Há muito tempo me posiciono em relação ao
ensino do sr. Malafaia, ainda que ele tenha, em algumas ocasiões,
posicionamentos que considero acertados. Mas um relógio quebrado acerta a hora
pelo menos duas vezes por dia. Como disse, discordo de muitos de seus ensinos
e, obviamente, não compartilho com sua atuação midiática, monetarista e política.
Nunca estranhei seu envolvimento com políticos e com a política – seu comportamento
errático, combatendo para depois apoiar, apoiando para depois combater tornavam
claro para os não malafólatras que tudo era mais uma questão de interesse, de
favores políticos, de encabrestamento eclesiológico do que, propriamente, reflexo
de um posicionamento cidadão cristão amadurecido.
Sempre desestimulei a Igreja a ouvir suas
mensagens que tinham muito de psicologia e pouco de exegese e hermenêuticas bíblicas.
Lamentavelmente até pastores presbiterianos (se reformados é outra história)
incentivavam incautos a consumirem essa água turva. Cada vez mais longe do
evangelho, unindo-se a heréticos nacionais e internacionais, apoiando políticos
de caráter duvidoso e pedindo votos até para candidatos cujos partidos
políticos tinham plataforma declaradamente anti-cristã, eis que surge a notícia
inesperada: Polícia Federal bate a sua porta sob a acusação de receber dinheiro
desviado de royalties no RJ. Pergunta-se: não seria apenas uma oferta de um membro
de uma igreja ou de um amigo do evangelho? Porque não se pergunta também: não seria
uma recompensa por relevantes serviços prestados para que o mesmo fizesse declarações
em suas pregações, palestras, entrevistas e publicações em favor de
determinados candidatos, numa forma de propaganda política sub-reptícia?
Sei que logo os malafólatras vão entrar começar
a discordar e os réplicas virão. Incentivo-os a fazerem seus posts em seus
perfis. De novo, preciso dizer que não me alegro com a notícia que aparece no
noticiário, que, sensacionalista, dirá apenas que "Pastor evangélico fez
isso" como se todos nós fizéssemos. O evangelho não ganha nada com isso. Mais
uma vez vamos ter que lembrar que nem todos somos da mesma fôrma, vamos perder
tempo explicando o que não deveria ser necessário explicar. Ou será que o
evangelho ganha? Um som dissonante numa sinfonia estraga a harmonia. Um lobo
que cai a máscara faz mais bem ao rebanho que um lobo revestido de pelego de
cordeiro.
E se Malafaia for inocente desta acusação. Sem problemas.
Muitos cristãos e não cristãos já foram acusados antes e inocentados. Do jeito
que a coisa vai ele certamente manterá os seus seguidores, como Estevam e Sônia
Hernandes manteve os seus, como Edir Macedo também. Isso não é problema para os
fãs. Provavelmente não será problema para suas finanças também. Lembremos o que
a Palavra de Deus diz a respeito dos seus fiéis: Ele vela pelos simples (Sl 116:6
- O SENHOR vela pelos simples; achava-me prostrado, e ele me salvou) e fará com
que a justiça do justo resplandeça (Sl 37:6 - Fará sobressair a tua justiça
como a luz e o teu direito, como o sol ao meio-dia).
E se ele não for inocente? Se assim for, que responda
judicialmente pelo que fez. Não vou dizer que ele deve pagar por seus pecados,
porque somente Cristo pode fazer isso. Mas que ele responda judicialmente, não se
martirize ou alegue que está sendo perseguido porque apoiou este ou aquele
candidato (até porque ele já apoiou inimigos feitos amigos e amigos foram
feitos inimigos). Neste caso lembro as palavras de Pedro (I Pe 4.15-16
- Não sofra, porém, nenhum de vós como assassino, ou ladrão, ou malfeitor, ou
como quem se intromete em negócios de outrem; mas, se sofrer como cristão, não
se envergonhe disso; antes, glorifique a Deus com esse nome).
O que eu gostaria que acontecesse? Que, no
final, ele se provasse inocente. E se dedicasse a pregar o evangelho, apenas o
evangelho – e esquecesse as coisas que vão além do evangelho.
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