quinta-feira, 26 de março de 2009

JOÃO SABIA QUEM ERA JESUS

Tanto o evangelho quanto a primeira carta de João começam com a sua certeza acerca da natureza de Jesus. O apóstolo não estava disposto a morrer por um mero líder religioso. Ele não estava disposto a morrer por uma causa. Embora sem temer o martírio, ele não queria ser um mártir de uma causa vã ou terrena. Ele lembra que Jesus, aquele que andou por toda a parte fazendo o bem, ensinando o evangelho do reino, curando enfermos e até mesmo ressuscitando mortos era alguém muito, muito especial: era o eterno que adentrou na temporalidade. O apóstolo, que era judeu, vai em busca de um termo filosófico grego para definir a pessoa de Jesus: o que era desde o princípio. João vai em busca do começo de todas as coisas para afirmar: mesmo ali, Jesus não passou a ser, ele já era, já existia, já possuía glória celeste [Jo 8.58]. Nunca houve um momento em que a glória e honra não lhe fossem devidas. E isto só torna a reação de rejeição que os homens tiveram (e continuam a ter) diante dele mais indesculpável. Por amor dos seus, Jesus deixou a glória eterna, tornou-se à semelhança de homens – em suas limitações, fraquezas e dores (sem, entretanto, aceder à prática do pecado).
Por saber, através do que sua mente e coração lhe testificavam, quem era Jesus (e não apenas ter informações sobre quem era Jesus) João está disposto e capacitado a um testemunho eficaz. Informações não bastam para fazer uma testemunha. Alguém pode saber tudo o que é humanamente possível saber a respeito de Jesus, mas mesmo assim não conhecê-lo. Era assim com os religiosos: eles sabiam quem era Jesus, sabiam o que ele ensinava, sabiam da autoridade que ele possuía, alguns até acompanharam de perto os seus milagres – mas nada disso os convencia. Eles não conheciam verdadeiramente a Jesus [Jo 10.14]. E esta é uma bênção que só é dada às ovelhas que o Pai lhe deu. Nem uma – a mais ou a menos – do que estas. Um número tão certo e inescapável quanto à realidade da personalidade do Senhor, eternamente imutável em seu propósito.
João assegura que o evangelho da vida, o anúncio da pessoa e obra do Senhor Jesus não é uma novidade, não é uma invenção contemporânea – mas é uma mensagem alicerçada na existência real e eterna de Jesus, muito diferente tanto das filosofias e religiões contemporâneas (e seus mestres, mortos ou vivos ainda) e dos mistérios das religiões pagãs com suas divindades lendárias, mas irreais. A importância da mensagem está simplesmente no fato de que o que João anuncia, testemunha, prega, não é uma fábula engenhosamente inventada como as que Paulo e Pedro combatiam [II Pe 1.16; I Tm 4.7] ou fantasia – e nada mais, nada menos, que as boas novas a respeito do interesse plenamente demonstrado de Deus pelos miseráveis seres humanos. A João fora revelado [como a nenhum outro hoje] não o entendimento da essência da divindade, porque a mente humana, finita, não pode compreender a divina, infinita, mas o reconhecimento de que Jesus Cristo era [e é] essencialmente divino – e por ser divino não pode ser temporal.
Para João o conhecimento de Jesus é ao mesmo tempo o conhecimento daquele que, antes que tempo houvesse, já o conhecia. É ver a glória do unigênito, do criador, daquele que por sua palavra e vontade perfeita e poderosa fez todas as coisas. Este Jesus deve ser anunciado. Se fora um mero homem sua mensagem deveria cair no esquecimento. Suas palavras não mereceriam ser registradas com a solenidade de serem chamadas palavras de Deus, porque não o seriam. Seus atos seriam contados como os dos demais heróis do passado – mas nada revelariam do caráter e amor de Deus. Não! Para João [ e para todos os que compartilham da bem aventurança da fé] temos a mensagem verdadeira do Deus verdadeiro – não há outra mensagem pela qual valha viver e morrer, não há outro que mereça uma obediência tão absoluta. Por ele, pelo que ele é, pelo conhecimento que temos dele, vale a pena ser uma testemunha – ao preço da própria vida, se necessário [e muitas vezes ao longo da história tem sido].

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