perceba o amor redentor de Deus se o mundo, que já a odeia, que já olha para ela com má vontade, não consegue ver expressões práticas deste amor. O mesmo sentimento que havia no mundo nos dias de Pedro e Paulo ainda existe: a Igreja fiel ainda não é amada pelo mundo. A Igreja fiel continua sendo odiada pelo mundo porque não ama ao Senhor da Igreja. A Igreja ainda sofre perseguição, diferente da sofrida naqueles dias em uns lugares, igual em outros, mas ainda assim, a perseguição permanece.

Como responder aos ultrajes sofridos? Da mesma maneira que Cristo sofreu, não com palavras, mas com demonstração de amor. Num mundo individualista como o que nos cerca, o amor de uns pelos outros será mais dura censura ao mundo do que milhões de sermões.

quinta-feira, 17 de maio de 2012

PRECONCEITO, PRECONCEITO…

Vejam o que eu achei no facebook:

A estudante Mayara Petruso, que ficou famosa por ter perpetrado preconceito contra nordestinos através de sua conta no Twitter foi CONDENADA pela Justiça Federal, em ação movida pelo Ministério Público Federal. Ela foi condenada a 1 ano, 5 meses e 15 dias de reclusão. A pena foi convertida em prestação de serviço comunitário e pagamento de multa. A decisão é da 9a vara de Crimes Federais de São Paulo. Logo após à divulgação do resultado das eleições presidenciais, Mayara responsabilizou o povo do Nordeste pela vitória de Dilma Rousseff (PT). “Nordestino não é gente. Faça um favor a SP: mate um nordestino afogado!”, escreveu a estudante no microblog. Que isso sirva de lição para todos os preconceituosos. PRECONCEITO É CRIME, e nós da “Nação Nordestina” somos totalmente contra qualquer tipo de discriminação, seja contra nosso povo ou não. Divulgue essa notícia, precisamos de um mundo com menos preconceito e mais amor […].

Parece tudo normal, não é? Mas aí há o que eu chamo de preconceito preconceituoso, ou preconceito às avessas. O que a estudante Mayara Petruso foi crime. Mas o que foi escrito no facebook também expressa uma forma de preconceito às avessas. Existe nação nordestina? Que bicho sem cabeça é esse? Sou baiano, nordestino, nasci e cresci no nordeste, agora trabalho no norte do Brasil. Mas não me sinto diferente dos sulistas com quem trabalhei. Nem dos moradores do sudeste, ou do centro-oeste. Tenho visto nordestinos fazendo campanha para que os nordestinos não torçam por clubes do Rio ou de São Paulo. Isso vai mudar alguma coisa? Gosto de ver o Bahia jogar. E o Vitória também. Acho interessante a força do Sport, a superação do Santa Cruz, o empenho do Náutico. Acompanho com interesse Goiás e Atlético Goianiense. Admiro a raça dos times do Rio Grande do Sul, Inter e Grêmio. Mas nada disso me impede de torcer pelo Flamengo – e outros tantos nordestinos de torcerem por Vasco, Corinthians, Fluminense, São Paulo ou Palmeiras e Santos. A clivagem feita pela esquerda na década de 80 visando ganhar eleições [nós e eles, empregados e patrões] foi ampliada para pobres e ricos e, depois, norte-sul. Lula chamou os pobres de lombriguentos e colocou a culpa de problemas econômicos em seu governo nos “branquelos do sul”. Eis o resultado. Hoje o Brasil é o país mais preconceituoso do mundo. Em outros os preconceitos são devidos a fenótipos [cor da pele], religião, etnia… no Brasil há preconceito de cor, de região, de cultura, sexualidade e tantos outros.

Para concluir, não existe nação nordestina. As lutas separatistas do séc. XIX não vingaram – nem o norte, nem o sul conseguiram tal intento. O Brasil é um só. Nortistas, nordestinos e sulistas – todos somos brasileiros. Mayara está errada, Nação Nordestina [sem nome e sem RG] também está errada. A bíblia está certa quando diz que Dessarte, não pode haver judeu nem grego; nem escravo nem liberto; nem homem nem mulher; porque todos vós sois um em Cristo Jesus [Gálatas 3:28], e, ainda: […] no qual não pode haver grego nem judeu, circuncisão nem incircuncisão, bárbaro, cita, escravo, livre; porém Cristo é tudo em todos [Colossenses 3:11].

ELEIÇÃO DE OFICIAIS NA IPB: DIACONATO

Se quiser um estudo sobre o diaconato na Igreja Presbiteriana, o link está aqui: http://www.4shared.com/file/F4O1Wd1M/Instrues_para_o_diaconato.html. Deu um pouquinho de trabalho a pesquisa e a montagem do documento, mas espero que seja útil.

segunda-feira, 14 de maio de 2012

A CHALEIRA DO CHALITA ou DIGA-ME COM QUEM ANDAS E TE DIGO QUE CORRUPTO ÉS…

Começou. Foi só se aproximar do PT que: chegou ao STF um inquérito sobre captação ilícita de votos contra o pré-candidato à prefeitura de São Paulo Gabriel Chalita. Nada a ver, claro, com as eleições vindouras, mas com sua campanha à Câmara Federal. Em setembro de 2010 um de seus coordenadores de campanha, João Candal de Lima, fundador do Núcleo de Evangelização e Cidadania, ofereceu exames de vista gratuitos para quem participasse de um encontro. O Ministério Público Eleitoral não gostou da situação e mandou um inquérito ao STF para que a situação seja apurada.

Novidade nas eleições de 2010, a denúncia através da internet foi o que motivou a instauração de um inquérito contra Chalita. O caso, quando subiu ao STF, foi parar nas mãos de Celso de Mello, que o enviou à Procuradoria-Geral da República antes de se manifestar sobre a possível continuidade das investigações contra o deputado.

sábado, 12 de maio de 2012

JOSÉ DIRCEU QUER SER O DONO DO NOVO BRASIL DEPOIS DE DESTRUÍDO PELO PETISMO

Por: Reinaldo Azevedo

Entenda por que José Dirceu montou a tresloucada operação para tentar se safar no Supremo, sem poupar STF, PGR ou imprensa. Ele quer mais do que a absolvição. Ele quer é, finalmente, ter o controle total do PT.

Ai, ai, terei de apelar a um autor que eles julgam “deles”, mas que José Dirceu certamente não leu porque não consta que o folgazão tenha sido um socialista muito disciplinado. No “18 Brumário”, ao esculhambar Luís Bonaparte — o sobrinho de Napoleão, que tentava viver como farsa as glórias do tio — escreveu Marx, acusando-o de se ligar à pior escória e formar um exército informal de vagabundos e desclassificados:
“(…) só quando ele próprio assume a sério o seu papel imperial, e sob a máscara napoleônica imagina ser o verdadeiro Napoleão, só aí ele se torna vítima de sua própria concepção do mundo, o bufão sério que não mais toma a história universal por uma comédia e sim a sua própria comédia pela história universal.”

A tirada serviria tanto para definir Luiz Inácio Lula da Silva como José Dirceu. O primeiro, no entanto, já está virando história (e esse fato é central nesta pantomima) — e fatalmente chegará o tempo em que será revisitado, por mais que o país emburreça. A caracterização da personagem patética, que faz de si mesmo uma imagem que os fatos se negam a referendar, serve hoje como a luva em José Dirceu, certamente o elemento mais deletério do petismo porque não carrega consigo nem mesmo a marca de certa inovação que Lula, sem dúvida, representou num dado momento da história — depois o sindicalista se perdeu e se dedicou à construção do aparelho partidário que ambicionaria, como ambiciona, substituir a sociedade. Dirceu, com o aporte de Lula, está na raiz de uma frenética movimentação para tentar desmoralizar as instituições brasileiras. Nada escapa ao seu radar, como aqui se vem dizendo desde o fim de março: Procuradoria-Geral da República, Supremo Tribunal Federal e, obviamente, a imprensa. A exemplo de Luís Bonaparte, também tem a sua escória: o subjornalismo pistoleiro — em versão impressa e eletrônica — e uma gangue organizada para patrulhar a Internet e constituir uma enorme rede de difamação de adversários. O objetivo é um só: demonstrar que ninguém tem autoridade moral no país para condená-lo e aos demais quadrilheiros (como os caracterizou a Procuradoria Geral da República). Todas as acusações que há contra a turma — escandalosamente recheadas de EVIDÊNCIAS E CONFISSÕES, como a feita por Duda Mendonça — seriam fruto de uma grande conspiração. Não por acaso, Rui Falcão, presidente do PT, a lorpa da democracia e do estado de direito, saiu atirando contra a o procurador-geral da República, Roberto Gurgel, e contra a imprensa. “Contra a imprensa, não, contra a VEJA!”, diria um bobinho. Isso é bobagem! Podem ter lá a sua hierarquia de desafetos dentro do ódio geral. Mas o ódio que cultivam é à liberdade de expressão. Basta que lembremos quantas vezes eles tentaram criar mecanismos para censurar o jornalismo. Lula teria feito a promessa solene a alguns interlocutores que ainda conseguirá esse intento antes de sair de cena. Na semana passada, Falcão anunciou que a “mídia” será o próximo alvo do governo Dilma. Consta que falou por sua própria conta. De todo modo, o dinheiro público continua a financiar a esgotosfera, prática inexistente nas demais democracias do do mundo. Sigamos.

Povo nas ruas
O “Zé” agora deu para espalhar por aí, com convicção mesmo, a seus interlocutores que “a sociedade não aceitará a sua condenação” e que, se isso acontecer, “haverá reação”. É mesmo? Reação de quem? Dirceu está confundindo a súcia virtual criada pelos seus sequazes, que finge formar um exército de milhões na Internet, com pessoas de verdade. Quem irá às ruas por José Dirceu, Delúbio Soares e José Genoino? Ousaria dizer que, hoje, nem mesmo o sindicalismo da CUT, que sabe ser pragmático quando interessa, se apressaria em mover uma palha em favor deste senhor.

Por que tanto desespero?
Lula e Dirceu se uniram nessa batalha por motivos diferentes. O primeiro não quer que seu governo fique com a marca de ter protagonizado o maior escândalo da história republicana. Se for superado, será pelo próprio petismo — algo me diz que, bem investigada, as relações do governo federal com a Delta pode disputar o primeiro lugar. Lula já reescreveu o passado, fez com o presente o que bem quis — porque boa parte da crítica política houve por bem suspender o juízo — e agora pretende aprisionar o futuro. Tem alma de ditador, mas contida por uma institucionalidade que nunca foi de seu agrado. De todo modo, está de olho na história. Dirceu não! Dirceu está mesmo é de olho num, como direi, futuro mais próximo, que já começa a ser presente.  Lula, é fato, perdeu muito de seu vigor. Ainda que venha a recobrar  a saúde possível, já não é mais aquela força da natureza. Poucos se deram conta de que o PT começa a ensaiar os primeiros passos da sucessão — não sucessão formal, claro! Esta é irrelevante. O partido começa a dar os primeiros passos em busca da nova força unificadora. A máquina é gigantesca, e esse é um processo muito lento. Atenção! Não se trata de buscar um novo Lula — isso não haverá, como não houve um novo Getúlio Vargas (Emir Sader, o apedeuta diplomado, escreve “Getulho”!!!). Trata-se de consolidar posições para liderar uma era partidária pós-Lula. Se José Dirceu for condenado — e, acreditem, há mais gente no PT torcendo por isso do que no PSDB!!! —, é evidente que ele e seu grupo perdem força. Ninguém se candidata a liderar uma das maiores legendas no país com uma condenação das costas de “chefe de quadrilha”. Gente com essa denominação merece é aquele terno listrado. O Zé não está apenas querendo limpar a sua biografia ou pensando, sei lá, em obter ganhos pessoais. Nessa área, ele é um portento, não é mesmo? Já foi até consultor da construtora… Delta! Nada disso! O Zé quer é o poder mesmo! Se não for ele a liderar esse PT pós-Lula, pensa lá com seus botões, será quem? Sabe que a eventual condenação no Supremo provocará a deserção de alguns de seus generais. O Zé precisa da absolvição para travar a luta interna, que fatamente virá.

Perderam o juízo e a vergonha
Daí o vale-tudo. Essa gente perdeu o que restava de juízo e também a vergonha. E anda falando demais! Aqui e ali, os supostos votos no Supremo estão sendo cantados e anunciados como se a Corte fosse a casa da mãe-joana, e os ministros pudessem ser separados entre aqueles que estão enquadrados e aqueles que não estão. Prefiro pensar que isso tudo é fantasia e uma forma de difamação da corte. Nesse sentido, a defesa que ministros do Supremo fizeram ontem de Gurgel foi positiva. Eis Dirceu! Na luta pelo poder, este senhor não mede consequências. O que o Supremo vai decidir, além da sua culpa ou da sua inocência perante a Justiça (e que os ministros decidam segundo os autos), é se o Brasil continuará ou não sujeito a seus métodos e à sua comédia pessoal, vivida como se fosse a história universal.

O PROBLEMA DA IGREJA É TER CRENTES CARNAIS OU CARNALIDADE?

DSCN8761Paulo escreveu aos coríntios para tratar de alguns problemas muito sérios que estavam afligindo aquela Igreja de fundação recente. Era uma Igreja nova, com gente de costumes os mais diversos, sem tradições cristãs ou judias, e que precisava encontrar o seu caminho. E dentre os principais problemas, abordados desde o capítulo 1, temos o triste pecado do divisionismo, da panelinha, do grupinho, do eu e meus amigos contra os outros. A exortação de Paulo é: só existe uma Igreja. É um só corpo. Não há verdadeira Igreja onde há divisões. A Igreja local [não a Igreja, corpo místico de Cristo] não subsistirá se ficar dividida, mais cedo ou mais tarde ela cairá. Colocando em outras palavras, se você não contribui para a unidade da Igreja você a está dividindo – se você não está fazendo a obra do Senhor, batalhando pela fé que uma vez por todas foi entregue aos santos [Jd 1.3: Amados, quando empregava toda a diligência em escrever-vos acerca da nossa comum salvação, foi que me senti obrigado a corresponder-me convosco, exortando-vos a batalhardes, diligentemente, pela fé que uma vez por todas foi entregue aos santos] então você está lutando do lado errado, sua luta não está sendo pelo Senhor, e sim contra o Senhor [Mt 12.30: Quem não é por mim é contra mim; e quem comigo não ajunta espalha].

Vamos rememorar alguns dados interessantes sobre esta carta de Paulo aos coríntios:

a. Era uma carta resposta a problemas locais, específicos;

b. Era a carta de um apóstolo que tinha a sua autoridade contestada por alguns insubmissos;

c. Era uma carta para uma igreja contaminada por problemas, dentre eles:

a. Valorização das coisas do mundo;

b. Divisões e contendas entre os crentes;

c. Rejeição da autoridade bíblica em assuntos fundamentais;

d. Atitudes de perigosa proximidade moral com o mundo pagão circundante.

Mesmo depois de mostrar aos coríntios que eles eram de Cristo, foram chamados por Cristo, foram eleitos por Deus, salvos em Cristo e santificados mediante o conhecimento espiritual que é dado pelo Espírito o apostolo Paulo sentia que ainda havia a necessidade de lembrar aos irmãos que eles não deveriam ser de Paulo [Paulo fundou nossa Igreja, então somos discípulos dele], ou de Apolo [a pregação de Apolo é mais eloquente, mais alegre, mais descontraída e ele prega com um tom de voz impressionante] ou de Pedro [Pedro traz pra gente a segurança da ligação com o judaísmo, com os cristãos judeus, e esta ligação histórica é importante]. E no início do capítulo 3 Paulo vai ao ponto da questão, como se dissesse a um enfermo que pergunta, depois de muitos exames e ponderações médicas: "e então, doutor, o que é que eu tenho"? A resposta de Paulo, certamente inspirado pelo Espírito é: "vocês estão agindo como se não tivessem o Espírito, como se fossem ainda como os demais homens, como se não tivessem nascido de novo, sido transformados pelo Senhor".  Para não incorrermos nos mesmos erros dos coríntios, vamos ver quais são as características dos homens que não tem o necessário discernimento das coisas do Espírito, mencionadas por Paulo no capítulo 2.

O PROBLEMA DA IGREJA É TER CRENTES CARNAIS OU CARNALIDADE? INFANTILIDADE

mart3Eu, porém, irmãos, não vos pude falar como a espirituais, e sim como a carnais, como a crianças em Cristo.

I Co 3.1

Devemos observar que a carta foi escrita à Igreja, para crentes, justificados em Cristo e em processo de santificação até que fossem glorificados. Não é para incrédulos que Paulo está escrevendo. São crentes, homens e mulheres que foram iluminados pelo Espírito – homens e mulheres espirituais, que já deveriam agir como espirituais. E este é o ponto.  Eles não estavam agindo como espirituais. Isso influenciava os relacionamentos familiares, civis, as atitudes durante o culto e até a obediência aos seus mestres e pastores. E eles não deviam mais ser assim, deveriam estar caminhando para a maturidade espiritual [Hb 5.21: Pois, com efeito, quando devíeis ser mestres, atendendo ao tempo decorrido, tendes, novamente, necessidade de alguém que vos ensine, de novo, quais são os princípios elementares dos oráculos de Deus; assim, vos tornastes como necessitados de leite e não de alimento sólido - e também I Pe 4.3: Porque basta o tempo decorrido para terdes executado a vontade dos gentios, tendo andado em dissoluções, concupiscências, borracheiras, orgias, bebedices e em detestáveis idolatrias].

De maneira alguma Paulo admite a existência de três grupos de pessoas [incrédulos, crentes carnais e crentes espirituais]. Esta é uma heresia que surgiu no séc. II com os marcionitas, foi levada adiante por montanistas, maniqueístas e volta e meia é ressuscitada por quem não consegue entender corretamente este texto. Devemos enfatizar que para Deus só existem os regenerados e os irregenerados, os crentes e os incrédulos, os santos e os ímpios. Para que não haja dúvidas quanto a isto Paulo afirma que existem dois tipos de pessoas do ponto de vista de seu relacionamento com Deus: os homens naturais e os homens espirituais [I Co 2.14-15: Ora, o homem natural não aceita as coisas do Espírito de Deus, porque lhe são loucura; e não pode entendê-las, porque elas se discernem espiritualmente. Porém o homem espiritual julga todas as coisas, mas ele mesmo não é julgado por ninguém].  Os homens naturais são aqueles que ainda não participam da graça de Deus. Os homens espirituais são aqueles que já nasceram de novo. Não há meio termo. Não pode haver homem natural espiritual ou homem espiritual carnal, porque estas coisas são contraditórias em si mesmas [Gl 5.17: Porque a carne milita contra o Espírito, e o Espírito, contra a carne, porque são opostos entre si; para que não façais o que, porventura, seja do vosso querer].

Assim, admitimos que alguém que tenha nascido de novo ainda esteja se desenvolvendo espiritualmente, como acontece com toda criança. E é esta a percepção de Paulo em relação aos coríntios. Já eram crentes, eram espirituais, mas ainda não haviam amadurecido tanto quanto deveriam, apesar de terem sido enriquecidos em tudo em Cristo, tanto na palavra quanto no conhecimento [I Co 1.5: Porque em tudo fostes enriquecidos nele, em toda a palavra e em todo o conhecimento]. A questão não é que eles eram homens naturais, homens nos quais ainda prevalecia a lei da carne, mas que davam ocasião à carne para esta se manifestar livremente [Gl 5.13: Porque vós, irmãos, fostes chamados à liberdade; porém não useis da liberdade para dar ocasião à carne; sede, antes, servos uns dos outros, pelo amor]. Ainda precisavam crescer, e muito, para atingirem a estatura de varão perfeito [Ef 4.13: Até que todos cheguemos à unidade da fé e do pleno conhecimento do Filho de Deus, à perfeita varonilidade, à medida da estatura da plenitude de Cristo...]. Enquanto este momento não chegava, ainda era possível encontrar neles atitudes comuns às crianças.

O PROBLEMA DA IGREJA É TER CRENTES CARNAIS OU CARNALIDADE? UMA IGREJA IMATURA

mart3Leite vos dei a beber, não vos dei alimento sólido; porque ainda não podíeis suportá-lo. Nem ainda agora podeis, porque ainda sois carnais.

I Co 3.2

Paulo lhes diz que não pode lhes falar como a pessoas plenamente desenvolvidas, como espirituais que eles eram. Mas como suas atitudes demonstravam, eles precisavam ser tratados de uma maneira muito mais simples. Eles são espirituais, mas precisam ser lembrados de estão agindo como carnais, e, como se fossem carnais, precisam ser exortados à correção. Todos sabemos que crianças podem ou não determinados alimentos, a depender da idade que tenham. Nenhum de nós se atreve a dar churrasco apimentado para uma criança recém-nascida. É justamente isto o que Paulo está afirmando: vocês precisam ser alimentados de novo como quando eram bebês na fé, precisam aprender as primeiras e mais claras verdades do evangelho. Vocês ainda não progrediram. Cabe aqui a exortação de Pedro [I Pe 2.2-3: ... desejai ardentemente, como crianças recém-nascidas, o genuíno leite espiritual, para que, por ele, vos seja dado crescimento para salvação, se é que já tendes a experiência de que o Senhor é bondoso].

Talvez um exemplo claro de pessoas maduras mas hipersensíveis tenha ocorrido em 1945. Muitos judeus e prisioneiros de guerra dos alemães eram mantidos com rações alimentares de uma batata, um pedaço de pão e um caldo temperado. Após semanas e meses os sobreviventes estavam completamente debilitados, enfraquecidos. Ao final da guerra um grupamento anglo-americano encontrou um destes campos de concentração alemães e, com pena dos presos, fizeram uma grande quantidade de comida [feijão, bacon] para comemorar a libertação daqueles homens e mulheres. E eles comeram abundantemente. O problema é que seu organismo estava debilitado, e muitos morreram porque não aguentaram a comida. Eram adultos, mas seu estomago estava fraco, precisavam de leite e não de feijoada.

Como crianças os coríntios precisavam de correção, de disciplina, de exortação mais do que de qualquer outra coisa. Eles não estavam prontos para se aprofundar no conhecimento de Deus – embora possuíssem a mente de Cristo, embora estivessem aptos espiritualmente para compreenderem as coisas de Deus não se desenvolveram, precisavam ser ajudados a andar novamente. Naquela área das suas vidas eles estavam deixando produzir um fruto da carne: as dissenções. Como espirituais que eram, nesta área eram apenas bebês: sua fé ainda era fraca, seu amor ainda pequeno, sua aptidão espiritual ainda pouco exercitada – mas eram salvos, eram nascidos de novo, eram homens espirituais que neste aspecto de seu comportamento se mostravam como se fossem carnais. Como todos os demais crentes eram, ainda, imperfeitamente santificados – eles eram reprováveis na área dos relacionamentos, e nós, em que área somos? Quando eles já deveriam estar, dado o tempo decorrido, aptos a ensinar, precisam novamente ser ensinados. Quando, como espirituais, precisavam transmitir as verdades eternas aos carnais, havia a necessidade de que Paulo lhes expusesse, como se eles fossem os carnais, os princípios da vida espiritual.

O PROBLEMA DA IGREJA É TER CRENTES CARNAIS OU CARNALIDADE? UMA IGREJA MELINDROSA

mart3Porquanto, havendo entre vós ciúmes e contendas, não é assim que sois carnais e andais segundo o homem?

I Co 3.3

Uma Igreja melindrosa – cheia de não-me-toques. Assim parece ter sido a Igreja de Corinto, cheia de rivalidade nos corações dos crentes. Os coríntios viviam num clima de rivalidade e qualquer palavra acendia um incêndio no meio da Igreja. A questão de ordem na Igreja não era se os crentes estavam sendo fiéis – pois não estavam, não estavam vivendo segundo tinham aprendido de Deus mediante a ação do Espírito em seus corações – mas de que lado estavam. Agiam como os demais homens agiam – num papel que não condizia com o de genuínos cristãos. Embora o cristão tenha que lutar contra o pecado [Rm 7.19-23: Porque não faço o bem que prefiro, mas o mal que não quero, esse faço. Mas, se eu faço o que não quero, já não sou eu quem o faz, e sim o pecado que habita em mim. Então, ao querer fazer o bem, encontro a lei de que o mal reside em mim. Porque, no tocante ao homem interior, tenho prazer na lei de Deus; mas vejo, nos meus membros, outra lei que, guerreando contra a lei da minha mente, me faz prisioneiro da lei do pecado que está nos meus membros] ele não pode, jamais, desistir de lutar [Rm 7.24-25: Desventurado homem que sou! Quem me livrará do corpo desta morte? Graças a Deus por Jesus Cristo, nosso Senhor. De maneira que eu, de mim mesmo, com a mente, sou escravo da lei de Deus, mas, segundo a carne, da lei do pecado].

Mas o que se presenciava na vida da Igreja em Corinto era que, aparentemente, eles haviam desistido de lutar contra o pecado e agora lutavam em outra arena, a do pecado [I Pe 4.4: Por isso, difamando-vos, estranham que não concorrais com eles ao mesmo excesso de devassidão] causando estranheza até para os gentios. Cada um deles assumia a atitude que julgava mais conveniente, considerando-se fracos ou fortes, rotulando-se mutuamente. Sua disposição mental e de coração ia cristalizando-se em grupos cada vez mais fechados, a ponto de até mesmo a ceia do Senhor, o momento máximo de comunhão da Igreja, ser motivo de vergonha e tristeza para o Senhor. Alguns tinham muito e chegavam à Igreja para banquetear-se. Outros, pouco tinham e eram excluídos dos banquetes. Comia-se e bebia-se como glutões e bêbados – e é por isso que Paulo afirma que eles celebravam outra coisa, não a ceia do Senhor [I Co 11.20: Quando, pois, vos reunis no mesmo lugar, não é a ceia do Senhor que comeis]. Ao invés do amor que deveria encher suas vidas, refletindo através da Igreja o caráter de Cristo, via-se ciumeira, de uns contra outros. Quatro partidos na Igreja lutando pela supremacia, enciumados uns dos outros o que evitava que trabalhassem juntos pela causa evangélica, produzindo frutos dignos dos mais ímpios dos homens, não da Igreja do Senhor [Gl 5.19-21: Ora, as obras da carne são conhecidas e são: prostituição, impureza, lascívia, idolatria, feitiçarias, inimizades, porfias, ciúmes, iras, discórdias, dissensões, facções, invejas, bebedices, glutonarias e coisas semelhantes a estas, a respeito das quais eu vos declaro, como já, outrora, vos preveni, que não herdarão o reino de Deus os que tais coisas praticam]. Não era assim que a Igreja deveria andar. Não em ciumeiras, não em contendas [Rm 13.13: Andemos dignamente, como em pleno dia, não em orgias e bebedices, não em impudicícias e dissoluções, não em contendas e ciúmes].

O andar da Igreja deveria ser caracterizado pelo amor dos cristãos, uns pelos outros, como deve ser em obediência à palavra do Senhor da Igreja [I Pe 1.22: Tendo purificado a vossa alma, pela vossa obediência à verdade, tendo em vista o amor fraternal não fingido, amai-vos, de coração, uns aos outros ardentemente]. Para Paulo, andar segundo o homem era atender aos desejos da carne, era render-se às inclinações do velho homem, era esquecer-se de que era nova criatura [II Co 5.17: E, assim, se alguém está em Cristo, é nova criatura; as coisas antigas já passaram; eis que se fizeram novas], era, nas palavras do escritor aos hebreus, calcar aos pés de maneira ultrajante o filho de Deus [Hb 10.29: De quanto mais severo castigo julgais vós será considerado digno aquele que calcou aos pés o Filho de Deus, e profanou o sangue da aliança com o qual foi santificado, e ultrajou o Espírito da graça?]. E uma das provas mais claras de que alguém anda segundo o homem é quando se enxerga como superior a alguém, negando-lhe a honra devida a alguém feito à imagem e semelhança de Deus [Rm 12.10: Amai-vos cordialmente uns aos outros com amor fraternal, preferindo-vos em honra uns aos outros]. Isto se expressa até mesmo na negativa de amar [I Jo 4.8: Aquele que não ama não conhece a Deus, pois Deus é amor] e perdoar ao irmão [Cl 3.13: Suportai-vos uns aos outros, perdoai-vos mutuamente, caso alguém tenha motivo de queixa contra outrem. Assim como o Senhor vos perdoou, assim também perdoai vós].

O PROBLEMA DA IGREJA É TER CRENTES CARNAIS OU CARNALIDADE? UMA IGREJA DIVIDIDA

mart3Quando, pois, alguém diz: Eu sou de Paulo, e outro: Eu, de Apolo, não é evidente que andais segundo os homens?

I Co 3.3

Se a reunião da Igreja deveria ser para comunhão dos santos do Senhor, de irmãos em Cristo Jesus [I Co 11.33: Assim, pois, irmãos meus, quando vos reunis para comer, esperai uns pelos outros] e edificação mútua [I Co 14.26: Que fazer, pois, irmãos? Quando vos reunis, um tem salmo, outro, doutrina, este traz revelação, aquele, outra língua, e ainda outro, interpretação. Seja tudo feito para edificação] não era isto o que estava sendo visto na Igreja [I Co 11.18: Porque, antes de tudo, estou informado haver divisões entre vós quando vos reunis na igreja; e eu, em parte, o creio]. A carnalidade deu origem à ciumeira, e a ciumeira acabou dando origem aos partidos. Já mencionamos que provavelmente nem Paulo, nem Pedro, nem Apolo estavam diretamente envolvidos nas disputas internas dos coríntios. É como se uma Igreja moderna usasse o que outro pastor foi e é para criticar um que é ou foi. Disputavam entre si sobre qual tinha sido o melhor pastor, mas parece que não haviam aprendido com nenhum deles, especialmente o fundador da Igreja, Paulo, que lhes advertia severamente que portando-se desta maneira agiam segundo os homens, isto é, segundo os costumes dos não regenerados, e não segundo a direção do Espírito. Os apóstolos nada mais eram do que servos, e a Igreja deveria ter isso em alta conta. Eles eram instrumentos de Deus para a salvação dos incrédulos [I Co 3.5: Quem é Apolo? E quem é Paulo? Servos por meio de quem crestes, e isto conforme o Senhor concedeu a cada um]. Nada além disso, especialmente porque eles sabiam que Deus é Deus zeloso de sua glória [Is 48.11: Por amor de mim, por amor de mim, é que faço isto; porque como seria profanado o meu nome? A minha glória, não a dou a outrem].

O problema levantado por Paulo, como conclusão para esta pequena passagem é que os coríntios, que formavam a Igreja de Deus, e que foram santificados em Cristo Jesus, chamados para serem santos [I Co 1.2: ...à igreja de Deus que está em Corinto, aos santificados em Cristo Jesus, chamados para ser santos, com todos os que em todo lugar invocam o nome de nosso Senhor Jesus Cristo, Senhor deles e nosso], dos quais se podia falar que foram enriquecidos em Cristo Jesus, por sua palavra e em todo o entendimento, que creram no testemunho de Cristo, cheios de dons e que aguardavam o retorno glorioso de Jesus Cristo quando seriam irrepreensíveis [I Co 1.5-8: porque, em tudo, fostes enriquecidos nele, em toda a palavra e em todo o conhecimento; assim como o testemunho de Cristo tem sido confirmado em vós, de maneira que não vos falte nenhum dom, aguardando vós a revelação de nosso Senhor Jesus Cristo, o qual também vos confirmará até ao fim, para serdes irrepreensíveis no Dia de nosso Senhor Jesus Cristo] estavam, agora, andando segundo a carne. Paulo não desejava ter trabalhado em vão como ele fala duramente para os gálatas, também eles voltando-se do evangelho para coisas que deveriam ter ficado no passado [Gl 4.11: Receio de vós tenha eu trabalhado em vão para convosco]. Os homens é que disputavam glória vã e efêmera. Não devia ser assim entre os cristãos. Se queriam ser grandes, deveriam servir [Mc 10.43: Mas entre vós não é assim; pelo contrário, quem quiser tornar-se grande entre vós, será esse o que vos sirva], lembrando que serviço é um dom de Deus e uma prova de que o Espírito de Cristo habita no cristão [Mc 10.45: Pois o próprio Filho do Homem não veio para ser servido, mas para servir e dar a sua vida em resgate por muitos]. Para Paulo negar-se a servir é prova de que o que ainda determina as escolhas de uma pessoa não é o Espírito de Deus, mas a carne [I Co 14.376: Se alguém se considera profeta ou espiritual, reconheça ser mandamento do Senhor o que vos escrevo].

O PROBLEMA DA IGREJA É TER CRENTES CARNAIS OU CARNALIDADE? CONSIDERAÇÕES FINAIS

mart2O que fazer com um Igreja destas? Como solucionar tais problemas? Se fosse uma empresa a melhor coisa a fazer seria dissolver a sociedade e ir cada um para o seu canto. Para ela não haveria esperança. É a carne andando segundo a carne. O problema é que a Igreja não é uma instituição carnal, ela é divina, é espiritual, foi criada por Deus e Deus afirmou que ela permaneceria, de pé, contra a atuação das hostes malignas [Mt 16.18: Também eu te digo que tu és Pedro, e sobre esta pedra edificarei a minha igreja, e as portas do inferno não prevalecerão contra ela]. Corinto era uma Igreja dividida. Do que ela precisava? Tinha conhecimento. Tinha o Espírito Santo enriquecendo-os com conhecimento e dons. Não é possível dizer que ela precisava de um pastor experiente, eloquente ou algo parecido.

Tinha tido Paulo, seu fundador. Paulo, o apóstolo dos gentios, o maior missionário que a Igreja conheceu. Homem de grande conhecimento, mestre em grego, conhecedor do hebraico, capaz de argumentar com toda a lógica e filosofia greco-romanas. Paulo, que tinha tido experiências espirituais maravilhosas. Paulo que falava diversas línguas. Um homem viajado, conhecia todo o mundo mediterrâneo. E além de tudo, judeu, fariseu, conhecedor da lei. Corinto também teve como pastor Apolo, homem de quem a bíblia afirma ser poderoso nas Escrituras. Eloquente, de mensagem impactante, conhecedor das boas novas desde os tempos de João Batista [At 18: 24-25: Nesse meio tempo, chegou a Éfeso um judeu, natural de Alexandria, chamado Apolo, homem eloquente e poderoso nas Escrituras. Era ele instruído no caminho do Senhor; e, sendo fervoroso de espírito, falava e ensinava com precisão a respeito de Jesus, conhecendo apenas o batismo de João]. Para uma cidade greco-romana o pastor ideal, capaz de argumentar com os filósofos de seu tempo. Havia ainda aqueles que conheciam a Pedro – hebreu zeloso, contado entre os primeiros discípulos de Jesus, criterioso na guarda da lei mas, ao mesmo tempo, sem descuidar da graça de Deus como uma mensagem para todos os homens de todos os lugares [At 10.15: Segunda vez, a voz lhe falou: Ao que Deus purificou não consideres comum].

Não era de um pastor que Corinto precisava. Eles precisavam aprender a obedecer ao supremo pastor, ao pastor das suas almas. Eles precisavam de conversão. Não estou falando de novo nascimento, mas de uma mudança na conduta, de uma mudança de mente, de um retorno ao Senhor [Is 31.6: Convertei-vos, pois, ó filhos de Israel, àquele de quem tanto vos afastastes].  Eles precisavam de uma mudança interior, em sua disposição mental. Já haviam recebido um novo coração – já estavam habilitados a ouvirem o chamado do Senhor para andarem em novidade de vida [Rm 6.4: Fomos, pois, sepultados com ele na morte pelo batismo; para que, como Cristo foi ressuscitado dentre os mortos pela glória do Pai, assim também andemos nós em novidade de vida], mudando suas escolhas e suas atitudes, como convida o profeta Isaías [Is 1.16-19: Lavai-vos, purificai-vos, tirai a maldade de vossos atos de diante dos meus olhos; cessai de fazer o mal. Aprendei a fazer o bem; atendei à justiça, repreendei ao opressor; defendei o direito do órfão, pleiteai a causa das viúvas. Vinde, pois, e arrazoemos, diz o SENHOR; ainda que os vossos pecados sejam como a escarlata, eles se tornarão brancos como a neve; ainda que sejam vermelhos como o carmesim, se tornarão como a lã. Se quiserdes e me ouvirdes, comereis o melhor desta terra].

Não é admissível que alguém seja a habitação do Espírito e continue sem frutificar segundo o Espírito. Ele faz a boa semente frutificar. Ele faz a boa semente produzir a 30, 60 e 100 por um. Não é admissível que um cristão verdadeiro continue agindo segundo a carne. E você, cristão, como tem agido? O coração do homem do séc. XXI não é diferente daqueles irmãos de Corinto. Abrigamos os mesmos pecados. As mesmas inclinações pecaminosas. Mas o Espírito também é o mesmo. Continua nos auxiliando, nos dando forças para resistir ao mal e agir para gloria de Deus. Ainda nos capacita a amar, a perdoar, a considerar o outro como digno de honra, a chama-lo de irmão sem hipocrisia. Devemos nos lembrar que somente em unidade a Igreja cresce [Ef 4.15-16: Mas, seguindo a verdade em amor, cresçamos em tudo naquele que é a cabeça, Cristo, de quem todo o corpo, bem ajustado e consolidado pelo auxílio de toda junta, segundo a justa cooperação de cada parte, efetua o seu próprio aumento para a edificação de si mesmo em amor]. Quero concluir com as palavras deste mesmo apóstolo, Paulo, escrevendo aos Efésios [Ef 4.17-24]:

Isto, portanto, digo e no Senhor testifico que não mais andeis como também andam os gentios, na vaidade dos seus próprios pensamentos, obscurecidos de entendimento, alheios à vida de Deus por causa da ignorância em que vivem, pela dureza do seu coração, os quais, tendo-se tornado insensíveis, se entregaram à dissolução para, com avidez, cometerem toda sorte de impureza. Mas não foi assim que aprendestes a Cristo, se é que, de fato, o tendes ouvido e nele fostes instruídos, segundo é a verdade em Jesus, no sentido de que, quanto ao trato passado, vos despojeis do velho homem, que se corrompe segundo as concupiscências do engano, e vos renoveis no espírito do vosso entendimento, e vos revistais do novo homem, criado segundo Deus, em justiça e retidão procedentes da verdade].

sexta-feira, 11 de maio de 2012

TÍTULOS, TÍTULOS, TÍTULOS

Por: Maria Lúcia Tim

Por esses dias fiquei sabendo que um jovem pastor de uma igreja neopentecostal de Niterói, ministerialmente inexperiente e despreparado teologicamente, tomou pra si o título de bispo. Isso mesmo: Ele agora é bispo. Pois é, o rapaz além de adepto das inúmeras heresias, dentre estas a “judaização do Cristianismo” resolveu acreditar que possui uma unção especial de bispo. Caro leitor, estou impressionado como esse povo procura títulos. Certa feita, ouvi um relato de uma irmã que ao dirigir-se a um senhor chamou-lhe de irmão. Para surpresa dela, o homem de modo sisudo respondeu firmemente dizendo: Irmão não. Pastor. Por favor me chame de pastor. Um outro, ficou extremamente ofendido porque um irmão lhe chamou de pastor, quando na verdade ele era apóstolo. Pois é, lamentavelmente alguns dos líderes evangélicos tupiniquins tem demonstrado ao longo dos anos uma enorme fome por titulos. Se não bastasse os oficios e titulos convencionais, esta corja aproveitadora, inventou outros tantos mais. Nesta perspectiva multiplicaram-se os apóstolos, apareceram os profetas da restauração que a reboque fabricaram os mais variados titulos. Caro leitor, essa busca desenfreada por títulos e oficios me enoja. A questão é que essa galera descompromissada com as Escrituras prefere a ostentação de uma função eclesiástica a ser um simples servo. Aliais, o termo servo, definitivamente caiu em desuso. Todavia, ao contrário do que deveria ser, parte da igreja evangélica brasileira esqueceu das Palavras de Jesus que nos ensina que todo aquele que deseja ser grande deve aprender a servir. Jesus os chamou e disse: “Vocês sabem que aqueles que são considerados governantes das nações as dominam, e as pessoas importantes exercem poder sobre elas. Não será assim entre vocês. Pelo contrário, quem quiser tornar-se importante entre vocês deverá ser servo; e quem quiser ser o primeiro deverá ser escravo de todos. Pois nem mesmo o Filho do homem veio para ser servido, mas para servir e dar a sua vida em resgate por muitos”. Marcos 10:42-45 Lamentavelmente os homens querem ostentação, sem contudo entenderem que somos e fomos chamados para servir àqueles que conosco se relacionam. Como bem afirmou Thomas Brooks, “os cristãos que permanecem no serviço do Senhor precisam considerar mais a cruz do que a coroa. Prezado amigo, quem somos nós? Que possuímos nós? Ora, não somos nada! Como bem disse o reformador Martinho Lutero, nós não passamos de sacos de esterco, servos inúteis carentes da graça e da misericórdia de Deus. Pense nisso!

Pense mais um pouco: porque será que muitos candidatos ao sagrado ministério já começam pensando nos cargos, títulos, comendas, mestrados e doutorados que farão, antes mesmo de terem um pastorado frutífero, abençoado e abençoador?

UMA PRESIDANTA PARA O BRASIL

Existe a palavra presidenta? Que tal colocarmos uma "basta" no assunto? No português existem os particípios ativos como derivativos verbais. Por exemplo: o particípio ativo do verbo atacar é atacante, o de pedir é pedinte, o de cantar é cantante, o de existir é existente, o de mendigar é mendicante...Qual é o particípio do verbo ser? O particípio do verbo ser é ente. Aquele que é: o ente. Aquele que tem entidade. Assim, quando queremos designar alguém com a capacidade para exercer a ação que expressa um verbo, há que se adicionarem à raiz verbal os sufixos ante, ente ou inte. Portanto, a pessoa que preside é PRESIDENTE e não "presidenta", independentemente do sexo que se tenha. Diz-se: capela ardente, e não capela "ardenta"; se diz estudante e não "estudanta"; se diz adolescente e não "adolescenta"; se diz paciente e não "pacienta". Um bom exemplo do erro grosseiro seria: "A candidata a presidenta se comporta como uma adolescenta pouco pacienta, que imagina ter virado eleganta, para tentar ser nomeada representanta. Esperamos vê-la algum dia sorridenta numa cadeira ardenta, pois esta dirigenta política, dentre tantas outras atitudes barbarizentas, não tem o direito de violentar o pobre português, só para ficar contenta."

quinta-feira, 10 de maio de 2012

QUE PAIS ESTAMOS DANDO PARA NOSSOS FILHOS

Um exemplo bíblico: o sacerdote Eli e seus filhos, descritos no capítulo 2 do I livro de Samuel.

12 Eram, porém, os filhos de Eli filhos de Belial e não se importavam com o SENHOR; 13 pois o costume daqueles sacerdotes com o povo era que, oferecendo alguém sacrifício, vinha o moço do sacerdote, estando-se cozendo a carne, com um garfo de três dentes na mão; 14 e metia-o na caldeira, ou na panela, ou no tacho, ou na marmita, e tudo quanto o garfo tirava o sacerdote tomava para si; assim se fazia a todo o Israel que ia ali, a Siló. 15 Também, antes de se queimar a gordura, vinha o moço do sacerdote e dizia ao homem que sacrificava: Dá essa carne para assar ao sacerdote; porque não aceitará de ti carne cozida, senão crua. 16 Se o ofertante lhe respondia: Queime-se primeiro a gordura, e, depois, tomarás quanto quiseres, então, ele lhe dizia: Não, porém hás de ma dar agora; se não, tomá-la-ei à força. 17 Era, pois, mui grande o pecado destes moços perante o SENHOR, porquanto eles desprezavam a oferta do SENHOR. […] 22 Era, porém, Eli já muito velho e ouvia tudo quanto seus filhos faziam a todo o Israel e de como se deitavam com as mulheres que serviam à porta da tenda da congregação. 23 E disse-lhes: Por que fazeis tais coisas? Pois de todo este povo ouço constantemente falar do vosso mau procedimento. 24 Não, filhos meus, porque não é boa fama esta que ouço; estais fazendo transgredir o povo do SENHOR. 25 Pecando o homem contra o próximo, Deus lhe será o árbitro; pecando, porém, contra o SENHOR, quem intercederá por ele? Entretanto, não ouviram a voz de seu pai, porque o SENHOR os queria matar. 26 Mas o jovem Samuel crescia em estatura e no favor do SENHOR e dos homens. 27 Veio um homem de Deus a Eli e lhe disse: Assim diz o SENHOR: Não me manifestei, na verdade, à casa de teu pai, estando os israelitas ainda no Egito, na casa de Faraó? 28 Eu o escolhi dentre todas as tribos de Israel para ser o meu sacerdote, para subir ao meu altar, para queimar o incenso e para trazer a estola sacerdotal perante mim; e dei à casa de teu pai todas as ofertas queimadas dos filhos de Israel. 29 Por que pisais aos pés os meus sacrifícios e as minhas ofertas de manjares, que ordenei se me fizessem na minha morada? E, tu, por que honras a teus filhos mais do que a mim, para tu e eles vos engordardes das melhores de todas as ofertas do meu povo de Israel? 30 Portanto, diz o SENHOR, Deus de Israel: Na verdade, dissera eu que a tua casa e a casa de teu pai andariam diante de mim perpetuamente; porém, agora, diz o SENHOR: Longe de mim tal coisa, porque aos que me honram, honrarei, porém os que me desprezam serão desmerecidos. 31 Eis que vêm dias em que cortarei o teu braço e o braço da casa de teu pai, para que não haja mais velho nenhum em tua casa. 32 E verás o aperto da morada de Deus, a um tempo com o bem que fará a Israel; e jamais haverá velho em tua casa. 33 O homem, porém, da tua linhagem a quem eu não afastar do meu altar será para te consumir os olhos e para te entristecer a alma; e todos os descendentes da tua casa morrerão na flor da idade. 34 Ser-te-á por sinal o que sobrevirá a teus dois filhos, a Hofni e Finéias: ambos morrerão no mesmo dia. 35 Então, suscitarei para mim um sacerdote fiel, que procederá segundo o que tenho no coração e na mente; edificar-lhe-ei uma casa estável, e andará ele diante do meu ungido para sempre. 36 Será que todo aquele que restar da tua casa virá a inclinar-se diante dele, para obter uma moeda de prata e um bocado de pão, e dirá: Rogo-te que me admitas a algum dos cargos sacerdotais, para ter um pedaço de pão, que coma.

Criar os filhos sempre foi um grande desafio para pais e mães. Não era diferente nos tempos pré-monárquicos em Israel [por volta de 800 a.C.]. Israel ainda era um amontoado de grupos tribais, e não havia uma liderança formal, mas um homem e um lugar exerciam a função aglutinadora da nação: o sacerdote Eli, em Siló, onde estava a arca da aliança do Senhor. Eli funcionava como uma espécie de governador, porque era o representante de Deus. Então podemos dizer que Eli era um homem muito importante, quase como um rei – sem governadores, senadores, deputados ou qualquer outro tipo de assessoria. Isso quer dizer que ele tinha que se ocupar com muitos aspectos do governo e ainda cuidar da manutenção do culto de um país inteiro. Ao lado disso os sacerdotes também tinham sua família, esposa e filhos para educar. É evidente que ele não conseguiria fazer tudo isso bem feito – e alguma coisa ficaria pelo caminho. Vamos encontrar pelo menos duas questões que precisamos observar e traçar alguns paralelos com o que podemos observar nos dias atuais.

A BUSCA POR SIGNIFICAÇÃO PESSOAL

Eli se dedicou arduamente a fazer bem o seu trabalho como sumo-sacerdote. Era reconhecido por todos como um homem piedoso, corajoso, honesto. Não havia ninguém que questionasse seu trabalho. Ele havia alcançado algo raro em governantes em qualquer época: não havia questionamento à sua conduta pessoal, mesmo após vários anos à frente daquele povo sempre inconstante. Eli foi bem sucedido em sua busca por significação pessoal. Hoje podemos perceber esta mesma busca por significação pessoal em diversas áreas. As pessoas querem ser e ter, se possível, juntando estas duas coisas. Certa vez ouvi um entrevistado num programa televisivo que um de seus mestres disse para ele que, se ele não quisesse ser tratado como marginal por suas opiniões, ele deveria ser rico ou intelectual. Ter ou ser. Segundo ele, optou por ser intelectual porque lhe parecia o caminho mais fácil. Ele e qualquer outra pessoa precisa atingir um certo grau de satisfação consigo mesmo, e a isso chamo de significação pessoal. E a pergunta que se fazem para saber se alcançaram este grau é: o que tenho? O que me tornei? E buscam esta realização através do crescimento profissional, tentando crescer cada vez mais em sua área de trabalho, cursos, concursos, especializações, mestrados, cargos, doutorados, etc. Tudo isto é medido, calculado, e quase sempre revela-se em novas buscas, porque sempre terá alguém que está à frente, que estudou mais, que tem um cargo maior, mais influente, mais poderoso. É a síndrome que vem do coração do homem desde que Adão e Eva caíram na armadilha da serpente e quiseram ser como Deus. Nunca conseguiram, nem homem algum conseguirá – mas o vazio e o desejo permanecem, e por isso continuam e continuarão tentando. Esta busca também se expressa na preocupação em obter o pão de cada dia [Mt 6.11], o alimento para a boca e as vestes para o corpo [Mt 6.25-34]. A princípio a busca é pelo suficiente – para si, para os seus. Depois de algum tempo a busca pelo suficiente pode passar a ser substituída pela reserva, um pouco mais para guardar para um eventual tempo de crise. E finalmente se envereda pela busca do superficial, do supérfluo, da satisfação de necessidades transitórias e não essenciais, mas que são vendidas como se, através delas, viesse a satisfação da necessidade de uma significância pessoal. Mas a busca não para – há também a busca por acumulo pecuniário, por um ajuntar riquezas, dinheiro, veículos, propriedades móveis e imóveis. Encher a casa de quadros que falam de tranquilidade e nunca ter a tranquilidade interior. Ter guardado grandes quantidades de coisas de valor mas jamais alcançar a posse do que realmente tem valor [Mt 6.33]. Nesta busca por significação pessoal vão deixando de lado o que realmente significa ser homem e mulher, pai e mãe, marido e esposa. Vão invertendo ou abandonando seus pais, delegando a terceiros [babás, avós, escolas, igrejas e programas televisivos] algo que deveria ser competência exclusiva da família, do pai e da mãe. Não podendo mais ser pai e mãe, passam à tentativa de compensar, provendo coisas valiosas ao invés de valores. Objetos de boa qualidade ao invés de presença de qualidade. Desejam dar o que gostariam de ter achando que é isso o que os filhos precisam. Muitos pais, depois de alguns anos, nem reconhecem mais seus filhos, perguntando a si mesmos onde é que eles aprenderam determinadas coisas. A verdade é que, realmente, não sabem. Não sabem se foi na escola ou nas ruas, na TV ou com amigos. Pais que não sabem quem são ou o que fazem os amigos e nem imaginam quem sejam os pais dos amigos dos seus filhos.

O DESLIGAMENTO DA REALIDADE

Tão ocupado com as suas tarefas de sumo-sacerdote e regente informal o sacerdote Eli foi se dissociando cada vez mais da realidade do seu lar. Deixou de cuidar de seus filhos. Deixou-os à vontade. Desligou-se do contato diário para vê-los eventualmente, e, depois, para apenas receber notícias do que faziam. Este desligamento da realidade constatado na vida de Eli o conduziu a um completo desconhecimento da micro sociedade que era a sua casa, seus filhos. E assim Hofni e Finéias eram filhos do "pai de Israel" mas eram filhos sem pai [é bom lembrar que a sociedade da época era altamente patriarcal, o pai detinha todas as obrigações de ensino dos filhos, especialmente no caso de Eli cujos filhos estavam sendo educados para exercerem o sacerdócio]. Vejamos algumas características desta situação que também encontramos nos nossos dias, com mais facilidade do que imaginamos, e talvez seja a situação de muitos casais, muitos pais e mães aqui presentes.

INFLUÊNCIAS IMEDIATAS

Há pais que não conhecem as influências imediatas que seus filhos estão sofrendo, como professores, colegas de escola, colegas de atividades esportivas, brincadeiras, seus próprios familiares e familiares dos amigos. Não os conhecendo, não sabendo o que pensam, falam ou fazem os pais não dispõem de recursos para afastá-los destas influências deletérias. É por isso que muitos pais apenas se perguntam, sem tomar providência alguma, quando o filho apronta ou diz algo: "Eu não sei onde esta criança está aprendendo estas coisas". E é verdade, não sabe, e, pior, não investiga, não quer saber, não toma providências para purificar as influências que seus filhos estão recebendo.

INFLUÊNCIAS REMOTAS

Há pais que não conhecem as influências remotas que estão penetrando na mente e no coração de seus filhos, se enraizando lentamente – e quanto mais lentamente mais indelevelmente – na vida de seus filhos. Estas influências são percebidas na TV, na internet, em games e revistas quando as crianças são entregues a si mesmas com tal tecnologia nas mãos, sem qualquer espécie de acompanhamento ou limitação. Muitos pais não sabem como combater esta influência, na maioria dos casos porque sequer suspeitam que ela exista. Mas é bom deixar um alerta: ela existe e é inevitável. Todas as crianças de nossos dias estão expostas a estas influências.

FALTA DE AUTORIDADE PATERNAL

Há pais que não possuem autoridade paternal para corrigir seus filhos porque durante muito tempo não prestaram atenção no desenvolvimento dos seus filhos. A única atenção intensa que lhes dão é para leva-los a médicos ou semelhantes. A última vez que prestaram atenção em seus filhos foi quando eles choraram no meio da noite com cólicas. Na maioria dos casos a falta da "vara da correção" [Pv 22.15] no momento necessário vai dar lugar a brigas intermináveis e insolvíveis, e, finalmente, em alguns casos, no lugar da necessária vara da disciplina a criança encontrará o cassetete da punição.

DESCONHECIMENTO DOS FILHOS

Há pais que não conhecem os filhos que tem. E por isso se surpreendem quando são feridos, decepcionados ou tem que resolver situações em que os mesmos estão envolvidas, fazendo a clássica pergunta: "onde foi que eu errei". Talvez nem tenham errado – talvez sequer tenham tentado fazer alguma coisa.

CONSIDERAÇÕES FINAIS

Na vida dos filhos os pais podem ser vistos de diversas maneiras, vistos como:

i. Alto falantes: são como uma voz fria, impessoal, de origem distante, ditando regras, ordens, mas não possuem um rosto para ser amado, um sorriso para ser ouvido, um olhar para ser compartilhado;

ii. Placas: presentes, estáticos, inativos. Dizem o que deve ser feito, mas não fazem. É a característica do moralismo, do comodismo. Apenas apontam o caminho, mas não o experimentam, não andam por ele;

iii. Manchas: são como sinais de que um dia um objeto esteve ali, que deveria estar ali, mas quando são procurados são apenas isso, sombras, sinais, manchas;

iv. Líderes: são aqueles que estão um pé à frente do restante da família, pensando os passos, experimentando, dando o exemplo, ensinando-os não o caminho, mas no caminho em que devem andar. Um ensino hipotético e moralista oferece uma miragem, uma paisagem. O ensino prático oferece a experiência, a formação de caráter e isto é para toda a vida.

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