sexta-feira, 15 de abril de 2011

JACÓ, O ESCOLHIDO INDIGNO

A história de Jacó, desde o seu nascimento, aponta para alguém cujo caráter era profundamente indigno de receber qualquer bênção de Deus. Ele nasceu segurando o pé do irmão [Gn 25.26], e por isso recebeu o nome de Jacó, que significa suplantador. Depois, num momento de carência do irmão, comprou-lhe o direito de primogenitura por uma ninharia, mostrando-se um astuto aproveitador [Gn 25.30-33]. Insatisfeito com isto, ainda, com a ajuda da própria mãe, usurpou a bênção que pertencia a Esaú [Gn 27.1-23], mostrando seu caráter enganador. Com a promessa de Esaú de tirar-lhe a vida assim que seu pai falecesse, Jacó foi obrigado a fugir de Canaã em direção a Padã-Arã, morar com Labão, seu tio [Gn 28.5]. De caminho, Deus renova as promessas feitas a Abraão [Gn 12.1-3] e a Isaque [Gn 26.2-4] apesar da indignidade de Jacó [Gn 28.13-15].

Enquanto viajava, passou uma noite muito especial num lugar que mais tarde veio a ser chamado Betel e que viria a ter um papel muito importante em sua vida. Naquela noite, enquanto dormiu, teve um sonho, que na verdade era uma visão de uma escada que chegava ao céu, com anjos subindo e descendo, e o Senhor estava ao seu lado. Em reação a essa experiência, Jacó fez votos muito importantes (Gn 28:18-22). Nem sempre manteve esses votos, mas eles tiveram grande efeitos sobre ele.

O enganador encontrou um que lhe foi igual [Labão, seu tio, certamente o professor de Rebeca]. Jacó se apaixonou por Raquel e como não tinha bens, ofereceu 7 anos de serviço pelo direito de casar-se com ela. Jacó é enganado por Labão [Gn 29.26-28] e desposa Lia, e em seguida tem que trabalhar mais 07 anos para "pagar" por Rebeca [ainda que a esta ele tenha recebido antecipadamente – no final das contas o dote, tendo como partida o salário médio de um gerente de fazenda, foi de aproximadamente R$ 1.000.000,00].

Para obter algum patrimônio Jacó teve que usar de astúcias contra seu sogro [Gn 31.3-9] até que o Senhor lhe ordenou, depois de outros 07 anos, que voltasse a Canaã [neste meio tempo seu pai e sua mãe faleceram - tanto fez para herdar o que pertencia a seu pai que, por estar ausente quando da morte deste, nada herdou]. Até para levar suas esposas e filhos teve que sair escondido [Gn 31.20-21]. Agora precisava provar sua fé, pois não poderia voltar para junto de Labão, e ainda ia ao encontro do homem que jurara matá-lo [Gn 27.41].

No vau do Jaboque Deus definitivamente lhe muda o caráter – e com isto o nome [Gn 32.24-28]. O anjo do Senhor abençoou Jacó após humilhá-lo.

Se fôssemos julgar Jacó jamais o escolheríamos para ser o canal das bênçãos de Deus. Mas Deus não vê como o homem [I Sm 16.7]. Jacó é como todos os homens [Mt 7.2]: nenhum merece a bênção de Deus – mas Deus a promete e a dá a indignos.

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