20 E dentre esses se contam Himeneu e Alexandre, os quais entreguei a Satanás, para serem castigados, a fim de não mais blasfemarem.
I Tm 1.20
É
muito comum ouvir hoje a citação equivocada e descontextualizada de versos da
Palavra de Deus. Para justificar a baixa frequência à reuniões de oração
cita-se que "onde estiverem dois ou três reunidos o Senhor está no meio
deles" sem, entretanto, ver que o contexto de julgamento e disciplina de
faltosos (Mt 18:20). A moderna profetolatria e a autoproteção evocada por eles como
ungidos do Senhor (Sl 105:15) não serve de desculpa para que não haja julgamento, mesmo em relação
aos profetas, na verdade, especialmente estes porque dizem falar com autoridade
divina (I Co 14:29).
Graças
a Deus que o politicamente correto não tinha lugar no coração de Paulo ou de
nenhum dos verdadeiros profetas que falavam da parte de Deus. Paulo fala da
necessidade de guardar a fé e a boa consciência porque o desprezo desta última
faz o inadvertido naufragar na primeira. A bíblia fala de muitos que abraçaram
a fé mas, como o personagem vivido por Leonardo de Caprio no filme Titanic,
acabaram naufragando. Ele era um penetra no navio – e a tábua da salvação não
era para ele.
Um bom
exemplo de náufrago que abraçou a fé é Simão, o mago (At 8:13) mas sua má consciência fez dele um perdido (At 8.20). Seu problema:
ambição eclesiástica, desejo de reconhecimento popular – típico do cristão que
negocia seus princípios para ser aceito nos grupos dentro de igrejas e até
mesmo fora da igreja.
Ananias
e Safira também ilustram esta triste condição de náufragos por desprezarem a fé
e mentirem ao Espírito Santo (At 5.3-4). A pedra que os fez naufragar foi a inveja – viram que a igreja tinha
Barnabé em alta conta por ser ele homem piedoso, cheio do Espírito Santo e de
profundo espírito liberal, vendendo um campo e dando o produto da venda para
ser distribuído entre os carentes. Ananias e Safira quiseram aparentar piedade
– e naufragaram com sua máscara.
Mais
um exemplo: um homem chamado Demas, companheiro de Paulo, mencionado entre seus
cooperadores ao lado de João Marcos, Aristarco e Lucas (Fm 1:24) provavelmente
não suportou a pressão de sofrer como cristão (I Pe 4:15-16), acompanhando Paulo em suas cadeias (II Tm 4:16). Diferente de Moisés, Demas preferiu este mundo – amou este mundo como
demonstração de o amor do pai não estava nele.
Para
uma cultura que diz que não podemos julgar Jesus nos ensina que os frutos são o
padrão do julgamento – os frutos de Simão, Ananias, Safira, Demas, e, no caso
específico, os heréticos himeneu, que Paulo afirma ter pertencido à igreja mas
jamais ter pertencido ao Senhor (II Tm
2:17-19) e Alexandre, que causou muitos males
a Paulo se opondo à sua pregação com veemência (II Tm 4:14) daqueles lobos devoradores que Paulo previra aos presbíteros de Éfeso
que assaltariam o rebanho (At 20:29).
Paulo
diz que estes náufragos na fé estavam despojados da graça, e, portanto, como
obreiros de satanás e instrumentos para seus intentos, deveriam ser afastados
da Igreja e considerados com o mesmo grau de rigor que os judeus consideravam
os gentios e publicanos (Mt 18:17) não lhe sendo dado mais a palavra na Igreja para que não venham a
perverter a fé dos crentes com suas blasfêmias. Himeneu e Alexandre foram
"entregues à custódia para serem julgados e condenados" (παραδιδωμι). Diferente do
Senhor que disciplina a quem ama (Hb 12:6) ser entregue a satanás significa sofrer o castigo apartado da graça de
Deus (Mt 25:41).
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