quarta-feira, 27 de abril de 2011

CONTINUISMO OU MUDANCISMO

201104183Ou a necessidade de perceber que nem tudo o que está estabelecido deve ser mantido, mas também que nem tudo deve ser mudado.

Do mundo do futebol para as conversas cotidianas veio um ditado que, com as mudanças circunstanciais, pode ser enunciado desta maneira: "Em time que está ganhando não se mexe". Todavia, mesmo o mundo do futebol mostra que este enunciado é relativo [não acredito que tudo seja relativo, não sou adepto do relativismo]. Aliás, até mesmo a ideia de que tudo é relativo traz em seu seio um conceito absoluto, portanto, se há algum absoluto, então nem tudo é relativo. Um exemplo de que em time que está ganhando se mexe é o atual time do Flamengo [20 jogos, 18 escalações diferentes], ou o Real Madrid ou Barcelona, times cujos treinadores os escalam de acordo com os adversários.

E em time que está perdendo? É necessário mexer? Ou é melhor se acomodar? Temos diante de nós dois conceitos que por si só não dizem absolutamente nada: o do continuísmo e o do mudancismo [com o perdão do neologismo].

Definindo os termos, podemos dizer que o continuísmo é a ideia de que não se deve mudar nunca nada... na política nacional já temos a atual presidanta falando que 4 anos são insuficientes para fazer o que acha necessário fazer [já está pedindo mais quatro antes de completar 1/12 do mandato]. Detalhe é que seu partido já está no poder há 9 anos e não fez nada do que é realmente necessário fazer. Ou nos Estados Unidos, onde o presidente mais perdido e ineficiente da historia do país já começou a campanha eleitoral. O que tem demais nisso? O problema deste continuísmo é que os detentores da cadeira controlam o processo, podem fazer propaganda de si mesmos, podem fazer campanha contra os adversários [em muitos casos indefinidos ou simplesmente imaginários, como está acontecendo atualmente nos Estados Unidos]. Outro problema deste continuísmo é que estes estão numa posição privilegiada, não precisam nem mesmo fazer algo que preste – mas detém a máquina, a palavra, o poder. Geralmente querem continuar no poder para continuar não fazendo nada, ou continuar fazendo tudo errado.

Já o mudancismo é a ideia de que de tempos em tempos mudanças tem que ocorrer. Pouco importa se o trabalho está sendo bem feito, se há progresso, se a instituição saiu do marasmo... essa síndrome simplesmente exige mudanças para que mudanças aconteçam – sem alvo, sem propósito, sem meta, sem projeto. Superficiais ou profundas, elas precisam estar sempre acontecendo para que os mudancistas não comecem a clamar por novidades.

MUDANÇAS NECESSÁRIAS

Mas, e quando as mudanças são realmente necessárias? Nos clubes de futebol acontece frequentemente que um titular, às vezes um medalhão, não esteja rendendo o suficiente e seja, depois de algum tempo, trocado por outro atleta, que faz mais e melhor que o seu antecessor vinha fazendo, como é o caso, atualmente, de Marcos e Deola, no Palmeiras. Foi uma mudança necessária, dadas as constantes contusões do titular. Ou da lateral esquerda do Flamengo, que muda toda hora porque os que lá estão não tem correspondido. Na politica não é diferente, ou será que dinossauros como Paulo Maluf, Marta Suplicy ou Collor de Mello deveriam continuar mandando em seus respectivos estados e cidades? Às vezes a mudança é necessária, e não apenas necessária, é fundamental para mudar os rumos da instituição. Basta ver o que acontece em estados como o Maranhão e o Amapá, eternamente nas mãos dos Sarney...

A grande dificuldade é perceber a hora de mudar, que peças mudar e o que colocar no lugar. O mudancismo que prega a mudança pela mudança não é recomendável. O continuísmo pelo simples medo da mudança engessa, desgasta e corrói a vitalidade de outras partes que estão dispostas a algo mais, a algo melhor. No continuísmo preserva-se um status quo muitas vezes ineficiente... no mudancismo pode-se descartar algo extremamente proveitoso. O equilíbrio entre mudar o que precisa ser mudado e manter o que precisa ser mantido é o grande desafio de todas as instituições.

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