segunda-feira, 21 de fevereiro de 2011

QUANDO O CRISTÃO SE TORNA UM COM SEU SENHOR

thonmsn3Colossenses 2.6-7

A Igreja em Colossos enfrentava um problema muito sério que precisava ser resolvido. Epafras informou a Paulo que aquela Igreja, embora já tendo apresentado um testemunho eficiente da sua fé, encontrava-se pressionada por algumas heresias: valorização de ideias gnósticas, tais como adoração a anjos, ascetismo exterior; valorização de ideias judaicas legalistas como a prática da circuncisão, comemoração de festas judaicas e guarda do sábado.

Frente a esta pressão a Igreja estava cedendo, e adotando um sincretismo que conduzia a uma unidade com o mundo que a cercava. Esta busca por unidade é um sentimento que contrasta com outro, muito mais comum no nosso tempo: a solidão. Solidão a dois, solidão na multidão. Por causa do desejo de unidade crianças, adolescentes e jovens se envolvem em práticas danosas para sua saúde e até mesmo criminosas. Ser um com alguém é um desejo essencial do homem. Encontramos este desejo no Éden, e o próprio Deus teve esta percepção em relação ao homem, seja no âmbito social [Gn 2.18] ou religioso [Gn 3.8]. Se é essencial ser um com uma pessoa, quanto mais com o Senhor. Mas como ser um com Deus? Para Jesus isto era natural [Jo 10.30], para nós este relacionamento tem que ser construído [Jo 17.11, 21]. Segundo as Escrituras o cristão se torna um com Jesus Cristo quando:

i. O recebe [v. 6]. O que significa receber a Jesus? Paulo afirma que os colossenses receberam a Cristo, colocando-se sob sua custódia, isto é, colocando-se sob o governo absoluto de Cristo [I Pe 3.15]. O apóstolo afirma isto usando o aoristo [paralabete] que indica uma ação que, após efetuada, tem resultados permanentes e imutáveis. Devemos levar em consideração que embora nós sejamos mutáveis, o Senhor não é. Algo que é entregue nas mãos de Jesus não pode ser retomado. Receber a Jesus significa, em última instância, entregar-se a Jesus. É diferente do que muitos pensam: receber a Jesus quer dizer abrir mão da sua própria autonomia. Significa render-se ao seu senhorio e ter esta atitude como um favor da parte de Deus.

ii. Anda com ele [v. 6]. A consequência lógica de receber a Jesus de maneira permanente é que o cristão jamais estará sozinho novamente. Entretanto, se receber a Jesus é uma atitude permanente e imutável, cuja manutenção independe da vontade do receptor, andar com Jesus implica em exercício da vontade. O verbo está no imperativo e trata-se de uma ordem, de um mandamento que nos é dado por aquele que lembra-nos que o amor se expressa em obediência [Jo 14.15]. Esta expressão poderia ser traduzida literalmente por “vá onde for”, isto é, em qualquer lugar que o cristão vá ele deve ir com Cristo e por Cristo. Cristo é o Senhor, mas é o cristão quem vai. Andar com Cristo significa conformar seus passos aos caminhos de Cristo e é isto que vai alimentar nossa comunhão com ele.

iii. Está radicado nele [v. 7]. Quanto mais intimidade se tem com o Senhor mais firmemente estabelecido nele estará o crente. É por isso que Paulo afirma que o cristão precisa estar radicado em Cristo. O verbo indica que esta é uma condição passiva, completa e permanente. Não pode ser mudada, não pode ser melhorada. Mas é essencial para a vida do cristão. Somente quem está radicado em Cristo é verdadeiramente cristão. Estar radicado implica em ter uma ligação vital com o Senhor [Jo 15.5]. Sem isso o homem está espiritualmente morto. Estar radicado em Cristo significa ter firmeza [raízes sustentam as árvores no solo] e alimento [é através delas que as árvores se nutrem].

iv. Está edificado nele [v. 7]. Uma consequência de estar radicado, ter raízes que proporcionam firmeza torna possível a edificação. Todavia, não somos nós quem nos edificamos. Nós somos edificados, novamente nós sofremos esta ação de maneira passiva e permanente, entretanto esta ação agora é constante, contínua. Estar edificado em Cristo significa “estar construído sobre o fundamento dos apóstolos e profetas”, mas é Cristo e não os homens a pedra angular [Ef 2.20]. Apenas Cristo é permanente. Apenas aquilo que os apóstolos e profetas falaram em consonância com a vontade de Cristo permanece. Ninguém constrói nada sem alicerce, sem fundamentos. O cristão deve estar ligado a Cristo por uma fé viva, e esta fé é sustentada pelo correto ensino da palavra. Uma boa educação - sem dúvida a educação na doutrina cristã é a melhor - certamente influencia na firmeza diante das provações que os cristãos enfrentarão [Jo 16.33].

v. Está confirmado na fé nele [v. 7]. O entendimento do apóstolo Paulo de fé em Cristo [a única fé verdadeiramente salvífica] é algo mais amplo do que o senso comum. Fé é sentimento, é assentimento doutrinário, é confiança. A fé envolve a vontade, o coração e o intelecto. A fé envolve o homem, integralmente. Não existe verdadeira fé se não estão presentes estes elementos. O crente ama [sentimento], compreende [intelecto, razão] e deseja andar com Cristo [vontade]. Paulo diz que o cristão está firme e completamente estabelecido, confirmado na fé com as garantias disto decorrentes. Isto exclui crendices, superstições e tradições nacionais ou familiares. Estas coisas de nada valem. São o que Paulo chama de prejudicial [Fp 3.7]. E o que traz prejuízos deve ser abandonado, rejeitado e excluído da vida do cristão.

Quando estes requisitos estão presentes na vida do cristão, ele pode ter a certeza e as garantias de estar em verdadeira unidade com Cristo, e, assim, crescerá espiritualmente dando graças a Deus por tudo quanto lhe acontece. Entendemos segundo as Escrituras que aquele que está em Cristo é nova criatura [II Co 5.17] e possui a mente de Cristo [I Co 2.16].

A alegria, a certeza e a confiança que toma conta do cristão vem do fato de que aquele que está em Cristo passou da morte para a vida [Jo 5.24]. Não será julgado segundo os seus pecados, que foram pagos na cruz por Jesus Cristo. O único julgamento pelo qual teve que passar foi o da fé: recebeu a Cristo, anda com ele, está radicado e edificado nele.

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