A NECESSÁRIA INTERVENÇÃO ESPIRITUAL
Paulo considera o pecado cometido como um ultraje, e estranha que os coríntios não lamentassem [epenqesate = pranteassem como a um morto] sua existência naquela Igreja. A comparação é muito clara: ou o pecador era considerado como se morto para a comunidade da fé, ou a própria Igreja estava se mostrando necrosada. Qualquer médico, enfermeiro ou mesmo um fazendeiro sabe que, quando uma parte do corpo está morta, em estado de necrose e putrefação, deve ser cortada imediatamente para que não contamine o restante do corpo, e a necrose não venha a se transformar em septicemia [infecção generalizada].
Paulo, firme e amorosamente, aponta uma solução para o problema coríntio: uma ação espiritual. Certamente havia quem temesse a presença de Paulo, mas o apóstolo julgava-a dispensável. Provavelmente Timóteo [I Co 4.17: Por esta causa, vos mandei Timóteo, que é meu filho amado e fiel no Senhor, o qual vos lembrará os meus caminhos em Cristo Jesus, como, por toda parte, ensino em cada igreja] tenha sido enviado com instruções claras sobre como tratar o problema - aliás, mais que instruções, Paulo já havia emitido um julgamento preciso sobre como tratar o pecador impenitente, que estava trazendo tamanho escândalo e vergonha para a Igreja: se agia como mundano, deveria ser entregue ao príncipe deste mundo, Satanás, que só pode destruir a carne [Mt 10.28: Não temais os que matam o corpo e não podem matar a alma; temei, antes, aquele que pode fazer perecer no inferno tanto a alma como o corpo].
A presença de Paulo não precisava ser física. Ele estava espiritualmente presente, pois o espírito que o levava a sentenciar a disciplina sobre o faltoso era o mesmo que exigia a santificação da Igreja.
É uma sentença dura, mas necessária, e evidencia o zelo de Paulo pela saúde espiritual da Igreja. E se aquele pecador fosse um eleito de Deus, como poderia ser ele entregue a Satanás? Se crente fosse, ao experimentar a ausência da comunhão, andando longe da influência do Espírito Santo veria ainda mais claramente o tamanho do seu erro. Se descrente, aplicar-se-ia o velho ditado: a porca lavada voltou ao lamaçal [II Pe 2.22: Com eles aconteceu o que diz certo adágio verdadeiro: O cão voltou ao seu próprio vômito; e: A porca lavada voltou a revolver-se no lamaçal], porque é da sua natureza viver na lama.
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