domingo, 17 de novembro de 2013

O QUE FAZ UM CULTO SER VERDADEIRO

O que é o culto? Se tomarmos o culto como uma encenação teatral, uma peça, e então podemos fazer uma tentativa de identificar nesta peça quem seria:

O AUTOR

Deus é o autor do culto. É ele quem diz o que os adoradores devem fazer para serem aceitáveis diante dele. O script imutável (Mt 24.35: Passará o céu e a terra, porém as minhas palavras não passarão) foi dado aos adoradores, e eles não devem (nem podem) alterar nada (Dt 4.2: Nada acrescentareis à palavra que vos mando, nem diminuireis dela, para que guardeis os mandamentos do SENHOR, vosso Deus, que eu vos mando) porque ela é imutável (Lc 16.17: E é mais fácil passar o céu e a terra do que cair um til sequer da Lei) e quem ousar fazer qualquer acréscimo ou omissão coloca-se sob pena de severa disciplina (Ap 22.18-19: Eu, a todo aquele que ouve as palavras da profecia deste livro, testifico: Se alguém lhes fizer qualquer acréscimo, Deus lhe acrescentará os flagelos escritos neste livro; e, se alguém tirar qualquer coisa das palavras do livro desta profecia, Deus tirará a sua parte da árvore da vida, da cidade santa e das coisas que se acham escritas neste livro).

O ROTEIRO

O roteiro imutável está registrado nas Escrituras Sagradas. Deus diz como quer, onde quer e de quem quer a adoração. Do roteiro faz parte:
I. A exaltação ao nome do Deus santo (Is 6.3: E clamavam uns para os outros, dizendo: Santo, santo, santo é o SENHOR dos Exércitos; toda a terra está cheia da sua glória:
II. A confissão de pecados (Sl 32.5: Confessei-te o meu pecado e a minha iniqüidade não mais ocultei. Disse: confessarei ao SENHOR as minhas transgressões; e tu perdoaste a iniqüidade do meu pecado);
III. A certeza do perdão de Deus (Is 6.7: ...com a brasa tocou a minha boca e disse: Eis que ela tocou os teus lábios; a tua iniqüidade foi tirada, e perdoado, o teu pecado);
IV. O louvor (Sl 46.10: Aquietai-vos e sabei que eu sou Deus; sou exaltado entre as nações, sou exaltado na terra) que é fruto de lábios que confessam o seu nome santo (Hb 13.15: Por meio de Jesus, pois, ofereçamos a Deus, sempre, sacrifício de louvor, que é o fruto de lábios que confessam o seu nome);
V. A edificação com base nas Escrituras (II Cr 17.9: Ensinaram em Judá, tendo consigo o Livro da Lei do SENHOR; percorriam todas as cidades de Judá e ensinavam ao povo);
VI. A consequente consagração pessoal e coletiva (Ex 24.3: Veio, pois, Moisés e referiu ao povo todas as palavras do SENHOR e todos os estatutos; então, todo o povo respondeu a uma voz e disse: Tudo o que falou o SENHOR faremos).

O DIRETOR

O diretor, diferente do que poderíamos pensar, não é o liturgista, nem mesmo o pastor (que tem, sob seu encargo, a superintendência do culto na Igreja Presbiteriana). O diretor do culto é o Espírito Santo, que guia os crentes a toda a verdade (Jo 16.13: ...quando vier, porém, o Espírito da verdade, ele vos guiará a toda a verdade; porque não falará por si mesmo, mas dirá tudo o que tiver ouvido e vos anunciará as coisas que hão de vir), inclusive à adoração em espírito e em verdade (Jo 4.24: Deus é espírito; e importa que os seus adoradores o adorem em espírito e em verdade).

OS ATORES

Ninguém deve ir a Igreja para assistir o culto, a menos que tomemos o termo “assistir” num sentido mais arcaico, de prestar serviço. Quando alguém frequenta uma reunião da Igreja sem participar ativa e espiritualmente do culto não pode se considerar um verdadeiro adorador. Quando está, fisicamente, presente, mas seu coração está longe da comunhão com Deus e com os irmãos (I Jo 1.3: ...o que temos visto e ouvido anunciamos também a vós outros, para que vós, igualmente, mantenhais comunhão conosco. Ora, a nossa comunhão é com o Pai e com seu Filho, Jesus Cristo), não se trata de um adorador - mas de alguém que, mesmo presente, não faz parte da comunidade (II Tm 3.6-9: Pois entre estes se encontram os que penetram sorrateiramente nas casas e conseguem cativar mulherinhas sobrecarregadas de pecados, conduzidas de várias paixões, que aprendem sempre e jamais podem chegar ao conhecimento da verdade. E, do modo por que Janes e Jambres resistiram a Moisés, também estes resistem à verdade. São homens de todo corrompidos na mente, réprobos quanto à fé; eles, todavia, não irão avante; porque a sua insensatez será a todos evidente, como também aconteceu com a daqueles), e, como joio em meio ao trigo, chegará o dia em que serão identificados, arrancados e destruídos (I Jo 2.19: Eles saíram de nosso meio; entretanto, não eram dos nossos; porque, se tivessem sido dos nossos, teriam permanecido conosco; todavia, eles se foram para que ficasse manifesto que nenhum deles é dos nossos).

A PLATÉIA

Com tudo isto, o que sobra? Quem é a plateia? Quem assiste o culto? Os anjos? Os ímpios? Ainda que anjos e ímpios possam estar presentes e assistirem aos atos de culto, a plateia, isto é, o alvo a quem se pretende agradar e que, também, é quem justifica a existência de uma apresentação, é o próprio Deus trino. Deus participa de todos os atos de culto, de todas as etapas, de todas as facetas. Ele é o autor, é o diretor, ele efetua nos atores o querer e o realizar (Fp 2.13: ...porque Deus é quem efetua em vós tanto o querer como o realizar, segundo a sua boa vontade).
É Deus, e não os homens, a quem os adoradores devem buscar agradar. São os olhos e ouvidos de Deus, e não dos ímpios, que deve ser agradado pelos adoradores do Deus vivo. É a ele que o culto é ofertado. É diante dele que o culto é apresentado. É ele quem, por sua graça, procura adoradores e os dá ao filho (Jo 17.24: Pai, a minha vontade é que onde eu estou, estejam também comigo os que me deste, para que vejam a minha glória que me conferiste, porque me amaste antes da fundação do mundo) que, também, os compra com preço altíssimo (Is 53.11: Ele verá o fruto do penoso trabalho de sua alma e ficará satisfeito; o meu Servo, o Justo, com o seu conhecimento, justificará a muitos, porque as iniqüidades deles levará sobre si).
Observe que mesmo Davi, após afirmar que juntou tudo o que era necessário para a construção do templo (I Cr 22.14: Eis que, com penoso trabalho, preparei para a Casa do SENHOR cem mil talentos de ouro e um milhão de talentos de prata, e bronze e ferro em tal abundância, que nem foram pesados; também madeira e pedras preparei, cuja quantidade podes aumentar) reconhece que tudo a Deus pertence (I Cr 29.14: Porque quem sou eu, e quem é o meu povo para que pudéssemos dar voluntariamente estas coisas? Porque tudo vem de ti, e das tuas mãos to damos).

CELEBRAÇÃO DO SENHORIO DE DEUS

O culto é uma celebração de Deus como Senhor absoluto (Lv 25.38: Eu sou o SENHOR, vosso Deus, que vos tirei da terra do Egito, para vos dar a terra de Canaã e para ser o vosso Deus), com autoridade, poder e domínio sobre todos os aspectos da vida dos homens.
É por isso que culto não é diversão, mas serviço. Culto não é momento para satisfazer as inclinações pessoais, mas para inclinar-se perante o Senhor Deus em humilde serviço. Quando um culto é preparado tendo em vista satisfazer e agradar homens, ele perde o seu caráter cúltico e torna-se mero lazer, a Igreja deixa de ser Igreja e passa a ser um simples clube. Quando o Senhor é cultuado ele mesmo se encarrega de fazer seu povo crescer (At 2.46-47: Diariamente perseveravam unânimes no templo, partiam pão de casa em casa e tomavam as suas refeições com alegria e singeleza de coração, louvando a Deus e contando com a simpatia de todo o povo. Enquanto isso, acrescentava-lhes o Senhor, dia a dia, os que iam sendo salvos).
Embora o culto não seja para diversão dos homens, nem seja feito para agradá-lo, ao mesmo tempo pode e deve ser alegre (Sl 100.2: Servi ao SENHOR com alegria, apresentai-vos diante dele com cântico) como alguém há muito desempregado que, finalmente, consegue um excelente emprego. No salmo 103 Davi lista algumas razões para que os adoradores se apresentem diante do Senhor com alegria, não se esquecendo de nenhum dos benefícios recebidos:
i.             Deus perdoa as iniquidades;
ii.           Deus sara as enfermidades;
iii.          Deus dá nova vida a mortos;
iv.          Deus vai além e dá bênçãos espirituais;
v.            Deus sustenta na velhice;
vi.          Deus anima mesmo os que não tem vigor.
Deus não precisa da adoração dos homens – ele tem adoradores muito mais "qualificados" espiritualmente (Is 6:2-3: Serafins estavam por cima dele; cada um tinha seis asas: com duas cobria o rosto, com duas cobria os seus pés e com duas voava. E clamavam uns para os outros, dizendo: Santo, santo, santo é o SENHOR dos Exércitos; toda a terra está cheia da sua glória). O certo é dizer que Deus quer, determina e exige a adoração de suas criaturas, mas estas não lhe fariam falta (Sl 150.6: Todo ser que respira louve ao SENHOR. Aleluia!).

O CULTO AO BEM ESTAR

Apresentar-se na Igreja apenas em busca de satisfação própria nada mais é que idolatria (do eu) e desobediência a Deus (Mt 6.33: ...buscai, pois, em primeiro lugar, o seu reino e a sua justiça, e todas estas coisas vos serão acrescentadas), buscando roubar-lhe algo que ele afirma expressamente não admitir dar a ninguém (Is 42.8: Eu sou o SENHOR, este é o meu nome; a minha glória, pois, não a darei a outrem, nem a minha honra, às imagens de escultura).
Alguém pode, inadvertidamente, dizer que já que não está com a disposição correta, deve ficar em casa. Isto é uma tolice, é outra forma de ímpia preguiça, e, portanto, desobediência e pecado (Hb 10.25: Não deixemos de congregar-nos, como é costume de alguns; antes, façamos admoestações e tanto mais quanto vedes que o Dia se aproxima).
O culto é lugar de adorar a Deus – de buscar satisfazer a Deus. Nem mesmo as melhores das intenções são aceitas pelo Senhor se não forem atitudes em obediência a Palavra de Deus (I Cr 13.9: Quando chegaram à eira de Quidom, estendeu Uzá a mão à arca para a segurar, porque os bois tropeçaram. Então, a ira do SENHOR se acendeu contra Uzá e o feriu, por ter estendido a mão à arca; e morreu ali perante Deus – Uzá morreu porque a arca não deveria ser transportada em carro de boi nem tocada por ninguém – deveria ser levada aos ombros, por intermédio de varas encaixadas em locais próprios na arca, pelos filhos de Coate).

O BEM ESTAR DO CULTO

A satisfação do verdadeiro adorador não está em ver as coisas serem feitas a seu modo, mas em adorar, reverentemente, a Deus, servindo-o e celebrando o seu nome, de todo o coração, de toda alma de todo o entendimento e de toda a sua força (Mc 12.30: Amarás, pois, o Senhor, teu Deus, de todo o teu coração, de toda a tua alma, de todo o teu entendimento e de toda a tua força).
Sem o reconhecimento do senhorio absoluto de Deus, e sem reverência na sua presença não há culto, por mais valiosa que seja a oferta apresentada. Deve o adorador reconhecer o senhorio de Deus, a maravilha de ter sido alvo da obra redentora de Cristo, submetendo-se ao Espírito Santo adorando a Deus com muita gratidão pelo privilégio da comunhão com o Deus eterno.
Tantas visões modernas tiraram dos cristãos a única visão necessária – a visão do Senhor, o conhecimento de sua beleza e santidade e, ao mesmo tempo, da sua indignidade pessoal (Is 6.5: Então, disse eu: ai de mim! Estou perdido! Porque sou homem de lábios impuros, habito no meio de um povo de impuros lábios, e os meus olhos viram o Rei, o SENHOR dos Exércitos). Até soa estranho ouvir alguém dizer que Deus está presente no culto, ou que sentiu a presença do Senhor, ou, ainda, ouviu Deus falar-lhe ao coração durante um culto.
A corda foi de tal maneira esticada em duas direções (emocionalismo – também conhecido como pentecostismo, por um lado, e conservadorismo – na verdade, uma forma de racionalismo frio e não cristão) que aos cristãos verdadeiros tem soado estranho a frase "Deus está no meio de ti" (Sf 3.17: O SENHOR, teu Deus, está no meio de ti, poderoso para salvar-te; ele se deleitará em ti com alegria; renovar-te-á no seu amor, regozijar-se-á em ti com júbilo).
Para muitos cristãos Deus está em encontros, montanhas, palestras, shows, mas não mais no seu santo templo dada a irreverência com que se comportam na Igreja mesmo durante o culto solene (Hc 2.20: O SENHOR, porém, está no seu santo templo; cale-se diante dele toda a terra).
Como alguém pode dar sinais de que não considera a presença de Deus uma realidade na Igreja, durante os cultos? Anotarei aqui alguns sinais, mas você pode colocar muitos outros.
i.             Inquietude
ii.           Conversas
iii.         Distrações
iv.         Atrasos
v.           Pressa
vi.           Cochilos

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