domingo, 27 de abril de 2014

ASPECTOS DE UMA IGREJA COM VITALIDADE ESPIRITUAL

1 Se há, pois, alguma exortação em Cristo, alguma consolação de amor, alguma comunhão do Espírito, se há entranhados afetos e misericórdias, 2 completai a minha alegria, de modo que penseis a mesma coisa, tenhais o mesmo amor, sejais unidos de alma, tendo o mesmo sentimento. 3 Nada façais por partidarismo ou vanglória, mas por humildade, considerando cada um os outros superiores a si mesmo. 4 Não tenha cada um em vista o que é propriamente seu, senão também cada qual o que é dos outros.                
Fp 2.1-4

Esqueça por um momento tudo o que você tem aprendido ultimamente sobre o amor. Esqueça Hollywood... Esqueça a Rede Globo... Esqueça os romances... Esqueça os manuais de autoajuda e tudo o que amigos e amigas tem dito o tempo inteiro. Esqueceu? Não, claro que não? Mas imagine comigo o que sobraria se você deixasse de lado estas coisas? Como você definiria o amor? Como a Igreja pode sobreviver à dura advertência do Senhor Jesus a este respeito em Mt 24.12: “E, por se multiplicar a iniqüidade, o amor se esfriará de quase todos”?
É provável que nunca se tenha falado tanto em amor como atualmente. O amor é a razão e a desculpa para todo tipo de atitude, algumas produzindo o bem, e outras produzindo verdadeiras tragédias. Por causa do “amor” pessoas matam, destroem, magoam. Quem ainda não conheceu um casal que se conhece e uma semana depois declaram amor eterno - e logo mais as únicas juras que se escuta são de amor próprio e de vingança?
Certamente não é deste tipo de amor que Jesus está falando. Então, que tipo de amor o Senhor Jesus espera encontrar em sua Igreja? Que tipo de amor ele espera que ela esteja exercitando? Sem dúvida o mesmo amor que ele lhe mostrou (Jo 13.34) e lhes doou (I Jo 4.19).
Em nome de um amor complacente a atitude mais comum é a que dizem ser politicamente correta, mas nada mais politicamente incorreto do que deixar o mal se alastrar sem correção. O fato é que é, momentaneamente, politicamente conveniente, mas os caminhos do homem, embora pareçam momentaneamente direitos, são caminhos amargos e que geram a morte (Pv 14.12).
Tenho afirmado que, sempre que alguém tenta ser politicamente correto, assumindo atitudes momentaneamente convenientes, está se colocando como biblicamente herético, pois o papel do crente é ser verdadeiro (Mt 5.37) mesmo quando todos preferem o engano (I Rs 22.14).
Quais são, então, as características da vitalidade espiritual da Igreja esperadas pelo Senhor em sua Palavra e mostradas pelo apóstolo Paulo neste texto? Lembremos que esta Igreja não nasceu com uma campanha evangelística de milagres e libertações com a presença de um “grande servo de Deus”... Primeiro porque Paulo estava em uma prisão, amarrado, açoitado e sujo. Segundo porque a ação de Deus para libertação de presos às amarras do pecado não exige, necessariamente, que milagres aconteçam. Terceiro, porque a palavra que Paulo usa para servo significa “escravo”, sem vontade e sem liberdade, e um escravo nunca é grande - grande é apenas o Senhor dos exércitos (Sl 145.3).
Repetimos então: quais são as características da vitalidade espiritual da Igreja esperadas pelo Senhor em sua Palavra? O primeiro bloco de características lembra-nos que a Igreja não pode criar esta comunhão, mas pode vive-la pela graça de Deus e batalhar por mantê-la (Ef 4.3).

I. Uma Igreja com vitalidade espiritual é norteada pela exortação da Palavra de Cristo.
Isto deveria ser extremamente óbvio para nós - só pode ser parte da Igreja do Senhor quem ouviu a Palavra de Cristo (Cl 3.16) porque a Igreja é composta pelos que foram comprados pelo sangue do cordeiro, remidos por seu sacrifício propiciador (I Jo 4.10) diante de quem os pecadores clamam: “Sê propício a mim, pecador” (Lc 18.13).
É pela exortação da Palavra de Cristo que nos conhecemos pecadores que precisam de arrependimento (Mc 1.14-15). Os apóstolos continuaram pregando esta mesma mensagem (At 2.38) que deve ser anunciada ainda hoje, pois este é o tempo oportuno (I Tm 2.6).

II. Uma Igreja com vitalidade espiritual é consolada pelo amor mútuo.
O verdadeiro amor não folga com a injustiça (I Co 13.6), mesmo quando ela é cometida por alguém a quem amamos. Não é falta de amor corrigir um irmão a quem amamos quando ele estiver incorrendo em erro - pelo contrário, é uma ordenança de Deus (I Jo 5.16).
Amor pode exigir confrontos para que a Igreja cresça e seja mais útil (Pv 27.17) e consiga cumprir o seu papel com maior proveito e menos dificuldades (Ec 10.10).

III. Uma Igreja com vitalidade espiritual vive a comunhão do Espírito.
O salmo 1 descreve com absoluta propriedade o que não é comunhão ao falar dos ímpios: embora juntos, eles não tem comunhão a não ser nos interesses momentâneos. Quando um ímpio resolve ir com outros para ferir a outrem seu interesse é no bem pessoal, e, mesmo que o companheiro caia ferido, ele saia com o bolso cheio do saque (Pv 1.11).
Observando literalmente o Sl 1.1 (Bem-aventurado o homem que não anda no conselho dos ímpios, não se detém no caminho dos pecadores, nem se assenta na roda dos escarnecedores) percebemos facilmente que os ímpios se reúnem para traçar planos ímpios. Ficam à beira da estrada para ferir os incautos e depois se banqueteiam com a má sorte dos sofredores, não levando em consideração aquele que tudo vê e os julgará (Sl 113.6).
A comunhão do Espírito é fruto da obra do filho, do amor que os crentes sentem a Deus e uns aos outros. Sua busca não é pela satisfação de seus próprios interesses porque o egoísmo é um fruto da carne, uma característica de quem não ama ao próximo (Gl 5.14) quem assim age certamente não cuida das coisas de Deus (Is 58.3).

IV. Uma Igreja com vitalidade espiritual exibe relacionamentos santos.
Quem nunca foi ensinado a sorrir e ser amável mesmo com pessoas que lhe desagradam? O problema para os cristãos é que eles possuem uma ordenança divina que lhes manda amar ao próximo. E mais de uma vez eu já ouvi alguém dizendo: “Tudo bem que eu tenha que amar a fulano, mas isto não quer dizer que tenho que gostar da companhia dele”. Como é isto? Amar e não tolerar a presença? Amar e querer distância? Isto é inconcebível. Pensemos, e se Deus nos tivesse amado mas mantido Jesus à distancia (Rm 5.8)?
Isso não é amor, é hipocrisia. Dizer que ama ao Deus invisível mas não materializa este amor para o próximo, a quem pode ver é a mais absoluta hipocrisia (I Jo 4.20). Amar só de palavras é inaceitável aos olhos do Deus vivo. Seu desejo é que seus discípulos, após receberem a dádiva deste amor extraordinário (I Jo 3.1) se amem de fato, e não apenas em discursos (I Jo 3.18).

V. Uma Igreja com vitalidade espiritual experimenta verdadeira alegria.
É curioso que Paulo peça à Igreja de Filipos, uma Igreja nascida no cárcere, numa situação que muitos de nós provavelmente gostaríamos de riscar de uma possível biografia, que contribua para a sua alegria. Lamentavelmente nossa geração hedonista pensa apenas em si mesma, é auto motivada, autocentrada e só se realiza quando está auto satisfeita. É uma geração digna de participar do culto oferecido por Caim. Como ele não ficou satisfeito com o resultado do culto, matou o próprio irmão é ainda desafiou Deus dizendo-se responsável apenas pelo próprio bem estar (Gn 4.9).
O apóstolo João, ao falar da comunhão da Igreja, afirma que quando há real comunhão com o pai, mediante o Espírito pela obra do filho a alegria da Igreja é completa (I Jo 1.4). Cremos que Paulo foi inspirado pelo Senhor, e, se ele pede que a Igreja faça algo para que a sua alegria seja completa, podemos entender que estas ações da Igreja são desejáveis por aquele que o inspirou. Não há nada mais agradável aos olhos do Senhor que a união da sua Igreja (Romanos 12:5  assim também nós, conquanto muitos, somos um só corpo em Cristo e membros uns dos outros) experimentando a companhia mútua com alegria (Sl 133.1) e, por isso, o Senhor derrama sua benção sobre este povo (Sl 133.3).

CONCLUSÃO
Existem duas visões antagônicas a respeito da Igreja que carecem de equilíbrio. De um lado temos uma perspectiva altamente antropocêntrica, centrada nas necessidades e desejos dos homens. Não é a glória de Cristo o alvo a ser alcançado, mas o bem estar do homem. Tudo é feito pelo homem, para o homem e nada é tido que possa desagradar. Igrejas assim se esquecem de que o pecado do homem o afasta de Deus (Is 59.2) e mancha até mesmo suas melhores realizações e isto nada vale diante do Senhor de todas as coisas (Is 64.6).
O outro extremo é o que eu chamo de Igrejas antropofóbicas, isto é, tem medo de tudo o que possa agradar ao coração do homem. O problema com isto é que o Senhor satisfez necessidades reais de pessoas, e muitas delas voltaram para casa tomadas de grande júbilo e dando glórias a Deus, como o aleijado (Lc 5.25).

APLICAÇÃO
Como uma Igreja pode alcançar este ponto de equilíbrio e vigor espiritual? É curioso que Paulo não fala em momento algum de campanhas financeiras de oração, corrente dos 666 apóstatas, compra de patuás evangélicos e óleo Lisa do monte das prateleiras... Ele diz que uma Igreja que tem o Espírito como seu guia vai demonstrar seu vigor através de atitudes práticas:
I. Penseis a mesma coisa, isto é, ter o mesmo objetivo, a glória de Deus e ser uma benção na vida do próximo;
II. Tenham o mesmo alvo: ser uma expressão do amor de Deus em toda e qualquer circunstância;
III. Tenham uma só alma, isto é, uma mesma motivação, uma mesma força, um mesmo ânimo que vem do Espírito;
IV. Sintam o mesmo sentimento, alegrando-se com os que se alegram e chorando com os que choram, dividindo o que possuem para que ninguém tenha necessidade;
V. Ajam com altruísmo, buscando em primeiro lugar o bem do próximo porque este é o cumprimento da lei;
VI. Demonstrem humildade, segundo o exemplo do mestre que, sendo Senhor, lavou os pés aos seus discípulos;
VII. Sejam servos uns dos outros, pois quem quer ser grande no reino de Deus deve servir aos seus irmãos.

sábado, 26 de abril de 2014

ADOLESCENTES FORA DE MODA NO LAR

ADOLESCENTES FORA DE MODA - NO LAR
Bate papo com os adolescentes da IP Xinguara, sexta, 25.04.2014

A rigor a bíblia não trata de adolescência. Se fossemos dividir a vida em faixas à luz da bíblia teríamos algo como o quadro que se segue:
Se a bíblia não trata da adolescência, como vamos falar do assunto? Buscando princípios que norteiam a vida do cristão em todas as oportunidades de sua vida.

O QUE É A ADOLESCÊNCIA

A Organização Mundial de Saúde analisa as fases da existência humana e propõe algumas classificações que, de tempos em tempos, ela mesma se vê obrigada a mudar. Também leva em consideração o que é a adolescência para o oriente e o ocidente, para o norte e para o sul, para países ricos e com muita informação e países com menos informação à disposição. Assim, definir a adolescência não é fácil, porque definir é limitar e pode deixar de fora aspectos importantes da personalidade e da vida de alguém presente, mas em linhas gerais, podemos dizer que a adolescência é:
·       CRONOLOGICAMENTE a adolescência é subdividida em três fases:
o   PRÉ-ADOLESCENCIA – 10 a 12 anos, com experiências entre 9 e 13;
o   ADOLESCENCIA – 13 a 16 anos, com experiências entre 11 e 18;
o   JUVENTUDE ADOLESCENTE – 17 a 21 anos, com experiências entre 14 e 23.
·       FISICAMENTE a adolescência está baseada em evidências típicas devido às mudanças hormonais normais, como modificação da estrutura óssea (ombros mais largos nos homens, quadris para as mulheres), aparecimento de pelos, mudanças na voz, alterações nos órgãos genitais.
·       SOCIALMENTE cada comunidade determina quando um indivíduo deixa de ser criança e passa a fase pré-adulta através de instrumentos sociais como trabalho, festas demarcativas ou rituais de passagem (bar mitzvah, 15 anos), escolaridade.
·       PSICOLOGICAMENTE a própria criança começa a definir a sua personalidade adulta, com crises "de identidade" por não ser mais criança nem ser adulta ainda. Desejo de ser independente e incapacidade de arcar com as consequências.

COMO ENCARAR A ADOLESCÊNCIA

Todas as fases da nossa vida são temporárias, e, ao mesmo tempo, precisam ser vivenciadas do ponto de vista da eternidade. Passamos a nossa vida inteira tentando nos adaptar a nós mesmos e ao mundo que nos cerca – quando estamos começando a entender o que somos nos vemos obrigados a mudar e entrar numa nova fase. Isto é normal, só vamos parar este processo adaptativo (não evolutivo) quando formos glorificados, chegarmos a ser o que devemos ser.
O grande diferencial da adolescência é que as adaptações a que as crianças pré-adultas são submetidas são bruscas, rápidas, variadas, múltiplas e muitas vezes desassistidas.
Não temos muitos modelos de adolescentes nas Escrituras (Samuel? José? A menina escrava?), mas temos o modelo por excelência, Jesus, do qual temos apenas um relato, com explícitos 12 anos. A idade da crise. Ainda não era adulto, mas em breve seria inserido no mundo religioso adulto hebreu.

Lc 2.42-52

Quais eram as características deste Jesus pré-adolescente?

JESUS, UM ADOLESCENTE QUE FREQUENTAVA OS CULTOS

As crianças judias eram alfabetizadas com a bíblia, e eram conduzidas às reuniões religiosas nas sinagogas em suas comunidades – mas somente após completar 13 anos ela tinha acesso aos sacrifícios no templo. A Escritura afirma que Jesus crescia debaixo da graça de Deus (Lc 2.40: Crescia o menino e se fortalecia, enchendo-se de sabedoria; e a graça de Deus estava sobre ele). Também afirma que ele e sua família iam a Jerusalém todos os anos para a festa da páscoa (Lc 2.41: Ora, anualmente iam seus pais a Jerusalém, para a Festa da Páscoa).
Aos 12 anos e 1 dia a menina era considerada bat mitzvah, filha do mandamento, e o menino somente aos 13 anos e 1 dia, ao passar por uma cerimônia chamada mazal tov (boa sorte). Esta viagem de Jesus ao templo é a sua despedida da vida de criança, pois durante o ano ele seria preparado para tornar-se oficialmente um bar mitzvah (filho do mandamento, isto é, responsável por guardar, ele mesmo, a lei). Antes desta idade, são os pais os responsáveis pelos atos dos filhos. Depois desta idade, os rapazes e moças podem finalmente participar em todas as áreas da vida da comunidade e assumir a sua responsabilidade na lei ritual judaica, tradição e ética.
Somente com o hábito de cultuar a Deus Jesus poderia crescer em sabedoria e graça diante do Senhor. Adolescentes só poderão amadurecer espiritualmente se estiverem constantemente submetidos ao ensino da Palavra de Deus. Isto não quer dizer que sejam proibidos de ter atividades comuns aos demais colegas, como estudos, esportes, passeios – sempre tendo como norte a orientação bíblica de tudo fazer como para o Senhor (Cl 3.23: Tudo quanto fizerdes, fazei-o de todo o coração, como para o Senhor e não para homens – inclusive ele próprio).

JESUS, UM ADOLESCENTE CURIOSO E COMUNICATIVO

O que é um adolescente típico? O que fala demais? O que se tranca em silêncio, emudecido? Sabe-se que nenhum adolescente é mudo quanto tem assunto. Jesus tinha assunto para tratar com seus pais (Lc 2.49: Ele lhes respondeu: Por que me procuráveis? Não sabíeis que me cumpria estar na casa de meu Pai?) e até mesmo com os doutores da lei (Lc 2.46-47: Três dias depois, o acharam no templo, assentado no meio dos doutores, ouvindo-os e interrogando-os. E todos os que o ouviam muito se admiravam da sua inteligência e das suas respostas).
Mesmo o mais calado dos adolescentes tem assunto para tratar com alguém em quem confie e que tenha algo em comum. E talvez isto explique, em parte, o mutismo de alguns adolescentes quanto aparecem na Igreja – não tem vivência contínua na Igreja e acabam deslocados nas conversas, aparentando serem arredios e afastando-se (e sendo isolados) cada vez mais. Como corrigir isso?
i.                  Ouvindo: Muitos adolescentes não sabem ouvir os mais velhos, desprezam a sabedoria vivida por esses homens. O adolescente não pode esquecer que eles já passaram por esta idade, e alguns deles, por sua vez, já tiveram filhos adolescentes, vivenciaram duas vezes a realidade que o adolescente, está vivendo.
ii.               Perguntando: Dizem, deturpando o ditado, que "quem tem boca vai a Roma" (na verdade é "vaia"), mas a ideia, também verdadeira, é que quem sabe perguntar consegue respostas às suas dúvidas. E não há ninguém que tenha mais dúvidas sobre as clássicas perguntas (quem sou, de onde vim, para onde vou, qual o meu propósito) do que os adolescentes, especialmente se submetidos a uma infinidade de influências conflitantes (mídia). Tem muita gente que já se fez as mesmas perguntas, e já vivenciou muitas experiências que podem ajudar na busca individual de respostas (pais, tios, avós, aos presbíteros, pastores). Mas pergunte à pessoa certa – porque perguntar a um colega da mesma idade, com as mesmas dúvidas, e submetido a influências diferentes das suas pode não dar em boa coisa.
Jesus tinha o que falar na sua Igreja porque tinha conhecimento das coisas de Deus.

JESUS, UM ADOLESCENTE ENVOLVIDO COM AS COISAS DE DEUS

Quando é encontrado por seus pais Jesus estava no templo, conversando despreocupadamente com os doutores sobre as coisas de Deus. Certamente havia mais a fazer em Jerusalém naqueles dias. A cidade vivia uma grande festa mas Jesus estava profundamente envolvido com as coisas de Deus. Inquirido sobre o que havia feito, Jesus responde de uma maneira profunda e inesperada de se ouvir da boca de um adolescente: "Por que me procuráveis? Não sabíeis que me cumpria estar na casa de meu Pai?" (Lc 2.49).
Certamente para Jesus, assim como para Davi, as coisas de Deus eram mais prazerosas do que as demais coisas (Sl 84.10: Pois um dia nos teus átrios vale mais que mil; prefiro estar à porta da casa do meu Deus, a permanecer nas tendas da perversidade). Davi pensava assim por que as coisas de Deus são estáveis, dão referência para toda a vida (Pv 22.6: Ensina a criança no caminho em que deve andar, e, ainda quando for velho, não se desviará dele) enquanto as coisas do mundo são passageiras, mutáveis, e, em nossos dias, muito mais rápidas e cada dia para pior. Você, adolescente, precisa de um referencial, e o apóstolo Paulo apresenta uma proposta valiosa: ter como referencial as coisas do alto, eternas (Cl 3.2-3: Pensai nas coisas lá do alto, não nas que são aqui da terra; porque morrestes, e a vossa vida está oculta juntamente com Cristo, em Deus).
Algumas dicas de coisas do alto, preciosas, que você pode usufruir já, aqui e agora: escola bíblica; evangelização e testemunho; frequência aos cultos (chame seus pais, mesmo se eles forem crentes); evite coisas que prejudiquem seu crescimento em santidade (Hb 12.14: Segui a paz com todos e a santificação, sem a qual ninguém verá o Senhor).

JESUS, UM ADOLESCENTE SUBMISSO AOS SEUS PAIS

Talvez tenha parecido que o tema proposto para este encontro de adolescentes não seria abordado – adolescentes fora de moda na família.
Observe que Jesus era um adolescente frequente aos cultos, curioso e comunicativo sobre as coisas de Deus e envolvido com a sua Igreja. Um adolescente assim fatalmente será considerado fora de moda pelos seus colegas de escola, pelos companheiros do futebol, pelas amigas do papo no cantinho durante o intervalo.
Mas como será que são estes adolescentes populares em suas casas? Se o padrão é o que vemos em séries de TV como "Malhação" e programas como os da Disney Channel, o quadro é mais ou menos o que se segue:
i.                   Os pais são retratados de três maneiras: insensíveis, bobocas ou ausentes permissíveis;
ii.                Os adolescentes e jovens são estereotipados como se tivessem uma placa na testa: bons ou maus. Geralmente um adolescente que consideraríamos equilibrado usa roupas xadrez, óculos de fundo de garrafa e tem dificuldade em ser popular.
iii.             Os relacionamentos de crianças e adolescentes (Carrossel, Chiquititas) são semelhantes aos dos adultos, com paixões e contendas.
iv.              Os relacionamentos entre pais e filhos são marcados por discussões (amistosas ou não) de igual para igual, e geralmente os pais perdem.
Não tenho dúvida que esta modalidade de relacionamento familiar não se adequaria à família de Jesus. Não podemos imaginar José e Maria, ou os familiares próximos, considerando Jesus um aborrecente mesmo no período da puberdade. A característica de Jesus que o texto destaca é que ele honrava seus pais, sendo-lhes submisso. Jesus (e nós) sabemos que a rebeldia é um pecado terrível (I Sm 15.23a: Porque a rebelião é como o pecado de feitiçaria, e a obstinação é como a idolatria e culto a ídolos do lar.), comparado à feitiçaria e à idolatria.
Vejamos as atitudes mais comuns na moda familiar atual:
a.     Respondões: adolescentes que não atendem às determinações paternas, muitas vezes discutindo publicamente de maneira áspera e desonrosa;
b.     Agressivos: adolescentes que usam de palavras duras e ofensivas contra seus pais, sendo que alguns chegam a agredi-los não apenas verbal e emocionalmente, mas até fisicamente;
c.      Desobedientes: adolescentes que não fazem o que os pais mandam em relação a tarefas escolares, domésticas, roupas, filmes, companhias;
d.    Murmuradores: adolescentes que reclamam de tudo o que os pais são e fazem, guardando mágoas em seu coração e prejudicando sua vida espiritual
e.     Cobiçosos: adolescentes que cobram dos seus pais que lhes deem mais do que efetivamente precisam – muitas vezes apenas para não ficarem desatualizados em relação a colegas igualmente mimados.
Esta é a moda, mas a Escritura nos diz para sermos diferentes, para não imitarmos o que é mau (III Jo 11: Amado, não imites o que é mau, senão o que é bom. Aquele que pratica o bem procede de Deus; aquele que pratica o mal jamais viu a Deus) e não disputarmos com os maus em suas maldades – porque certamente perderemos, é a especialidade deles (I Pe 4.1-5: Ora, tendo Cristo sofrido na carne, armai-vos também vós do mesmo pensamento; pois aquele que sofreu na carne deixou o pecado, para que, no tempo que vos resta na carne, já não vivais de acordo com as paixões dos homens, mas segundo a vontade de Deus. Porque basta o tempo decorrido para terdes executado a vontade dos gentios, tendo andado em dissoluções, concupiscências, borracheiras, orgias, bebedices e em detestáveis idolatrias. Por isso, difamando-vos, estranham que não concorrais com eles ao mesmo excesso de devassidão, os quais hão de prestar contas àquele que é competente para julgar vivos e mortos).

CONSIDERAÇÕES FINAIS

Deus escolheu você querido adolescente, não tenha dúvida disso. Deus deu Jesus para tirar você do império das trevas (Cl 1.13: Ele nos libertou do império das trevas e nos transportou para o reino do Filho do seu amor) e fazer de você nova criatura (II Co 5.17: E, assim, se alguém está em Cristo, é nova criatura; as coisas antigas já passaram; eis que se fizeram novas), parte de um povo especial (Tt 2.14: …o qual a si mesmo se deu por nós, a fim de remir-nos de toda iniqüidade e purificar, para si mesmo, um povo exclusivamente seu, zeloso de boas obras).
O preço que ele pagou por isso foi altíssimo (I Co 6.20: Porque fostes comprados por preço. Agora, pois, glorificai a Deus no vosso corpo) – e cabe a você dar a resposta, mesmo que essa resposta dependa da atuação dele em seu coração (Fp 2.13: …porque Deus é quem efetua em vós tanto o querer como o realizar, segundo a sua boa vontade).
A questão é se você está disposto a pagar o preço. O maior preço sempre será o amor. 
Talvez você esperasse que eu falasse primeiro de um adolescente ajustado na família para, depois, falar do que ele seria na Igreja. Mas acho que você, agora entendeu – somente sendo parte do corpo de Cristo, somente obedecendo a Deus e buscando sua glória você será um adolescente que anda fora da moda do mundo (Ef 2.1: Ele vos deu vida, estando vós mortos nos vossos delitos e pecados, nos quais andastes outrora, segundo o curso deste mundo, segundo o príncipe da potestade do ar, do espírito que agora atua nos filhos da desobediência; entre os quais também todos nós andamos outrora, segundo as inclinações da nossa carne, fazendo a vontade da carne e dos pensamentos; e éramos, por natureza, filhos da ira, como também os demais) no contexto do seu lar.
Somente honrando a Deus você será capaz de honrar aos seus pais. E se eles (ou um deles) não são cristãos, então, mais ainda você terá que honrá-los, porque só mostrando o que Deus faz em sua vida eles acreditarão que Deus também pode fazer o que você diz que ele pode fazer na vida deles.

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