OS SOLDADOS DE JESUS
Às vezes me deparo com frases estampadas em camisetas, carros (há pouco vi um caminhão) com frases como: soldado de Jesus, exército de Deus. A última foi "General de Cristo". São titulações e convocações que têm sido feitas, e aproveito parte de um e-mail recebido há algum tempo para mostrar a que estamos chegando nesta auto-entitulação (auto) bajuladora no meio (pseudo) evangélico.
No decorrer do tempo a Igreja nomeia seus líderes (ou eles se auto-ordenam e autonomeiam, como é mais comum nos nossos dias) de acordo com os costumes, o contexto e até mesmo com a necessidade (especialmente de autopromoção e visibilidade). E o crescimento impressionante da igreja evangélica brasileira (com sua tendência divisionista também extremada) tem gerado uma avidez por títulos eclesiásticos de modo que está cada vez mais difícil ser original e as repetições serão inevitáveis, bem como as acusações de uns para outros de plágio. Este problema de falta de títulos eclesiásticos para conferir à sua liderança pode gerar a maior crise eclesiástica a ser enfrentada pelas Igrejas pseudo-evangélicas no século XXI.
Títulos clássicos, como pastor e bispo, já não bastarão, precisarão de adjetivos, como, por exemplo, a junção dos dois e a adjetivação possessiva: Pastor e Bispo das Vossas Almas. Quem não quer um líder poderoso e pomposo assim?
Porque não ser meio-original e copiar meio matreiramente a Igreja romana e criar o título de Co-Redentor da Humanidade, conferindo ao nomeado (geralmente auto-nomeado) uma autoridade (quase) divina e de inigualável importância, pois colocará seu possuidor imediatamente abaixo (mas não muito, pois seria muita humilhação) do salvador Jesus Cristo. Em uma possível agenda ecumênica poderia juntar-se à Igreja romana e, finalmente, reivindicar o título de Pai de Deus.
Augusto, exaltado, magnífico também são títulos fortes, que podem ser usados tanto pelo pastor e bispo ou até mesmo pelo co-redentor, mas também podem ser usados como titulações secundárias a pessoas que se destacam na ocupação de cargos na Igreja, à semelhança dos antigos condes, vice-condes, barões, baronetes, etc. Não seria realmente desejável numa reunião de planejamento um diácono – ou quiçá um presbítero (que títulos antigos e desprestigiados) se referirem aos ilustres chamando-os de augustos, exaltados e magníficos? Quão sonoro para os ouvidos, não? “Magnífico, posso servir o café?” Isto não é para qualquer ser mortal comum. Está acima da plebe rala. É só para a nobreza eclesiástica.
Alteza, majestoso ou majestade também são títulos bonitos e soam bastante imponentes, lembrando as monarquias veterotestamentárias e históricas. Este título poderia substituir os "superintendentes" que tem a seu encargo o governo de obreiros na obra de Deus – especialmente se estes obreiros forem espelho de seus mestres, bajuladores que querem, um dia, ser bajulados.
Outro título que era usado antigamente e que caiu em desuso, mas que pode ser perfeitamente reeditado para uso eclesiástico é my Lord, dada a mania nacional de usar termos estrangeiros quando existem outros nacionais que podem substituí-los perfeitamente. Experimente pronunciar "my Lord". Não é sonoro? Não é, digamos, chique? Melhor que "meu senhor", não acha? Que tal ser, numa reunião, ser chamado de my Lord?
Deuses e vice-deuses já existem andando por aí. Há mais de um que queira o título de salvador, como o louco de Curitiba e o coreano maluco. Mas estes praticamente não contam porque estamos tratando do meio denominado evangélico. Mas não pretendo esgotar os títulos disponíveis até porque o grupo seguidor do líder deve fazer o trabalho de casa e sugerir nomes até melhores do que esses mencionados – especialmente na esperança de que lhes sobre alguma migalha.
Bispos, arcebispos, apóstolos e profetas já existem em profusão, numa avalancha de honrarias auto concedidas que são a cara e a característica do cristianismo modernoso, mas que destoam completamente do verdadeiro cristianismo, bíblico, sadio, humilde, reverente ao Senhor que se fez servo. Onde podemos encontrar nesta Igreja modernosa o mesmo sentimento que houve em Cristo, que, sendo o próprio Deus, se fez homem, servo e maldição em nosso lugar?
Mas não desesperemos, ainda existem alguns títulos disponíveis, antigos, empoeirados pelo (quase) desuso, porque tem sido de difícil aceitação e muitos preferem não usá-los, achando-os humilhantes demais: Servo, Escravo, Discípulo, Ministro do Evangelho, Pregador. Atualmente não fica bem usar esses títulos. Está difícil para um pastor apresentar-se apenas como, ahm... pastor. Imagine numa reunião de tantos líderes brasileiros alguém falar com você assim: “Prezado Escravo de Deus...”. Convenhamos que isso vai dar muita confusão. A sua Igreja aprova a escravidão em pleno século XXI? Logo perguntarão... Imagine embaixo do nome em um cartão de visitas colocar o título: Servo. Não, a pretensão é esquecer esses títulos porque eles não estão adequados com o pensamento evangélico de hoje.
Não vou pedir desculpas pela ironia ou sarcasmo – mas que me dá nojo e asco esta tentativa de obter glória mundana, disto não resta dúvida. Gosto de ser pastor. Pastor, ministro do evangelho, servo de Deus – até porque sei não merecer nada disso, mas sou grato para com aquele que me fortaleceu e me designou para o ministério, a mim, que noutro tempo era blasfemo, insolente e perseguidor, mas alcancei misericórdia, para que outros, por meu intermédio, possam também chegar ao conhecimento do Cristo de Deus, que salva pecadores que nele crêem.
Às vezes me deparo com frases estampadas em camisetas, carros (há pouco vi um caminhão) com frases como: soldado de Jesus, exército de Deus. A última foi "General de Cristo". São titulações e convocações que têm sido feitas, e aproveito parte de um e-mail recebido há algum tempo para mostrar a que estamos chegando nesta auto-entitulação (auto) bajuladora no meio (pseudo) evangélico.
No decorrer do tempo a Igreja nomeia seus líderes (ou eles se auto-ordenam e autonomeiam, como é mais comum nos nossos dias) de acordo com os costumes, o contexto e até mesmo com a necessidade (especialmente de autopromoção e visibilidade). E o crescimento impressionante da igreja evangélica brasileira (com sua tendência divisionista também extremada) tem gerado uma avidez por títulos eclesiásticos de modo que está cada vez mais difícil ser original e as repetições serão inevitáveis, bem como as acusações de uns para outros de plágio. Este problema de falta de títulos eclesiásticos para conferir à sua liderança pode gerar a maior crise eclesiástica a ser enfrentada pelas Igrejas pseudo-evangélicas no século XXI.
Títulos clássicos, como pastor e bispo, já não bastarão, precisarão de adjetivos, como, por exemplo, a junção dos dois e a adjetivação possessiva: Pastor e Bispo das Vossas Almas. Quem não quer um líder poderoso e pomposo assim?
Porque não ser meio-original e copiar meio matreiramente a Igreja romana e criar o título de Co-Redentor da Humanidade, conferindo ao nomeado (geralmente auto-nomeado) uma autoridade (quase) divina e de inigualável importância, pois colocará seu possuidor imediatamente abaixo (mas não muito, pois seria muita humilhação) do salvador Jesus Cristo. Em uma possível agenda ecumênica poderia juntar-se à Igreja romana e, finalmente, reivindicar o título de Pai de Deus.
Augusto, exaltado, magnífico também são títulos fortes, que podem ser usados tanto pelo pastor e bispo ou até mesmo pelo co-redentor, mas também podem ser usados como titulações secundárias a pessoas que se destacam na ocupação de cargos na Igreja, à semelhança dos antigos condes, vice-condes, barões, baronetes, etc. Não seria realmente desejável numa reunião de planejamento um diácono – ou quiçá um presbítero (que títulos antigos e desprestigiados) se referirem aos ilustres chamando-os de augustos, exaltados e magníficos? Quão sonoro para os ouvidos, não? “Magnífico, posso servir o café?” Isto não é para qualquer ser mortal comum. Está acima da plebe rala. É só para a nobreza eclesiástica.
Alteza, majestoso ou majestade também são títulos bonitos e soam bastante imponentes, lembrando as monarquias veterotestamentárias e históricas. Este título poderia substituir os "superintendentes" que tem a seu encargo o governo de obreiros na obra de Deus – especialmente se estes obreiros forem espelho de seus mestres, bajuladores que querem, um dia, ser bajulados.
Outro título que era usado antigamente e que caiu em desuso, mas que pode ser perfeitamente reeditado para uso eclesiástico é my Lord, dada a mania nacional de usar termos estrangeiros quando existem outros nacionais que podem substituí-los perfeitamente. Experimente pronunciar "my Lord". Não é sonoro? Não é, digamos, chique? Melhor que "meu senhor", não acha? Que tal ser, numa reunião, ser chamado de my Lord?
Deuses e vice-deuses já existem andando por aí. Há mais de um que queira o título de salvador, como o louco de Curitiba e o coreano maluco. Mas estes praticamente não contam porque estamos tratando do meio denominado evangélico. Mas não pretendo esgotar os títulos disponíveis até porque o grupo seguidor do líder deve fazer o trabalho de casa e sugerir nomes até melhores do que esses mencionados – especialmente na esperança de que lhes sobre alguma migalha.
Bispos, arcebispos, apóstolos e profetas já existem em profusão, numa avalancha de honrarias auto concedidas que são a cara e a característica do cristianismo modernoso, mas que destoam completamente do verdadeiro cristianismo, bíblico, sadio, humilde, reverente ao Senhor que se fez servo. Onde podemos encontrar nesta Igreja modernosa o mesmo sentimento que houve em Cristo, que, sendo o próprio Deus, se fez homem, servo e maldição em nosso lugar?
Mas não desesperemos, ainda existem alguns títulos disponíveis, antigos, empoeirados pelo (quase) desuso, porque tem sido de difícil aceitação e muitos preferem não usá-los, achando-os humilhantes demais: Servo, Escravo, Discípulo, Ministro do Evangelho, Pregador. Atualmente não fica bem usar esses títulos. Está difícil para um pastor apresentar-se apenas como, ahm... pastor. Imagine numa reunião de tantos líderes brasileiros alguém falar com você assim: “Prezado Escravo de Deus...”. Convenhamos que isso vai dar muita confusão. A sua Igreja aprova a escravidão em pleno século XXI? Logo perguntarão... Imagine embaixo do nome em um cartão de visitas colocar o título: Servo. Não, a pretensão é esquecer esses títulos porque eles não estão adequados com o pensamento evangélico de hoje.
Não vou pedir desculpas pela ironia ou sarcasmo – mas que me dá nojo e asco esta tentativa de obter glória mundana, disto não resta dúvida. Gosto de ser pastor. Pastor, ministro do evangelho, servo de Deus – até porque sei não merecer nada disso, mas sou grato para com aquele que me fortaleceu e me designou para o ministério, a mim, que noutro tempo era blasfemo, insolente e perseguidor, mas alcancei misericórdia, para que outros, por meu intermédio, possam também chegar ao conhecimento do Cristo de Deus, que salva pecadores que nele crêem.
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