quarta-feira, 27 de novembro de 2013

PERSPECTIVAS E PRIORIDADES: NÃO DEIXE QUE SUAS RESOLUÇÕES DE FIM DE ANO SE TORNEM FARDOS

Dezembro, fim de ano. Nesta época é muito comum as pessoas refletirem sobre o ano que passou, para ver se conseguiram cumprir as metas propostas no início do ano anterior – e quase sempre muito do que foi planejado não foi executado.

RESOLUÇÕES SÃO APENAS METAS A SEREM BUSCADAS

E isto é assim em várias áreas: profissional, educacional, emocional, física, financeira e até espiritual. Todos fazemos projetos para que sejamos realizados no trabalho, e chegamos ao final do ano esgotados, desesperados por férias e alguns por mudanças. Projetamos cursos, leituras e tantas ficam para trás. Prometemos a nós mesmos que nossas contas não estourarão e começa-se o ano novo com o orçamento comprometido pelas festas e presentes do natal e fim de ano.
A situação espiritual também não é muito diferente. Quantas promessas feitas em dezembro do ano passado foram cumpridas? Leitura sistemática das Escrituras? Investimento de tempo em oração? Evangelização? Assiduidade aos cultos? Uso dos dons e talentos para glória do Senhor? Se formos fazer um balanço, é muito provável que temamos as palavras da parede: "Mene, mene, tekel u'parsin" [Dn 5.25: Esta, pois, é a escritura que se traçou: MENE, MENE, TEQUEL e PARSIM].

RESOLUÇÕES E PRESSÕES

Mas somos pressionados, tanto de fora para dentro quando por nós mesmos, a estabelecermos metas, projetos, planos, propósitos... e nós nos entregamos a este afã, na certeza de que alguns deles não irão perdurar nem na primeira semana do ano novo.

RESOLUÇÕES E TRABALHO

Há algum problema em estabelecer metas, em planejar e buscar realizar? Não, não há problema algum. Há problema em trabalhar arduamente para alcançar as metas propostas? De novo a resposta é: não há problema algum. Mas talvez tenhamos que enfrentar alguns problemas enquanto tentamos alcançar os nossos objetivos – e é possível que seus efeitos possam ser extremamente danosos para nós e para todos aqueles que estiverem perto de nós.

Todos corremos o perigo de vermos nossas resoluções, principalmente aquelas que são iniciadas, se tornarem fardos cada vez mais pesados. Quero chamar a atenção para o fato de que tudo que nos propormos a fazer deve ser, essencialmente, para a glória de Deus [I Co 10.31: Portanto, quer comais, quer bebais ou façais outra coisa qualquer, fazei tudo para a glória de Deus]. Se não for assim, já há um erro sendo cometido e certamente não devemos esperar contar com a bênção de Deus.

UM FARDO PODE ROUBAR SUA ALEGRIA

O TRABALHO

Para a nossa cultura a palavra trabalho vem, inicialmente, associada a cansaço e só depois a sustento, provisão, realização, etc. Já ouvi pessoas falando que isto é por causa da maldição lançada sobre Adão – que do suor do seu rosto comeria o pão [Gn 3.19: No suor do rosto comerás o teu pão, até que tornes à terra, pois dela foste formado; porque tu és pó e ao pó tornarás], todavia, o trabalho é anterior à maldição [Gn 2.15: Tomou, pois, o SENHOR Deus ao homem e o colocou no jardim do Éden para o cultivar e o guardar], logo, a ligação não é bíblica. E em toda a história bíblica apenas o trabalho forçado é visto como punição. O ócio é que é visto como pecado [Pv 6.10-11: Um pouco para dormir, um pouco para tosquenejar, um pouco para encruzar os braços em repouso, assim sobrevirá a tua pobreza como um ladrão, e a tua necessidade, como um homem armado].

O TRABALHO PARA O SENHOR

Trabalhar para o Senhor, então, deve ser visto como motivo de grande alegria, como privilégio [Sl 100.2: Servi ao SENHOR com alegria, apresentai-vos diante dele com cântico] que deve ser motivo de grande alegria. Aliás, a alegria, ou o agradar-se de Deus de nós que é a nossa força, nosso poder [Ne 8.10: Disse-lhes mais: ide, comei carnes gordas, tomai bebidas doces e enviai porções aos que não têm nada preparado para si; porque este dia é consagrado ao nosso Senhor; portanto, não vos entristeçais, porque a alegria do SENHOR é a vossa força], é o que faz diferença entre o cristão e o não-cristão. O mesmo evento pode ser motivo de profunda tristeza e desespero, ou de gratidão a Deus – depende do ponto de vista [Jó 1.21: e disse: Nu saí do ventre de minha mãe e nu voltarei; o SENHOR o deu e o SENHOR o tomou; bendito seja o nome do SENHOR!].

O TRABALHO E O CANSAÇO

É muito comum constatar no decorrer do ano mãos descaindo, joelhos ficando trôpegos por causa das cargas assumidas no fim do ano anterior. A vida do cristão, ao servir ao Senhor, deveria ser marcada por alegria (Fp 4.4: Alegrai-vos sempre no Senhor; outra vez digo: alegrai-vos), ser uma experiência alegre (Gl 5.22: Mas o fruto do Espírito é: amor, alegria, paz, longanimidade, benignidade, bondade, fidelidade) e plena (Jo 15.11: Tenho-vos dito estas coisas para que o meu gozo esteja em vós, e o vosso gozo seja completo). Mas o excesso de ocupações, os fardos, acabam afetando esta alegria. Um estudo mostrou que o extrato social que mais sofre de stress, nos Estados Unidos, é passageiro frequente de avião, piloto de avião de caça e, surpreendentemente, líderes de igrejas classificadas como "ativas", que ganham até de policiais de tropas de choque.
Todos nós temos que enfrentar o pecado quotidianamente, mas o stress causado pelo excesso de cargas pode ser um fator a desencadear crises de ansiedade, impaciência, irritabilidade, tristeza, desânimo e ansiedade por não conseguir levar a cabo os compromissos assumidos.

O TRABALHO E A SOBRECARGA

Temos o hábito de tratar nossa vida, nossa agenda, como se fosse uma bolsa para viagem. Vi recentemente uma entrevista de uma jovem dizendo que, para uma viagem de 6 dias, pretendia levar 20 pares de sapatos. E além deles, para combinar com eles, quantos cintos, e outros apetrechos mais?
Tomamos a nossa agenda como uma bolsa de viagem, e enchemos de coisas [todas elas boas, inclusive a família] – quase nunca deixamos tempo para o repouso mental, e, quando deixamos, eles logo são tomados pelos imprevistos... é, sentamos sobre a mala para fechar... e a nossa viagem já começa com aborrecimento, perdemos pouco a pouco a alegria.
Não temos margem de manobra – um espaço para o que não planejamos. E precisamos aprender que o imprevisto vai surgir, vamos nos cansar, e talvez, ficar amargurados em relação a irmãos que, pensamos, não ajudam a carregar as cargas. O excesso de ocupação tira a alegria, torna o prazer de servir ao Senhor um fardo que nos esmaga, oprime.

 E este é um erro de toda a Igreja – dos que tomam cargas demais, e dos que não tomam carga alguma. O ideal seria que cada um auxiliasse o outro [Gl 6.2: Levai as cargas uns dos outros e, assim, cumprireis a lei de Cristo]. Quando isto não acontece, todo o corpo sofre – quando um membro da Igreja perde a alegria, ele acaba atormentando e tirando a alegria de muitos outros.

UM FARDO PODE ROUBAR SEU AMOR

Nosso coração tem que pertencer integralmente ao Senhor [Js 22.5: Tende cuidado, porém, de guardar com diligência o mandamento e a lei que Moisés, servo do SENHOR, vos ordenou: que ameis o SENHOR, vosso Deus, andeis em todos os seus caminhos, guardeis os seus mandamentos, e vos achegueis a ele, e o sirvais de todo o vosso coração e de toda a vossa alma], mas é possível que deixemo-lo tão sobrecarregado, inclusive das coisas boas, justas e santas, dos afazeres do reino, que tais afazeres venham a sufocar o amor que deve brotar em nossos corações.
Jesus contou a parábola do semeador – o foco é, o tempo inteiro, no terreno onde a semente deve frutificar, e há um deles em que a semente chega a nascer, mas é sufocada pelos espinhos, pelos afazeres da vida. A plantinha cresce, mas, infelizmente, tantas coisas são logo agregadas aos seus galhos que ela vem a declinar. São chamados por Jesus de cuidados do mundo [Mc 4.19: …mas os cuidados do mundo, a fascinação da riqueza e as demais ambições, concorrendo, sufocam a palavra, ficando ela infrutífera].

OS FARDOS COMO ÍDOLOS NO CORAÇÃO DO HOMEM

Estes cuidados, mesmo quando se tratam de cuidados na Igreja, podem vir a tornar-se o centro das cogitações do coração, tornando-se, de algum modo, uma idolatria (Lc 12.31: Buscai, antes de tudo, o seu reino, e estas coisas vos serão acrescentadas.). Não é incomum que pessoas se identifiquem primeiramente pelos fardos que carregam antes de se identificarem como pessoa, se perderem seus cargos e funções, perdem a razão de ser ou de permanecer em determinado lugar, especialmente na Igreja.

A IGREJA PODE SER TORNADA UM FARDO

Para nós, na Igreja, são as reuniões, os cultos, os jantares, os congressos, as viagens, os retiros, os acampamentos, as sociedades, as visitas, as conferencias... todas estas coisas são boas para o crescimento espiritual de um cristão. Mas só são boas se elas servem para efetuar o crescimento – ao se tornarem fardos, elas roubam o nosso coração e se tornam atividades, provocando uma doença chamada ativismo, que afeta nossa vida espiritual e a de todos os que estiverem próximos de nós.

A VIDA COTIDIANA PODE SER UM PESADO FARDO

Ao lado disso há os outros afazeres: trabalho, reforma na casa [chuveiro, torneira, porta, gramado, etc.], conserto do carro, estudo, provas, exercícios, academia, médico, compras, contas, etc. é muita coisa para um coração só. E ele acaba sendo roubado de Deus. Passamos a desejar outras coisas, bens lícitos – e começamos a fazer de tudo para tê-los, mais e mais... e um coração alegre pode ser obtido com muito, muito pouco. Estudos mostram que os países mais ricos, onde as pessoas possuem mais bens, são os menos felizes.

O ACUMULO DE FARDOS


Quanto mais bens, móveis, investimentos, carros, motos, barcos, i-coisas, imóveis, tecnologia, maior o anseio de mantê-los e possuir mais... isso rouba o coração do homem. É muito comum pregadores maldizerem o dinheiro – mas o problema não é ele em si, mas o fato de gastá-lo naquilo que já roubou o coração. O que ele adquiriu precisa ser mantido, atualizado... torna-se o Deus do coração do homem incauto. Precisamos proteger nossos corações. A semente da palavra de Deus não vai crescer em fertilidade sem a poda para descansar, sossegar e acalmar.

UM FARDO PODE ROUBAR SUA SANTIDADE

Acho muito interessante a história de Saul. No momento em que ele é escolhido para reinar sobre Israel, logo ele, que do ombro para cima se distinguia do restante de Israel [I Sm 10.23: Correram e o tomaram dali. Estando ele no meio do povo, era o mais alto e sobressaía de todo o povo do ombro para cima], não é encontrado. Depois de consultarem ao Senhor, finalmente descobrem onde ele estava: entre a bagagem do povo de Deus [I Sm 10.22: Então, tornaram a perguntar ao SENHOR se aquele homem viera ali. Respondeu o SENHOR: Está aí escondido entre a bagagem]. Quando o turbilhão da vida toma conta da nossa agenda já estamos infectados pelo mal do ativismo.

CUIDADO COM O FARDO DO ATIVISMO

O ativismo, as realizações, as coisas, podem ser usadas para esconder muitas coisas, tais como medo, solidão, desejo de agradar, dureza de coração, ambição, sede de status e poder, desejo de controle ou de compensar falhas em outras áreas... é um problema do coração, e Jesus identifica isto de uma maneira muito clara [Mc 7.21-22: Porque de dentro, do coração dos homens, é que procedem os maus desígnios, a prostituição, os furtos, os homicídios, os adultérios, a avareza, as malícias, o dolo, a lascívia, a inveja, a blasfêmia, a soberba, a loucura]. O mal não está fora do homem, mas dentro. E um coração tomado pelo mal [Rm 7.23: …mas vejo, nos meus membros, outra lei que, guerreando contra a lei da minha mente, me faz prisioneiro da lei do pecado que está nos meus membros] pode ser tentado a esconder-se sob ações. Esta é a tônica da maioria das religiões. Não importa o que fazes ou deixas de fazer, importa se fazer boas obras.

O ATIVISMO E O AUTO ENGANO

Não devemos nos esquecer que, às vezes, o mais ativo pode ser apenas o que mais tenta se enganar – talvez nem tente enganar outros, mas a si mesmo [Jr 17.9: Enganoso é o coração, mais do que todas as coisas, e desesperadamente corrupto; quem o conhecerá?]. E não há ninguém mais difícil de converter do que aquele cujo coração, tomado pelo mal, o engana e fá-lo ver-se como bom por causa das coisas boas que faz julgando serem meritórias [Is 64.6: Mas todos nós somos como o imundo, e todas as nossas justiças, como trapo da imundícia; todos nós murchamos como a folha, e as nossas iniqüidades, como um vento, nos arrebatam], erro contra o qual logo somos alertados pelas palavras de Daniel [Dn 9.19: Ó Senhor, ouve; ó Senhor, perdoa; ó Senhor, atende-nos e age; não te retardes, por amor de ti mesmo, ó Deus meu; porque a tua cidade e o teu povo são chamados pelo teu nome].
É oportuno fazer uma auto avaliação à luz da Palavra de Deus: O que diriam a meu respeito, com tantas realizações, se conhecessem meu coração como eu e Deus conhecemos? O que eu preciso aprender sobre mim mesmo e corrigir? Que promessas de Deus eu já não estou acreditando e por isso me esforço tanto? Que mandamentos divinos estou ignorando e quais deveria obedecer? Que mandamentos impostos por mim estou obedecendo e quais deveria ignorar? O que está acontecendo dentro da minha alma?

O ATIVISMO COMO FARDOS ONDE SE ESCONDER


É para isso que o fardo pode servir: para esconder aquilo que precisamos ver. Ele escondeu Saul daqueles que o procuravam. Um excesso de ocupação pode esconder o mal que temos no coração e acabamos não tendo tempo para fazer uma pesquisa em nós mesmos, vendo o erro e combatendo-o. O ativismo pode manter-nos ocupados a ponto de existirem problemas maiores que você nunca teve tempo para considerar.

UM FARDO PODE SER SOMENTE UM INSTRUMENTO DE OPRESSÃO

Excesso de ocupações pode ser apenas isso: excesso de ocupações. Podem ser apenas folhas, e no fundo não haver frutos. Ser útil não significa chegar ao destino, como uma placa à beira da estrada. É hora de depor os fardos que nos sobrecarregam [Mt 11.28: Vinde a mim, todos os que estais cansados e sobrecarregados, e eu vos aliviarei] e tomar apenas a porção que o Senhor quer que carreguemos [Mt 11.29-30: Tomai sobre vós o meu jugo e aprendei de mim, porque sou manso e humilde de coração; e achareis descanso para a vossa alma. Porque o meu jugo é suave, e o meu fardo é leve]. Estar ocupado não significa que você é um cristão fiel ou que dá fruto. Somente significa que você está ocupado, talvez como todo mundo ao seu redor.

O CANSAÇO FÍSICO NÃO PRODUZ DESCANSO DA ALMA

E estas ocupações não vão satisfazer o anseio de sua alma. Tomarão o tempo, ocuparão o corpo, mas não darão o descanso que só Jesus pode dar. Estar desocupado também não é sinônimo de sabedoria e espiritualidade. É preguiça – é dureza de coração que impede de ajudar o outro a levar a carga [Gl 6.2: Levai as cargas uns dos outros e, assim, cumprireis a lei de Cristo]. Ambos precisam da sabedoria bíblica para agir corretamente. Ambos precisam do Médico dos médicos para curar as nossas almas sobrecarregadas.

Os fardos, por mais bem intencionados que sejam, podem acabar se tornando instrumento do inimigo para gerar cansaço e desânimo até mesmo nos servos do Senhor. O diabo é esperto não porque seja sábio (Jó 28.28: E disse ao homem: Eis que o temor do Senhor é a sabedoria, e o apartar-se do mal é o entendimento), mas porque é antigo e ardiloso, conhece a natureza humana e sabe quais caminhos percorrer para matar, roubar e destruir (Jo 10.10: O ladrão vem somente para roubar, matar e destruir; eu vim para que tenham vida e a tenham em abundância).

LIBERTE-SE DOS FARDOS

Lamentavelmente aceitamos as pressões da família, dos colegas, dos patrões, do comércio, do status quo, da mídia. É tanta pressão que sequer conseguimos ter clareza de onde elas vem, e, pior, as interiorizamos e nem sequer percebemos que estamos tomando decisões com base nos desejos ou interesses de outros, e não nossos ou do reino de Deus.
Esta interiorização faz com que os fardos sejam ainda mais difíceis de serem deixados porque o escravo passa a gostar do seu feitor, o sequestrado sofre da síndrome de Estocolmo, amando e defendendo o seu malfeitor. Não é diferente com o pecado, com as prioridades equivocadas, com as coisas que somos obrigados a querer só para não ficarmos desatualizados ou descontextualizados.
Mas não precisa ser assim. É salutar saber o que se quer, para saber quando se alcançou a meta, ou quando é melhor colocar novos alvos. Mas não é salutar se escravizar a metas auto impostas ou impostas por outros. Só há uma meta que o cristão deve buscar com toda a força de sua alma: ser como o seu mestre (Mt 10.25: Basta ao discípulo ser como o seu mestre, e ao servo, como o seu senhor. Se chamaram Belzebu ao dono da casa, quanto mais aos seus domésticos?).
Viver para agradar a Cristo, e não a homens (Ef 6.6: …não servindo à vista, como para agradar a homens, mas como servos de Cristo, fazendo, de coração, a vontade de Deus) é o desafio do verdadeiro cristão, pois é ao Senhor, e não aos homens, que terá que prestar contas (I Co 4.4: Porque de nada me argui a consciência; contudo, nem por isso me dou por justificado, pois quem me julga é o Senhor).

O Senhor diz que nos libertou destas coisas (Jo 8.36: Se, pois, o Filho vos libertar, verdadeiramente sereis livres) e até mesmo de qualquer forma de opressão religiosa (Mt 23.15: Ai de vós, escribas e fariseus, hipócritas, porque rodeais o mar e a terra para fazer um prosélito; e, uma vez feito, o tornais filho do inferno duas vezes mais do que vós!) para que, libertos, possamos tomar o fardo que ele nos oferece (Mt 11.29-30: Tomai sobre vós o meu jugo e aprendei de mim, porque sou manso e humilde de coração; e achareis descanso para a vossa alma. Porque o meu jugo é suave, e o meu fardo é leve.) e servirmos ao Senhor com alegria (Sl 100.2: Servi ao SENHOR com alegria, apresentai-vos diante dele com cântico).

terça-feira, 26 de novembro de 2013

CONSIDERAÇÕES FINAIS SOBRE O CULTO E O SENHOR DO CULTO

O culto, para ser culto, tem que ser para louvar ao Senhor. Se não for este o objetivo - tanto o objetivo declarado como o do coração - então não temos culto. O que se verá será hipocrisia, ajuntamento solene e invocação do nome do Senhor em vão (Pv 1.28: Então, me invocarão, mas eu não responderei; procurar-me-ão, porém não me hão de achar). A Igreja não deve cair na tentação de tentar agradar a olhos e ouvidos mortos, porque, ao fazer isso, afasta-se de Deus, e isso lhe é extremamente desagradável e abominável (Tg 4.5: Ou supondes que em vão afirma a Escritura: É com ciúme que por nós anseia o Espírito, que ele fez habitar em nós?).

UMA REFORMA NECESSÁRIA NO CORAÇÃO DO HOMEM

A Igreja precisa passar por uma reforma de coração, por um retorno à simplicidade do evangelho, ao culto e simples que agrada ao Senhor, com ordem e decência (Dt 32.21: A zelos me provocaram com aquilo que não é Deus; com seus ídolos me provocaram à ira; portanto, eu os provocarei a zelos com aquele que não é povo; com louca nação os despertarei à ira) e evitar aborrecer ao Senhor (Hb 10.31: Horrível coisa é cair nas mãos do Deus vivo) que pode fazer perecer a alma no inferno (Mt 10.28: Não temais os que matam o corpo e não podem matar a alma; temei, antes, aquele que pode fazer perecer no inferno tanto a alma como o corpo).

RETORNO URGENTE PARA O CAMINHO DO SENHOR

O retorno aos caminhos do Senhor significa colocar-se sob seu jugo (Mt 11.29-30: Tomai sobre vós o meu jugo e aprendei de mim, porque sou manso e humilde de coração; e achareis descanso para a vossa alma. Porque o meu jugo é suave, e o meu fardo é leve), sabendo que o mesmo Deus que pune a desobediência também é Deus abençoador (Dt 28.63: Assim como o SENHOR se alegrava em vós outros, em fazer-vos bem e multiplicar-vos, da mesma sorte o SENHOR se alegrará em vos fazer perecer e vos destruir; sereis desarraigados da terra à qual passais para possuí-la) e que recompensa os que o temem (Hb 11.6: De fato, sem fé é impossível agradar a Deus, porquanto é necessário que aquele que se aproxima de Deus creia que ele existe e que se torna galardoador dos que o buscam).

PRINCÍPIOS PARA O CULTO CRISTÃO

Ao invés de se prenderem a práticas culturais, os cristãos atentaram a princípios estabelecidos para o culto levando em consideração a Palavra de Deus. Tendo a Palavra de Deus como bússola ficava impossível errar por causa de preferências pessoais ou por quaisquer outros aspectos culturais ou geográficos. A forma de expressar a alegria de estar na presença do Senhor tem mudado sensivelmente tanto no decorrer do processo revelacional como, também, no processo histórico e social. Não há ninguém, são de consciência, que queira oferecer hoje o mesmo tipo de culto oferecido pelos judeus primitivos, erigindo altares de pedra em determinados lugares.
Não há nem mesmo quem queira oferecer sacrifícios como os que eram oferecidos no templo, inclusive com a prática da circuncisão (tenho por óbvio que é possível que haja alguns poucos com intenções semelhantes, mas são de tal forma exceções que sequer merecem ser levados em conta por sua inexpressividade).
Também não podemos fechar os olhos para o fato de que há grupos religiosos que se apropriam do simbolismo (arca, candelabro, templo, sacrifícios) hebraico e pré-cristão com o intuito de impactar um cultura que ainda carrega muito de misticismo.
É facilmente observável que, ao lado deste simbolismo pré-cristão é colocada também alguma forma de misticismo romanista e africano. Este sincretismo, que deu origem, no romanismo, a práticas cúlticas como a lavagem da escadaria de uma Igreja ou ao puxar de uma corda, também está inserindo-se no meio pseudo-evangélico com enorme força.
Mas nossa preocupação não é com o pseudo-evangelicalismo brasileiro, e por isso voltamos os nossos olhos para o contexto evangélico, cristão e protestante. Tal definição é importante porque, se não for feita, acabamos navegando num mar de ondas absolutamente amorfas. Assim, se queremos oferecer um culto que seja realmente cristão, livre das amarras culturais, sem sofrer as imposições dos modismos prevalecentes e ao mesmo tempo contextualizado, precisamos apresentar alguns princípios, sem os quais nenhum culto é realmente um culto agradável ao Senhor - aliás, se não é culto, não é agradável ao Senhor.
É a bíblia quem nos revela o Deus a quem devemos adorar. Ela também nos ensina como adorar com reverência, temor e tremor. Ela deve ser a base das orações dos santos, fonte do ensino, do consolo e até mesmo dos louvores. É triste constatar que, em muitos casos, nem a oração nem o louvor estão isentos da contaminação de um emocionalismo herético, onde o “eu sinto” é muito mais importante do que “Tu és Senhor”. Ainda mais lamentável é ver que em apenas raros casos o que se convenciona chamar de mensagem é realmente a pregação da mensagem de Deus ao coração dos homens. A beleza da verdadeira adoração está na sua simplicidade e biblicidade, sem quaisquer acréscimos introduzidos por homens muitas vezes irregenerados, mas que lideram grupos que se chamam pelo nome do Senhor.

NÃO TER OUTRO OBJETO DE CULTO

Não terás outros deuses diante de mim.
Ex 20.3
É óbvio que esta afirmação é, aparentemente, mais que óbvia e redundante, mas se ela não fosse importante não estaria inserida nas Escrituras de maneira veemente, e escrita pelo dedo do próprio Deus nas tabuas da lei. Este cuidado especial de Deus contra a idolatria reveste-se de especial importância pelo fato de que o homem, desde que se afastou de Deus, tem construído ídolos de acordo com seus próprios interesses e inclinações.
Podemos afirmar que o primeiro ídolo do coração do homem foi o próprio homem (Gn 3.5: Porque Deus sabe que no dia em que dele comerdes se vos abrirão os olhos e, como Deus, sereis conhecedores do bem e do mal), e o primeiro grande templo edificado com o intento de mostrar a glória do homem em desobediência a Deus (Gn 9.1: Abençoou Deus a Noé e a seus filhos e lhes disse: Sede fecundos, multiplicai-vos e enchei a terra) foi o zigurate de Babel (Gn 11.4: Disseram: Vinde, edifiquemos para nós uma cidade e uma torre cujo tope chegue até aos céus e tornemos célebre o nosso nome, para que não sejamos espalhados por toda a terra).
A despeito da idolatria institucionalizada, da estupidez de edificar ídolos perante os quais se curvar e aos quais servir (Is 44.15: Tais árvores servem ao homem para queimar; com parte de sua madeira se aquenta e coze o pão; e também faz um deus e se prostra diante dele, esculpe uma imagem e se ajoelha diante dela) este assunto não será tratado aqui. O foco deste texto é a idolatria que se edifica no coração, muito mais sutil, e ainda mais perniciosa porque na maioria das vezes não é percebida nem mesmo pelo idólatra. Ninguém deve pensar que adora ao Deus verdadeiro enquanto cria sua própria imagem de Deus, uma imagem que lhe é confortável e, ao mesmo tempo, é politicamente correta. Uma adoração com este caráter não é adoração, é idolatria do próprio eu.
O problema dos hebreus é que tanto o povo como os sacerdotes desprezaram a revelação de Deus (Os 4.6: O meu povo está sendo destruído, porque lhe falta o conhecimento. Porque tu, sacerdote, rejeitaste o conhecimento, também eu te rejeitarei, para que não sejas sacerdote diante de mim; visto que te esqueceste da lei do teu Deus, também eu me esquecerei de teus filhos) e este desprezo acaba em desorientação e, historicamente, culto a outros deuses.
Um culto que não leve em conta, de maneira totalmente autoritativa, a verdade revelada nas Escrituras não é culto. Um culto que se baseie em opiniões, mesmo que estas se refiram a Deus, também não é culto em Espírito e em verdade, porque despreza o Espírito da verdade (I Jo 4.6: Nós somos de Deus; aquele que conhece a Deus nos ouve; aquele que não é da parte de Deus não nos ouve. Nisto reconhecemos o espírito da verdade e o espírito do erro).
Deus não deseja adoradores que o adorem de acordo com estatutos humanos, como os samaritanos faziam andando nos caminhos de Jeroboão (I Rs 12.27-30: Se este povo subir para fazer sacrifícios na Casa do SENHOR, em Jerusalém, o coração dele se tornará a seu senhor, a Roboão, rei de Judá; e me matarão e tornarão a ele, ao rei de Judá. Pelo que o rei, tendo tomado conselhos, fez dois bezerros de ouro; e disse ao povo: Basta de subirdes a Jerusalém; vês aqui teus deuses, ó Israel, que te fizeram subir da terra do Egito! Pôs um em Betel e o outro, em Dã. E isso se tornou em pecado, pois que o povo ia até Dã, cada um para adorar o bezerro).
Observe que apesar de uma possível boa vontade na mulher samaritana o seu culto não era correto nem verdadeiro (Jo 4.22: Vós adorais o que não conheceis; nós adoramos o que conhecemos, porque a salvação vem dos judeus).
Jesus coloca lado a lado algo que muitos dos movimentos espiritualistas que enfatizam as experiências desprezam: a adoração e o conhecimento. Aliás, o culto prestado a Deus tem que ser, essencialmente, racional (Rm 12.1: Rogo-vos, pois, irmãos, pelas misericórdias de Deus, que apresenteis o vosso corpo por sacrifício vivo, santo e agradável a Deus, que é o vosso culto racional). Não confundamos “adoração em espírito” com adoração “no Espírito”. Toda adoração verdadeira é no Espírito, e é, ao mesmo tempo, uma entrega total do adorador, com seu espírito respondendo ao chamado de Deus mediante o Espírito Santo.
Mas, cuidado, não devemos correr o risco de apresentar uma adoração estéril: adoração sem sentimento não é adoração, é hipocrisia (Mt 15:8 Este povo honra-me com os lábios, mas o seu coração está longe de mim), não tem valor algum e causa repúdio em Deus (Ml 1.10: Tomara houvesse entre vós quem feche as portas, para que não acendêsseis, debalde, o fogo do meu altar. Eu não tenho prazer em vós, diz o SENHOR dos Exércitos, nem aceitarei da vossa mão a oferta).
A simples ideia de o povo de Deus admitir a existência de outros deuses é abominável ao Senhor (Ex 23.13: Em tudo o que vos tenho dito, andai apercebidos; do nome de outros deuses nem vos lembreis, nem se ouça de vossa boca) pelo simples fato de que só há um Deus verdadeiro (Jo 17.3: E a vida eterna é esta: que te conheçam a ti, o único Deus verdadeiro, e a Jesus Cristo, a quem enviaste).
Não há culto verdadeiro se não for prestado ao Deus único, tendo Cristo como mediador (I Tm 2.5: Porquanto há um só Deus e um só Mediador entre Deus e os homens, Cristo Jesus, homem) e o Espírito Santo como conselheiro e guia (Jo 16.13: ...quando vier, porém, o Espírito da verdade, ele vos guiará a toda a verdade; porque não falará por si mesmo, mas dirá tudo o que tiver ouvido e vos anunciará as coisas que hão de vir), como ajudador quando a ignorância é apenas um aspecto de um processo de amadurecimento que está em curso (Rm 8.26: Também o Espírito, semelhantemente, nos assiste em nossa fraqueza; porque não sabemos orar como convém, mas o mesmo Espírito intercede por nós sobremaneira, com gemidos inexprimíveis).
A verdadeira adoração é essencialmente bíblica, dirigida por Deus, e centralizada em Deus. Sentimentos e emoções são usados por Deus na adoração, devem ser dirigidos a ele, e não podem, em hipótese alguma, tornarem-se os dirigentes do culto. Lembremos que o alvo da nossa adoração é o Deus trino: deixar de honrar a qualquer das pessoas da trindade por sua obra significa não dar a Deus a glória que lhe é devida.

NÃO TER OUTRO MEDIADOR SENÃO JESUS

Porquanto há um só Deus e um só Mediador entre Deus e os homens, Cristo Jesus, homem.
I Tm 2.5
O segundo aspecto do culto verdadeiro é que, para ser verdadeiro, ele tem que ser prestado ao Senhor Deus, ao Pai, mediante a mediação do Senhor Jesus Cristo, pois foi ele quem pagou o preço das nossas iniquidades e levou-as sobre si (Is 53.11: Ele verá o fruto do penoso trabalho de sua alma e ficará satisfeito; o meu Servo, o Justo, com o seu conhecimento, justificará a muitos, porque as iniqüidades deles levará sobre si).
Foi a ele que um número de pecadores que jamais serão perdidos foi dado pelo Pai (Jo 17.12: Quando eu estava com eles, guardava-os no teu nome, que me deste, e protegi-os, e nenhum deles se perdeu, exceto o filho da perdição, para que se cumprisse a Escritura). É em nome dele que devemos buscar o Pai em súplice oração (Jo 14.13: E tudo quanto pedirdes em meu nome, isso farei, a fim de que o Pai seja glorificado no Filho) em quaisquer situações (Mt 18.20: Porque, onde estiverem dois ou três reunidos em meu nome, ali estou no meio deles), inclusive cultos.
Um requisito fundamental para a adoração ser verdadeira é que ela seja prestada por aqueles que nasceram de novo, mediante o Espírito de Deus. Qualquer um que se pretenda adorador e não tenha nascido de novo não é verdadeiro adorador, pois só pode apresentar um culto carnal (Jo 3.5-6: Respondeu Jesus: Em verdade, em verdade te digo: quem não nascer da água e do Espírito não pode entrar no reino de Deus. O que é nascido da carne é carne; e o que é nascido do Espírito é espírito). E só pode nascer de novo e ser feito filho de Deus se tiver Cristo como mediador (Jo 1.12: Mas, a todos quantos o receberam, deu-lhes o poder de serem feitos filhos de Deus, a saber, aos que crêem no seu nome). Assim, toda forma de culto fruto de um coração irregenerado é vã, e somente um regenerado pode prestar a Deus um culto aceitável (Sl 40.3: E me pôs nos lábios um novo cântico, um hino de louvor ao nosso Deus; muitos verão essas coisas, temerão e confiarão no SENHOR).
Lamentavelmente, embora nos arraiais evangélicos ou que, ao menos, ainda se digam evangélicos, há muito que a doutrina que apresenta ao pecador Jesus como único intercessor perante o Pai foi sendo esquecida (At 4.12: E não há salvação em nenhum outro; porque abaixo do céu não existe nenhum outro nome, dado entre os homens, pelo qual importa que sejamos salvos) e, lamentavelmente, ao lado de objetos tem também colocado pessoas. Enquanto o romanismo tem seus santos e santas, e, acima deles exalta Maria como se a mesma fosse intercessora em mesmo nível de igualdade com Jesus, chamando-a co-redentora, entre muitos arrais que assumem o rótulo de evangélicos vez por outra ouvimos falar de homens e mulheres com “orações poderosas” e de “apóstolos” capazes de fazer mais do que o próprio Jesus fez.
Este ensino parte da liderança, mas os membros das Igrejas acreditam que determinados líderes possuem maior poder de persuasão diante de Deus, e que suas necessidades serão mais facilmente atendidas com a oração de um destes “ungidos” - muitos dos quais gostam desta carícia em seus inflados egos, e não apenas não corrigem ideias perniciosas como estas como as estimulam, e o resultado final é que a membresia acaba abandonando a doutrina do sacerdócio universal dos santos (Ef 2.18: ...porque, por ele, ambos temos acesso ao Pai em um Espírito).
Para a hierarquia religiosa isto é um bom negócio, uma vez que a liderança torna-se indispensável, visto como um grupo de iluminados que tem acesso mais fácil e mais direto a Deus, ao mesmo tempo que torna a religiosidade da maioria apenas uma forma de idolatria e paganismo de bíblia na mão e muitos chavões evangélicos nos lábios, entretanto, com o coração muito longe de Deus (Is 29.13-14: O Senhor disse: Visto que este povo se aproxima de mim e com a sua boca e com os seus lábios me honra, mas o seu coração está longe de mim, e o seu temor para comigo consiste só em mandamentos de homens, que maquinalmente aprendeu, continuarei a fazer obra maravilhosa no meio deste povo; sim, obra maravilhosa e um portento; de maneira que a sabedoria dos seus sábios perecerá, e a prudência dos seus prudentes se esconderá).
Porque é um erro esperar a mediação de qualquer outra criatura, que não Jesus Cristo? Antes de mais nada, porque foi Cristo quem levou sobre si as nossas enfermidades e iniquidades (Is 53.4: Certamente, ele tomou sobre si as nossas enfermidades e as nossas dores levou sobre si; e nós o reputávamos por aflito, ferido de Deus e oprimido). A condição de pecadores de todos os demais homens (Sl 14.3: Todos se extraviaram e juntamente se corromperam; não há quem faça o bem, não há nem um sequer) impede-lhes de agir como mediadores porque eles não tem mérito algum, nem para si, quanto mais para outros. O único caminho para chegar a Deus é Jesus Cristo (Jo 14.6: Respondeu-lhe Jesus: Eu sou o caminho, e a verdade, e a vida; ninguém vem ao Pai senão por mim).
A mediação de Cristo é eficaz:
I. Na salvação de pecadores, mortos em delitos e pecados e vivificados pela obra de Cristo (At 4.12: E não há salvação em nenhum outro; porque abaixo do céu não existe nenhum outro nome, dado entre os homens, pelo qual importa que sejamos salvos). Ademais, é impossível achar ao Senhor sem o seu chamado (Mt 11.28: Vinde a mim, todos os que estais cansados e sobrecarregados, e eu vos aliviarei), pois, tateando, ninguém pode acha-lo (At 17.27: ...para buscarem a Deus se, porventura, tateando, o possam achar, bem que não está longe de cada um de nós).
II. Na aceitação da oração de pecadores (Jo 14.14: Se me pedirdes alguma coisa em meu nome, eu o farei). É Cristo quem nos representa diante de Deus, e somos vistos por Deus em Cristo Jesus. Isto torna absolutamente ofensiva uma oração que se esquece do senhorio e da mediação de Cristo e se torna declarativa ou exigente, buscando atender a ímpia cobiça de pecadores insensatos (Tg 4.3: ...pedis e não recebeis, porque pedis mal, para esbanjardes em vossos prazeres). Jesus nos representa diante de Deus como advogado, não como serviçal de homens (I Jo 2.1: Filhinhos meus, estas coisas vos escrevo para que não pequeis. Se, todavia, alguém pecar, temos Advogado junto ao Pai, Jesus Cristo, o Justo).
III. Na aceitação do culto prestado a Deus, pois um culto reverente e santo a Deus só pode ser prestado por meio de Jesus Cristo. Como imaginar que um culto vai ser aceitável diante de Deus se desprezar o caminho (Jo 14.6: Respondeu-lhe Jesus: Eu sou o caminho, e a verdade, e a vida; ninguém vem ao Pai senão por mim) e a pessoa o filho (Sl 2.12: Beijai o Filho para que se não irrite, e não pereçais no caminho; porque dentro em pouco se lhe inflamará a ira. Bem-aventurados todos os que nele se refugiam)?

NÃO SER RELAPSO EM OFERECER O QUE DEUS PEDIU

Os estatutos e os juízos, a lei e o mandamento que ele vos escreveu, tereis cuidado de os observar todos os dias; não tereis outros deuses.
II Rs 17.37
O Senhor teve o cuidado de dizer exatamente o que queria. Há quem se negue a ler e tenha relativo desprezo pelos livros do pentateuco [especialmente Números, Levítico e Deuteronômio) por causa das minúcias com as quais Moisés se refere ao povo, aos sacerdotes e ao culto.
Porque teve que ser assim? Porque o Senhor queria que ficasse absolutamente claro que queria como seu povo aqueles a quem ele elegeu; queria como ministrantes do culto, cada um em sua função, aqueles a quem ele separou; e queria que a adoração fosse do jeito que ele queria receber, numa prova de obediência (Lv 22.31: Pelo que guardareis os meus mandamentos e os cumprireis. Eu sou o SENHOR) e amor (Jo 14.15: Se me amais, guardareis os meus mandamentos), que, lamentavelmente, degenerou em ritualismo vazio (Is 1.13: Não continueis a trazer ofertas vãs; o incenso é para mim abominação, e também as Festas da Lua Nova, os sábados, e a convocação das congregações; não posso suportar iniqüidade associada ao ajuntamento solene).
Entretanto, este ritualismo vazio não é fruto de algum descuido de Deus, mas das inclinações más do coração do homem (Mc 7.6: Respondeu-lhes: Bem profetizou Isaías a respeito de vós, hipócritas, como está escrito: Este povo honra-me com os lábios, mas o seu coração está longe de mim).
Malaquias descreve uma nação que cultuava o culto, mas não a Deus. Jeremias descreve um povo que idolatrava o templo, mas não cultuava a Deus. Jesus foi odiado por pessoas que amavam cultuar (Mt 6.5: E, quando orardes, não sereis como os hipócritas; porque gostam de orar em pé nas sinagogas e nos cantos das praças, para serem vistos dos homens. Em verdade vos digo que eles já receberam a recompensa - veja também os versos 2 e 16), mas o objeto de culto não era Deus, mas eles próprios e sua religiosidade vazia e meramente humana.
A tendência da criação caída é degenerar-se. Tudo quanto existe sofre desta tendência. O homem não foge à regra, aliás, ele não apenas sofre o efeito do pecado como é responsável pelo atual estado de coisas. Para ilustrar este estado do homem Paulo afirma que o homem está morto em delitos e pecados (Ef 2.1: Ele vos deu vida, estando vós mortos nos vossos delitos e pecados), andando segundo as inclinações de seu pecaminoso coração (Ef 2.3: ...entre os quais também todos nós andamos outrora, segundo as inclinações da nossa carne, fazendo a vontade da carne e dos pensamentos; e éramos, por natureza, filhos da ira, como também os demais).
É absolutamente necessário lembrar a tendência humana para a rejeição de padrões. Quando o Senhor Jesus fala sobre a atitude de crianças que, convidadas a brincar, rejeitavam todas as sugestões, ele, claro, não está falando de folguedos infantis, mas da negativa dos judeus de fazer o que o Senhor lhes ordenava. Rejeitaram a excentricidade de João Batista, e suas vestes estranhas, sua morada no deserto (Lc 7.33: Pois veio João Batista, não comendo pão, nem bebendo vinho, e dizeis: Tem demônio!). Consideravam Jesus excêntrico por viver de maneira simples e não se afastar daqueles que precisavam de um salvador: os publicanos e pecadores (Lc 7.34: Veio o Filho do Homem, comendo e bebendo, e dizeis: Eis aí um glutão e bebedor de vinho, amigo de publicanos e pecadores!), rejeitados pelos religiosos, mas amados por Deus (Mc 2.17: Tendo Jesus ouvido isto, respondeu-lhes: Os sãos não precisam de médico, e sim os doentes; não vim chamar justos, e sim pecadores).
Uma rápida observação na história bíblica, e, posteriormente, na história da Igreja, ilustra como a tendência do homem para rejeitar a verdade e colocar em lugar as loucuras do seu coração se manifestam (Rm 1.25: ...pois eles mudaram a verdade de Deus em mentira, adorando e servindo a criatura em lugar do Criador, o qual é bendito eternamente. Amém!). Mas, o que Deus quer realmente?
O entendimento que temos é que Deus quer que seu povo o louve através de hinos e cânticos espirituais (Cl 3.16: Habite, ricamente, em vós a palavra de Cristo; instruí-vos e aconselhai-vos mutuamente em toda a sabedoria, louvando a Deus, com salmos, e hinos, e cânticos espirituais, com gratidão, em vosso coração), que persevere na doutrina e na comunhão na verdade (II Jo 1.9: Todo aquele que ultrapassa a doutrina de Cristo e nela não permanece não tem Deus; o que permanece na doutrina, esse tem tanto o Pai como o Filho), que ore em todo o tempo (I Ts 5.17: Orai sem cessar) e que use dos seus bens para abençoar e não como uma armadilha que o prenda no egoísmo (I Tm 6.10: Porque o amor do dinheiro é raiz de todos os males; e alguns, nessa cobiça, se desviaram da fé e a si mesmos se atormentaram com muitas dores).
Negligenciar estes deveres é desconsiderar a cruz de Cristo, profanando o Espírito da graça (Hb 10.29: De quanto mais severo castigo julgais vós será considerado digno aquele que calcou aos pés o Filho de Deus, e profanou o sangue da aliança com o qual foi santificado, e ultrajou o Espírito da graça?). Lamentavelmente a Igreja do Senhor está cada vez mais longe de ser aquilo que deveria ser, e, assim, precisa retornar aos retos caminhos (Ap 2.5: Lembra-te, pois, de onde caíste, arrepende-te e volta à prática das primeiras obras; e, se não, venho a ti e moverei do seu lugar o teu candeeiro, caso não te arrependas).
Problemas causados pelo secularismo, com uma interação cada vez mais intensa com o mundo causam a triste percepção de que a Igreja está se esquecendo que é de Deus - e que o mundo jaz no maligno (I Jo 5.19: Sabemos que somos de Deus e que o mundo inteiro jaz no Maligno). A Igreja já admite, lamentavelmente, sem quaisquer escrúpulos, que precisa ser mais parecida com o mundo para atrair as pessoas. Igrejas funcionando em pubs, onde, entre uma oração e outra, serve-se cerveja e whisky, são vistas como normais, contemporâneas, modelo de relevância.
E são, realmente, relevantes - falam a língua do mundo, entendem o mundo e são como o mundo. São amadas, respeitadas e influentes - no mundo. Mas não podem afirmar que são Igrejas como Cristo disse que seriam (Jo 15.19: Se vós fôsseis do mundo, o mundo amaria o que era seu; como, todavia, não sois do mundo, pelo contrário, dele vos escolhi, por isso, o mundo vos odeia).
São Igrejas dignas no mundo, mas não são Igrejas dos quais o mundo não é digno (Hb 11.38 ... (homens dos quais o mundo não era digno), errantes pelos desertos, pelos montes, pelas covas, pelos antros da terra). Igrejas que se parecem com salões de festa, discotecas, pistas de esportes, terreiros de umbanda, show de auditório e tantas outras semelhanças com o mundo podem ser consideradas Igrejas de Cristo? Igrejas que estão oferecendo fogo estranho serão aceitas pelo Senhor (Nm 26.61: ...Nadabe e Abiú morreram quando levaram fogo estranho perante o SENHOR)?
O apóstolo Paulo afirma que qualquer coisa que vá além do mandato do Senhor é inútil, é anátema (Gl 1.9: Assim, como já dissemos, e agora repito, se alguém vos prega evangelho que vá além daquele que recebestes, seja anátema) e podemos ver que muitas inovações modernas não encontram qualquer respaldo nas Escrituras. Devemos lembrar que o Senhor ordenou seus mandamentos, e os mesmos foram dados para serem cumpridos à risca (Sl 119.4: Tu ordenaste os teus mandamentos, para que os cumpramos à risca) e guardados como o que há de mais especial a ser protegido (Pv 7.2: Guarda os meus mandamentos e vive; e a minha lei, como a menina dos teus olhos) como uma prova de amor ao Senhor (Jo 14.21: Aquele que tem os meus mandamentos e os guarda, esse é o que me ama; e aquele que me ama será amado por meu Pai, e eu também o amarei e me manifestarei a ele), logo, quem desobedece dá provas em contrário.

NÃO OFERECER O QUE DEUS NÃO QUER

Nadabe e Abiú, filhos de Arão, tomaram cada um o seu incensário, e puseram neles fogo, e sobre este, incenso, e trouxeram fogo estranho perante a face do SENHOR, o que lhes não ordenara. Então, saiu fogo de diante do SENHOR e os consumiu; e morreram perante o SENHOR. E falou Moisés a Arão: Isto é o que o SENHOR disse: Mostrarei a minha santidade naqueles que se cheguem a mim e serei glorificado diante de todo o povo. Porém Arão se calou.
Lv 10.1-3
Não devemos oferecer a Deus o que ele não pediu ou que ele proibiu. No final do capítulo 9 e início do capítulo 10 o Senhor envia, duas vezes, fogo por causa de sacrifícios. O primeiro, feito por Moisés e Arão e de acordo com as orientações que o Senhor tinha dado, consumiu a oferta. O segundo fogo, por causa do fogo impuro usado por Nadabe e Abiú, consumiu os ofertantes inaceitáveis. A ofensa de Nadabe e Abiú foi tão forte que até mesmo o seu pai foi proibido de ficar de luto pela morte deles.
Quando um falso adorador é removido a Igreja não deve sentir-se prejudicada, pelo contrário, o que o Senhor fez foi tirar o mal do meio do povo (Dt 13.5: Esse profeta ou sonhador será morto, pois pregou rebeldia contra o SENHOR, vosso Deus, que vos tirou da terra do Egito e vos resgatou da casa da servidão, para vos apartar do caminho que vos ordenou o SENHOR, vosso Deus, para andardes nele. Assim, eliminarás o mal do meio de ti).
Podemos traçar um paralelo com o atual estado social de nosso país: muita violência, muito roubo, muitos escândalos. Isto se dá, e está crescendo, por causa da impunidade. Como resolver? Aplicando a bíblia à nossa realidade (Dt 24.7: Se se achar alguém que, tendo roubado um dentre os seus irmãos, dos filhos de Israel, o trata como escravo ou o vende, esse ladrão morrerá. Assim, eliminarás o mal do meio de ti). É por isso que a Escritura afirma que a nação que teme ao Senhor é feliz (Sl 33.12: Feliz a nação cujo Deus é o SENHOR, e o povo que ele escolheu para sua herança).
A definição que aprendemos desde cedo, nos primeiros passos na vida cristã, é que o pecado é toda transgressão da lei de Deus. Esta definição é normativa: se o adorador quer ser aceito pelo Senhor deve se limitar ao cumprimento de sua vontade - Deus pede obediência, não criatividade. Transgredir significa tanto fazer menos do que o ordenado, ou fazer mais do que o determinado (Dt 17.11: Segundo o mandado da lei que te ensinarem e de acordo com o juízo que te disserem, farás; da sentença que te anunciarem não te desviarás, nem para a direita nem para a esquerda).
Tendo como norte esta definição de pecado, e aplicando-a ao culto, afirmamos que o culto que agrada ao Senhor é aquele que oferece apenas o que o Senhor pediu. Nem mais, nem menos. Queremos que o Senhor se agrade de nós, e aceite a nossa oferta, da mesma maneira que agradou-se de Abel e recebeu a oferta que ele apresentou (Gn 4.4: Abel, por sua vez, trouxe das primícias do seu rebanho e da gordura deste. Agradou-se o SENHOR de Abel e de sua oferta). Israel não aprendeu esta lição, e Malaquias denuncia o desprezo que o povo tinha pelo Senhor e pelo culto, oferecendo o que Deus não deseja receber (compare Lv 22.21: Quando alguém oferecer sacrifício pacífico ao SENHOR, quer em cumprimento de voto ou como oferta voluntária, do gado ou do rebanho, o animal deve ser sem defeito para ser aceitável; nele, não haverá defeito nenhum com Ml 1.8: Quando trazeis animal cego para o sacrificardes, não é isso mal? E, quando trazeis o coxo ou o enfermo, não é isso mal? Ora, apresenta-o ao teu governador; acaso, terá ele agrado em ti e te será favorável? —diz o SENHOR dos Exércitos).
Para tornar o quadro ainda mais lamentável a atitude de Israel era de desprezo e, pior, consideravam sua oferta imunda, suas sobras e seus rejeitos, uma espécie de favor que Deus teria que aceitar de qualquer jeito (Ml 1.13: E dizeis ainda: Que canseira! E me desprezais, diz o SENHOR dos Exércitos; vós ofereceis o dilacerado, e o coxo, e o enfermo; assim fazeis a oferta. Aceitaria eu isso da vossa mão? — diz o SENHOR). A resposta de Deus é incisiva: considera que quem assim procede não só não é aceito como é, à semelhança de Caim, amaldiçoado (Ml 1.14: Pois maldito seja o enganador, que, tendo um animal sadio no seu rebanho, promete e oferece ao SENHOR um defeituoso; porque eu sou grande Rei, diz o SENHOR dos Exércitos, o meu nome é terrível entre as nações).
Quando os filhos de Arão ofereceram seu incenso sobre fogo estranho perante o Senhor estavam sendo criativos - hereticamente criativos. Tudo o que fugir ao estabelecido nas Escrituras não passa de heresia criativa - mas, ainda assim, heresia. Nesta categoria podemos colocar as águas bentas televisivas pseudo-evangélicas, as rosas ungidas, os lenços suados, o sal grosso (que não é) do mar morto, o óleo (que também não é) de Israel e tantas outras invenções que tem surgido que já não temos sequer condições de acompanhar tal a criatividade do homem e seus assessores de marketing.
Esta criatividade precisa ser exercitada cada vez mais porque o coração do homem não se satisfaz com elas, quer sempre mais (Pv 30.15: A sanguessuga tem duas filhas, a saber: Dá, Dá. Há três coisas que nunca se fartam, sim, quatro que não dizem: Basta!). Sem receberem a Palavra que é verdadeiro alimento estarão sempre famintos, nunca amadurecerão (Hb 5.12: Pois, com efeito, quando devíeis ser mestres, atendendo ao tempo decorrido, tendes, novamente, necessidade de alguém que vos ensine, de novo, quais são os princípios elementares dos oráculos de Deus; assim, vos tornastes como necessitados de leite e não de alimento sólido).
O que tão inventivos pseudo-adoradores não percebem é que estão simplesmente caindo num abismo, e, de vaga em vaga, acabarão despedaçados (Sl 42.7: Um abismo chama outro abismo, ao fragor das tuas catadupas; todas as tuas ondas e vagas passaram sobre mim). O que oferecer, então, ao Senhor? Já mencionamos que o culto deve constar da palavra, oração, cânticos e consagração, tanto de pessoas quanto de ofertas.
Certamente a área onde a criatividade tem sido mais exercitada na Igreja é na liturgia, especialmente nos cânticos. Deus se agrada de cânticos espirituais, e ordena seu louvor através de salmos, hinos e cânticos espirituais (Cl 3.16: Habite, ricamente, em vós a palavra de Cristo; instruí-vos e aconselhai-vos mutuamente em toda a sabedoria, louvando a Deus, com salmos, e hinos, e cânticos espirituais, com gratidão, em vosso coração). Observe que Paulo une a Palavra (o estudo bíblico constante) com a instrução (a pregação bíblica) e o louvor (salmos, cânticos e hinos) e a consagração (fruto de gratidão no coração do adorador). A primazia é, sem dúvida, da Palavra, e todas as demais atividades cúlticas são dela decorrentes.
Lamentavelmente, não é o que temos visto e ouvido. A liturgia do culto afasta-se cada vez mais da simplicidade do evangelho, tornada, cada vez mais, uma apresentação teatralizada para agradar olhos e ouvidos humanos, as letras dos cânticos expressam uma egolatria chegando ao absurdo de propor que Deus assenta-se para chorar enquanto espera a resposta do homem, tornado senhor do culto. Este humanismo e egocentrismo é uma afronta a Deus, uma usurpação inaceitável (Is 42.8: Eu sou o SENHOR, este é o meu nome; a minha glória, pois, não a darei a outrem, nem a minha honra, às imagens de escultura).
Os insensatos judeus eram mais sensatos que os modernos adoradores, com suas extravagâncias, porque ao menos se escondiam atrás de ídolos, enquanto que o homem moderno se entroniza, ou se coloca acima do trono, fazendo e oferecendo tronos para o Senhor reinar - desde que com a sua aquiescência e de acordo com a sua vontade. O Senhor é, na visão desta moderna adoração, despido de sua soberania e majestade, e o homem, revestido de suserania, é quem determina o modo de adoração.
Em decorrência disto, percebemos tantas formas diferentes de adoração que somos obrigados a perguntar: tudo isto, todos estes modelos cada vez mais aberrantes, são oferecidos ao mesmo Deus? Ao Deus que não muda? Ao Deus que revelou sua vontade?
Tem proliferado, dia-a-dia, o número de shows evangélicos. Pelo menos tais apresentações não são chamadas de culto, porque culto a Deus não são. Mas, querendo ou não, tornam-se culto a personalidades, que se exaltam e são exaltados numa fogueira de vaidades que só não é maior do que os cachês que cobram por suas performances. Sua adoração não é mais uma resposta ao chamado do Senhor, mas uma obrigação contratual, com valores cada vez mais vultosos.

FAÇA DESTE BLOG SUA PÁGINA INICIAL