INTRODUÇÃO
Médicos, de tempos em tempos, se deparam com o mais difícil tipo de paciente a ser tratado: aquele que acha que sabe o que tem e o que precisa, e, assim, quando, mesmo depois de examinado, tem um tratamento prescrito se recusa a coloca-lo em prática.
Já tive oportunidade de visitar pacientes que chegam a afirmar que o médico não sabe de nada - seguindo suas próprias idéias ou práticas alternativas que, segundo alguns, deram certo.
Mas também já conheci outros pacientes que sabiam muito de medicina mas eram incapazes de perceber que não sabiam nada sobre sua própria saúde, vivendo de forma prática o provérbio bíblico [Lc 4.23: Disse-lhes Jesus: Sem dúvida, citar-me-eis este provérbio: Médico, cura-te a ti mesmo; tudo o que ouvimos ter-se dado em Cafarnaum, faze-o também aqui na tua terra].
Isto se aplica não apenas à saúde do corpo, mas também à saúde da alma e à religiosidade. Basta vermos como os judeus do tempo de Jesus sabiam tudo sobre religião e nada sobre Deus, como atesta Jesus [Jo 3.10: Tu és mestre em Israel e não compreendes estas coisas?] e Paulo [Rm 10.2: Porque lhes dou testemunho de que eles têm zelo por Deus, porém não com entendimento].
A carta de Paulo nos diz que ele já havia prescrito o tratamento adequado para um dos males que afligiam a Igreja coríntia e suas consequências: a tolerância de um pecado gravíssimo e escandaloso que estava minando a capacidade da Igreja de testemunhar com uma vida santa a respeito do Santo de Deus, Jesus Cristo. Como a prescrição do tratamento fora por carta, alguns se julgaram no direito de rejeitá-la [II Co 10.10: As cartas, com efeito, dizem, são graves e fortes; mas a presença pessoal dele é fraca, e a palavra, desprezível].
E é justamente este o ponto que Paulo começa a tratar. É possível que alguns foram designados de paulinos porque estavam desejosos de ver o pecado extirpado do meio da Igreja, atendendo à carta do apóstolo. Outros preferiam rejeitá-la, e, para tanto, precisavam contrapor outra autoridade, arrogando-se, então, seguidores e Pedro ou Apolo [I Co 1.12: Refiro-me ao fato de cada um de vós dizer: Eu sou de Paulo, e eu, de Apolo, e eu, de Cefas, e eu, de Cristo], chegando ao cúmulo de usar em vão o nome do Senhor Jesus Cristo, como fizeram dois ex-deputados do distrito federal e um funcionário do governo do Distrito Federal.
No final das contas nenhum deles estava conseguindo testemunhar sobre o amor de Deus que nos faz um, que remove as barreiras entre diferentes nacionalidades e costumes mas não consegue unir os próprios membros [Gl 3.28: Dessarte, não pode haver judeu nem grego; nem escravo nem liberto; nem homem nem mulher; porque todos vós sois um em Cristo Jesus] ocasionando um testemunho ineficiente de uma Igreja que não conseguia ser nem sal, nem luz.
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