ONDE VOCÊ MANTÉM OS SEUS OLHOS DETERMINA
ONDE VOCÊ CHEGARÁ
É bem conhecida a frase que diz que quem não sabe onde quer
chegar jamais saberá se chegou – mesmo que chegue a algum lugar. Muitos estão
entrando e saindo das Igrejas sem saber exatamente o que estão procurando – e
inevitavelmente jamais permanecerão porque não saberão o que precisam, mesmo se
for colocado bem à sua frente. É como um daltônico procurando por uma bolinha
vermelha numa piscina de bolinhas multicoloridas.
A maioria das pessoas tem alvos na vida. Alvos pessoais,
familiares, profissionais. Muitos estabelecem metas e lutam por cumpri-las, e
há também os que, mesmo tendo alvos, se limitam a lamentar não tê-los alcançado
porque, na maioria das vezes, não buscou alcançá-los.
Se de repente alguém lhe pedisse para elaborar uma lista de seus alvos em sua vida cristã, quais
seriam os seus alvos espirituais? Seria uma lista genérica como "adorar
mais a Deus", "servir mais na Igreja" ou tem algo específico,
palpável? Você poderia até usar o "adorar mais a Deus" como um título,
mas a pergunta é: como você faria isso?
Quais os seus alvos? Onde você quer chegar mesmo?
Paulo sabia exatamente onde queria chegar – e testemunha
isto em sua carta aos Filipenses – talvez a sua última carta escrita para uma
igreja, e justamente para a primeira igreja que nascera de seu ministério em
solo europeu.
3.12 Não que eu o tenha já
recebido ou tenha já obtido a perfeição; mas prossigo para conquistar aquilo
para o que também fui conquistado por Cristo Jesus.
13 Irmãos, quanto a mim, não
julgo havê-lo alcançado; mas uma coisa faço: esquecendo-me das coisas que para
trás ficam e avançando para as que diante de mim estão, 14 prossigo para o alvo, para o prêmio da soberana
vocação de Deus em Cristo Jesus.
15 Todos, pois, que somos
perfeitos, tenhamos este sentimento; e, se, porventura, pensais doutro modo,
também isto Deus vos esclarecerá. 16 Todavia, andemos de acordo com o que já
alcançamos.
17 Irmãos, sede imitadores
meus e observai os que andam segundo o modelo que tendes em nós. 18 Pois muitos andam entre
nós, dos quais, repetidas vezes, eu vos dizia e, agora, vos digo, até chorando,
que são inimigos da cruz de Cristo. 19
O destino deles é a perdição, o deus deles é o ventre, e a glória deles está na
sua infâmia, visto que só se preocupam com as coisas terrenas. 20 Pois a nossa pátria está
nos céus, de onde também aguardamos o Salvador, o Senhor Jesus Cristo, 21 o qual transformará o
nosso corpo de humilhação, para ser igual ao corpo da sua glória, segundo a
eficácia do poder que ele tem de até subordinar a si todas as coisas.
4.1 Portanto, meus irmãos,
amados e mui saudosos, minha alegria e coroa, sim, amados, permanecei, deste
modo, firmes no Senhor.
Fp 3.12-21; 4.1
3.12
Não que eu o tenha já recebido ou tenha já obtido a perfeição; mas prossigo
para conquistar aquilo para o que também fui conquistado por Cristo Jesus.
3.13
Irmãos, quanto a mim, não julgo havê-lo alcançado; mas uma coisa faço:
esquecendo-me das coisas que para trás ficam e avançando para as que diante de
mim estão,
3.14 prossigo para o alvo, para o prêmio
da soberana vocação de Deus em Cristo Jesus.
É óbvio que não somos cristãos apenas para esta vida. Nossa
esperança vai muito além do que podemos ver e perceber – do contrário, seriamos
os mais infelizes dentre os homens (I Co 15:19)
porque deixaríamos de usufruir os prazeres transitórios do pecado (Hb 11:25) sem, no entanto, ter a recompensa eterna (Mt 25:21).
Paulo afirma aos filipenses que ele sabia de maneira
absolutamente clara que ele, até aquele momento, até aquele dia, ainda não
havia ousado julgar-se a si mesmo como portador do direito de se chamar
perfeito. Lembremos que Paulo estava na prisão e condenado à morte – ao
escrever este texto ele não sabia se tinha horas, dias, semanas ou meses de
vida, provavelmente sua expectativa se limitasse a dias ou, no máximo, semanas
(Fp
2:17).
Nesta mesma época ele escreveu outra carta, a Timóteo, seu filho na fé, um
jovem pastor que deveria continuar seu ministério sem as orientações de seu
mentor (II Tm 4:6).
Este Paulo, o maior missionário que a Igreja viu, o homem
que, sem os recursos modernos que temos à nossa disposição, evangelizou toda a
Ásia Menor (Rm 15:19) e alcançou, inclusive, a Europa,
desejando evangelizar também a península ibérica; esse Paulo não ousa tomar
para si o direito [lambanw] de chamar-se
perfeito, completo [teleiow]. Ele não fora
tornado perfeito, ele não se tornara perfeito. Pelo contrário, mesmo em seus
últimos dias Paulo continua a perseguir de maneira insistente e ansiosa [diwkw] para alcançar as
metas de Deus, para ser o que Deus queria que ele fosse, e alcançar o padrão [katalambanw] que agradaria
aquele que o comprou: Jesus Cristo.
Paulo não acredita ser maior ou melhor que os demais
cristãos – e nem precisa disso, embora soubesse que havia feito um trabalho
notável pela graça de Deus (I Co 15:10),
e por isso irmana-se a eles chamando-os de irmãos [adelfoj] que estão na mesma
situação espiritual e lhes diz: eu mesmo não tenho em conta a mim mesmo como já
tendo alcançado [logizomai] o propósito de Deus
[katalambanw]. O que fazer,
então? Paulo tinha a resposta em sua própria experiência de vida com Deus. Ele
olhou para seu passado e libertou-se dele:
I.
Ele tinha muitos motivos para considerar-se mais
justo que os homens, e por isso, acreditar que não necessitava da graça de
Deus, mas, ao conhecer Jesus, ele diz que considerou tudo isto como esterco por
causa da sublimidade de ser encontrado em Cristo (Fp 3:8);
II.
Por outro lado, Paulo tinha motivos para
desesperar-se e acreditar-se indigno do perdão por que fora capaz de cometer
crimes hediondos, como blasfêmia, perseguidor da Igreja, insolente – mas ele
não se desespera, pois conheceu a Cristo e recebeu dele o perdão (I Tm 1:16).
Paulo diz que, por causa de Cristo, ele cometia uma santa e
desejável negligência [epilanqanomai]: ele descuida
completamente das coisas que devem ser deixadas para trás [opisw] e, ao mesmo tempo,
impulsiona-se para a frente, para as coisas eternas, que estão adiante dele.
Paulo usa uma expressão dos jogos greco-romanos: ele diz que se estica, se
impulsiona como uma flecha num arco [epekteinomai] para ir o mais rapidamente para a
frente, para as coisas que Deus colocou diante dele [emprosqen]. E o faz como sua
grande prioridade, perseguindo, prosseguindo insistentemente [dowkw]
para a marca que estava distante, diante de seus olhos, na qual havia um
observador para ver se o corredor realmente cruzara a linha de chegada [skopoj] e o fazia para
obter a recompensa [brabeion] superior, a
recompensa de quem cumpre um chamado, um mandato superior, uma convocação de [klhsij] de quem está
acima de tudo e de todos: o chamado [klhsij] é do próprio
Deus, através de Cristo Jesus.
3.15 Todos, pois, que somos perfeitos, tenhamos este
sentimento; e, se, porventura, pensais doutro modo, também isto Deus vos
esclarecerá.
3.16
Todavia, andemos de acordo com o que já alcançamos.
A conhecida orientação apostólica para os crentes no sentido
de seguirem a paz e a santificação como requisitos fundamentais para se ver ao
Senhor (Hb 12:14) deve ser colocada como divisa para cada cristão que
deseja, de fato, ver a Deus.
Alguns comentaristas veem Paulo usando de ironia neste
verso, entretanto, Paulo está asseverando que o conhecimento [fronew] perfeito [teleioj] da verdade de Deus
leva o cristão a entender, a estar convicto [fronew] de que não é
perfeito. É como ele estivesse fazendo um jogo de palavras – quando o crente
compreende que não é perfeito, ele está começando a compreender. Quando
necessário Paulo usava palavras duras, mas não era o caso com os filipenses.
Ainda que houvesse necessidade de instrução, esta não requeria um tratamento
como receberam as Igrejas de Corinto e da Galácia.
Não há necessidade de debates teológicos (I Co 11:16) – e se houvesse algum cristão em Filipos que
pensasse diferente [eteroj] de Paulo que
acreditasse ser desnecessário prosseguir em santificação, que achasse já ter
atingido o ponto máximo em sua espiritualidade Paulo esperava que aquele que
conduz a toda a verdade (Jo 16:13)
esclarecesse uma eventual divergência.
Paulo em momento algum admite que ele precise de instrução
ou de uma mudança de pensamento. Paulo falava com autoridade apostólica, e
aguardava que o Senhor lhes manifestasse a verdade, literalmente, tirasse o véu
que porventura lhes estivesse colocado ou sobre os olhos, ou sobre o assunto [apokaluptw].
Discussões à parte, o fato é que a Igreja não pode parar,
não pode estacionar enquanto o mundo segue sua jornada. Concordando ou
discordando com Paulo os filipenses deveriam, sem perder tempo [plhn], continuar andando [stoixew] como soldados que avançam
em linha reta, para o que os precede, distante, mas ao menos ao alcance da
vista [fqanw].
Avancemos, convoca-os Paulo, de acordo com o conhecimento
obtido, isto é, perfeitamente cientes de que ainda não alcançaram a perfeição.
Todos conhecem o alvo, todos conhecem a necessidade de lá chegar, por isso não
podem parar sob hipótese alguma.
3.17 Irmãos, sede imitadores
meus e observai os que andam segundo
o modelo que tendes em nós.
3.18 Pois muitos andam entre nós, dos quais,
repetidas vezes, eu vos dizia e, agora, vos digo, até chorando, que são inimigos da cruz, são hostis [exqroj] a Cristo.
3.19 O destino deles é a perdição, o deus deles é o ventre, e a
glória deles está na sua infâmia,
visto que só se preocupam com as coisas
terrenas.
Da mesma maneira que Paulo havia dito aos Coríntios que eles
só podiam ter um pai em Cristo (I Co 4:15) se quisesse ele poderia ter
dito o mesmo aos filipenses – mas, mais uma vez, não era necessário. Em Corinto
havia disputas tolas sobre quem seria autoridade sobre aquela Igreja (I Co 1:12). Como pai, apóstolo, Paulo se oferece
aos filipenses como o modelo a ser seguido naquilo que ele havia conseguido
seguir a Cristo.
Os filipenses, a quem Paulo chama de irmãos, de companheiros
de afetos e de fé [adelfoj] deviam ser tal como
ele era [ginomai], deveriam se
tornar imitadores [summimhthj mou] de Paulo no andar, isto é, no que ele fizera
entre eles, deveriam ser cuidadosos observando atentamente [skopew] para agirem da
mesma forma, na mesma medida que observaram em Paulo.
Se Paulo convocava os filipenses a andarem como soldados, em
linha reta, para a frente, e insistia que eles deveriam andar como ele, Paulo,
lhes mostrara, por outro lado, havia muitos que andavam no meio da Igreja,
vagarosamente e sem rumo definido, aproveitando as oportunidades [peripatew] para criar
dificuldades ou obterem vantagens sobre a Igreja.
Sobre estes Paulo já lhes havia advertido repetidas [pollakij] vezes – se eles se
deixassem enganar não seria por falta de instrução, aliás, este não parecia ser
o problema dos perfeitos. Eles foram
advertidos, foram ensinados, aconselhados, exortados com grande ênfase e
sentimento. Por causa destes Paulo chegava a lamentar, a chorar como quem chora
por mortos [klaiw]porque eles eram
inimigos e hostis ao Senhor Jesus Cristo.
Mas mesmo quem anda sem rumo acaba chegando a algum destino [teloj], e o destino
dos inimigos da cruz de Cristo é a perdição, a destruição e a miséria eternas [apoleia] no inferno.
Eles não têm o salvador (Ef 2:12), escolheram servir a si mesmos,
aos seus próprios desejos. Seu Deus é o seu próprio ventre [koilia], literalmente a
parte inferior da barriga onde fica o excremento.
Aquilo que consideram sua glória [doca] na verdade é
desonra [aisxunh], é infâmia e não
obterão a gloria eterna porque direcionam sua mente [fronew] somente para coisas
terrenas [epigeioj], ao contrário da
sabedoria divina (Tg 3:15).
3.20
Pois a nossa pátria está nos céus, de onde também aguardamos o Salvador, o
Senhor Jesus Cristo,
3.21 o qual transformará o
nosso corpo de humilhação, para ser igual ao corpo da sua glória, segundo a
eficácia do poder que ele tem de até subordinar a si todas as coisas.
Cristãos não devem almejar a glória terrena porque a sua
verdadeira pátria não é terrena, como Abraão aguardamos a cidade eterna (Hb 11:10), da qual os cristãos são cidadãos, isto é, são livres e
podem usufruir de tudo o que nela há, diferente do que acontecia com os
escravos que havia em Filipos. Paulo era cidadão romano, sabia o valor da
cidadania, e muitos dos membros da Igreja em Filipos almejavam esta importante
condição civil. Mas, mais do que almejar esta cidadania [politeuma] terrena, a
cidadania que realmente importa é a celeste, a que está nos céus [ouranoj] e é mais elevada,
mais elevada em natureza do que o espaço sideral, é de ordem e origem divina,
onde a ordem divina não é quebrada pelos pecados. É de lá que os cristãos
aguardam o seu salvador, o condutor para esta nova cidadania [soter] Jesus Cristo, o
Senhor.
Como a cidade é de natureza celestial, também o cristão
deverá ter seu corpo [swma] transformado [metasxematizw] quando chegar o
momento (I Co 15:52).
Paulo não usa a palavra grega para natureza carnal [sarx] que envolve pecado,
mas prefere usar a que se refere ao corpo físico que será transformado pelo
poder de Deus e, só então, alcançar a verdadeira e plena perfeição: o corpo de
humilhação [tapeinwsij] será tornado [ginomai] da mesma
natureza [summrphoj] que o corpo da
sua glória, não a glória do mundo, passageira, mas a gloria eterna (II Co 3:18). Esta perfeição não se alcança pelo
esforço próprio, por vangloria humana, mas é uma dádiva do poder de Deus em
conceder a Cristo toda a autoridade (Ef 1:22) e todo o
poder.
4.1 Portanto, meus irmãos,
amados e mui saudosos, minha alegria e coroa (a glória de Paulo), sim, amados, permanecei, deste modo, firmes no Senhor.
Por causa de tudo isto [wste], do fato de que os cristãos precisam
aprender que não podem parar, mas, enquanto caminham, precisam cuidar do seu
coração para não serem enganados por alguns aproveitadores e aguardarem a
verdadeira cidadania celestial Paulo abre o seu coração, mostra seu amor, fala
de sua saudade por aqueles irmãos [adelfoj] que ele considerava dignos de serem amados [agaphtoj] e cuja companhia
ele almejava [epipoqhtoj] e eram a fonte de
sua alegria [xara] e sua coroa [stefanoj], isto é, o sinal de
que ele alcançara o alvo que lhe fora proposto em seu ministério. Se alguém o
indagasse do seu sucesso Paulo respondia apenas com o seu trabalho em Cristo e
para Cristo, visível na Igreja (II Co 3:2).
Por causa desta viva esperança (I Pe 1:3) que não se limita a esta vida (I Co 15:19)
os cristãos não devem desanimar jamais, por mais difícil que seja sua
peregrinação nesta vida (II Co 4.8-9). Ainda que tudo aqui
dê errado, temos a esperança e a certeza dos céus (II Co 5:1).
Cabe aos cristãos manterem-se firmes porque, mesmo que
passando pela morte, passarão para a verdadeira vida (II Co 4.10-11).
Não é o que no mundo vamos deixar que deve nos preocupar – mas que mensagem
vamos deixar para aqueles que estão à procura de uma pátria melhor.
Podemos afirmar que este texto estabelece duas cosmovisões
diferentes, com resultados absolutamente diferentes. Ele antepõe os santos aos
ímpios. Os crentes aos incrédulos. Os fiéis aos infiéis. Os que confiam em si
mesmos e os que creem em Cristo como seu Salvador. Os amados por Cristo aos
inimigos da cruz de Cristo. Resumindo, de um lado ficam os que andam para
herdarem a coroa de glória, outro, os que caminham desordenadamente para a
perdição.
Vamos analisar primeiro o que Paulo diz do homem natural:
·
Andam (peripatew) como se não soubessem para onde vão:
mesmo sendo cheios de ciência e sabedoria, vivendo ao sabor das circunstâncias,
sendo arrastados por ventos de doutrina, pelas filosofias prevalecentes em seu
tempo (II
Co 4:3);
·
São
inimigos (exqroj)
da cruz: aceitam quaisquer outras doutrinas, aceitam exigências absurdas e
costumes de homens, mas não se submetem à cruz, que veem como escândalo e
loucura. Aceitam qualquer liderança, mas não se submetem à soberania de Cristo
(Na 1:2);
·
Seu
destino é a perdição (apoleia):
andar à toa não quer dizer que não vai chegar a lugar nenhum – o destino dos
inimigos da cruz de Cristo é a perdição e morte eternas (Jo 3:36);
·
Seu Deus é
o seu próprio ventre (koilia): seus desejos
governam sua vida, seu único alvo é satisfazer suas próprias vontades,
mantem-se senhores de suas vidas, entretanto, perdendo-a eternamente (Mt 10:39);
·
Sua
recompensa é a vergonha (aisxunh)
eterna: a rejeição do caminho que
leva ao pai, escolhendo caminhos que lhe parecem direitos só podem resultar em
morte (Pv
14:12) e de nada adiantará tentar o favor de Deus na última hora;
·
Suas
aspirações são carnais, terrenas (epigeioj):
o fato de serem inimigos da cruz de Cristo decorre de que amam ao mundo, seu
oferecimento de prazeres fugazes e glória passageira (I Jo 2:17).
É um triste quadro – um quadro que reflete exatamente o que
é e qual o destino de quem não tem Cristo como Senhor de sua vida. Lembremos
das palavras do próprio Cristo: quem não é por ele, é contra ele (Lc 11:23).
Quais são as características do homem espiritual, nascido de
novo pela vontade de Deus, contrapostas às já conhecidas do homem natural?
·
Tem
conhecimento de suas limitações (teleiow): qualquer cristão razoavelmente
instruído nas Escrituras e honesto sabe que ainda não venceu a luta contra o
pecado nem contra sua própria natureza carnal. A vitória sobre o mundo não é
uma vitória pessoal, mas uma dádiva de Cristo, que a conquistou e dela nos
apropriamos pela fé (I Jo 5:4);
·
Não
desiste de prosseguir (diwkw): embora mais que vencedores sabemos que a luta ainda não terminou.
A vitória é certa, garantida pelo próprio Senhor (Rm 8:37),
mas ainda somos como soldados em marcha – parar significa não entrar na cidade
a ser conquistada, significa ficar para trás, fracassar;
·
Tem um
alvo superior (anw klhsij): a aspiração do cristão, o seu tesouro não é terreno – seu coração
não está nas coisas do mundo (Lc 12:33). Seu coração está nas
coisas celestes, para a qual foi convocado pelo soberano Senhor (I Co 15:47).
·
Tem um
modelo de perfeição (summimhthj mou): nos dias de Paulo os modelos a serem
seguidos variavam de acordo com quem pagasse mais, ou fizesse o melhor
discurso. Havia estóicos, epicureus, legalistas, platônicos, aristotélicos,
cínicos e todo tipo de filósofo. Nosso modelo é melhor – e não é Paulo, mas
Jesus Cristo (I Co 11:1).
·
Tem um
destino elevado (politeuma ouranoj): a verdadeira cidadania do cristão
não é deste mundo, como deste mundo não é o seu rei e seu reino (Jo 8:23). Aguardamos a cidade onde habita a justiça de
Deus (Gl
5:5) e nada temos deste mundo (I Tm 6:7).
·
Tem um
Deus gracioso (soter): em contraste com o Deus dos inimigos da cruz o Deus dos cristãos
é um Deus gracioso, que trabalha por eles (Is 64:4) e que morreu para ser seu
salvador (Mt 20:28).
·
Tem uma
recompensa gloriosa e eterna (ginomai summrphoj doca): a glória dos cristãos é serem
aperfeiçoados pela graça de Deus em contraste com a eterna destruição dos
ímpios. Os crentes serão transformados, serão abençoados pela graça de Cristo
segundo o seu poder (I Pe 1:23).
É
uma escolha difícil, não é? Todos os prazeres transitórios deste mundo, durante
70, 80 anos, diante do gozo eterno na glória com o Senhor.