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Neste mês a Igreja Presbiteriana em Jacundá elegerá presbíteros e diáconos, num processo democrático, livre e, sobretudo, espiritual. É democrático porque cada membro em comunhão com a igreja poderá manifestar a sua opinião a respeito do assunto – e todos, pequenos e grandes, têm direito a igual opinião, isto é, cada um poderá manifestar sua vontade uma vez apenas, através do voto, secreto. Isto nos conduz à segunda característica da eleição na Igreja que é ser livre, isto é, ninguém tem o direito ou o poder de influenciar o voto do outro, pois não há como fazer qualquer tipo de represália posterior. A terceira característica é que a eleição de presbíteros e diáconos, na Igreja Presbiteriana, é um processo eminentemente espiritual. Decide-se em quem votar não por campanha, pedido ou compra de votos ou cabrestos ideoteológicos [ou seriam idioteológicos? – perdão pelos neologismos] travestidos de superior espiritualidade. Nem mesmo a simpatia determina o votar. Alguém que goze da amizade de um membro da Igreja pode não ser vocacionado para o diaconato ou presbiterato. O voto deve ser decido mediante oração, dependência de Deus e sob sua bondosa e soberana orientação.
Constitucionalmente não há limite para o número de presbíteros ou diáconos em nossa denominação - mas os mesmos devem cumprir requisitos bíblicos que a igreja deve conhecer antes de eleger. Se não houver homens qualificados é melhor não eleger homens sem qualificação. É melhor ter poucos líderes cheios do Espírito Santo do que ter muitos vazios de Deus e cheios de si mesmos. Lembremos que da liderança espiritual, do ministério e da conduta dos lideres depende o bem estar da igreja. Precisamos de líderes que possam dizer: “pareceu bem ao Espírito Santo e a nós”...
A palavra “presbítero” significa ancião, refletindo o costume da época de escolher seus líderes dentre os homens mais experimentados [Nm 11.15-17]. Os judeus mantiveram o costume e elegiam homens de mais experiência de vida para presidirem suas sinagogas, com funções espirituais e administrativas: presidiam a congregação, repreendiam e disciplinavam quando necessário, conciliavam inimigos, exerciam supervisão material e espiritual, representando a comunidade frente às autoridades. Outra palavra usada para designar o ofício do presbiterato é “bispo” que significa supervisor, superintendente [I Tm 3.1-2], indicando sua ascendência administrativa sobre o trabalho da igreja. Originariamente não possuía conotação de alguém que exercesse o governo sobre outros presbíteros.
Cabe ao presbítero pastorear o rebanho junto com o ministro [presbítero docente]. Esta não é uma função exclusiva do presbítero docente [o pastor]. Existem funções que são exclusivas e privativas do presbítero docente [presidência do conselho local, ministração dos sacramentos, supervisão da liturgia], mas a maioria das funções são comuns aos presbíteros regentes e docentes [At 20.18-18; I Pe 5.1-3].
A Igreja Presbiteriana do Brasil possui uma constituição [que chamaremos em muitos momentos de CI-IPB] que estabelece orientações sobre as funções dos presbíteros: “...corrigir ou admoestar os faltosos; auxiliar o pastor no trabalho de visitas, instruir os neófitos [novos convertidos], consolar os aflitos, cuidar da infância e da juventude, orar com os crentes e por eles, informar o pastor dos casos de doenças e aflições, distribuir os elementos da Santa Ceia, tomar parte na ordenação de ministros e oficiais, representar o conselho no presbitério, este no sínodo e no supremo concílio” [CI-IPB, art. 51].
Ao lado do corpo de presbíteros encontramos os diáconos, palavra que tem o significado de ministro ou servo. Há outras palavras nas Escrituras que são traduzidas por “servo”, mas esta traz mais acentuadamente o sentido de serviço voluntário, como fruto de comprometimento com algo ou alguém, mediante resposta a um chamado. A palavra diaconia é aplicada não apenas aos que ‘servem as mesas’, mas muitas vezes é usada também para falar do ministério e serviço cristão como um todo. Assim que Paulo e Epafras são, também eles, diáconos [Cl 1.7, 23-25]. Mas as palavras não são estáticas, elas assumem significados e aplicações com o decorrer do tempo e do uso, e, assim, o termo diácono tem sido aplicado preferencialmente àqueles que são escolhidos para um ministério mais específico na igreja, como os 7 homens aprovado para supervisionarem a administração das ofertas em At 6. Esta passagem relata a instituição formal do diaconato, com a entrega de responsabilidades sociais e administrativas a pessoas reconhecidamente capazes. A igreja adotou esta prática desde então. Ao lado dos pastores e presbíteros [que exercem papéis administrativos sobre toda a comunidade] existem os diáconos, com papéis mais restritos, embora possam, eventualmente serem chamados a exercerem funções de ensino e administração.
A CI-IPB estabelece algumas diretrizes sobre o diaconato, afirmando que o diácono é: “o oficial eleito pela igreja e ordenado pelo conselho para, sob a supervisão deste, dedicar-se especialmente: [a] à arrecadação de ofertas para fins piedosos; [b] ao cuidado dos pobres, doentes e inválidos; [c] à manutenção da ordem e reverência nos lugares reservados ao serviço divino; [d] exercer a fiscalização para que haja boa ordem na casa de Deus e suas dependências”.
Não pensemos que a sua obra era de menor importância, pelo contrário, deles foram exigidas altas qualificações: precisavam ser homens de boa reputação, cheios do Espírito Santo e de sabedoria [At 6.3], homens cheios de fé e do Espírito Santo [At 6.5]. Estes homens não se limitavam ao serviço, mas podem ser encontrados exercendo também funções que, à primeira vista, pareciam ter sido deixadas exclusivamente com os apóstolos: Estevão era grande pregador, e foi o primeiro mártir da igreja cristã ao pronunciar um dos mais belos exemplos de interpretação do Antigo Testamento aplicando-o à nova realidade da igreja [At 6.8 a 7.53]. O desenrolar dos eventos após seu martírio levaria à conversão de Saulo, mais tarde apóstolo Paulo. Outro poderoso em palavras foi Filipe, notável evangelista [At 8.5].
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