quinta-feira, 26 de março de 2009

JOÃO TESTEMUNHOU A ENCARNAÇÃO DO VERBO DE DEUS

Conhecimento como fruto da experiência, do ensino e a visão das obras feitas por Jesus eram fundamentais para o apostolado – mas o apóstolo não desejava que os cristãos fossem enganados por pregadores de um falso evangelho que dizia que tudo não passava de uma espécie de "teatro celestial", que Cristo apenas havia assumido uma aparência humana [docetismo] e transmitido um conhecimento incomum aos seus discípulos [gnosticismo]. João sabia que apenas alguém que compartilhasse da natureza humana poderia oferecer sacrifício agradável. Somente um homem perfeito, perfeitamente obediente, sem pecado [Hb 4.15] poderia retirar a mancha da desobediência de outro [Rm 5.12-15]. Somente o segundo Adão, espírito vivificante, poderia retirar o peso da culpa dos atos do primeiro Adão, alma vivente [I Co 15.45].
João testemunha que Jesus Cristo não era um mero espírito, mesmo que um espírito de luz, como querem os adeptos do kardecismo. Jesus não era um mero mestre religioso, como querem os filósofos. Jesus não era um homem que, em virtude de uma vida perfeita, se transformaria em predileto do pai, nem a primeira criatura, como querem os russelitas. O mesmo que João afirma ser o Deus eterno é também caracterizado como habitando entre os homens, compartilhando de sua natureza, da sua humilhação [Fp 2.5-8] e até mesmo experimentando algo que só caberia aos homens pecadores: a morte.
A encarnação de Jesus tem sido um mistério e uma característica da pregação cristã desde sempre. É impossível ao cristianismo subsistir sem a divindade de Cristo. Mas é igualmente impossível crermos num Jesus dissociado do humano. As Escrituras insistem demasiado na ênfase sobre o fato de Cristo, o Verbo, ter-se feito carne e estabelecido habitação entre os seres humanos [Jo 1.14]. Jesus Cristo é o Deus em carne e crer nisto é distintivo entre o verdadeiro e o falso cristão [I Jo 4.2], entre a testemunha da verdade e as testemunhas do erro e do engano, ministros de satanás [II Jo 1.7]. A obra da reconciliação entre o homem e Deus foi feita por Deus, em Cristo, e por Cristo, para nós, e isto foi feito "no corpo da sua carne" [Cl 1.22]. Pedro também enfatiza o fato da nossa reconciliação pelo fato de Cristo, morrendo por nós, na carne, e foi por esta morte, e não por uma ilusão, que Cristo garantiu a nossa salvação. Ademais, o seu trabalho não teria sido penoso [Is 53.11] se fosse uma mera representação, como querem muitos.
No pensamento hebraico, e João era, antes de mais nada, um hebreu que vivia em meio a hebreus e não hebreus, especialmente nos dias finais de sua vida, a carne é mais do que a matéria, e, portanto, representa o homem integral, assim como as palavras alma e coração. Assim, carne não é algo que o homem possui, mas o que ele é. Assim Cristo é aquele que, sendo divino, tornou-se um homem integral, podendo ser, também, legítimo representante de outros homens diante da divindade. Embora seja de difícil conciliação com a nossa lógica e fraqueza mental, Cristo é, a um só tempo, aquele que é eterna e perfeitamente divino, mas, também, perfeitamente humano. Jesus em momento algum deixou de enfatizar sua divindade ou sua humanidade. E é assim que crer nele segundo as Escrituras, mesmo que contra a razão não iluminada, é uma exigência bíblica e João não nos permite pensar diferente: ou cremos, ou não somos crentes. Ou recebemos o Cristo segundo as Escrituras, e o anunciamos, e somos seus ministros, ou, ao negar tais verdades, temos aí um ministro do anticristo.
Desde o início Jesus é invocado como Senhor, tido como digno de honra e louvor, é aquele por meio de quem vem a fé [At 3.16], que, é, em última instância, um dom de Deus [Ef 2.8]. Jesus é aquele que perdoa pecados, uma exclusividade divina [Mt 9.16]. Tudo isto atesta que os cristãos primitivos, como João, testemunhas oculares do Senhor Jesus, tinham plena convicção de que o Jesus divino também era o Filho do Homem. Desde o nascimento o relato sobre o homem-Deus se concentra num fato: a fé em sua pessoa representa a redenção dos crentes. Maria desde o princípio demonstra esta verdade ao colocar-se como instrumento de Deus, uma serva que estava pronta a ser "vaso de Deus" para a completitude da obra salvífica – embora ela mesma não se julgasse salvadora, pelo contrário, percebesse a si mesma como carente de salvação [Lc 1.46-47].
Mesmo assumindo a natureza humana em Cristo sempre habitou plenamente a divindade [Cl 2.9]. A manifestação dos seus atributos se dá num contexto diferente, mas Cristo não deixou de ser onisciente ou onipotente, ou, muito menos, merecedor de menos honra e glória. Mas o fez num estado de humilhação, pois precisamente para isto se encarnou: para obedecer ao Pai em todas as coisas, inclusive enfrentando a morte em lugar dos mortos, a justiça divina substituindo os injustos. Muitas heresias já surgiram tentando negar estas verdades: nestorianos, apolinarianismo, kardecismo, russelismo, sabatismo e muitas outras. Todas elas como expressão da ação do inimigo da nossa alma: satanás. Somente as verdadeiras testemunhas de Cristo sustentam esta verdade, apesar de toda a oposição que possa se levantar: Jesus Cristo é o Deus em carne. E os crentes – e incrédulos – ainda o verão uma vez para sempre assim, para uns, em glória e gozo eternos. Para outros, em punição eterna no inferno.

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