18 Este é o dever de que te encarrego, ó filho Timóteo, segundo as profecias de que antecipadamente foste objeto: combate, firmado nelas, o bom combate,
I
Tm 1.18
Acho
estranho cristãos se dando patentes militares num hipotético exército do Senhor
Jesus, especialmente porque, no caso de um exército, as patentes geralmente são
dadas ou por mérito, o que evidentemente não é o caso. Há, de fato comparações
do povo de Deus com um exército, do qual o cristão é metaforicamente chamado de
soldado (II Tm 2:4) e chamado para uma batalha (II Co 10.3-6) isto não quer
dizer que sejamos, de fato, soldados.
Fazendo
uso de uma linguagem militar que qualquer morador do mundo greco-romano de seus
dias entenderia facilmente, Paulo conclama os cristãos a combaterem o bom
combate. Eles não pegariam em armas contra o império romano (os judeus fizeram
isso pouco tempo depois desta carta ter sido escrita e os cristãos que ainda
moravam em Jerusalém abandonaram a cidade antes do cerco). Não é esta a guerra
dos cristãos porque nem o seu Rei nem o seu reino são deste mundo (Jo 18.26).
Mas,
sim, assim como Timóteo, os cristãos têm o dever proclamado publicamente (παραγγελια – palavra da mesma
raiz que evangelho) de combater o bom combate, o combate superior a todos os
demais combates, de cumprir ativamente a sua obrigação sem recuar, como um
militar em expedição, dever que lhe foi entregue solenemente com as armas que
lhe foram confiadas pelo seu Senhor e Rei. O apóstolo Paulo fala de armas
ofensivas e defensivas, ou, no jargão militar de seus dias, armas "da
direita e da esquerda" (II Co 6:7). As armas ofensivas, geralmente usadas na mão direita (δεξιος),
eram a espada, a lança e a maça... na esquerda (αριστερος) ficava o escudo, defensivo, que podia em determinadas circunstâncias
também funcionar como arma.
Acredito
que o cristão tem basicamente uma única arma para combater o bom combate: a
Palavra da verdade. Nosso mestre ensinou claramente como usá-la. Ela pode ser
usada defensivamente como ele fez quando foi tentado por satanás. Sua ação e
respostas baseavam-se exclusivamente no conteúdo da Palavra de Deus, ao afirmar
o que estava escrito. Contra a verdade o pai da mentira não tem argumentos e
tem que partir para outra estratégias, chegando afinal ao uso da violência (Jo 8:44). A única defesa
do cristão contra as armadilhas do diabo é o escudo da fé na verdade de Deus, a
verdade que liberta. Sem ela, o homem não passa de um miserável escravo do
diabo (Jo 8.31-32).
Ao
lado da verdade, o cristão é chamado a empunhar a espada do Espírito, a Palavra
de Deus (Ef 6:17) que deve ser evangelizada – e todos os que devem ser evangelizados são
inimigos de Deus (Rm 5.8-10). A palavra espada (μαχαιρα) refere-se a uma pequena e pesada espada de corte duplo que precisava
de aproximação, força e destreza para poder ser usada. A Escritura diz que a
Palavra de Deus é ainda mais cortante que esta espada (Hb 4:12).
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