terça-feira, 28 de agosto de 2012

UM ASSALTO NAS ALTURAS

11Não, meus amados, não houve uma tentativa de assalto convencional. Ninguém apontou uma arma para mim ou ninguém mais em um avião.

O tipo de assalto foi muito mais educado, aliás, a célebre frase “isto é um assalto” nem de longe chegou a ser pensada ou pronunciada.

Mas houve uma tentativa, educadíssima, quase me senti tentado a concordar em ser assaltado.

Não é de hoje que a Gol Linhas Aéreas resolveu “vender” lanche à bordo de seus aviões. Até aí, nada anormal – afinal, a economia em não servir lanche é ampliada pela venda dos mesmos lanches.

Mas é justo que dois pedaços de pão de 10x20cm, recheados com uma fatia de presunto e outra de queijo, juntamente com 80ml de café com leite custem assombrosos R$ 17.00?

Você não leu errado, R$ 17.00, inacreditáveis dezessete reais por duas míseras fatias de pão com queijo e presunto. Atenção usuários da Gol, vocês estão sendo roubados de maneira educada, sendo chamados de “Senhores” enquando, educadamente, docilmente, colocam as mãos nos seus próprios bolsos para pagar este absurdo por um insignificante lanche. Que tal um protesto contra este absurdo? Acho que é possível mostrar ao Sr. Constantino que os brasileiros não são bobos.

quinta-feira, 16 de agosto de 2012

A PUREZA DA IGREJA, UM IDEAL A SER ALCANÇADO: INTRODUÇÃO

INTRODUÇÃO

gurupMédicos, de tempos em tempos, se deparam com o mais difícil tipo de paciente a ser tratado: aquele que acha que sabe o que tem e o que precisa, e, assim, quando, mesmo depois de examinado, tem um tratamento prescrito se recusa a coloca-lo em prática.

Já tive oportunidade de visitar pacientes que chegam a afirmar que o médico não sabe de nada - seguindo suas próprias idéias ou práticas alternativas que, segundo alguns, deram certo.

Mas também já conheci outros pacientes que sabiam muito de medicina mas eram incapazes de perceber que não sabiam nada sobre sua própria saúde, vivendo de forma prática o provérbio bíblico [Lc 4.23: Disse-lhes Jesus: Sem dúvida, citar-me-eis este provérbio: Médico, cura-te a ti mesmo; tudo o que ouvimos ter-se dado em Cafarnaum, faze-o também aqui na tua terra].

Isto se aplica não apenas à saúde do corpo, mas também à saúde da alma e à religiosidade. Basta vermos como os judeus do tempo de Jesus sabiam tudo sobre religião e nada sobre Deus, como atesta Jesus [Jo 3.10: Tu és mestre em Israel e não compreendes estas coisas?] e Paulo [Rm 10.2: Porque lhes dou testemunho de que eles têm zelo por Deus, porém não com entendimento].

A carta de Paulo nos diz que ele já havia prescrito o tratamento adequado para um dos males que afligiam a Igreja coríntia e suas consequências: a tolerância de um pecado gravíssimo e escandaloso que estava minando a capacidade da Igreja de testemunhar com uma vida santa a respeito do Santo de Deus, Jesus Cristo. Como a prescrição do tratamento fora por carta, alguns se julgaram no direito de rejeitá-la [II Co 10.10: As cartas, com efeito, dizem, são graves e fortes; mas a presença pessoal dele é fraca, e a palavra, desprezível].

E é justamente este o ponto que Paulo começa a tratar. É possível que alguns foram designados de paulinos porque estavam desejosos de ver o pecado extirpado do meio da Igreja, atendendo à carta do apóstolo. Outros preferiam rejeitá-la, e, para tanto, precisavam contrapor outra autoridade, arrogando-se, então, seguidores e Pedro ou Apolo [I Co 1.12: Refiro-me ao fato de cada um de vós dizer: Eu sou de Paulo, e eu, de Apolo, e eu, de Cefas, e eu, de Cristo], chegando ao cúmulo de usar em vão o nome do Senhor Jesus Cristo, como fizeram dois ex-deputados do distrito federal e um funcionário do governo do Distrito Federal.

No final das contas nenhum deles estava conseguindo testemunhar sobre o amor de Deus que nos faz um, que remove as barreiras entre diferentes nacionalidades e costumes mas não consegue unir os próprios membros [Gl 3.28: Dessarte, não pode haver judeu nem grego; nem escravo nem liberto; nem homem nem mulher; porque todos vós sois um em Cristo Jesus] ocasionando um testemunho ineficiente de uma Igreja que não conseguia ser nem sal, nem luz.

A PUREZA DA IGREJA, UM IDEAL A SER ALCANÇADO ABANDONANDO A JACTÂNCIA

JACTÂNCIA: OBSTINAÇÃO EM PECAR

_001Quando lemos esta carta, percebemos que nenhuma exortação bíblica estava fazendo qualquer efeito no coração deles [I Ts 5.20: Não desprezeis as profecias]. Preferiam continuar agindo como se filhos das trevas fossem, ao invés de atender a palavra que os exortava a andarem na luz, como filhos da luz que eram [II Pe 1.19: Temos, assim, tanto mais confirmada a palavra profética, e fazeis bem em atendê-la, como a uma candeia que brilha em lugar tenebroso, até que o dia clareie e a estrela da alva nasça em vosso coração].

Paulo chama a atencao deles para a reprovável atitude de não apenas terem conhecimento do pecado, mas, conhecendo-o, aprovarem-no e considerarem-no normal, e, indo ainda mais longe, o que é inadmissível por ser aquela uma comunidade de salvos, de santos e santificados em Jesus Cristo [I Co 1.2: ...à igreja de Deus que está em Corinto, aos santificados em Cristo Jesus, chamados para ser santos, com todos os que em todo lugar invocam o nome de nosso Senhor Jesus Cristo, Senhor deles e nosso], jactarem-se de poder fazer o que bem entendessem, como se a grande quantidade de pecado evidenciasse ainda mais a graça de Deus, quando, na verdade, era o abandono de grandes pecados que mostravam a superabundante graça de Deus [Rm 5.20: Sobreveio a lei para que avultasse a ofensa; mas onde abundou o pecado, superabundou a graça].

Os coríntios não poderiam dizer que a permanência no pecado fazia Deus mostrar ainda mais graça [Rm 6.1: Que diremos, pois? Permaneceremos no pecado, para que seja a graça mais abundante?] mas a palavra de Paulo é justamente que o velho homem foi crucificado, morto, para que ninguém mais sirva ao pecado como se fosse escravo [Rm 6.6: …sabendo isto: que foi crucificado com ele o nosso velho homem, para que o corpo do pecado seja destruído, e não sirvamos o pecado como escravos], pelo contrário, que cada um viva sabendo que o pecado não tem mais poder sobre o cristão [Rm 6.12: Não reine, portanto, o pecado em vosso corpo mortal, de maneira que obedeçais às suas paixões].

Em Corinto havia mais que pecado. Havia orgulho em planejar e conseguir executar o pecado. Eles se gloriavam de sua habilidade em pecar, por isso Paulo escreveu a toda a Igreja - há outros tipos de cartas paulinas, pessoais, como Tito, Filemom, Timóteo] com o objetivo de colocá-la diante da oportunidade de dizer se concordava com aquele estado de coisas.

A situação era como se ele dissesse: “Irmãos coríntios, vocês concordam com a existência destes pecados? Vocês gostam de serem apontados como se fossem ímpios? Vocês querem mesmos serem considerados a vergonha do evangelho? Vocês realmente se orgulham de serem vistos como pecadores que pisam o sangue do cordeiro? [Hb 10.29: De quanto mais severo castigo julgais vós será considerado digno aquele que calcou aos pés o Filho de Deus, e profanou o sangue da aliança com o qual foi santificado, e ultrajou o Espírito da graça?]”.

Após mostrar o pecado, chama a atenção para o autor do pecado, porque todo pecado tem um autor e Paulo não era como os modernos adeptos dos movimentos neopentecostais onde a culpa é sempre do diabo ou de outras pessoas, através de pactos feitos por algum ascendente familiar ou mesmo por inimigos, Paulo diz o que deve ser feito com o faltoso impenitente. Observe que Paulo está ordenando o afastamento somente daquele que insiste em praticar constante e obstinadamente o mesmo pecado, opondo-se à palavra de Deus.

De maneira direta Paulo torna para a Igreja e lhes diz como o pecado deveria ser tratado, a como a Igreja deveria se livrar do pecado. Quando Paulo pregou as boas novas em Corinto certamente ensinou-lhes o que Jesus fez e ensinou, e podemos ter razoável grau de confiança que eles conheciam as palavras de Jesus aos apóstolos sobre o fermento dos fariseus [Lc 12.1: Posto que miríades de pessoas se aglomeraram, a ponto de uns aos outros se atropelarem, passou Jesus a dizer, antes de tudo, aos seus discípulos: Acautelai-vos do fermento dos fariseus, que é a hipocrisia]. Eles também conheciam os ensinamentos de Pedro [alguns coríntios se diziam seus seguidores], que estava presente neste episódio, e provavelmente também lhes ensinou sobre os costumes hebraicos, como a páscoa. Paulo faz uso deste ensinamento para ilustrar como melhorar a situação em Corinto.

A PUREZA DA IGREJA, UM IDEAL A SER ALCANÇADO SABENDO QUE O PECADO TEM INFLUÊNCIA SEPTICÊMICA

O PECADO E SUAS PROPRIEDADES SEPTICÊMICAS

Conhecemos as propriedades do fermento. Jesus também as conhecia, é óbvio. Os ouvintes de Jesus e os leitores de Paulo também. Era muito comum usar um fato bem conhecido do dia-a-dia para ilustrar verdades espirituais, ainda que alguns se fizessem de desentendidos [Jo 3.12: Se, tratando de coisas terrenas, não me credes, como crereis, se vos falar das celestiais?].

Paulo chama os coríntios para repensarem sua atitude em relação ao pecado, pois em relação ao pecador impenitente a sentença já estava dada e era exemplar: ele não tinha lugar no meio do povo de Deus, era como se houvesse morrido [o que acontecia fisicamente no antigo Israel]. O caso do incestuoso era assunto resolvido na mente de Paulo. Seu cuidado agora era, antes de tudo, pastoral, voltado para o rebanho, para a Igreja.

Ao comparar o pecado com o fermento, Paulo diz que, assim como o fermento modifica o estado dos alimentos com os quais é misturado, e, na verdade, o fermento faz o alimento iniciar um processo de putrefação - o pecado tem o mesmo efeito na santidade da Igreja. Ao celebrar a páscoa Israel devia retirar o fermento de suas casas, como símbolo de pureza. O simbolismo pascoal é invocado aqui para o novo Israel, a Igreja cristã. Não é preciso muito fermento para levedar grande quantidade de massa, e quanto maior o tempo de fermentação, menor é a quantidade de fermento exigida.

A PUREZA DA IGREJA É UM IDEAL QUE DEVE SER ALCANÇADO NÃO TOLERANDO O PECADO E SUA INFLUÊNCIA PROGRESSIVA NA VIDA DOS INDIVÍDUOS

DEVE SER INTOLERANTE COM O PECADO E SUA INFLUÊNCIA PROGRESSIVA NA VIDA DOS INDIVÍDUOS

gurupA palavra de Deus nos diz que um abismo chama outro abismo [Sl 42.7: Um abismo chama outro abismo, ao fragor das tuas catadupas; todas as tuas ondas e vagas passaram sobre mim]. Quem se acostuma com um mal não vê problema em praticar outros males. Vamos citar um pequeno exemplo: o ladrão não vê problema algum em agredir e matar para que não venha, ele próprio, a ser preso. Ele também não vê problema algum em mentir para que a origem do seu dinheiro não seja descoberta. O caso do mensalão, no Brasil, é um claro exemplo: para cobrir a compra de votos de deputados criou-se outros crimes, como corrupção ativa e passiva, contratos de fachada, envio de dinheiro ao exterior, formação de quadrilha, peculato... Do interessado maior [que por enquanto está escapando ileso] e seus correligionários acabou sobrando até para subalternos - que evidentemente ganharam alguma coisa com isso, mas não estavam interessados no crime inicial.

Para ilustrar, veja o caso de uma doença chamada mesotelioma. A mesotelioma é um câncer pulmonar causado pela exposição constante ao amianto - inúmeros funcionários de uma fábrica que domina o mercado de caixas d’água [afirma ter cessado de usar o produto] morreram ou gravemente enfermos. Nenhum deles tomou doses de cimento, mas conviveu com o produto, inalando-o, um pouco de cada vez, ao longo dos anos.

Em suma, o rol de pecados cometidos para encobrir outros pecados só aumenta com o tempo. Em Corinto a convivência com o pecado gerou partidarismo, levando os cristão a agirem como inimigos e não mais como irmãos. O partidarismo gerou arrogância intelectual, gerou discriminação social e desprezo pela palavra de Deus. O desprezo pela mensagem bíblica gerou mais tolerância com o pecado - e tudo continuaria indefinidamente, destruindo a Igreja, se alguém não tivesse rompido o círculo vicioso e clamado por ajuda, mesmo expondo-se a levar a fama de fofoqueiro, que não é o caso dos anônimos [para nós] da casa de Cloe [que eles sabiam exatamente quem eram].

Era terrível ver a comunidade daquele que foram chamados para serem santos, santificados em Cristo Jesus [I Co 1.2: ... à igreja de Deus que está em Corinto, aos santificados em Cristo Jesus, chamados para ser santos, com todos os que em todo lugar invocam o nome de nosso Senhor Jesus Cristo, Senhor deles e nosso] sentindo-se orgulhosos e gloriando-se não pela santidade, mas pelo fato de cometerem pecados piores até que os cometidos pelos incrédulos.

Por isso Paulo diz que não é bom que seja assim, ou, de maneira inversa, que isso é um mal que não deveria acontecer. Os coríntios deviam lugar contra esta tendência, contra o pecado que os assediava costumeiramente [Hb 12.1: Portanto, também nós, visto que temos a rodear-nos tão grande nuvem de testemunhas, desembaraçando-nos de todo peso e do pecado que tenazmente nos assedia, corramos, com perseverança, a carreira que nos está proposta], enfrentar a tentação em si mesmos e abrir mão do pecado no qual encontravam grande prazer. Não podiam querer continuar praticando ou sendo cúmplices das obras infrutíferas das trevas [Ef 5.11: E não sejais cúmplices nas obras infrutíferas das trevas; antes, porém, reprovai-as] se realmente conheciam [Ef 4.21: ...se é que, de fato, o tendes ouvido e nele fostes instruídos, segundo é a verdade em Jesus] ao Deus que lhes havia dado a vida eterna mas que deles exigia santidade [Mt 5.48: Portanto, sede vós perfeitos como perfeito é o vosso Pai celeste].

Tolerar a existência do pecado era o mesmo que cultivá-lo e, mais cedo, ou mais tarde, considera-lo normal e passar a admiti-lo quando não a praticá-lo. De tolerado o pecado acaba se tornando impositivo [II Pe 2.19: ...prometendo-lhes liberdade, quando eles mesmos são escravos da corrupção, pois aquele que é vencido fica escravo do vencedor]. Sua agenda é dominadora e escravizadora. Há alguns anos algumas práticas eram consideradas ofensivas em nosso país, e muitas pessoas foram expulsas de suas famílias, proscritas por causa de suas escolhas sexuais - pecaminosas, sem duvida, mas escolhas, causadas por interesses internos e até por influências externas, mas que não são meras inclinações naturais.

Após uma campanha que durou décadas tais práticas passaram a ser consideradas normais, e, agora, há até tentativa de fazê-la doutrinadora ou impositiva como tentou o ministério da educação em 2011. O pecado foi tolerado, agora começa a agir impositivamente, colocando como anormal o que é o padrão de Deus. É a isso que eu chamo de influência septicêmica do pecado, transforma o puro em podre e o podre passa a ser considerado o padrão, o normativo. E Paulo não poderia tolerar isto na Igreja coríntia, assim como nós não podemos tolerar isso em nossa Igreja - porque isto é uma ofensa a Deus, o Deus que não muda. O que o aborrecia, o que ele via como abominação ainda é abominação, não importa o que a nossa cultura diga.

A PUREZA DA IGREJA, UM IDEAL A SER ANCANÇADO COM UM PACTO COMUNITÁRIO CONTRA O PECADO

DEVE ESTABELECER UM PACTO COMUNITÁRIO CONTRA O PECADO

2011bcA Igreja deve ver o pecado como uma ameaça a todo o corpo - uma ameaça séria, terrível, ainda que, num primeiro momento, pareça algo de pouca importância. Uma pequena concessão pode resultar em grandes tragédias. Imagine, por exemplo, um dique, uma represa. Imagine esta represa com 2 km de extensão por 50m de altura, isto dá uma área total de 100.000m2. Podemos concluir que 1cm não tem importância alguma numa área total tão grande? Não, não podemos, porque é sabido que uma pequena rachadura pode ocasionar a ruína de todo o dique. Porque na Igreja seria diferente? Porque a tolerância com aquilo que pode representar uma brecha e trazer sérios danos à toda a comunidade?

Temos um exemplo bíblico na história de Acã. Acã era apenas um no meio de 600.000 homens. O pecado era uma coisa irrisória, afinal, era apenas uns objetos cujos donos já estavam mortos [Js 7.21: Quando vi entre os despojos uma boa capa babilônica, e duzentos siclos de prata, e uma barra de ouro do peso de cinquenta siclos, cobicei-os e tomei-os; e eis que estão escondidos na terra, no meio da minha tenda, e a prata, por baixo]. Acã fez de tal maneira que ninguém de fora de sua casa soube da sua esperteza. Ele achava que ninguém descobriria. E em seguida vem a celebre batalha em Ai, uma pequena vila, desprezível, a ponto de Josué mandar apenas “uns 3.000 homens” [Js 7.3-4: E voltaram a Josué e lhe disseram: Não suba todo o povo; subam uns dois ou três mil homens, a ferir Ai; não fatigueis ali todo o povo, porque são poucos os inimigos. Assim, subiram lá do povo uns três mil homens, os quais fugiram diante dos homens de Ai].

Por causa do pecado de um só trinta e seis homens que nada tinham a ver com a cobiça de Acã morreram. E não apenas ele, mas aqueles que sabiam do que havia feito e não denunciaram sua maldade [Js 22.20: Não cometeu Acã, filho de Zera, infidelidade no tocante às coisas condenadas? E não veio ira sobre toda a congregação de Israel? Pois aquele homem não morreu sozinho na sua iniqüidade].

O coração do homem não mudou. E o de Deus também não. De Acã ao incestuoso de Corinto muda o nome, o lugar e o tipo de pecado cometido, mas o resultado continua o mesmo. Escandalizamo-nos quando os pecados são sexuais, mas o de Acã não era - mas mesmo assim ele e seus protetores foram duramente disciplinados por Deus, pelo Deus que queria que aquele fosse seu povo santo [Dt 28.9: O SENHOR te constituirá para si em povo santo, como te tem jurado, quando guardares os mandamentos do SENHOR, teu Deus, e andares nos seus caminhos].

Como seria se Deus resolvesse agir, de maneira imediata, da mesma maneira que agiu com Acã? Ou com Ananias? Ou com Safira? Ou será demais esperar que ocorra na Igreja contemporânea o que é relatado no livro de Atos, quando os convertidos confessavam publicamente seus pecados [At 19.18: Muitos dos que creram vieram confessando e denunciando publicamente as suas próprias obras].

Paulo conclama a Igreja coríntia a uma atitude semelhante à verificada em Éfeso [At 19.19: Também muitos dos que haviam praticado artes mágicas, reunindo os seus livros, os queimaram diante de todos. Calculados os seus preços, achou-se que montavam a cinquenta mil denários]. Os efésios lançaram fora aquilo que lembrava seus pecados, suas feitiçarias, diferente de Simão, o enganador, que queria, de dentro da Igreja, continuar enganando ao povo [At 8.9-11: Ora, havia certo homem, chamado Simão, que ali praticava a mágica, iludindo o povo de Samaria, insinuando ser ele grande vulto; ao qual todos davam ouvidos, do menor ao maior, dizendo: Este homem é o poder de Deus, chamado o Grande Poder. Aderiam a ele porque havia muito os iludira com mágicas].

A Igreja deve lançar fora o velho fermento, as velhas práticas, tudo aquilo que pode causar dano a si própria. Tem que ser feito por cada um, individualmente, porque o pecado é algo individual [Ez 18.4: Eis que todas as almas são minhas; como a alma do pai, também a alma do filho é minha; a alma que pecar, essa morrerá], mas o esforço de cada um em manter-se longe do pecado pode e deve contar com a ajuda dos demais irmãos [Ez 33.8: Se eu disser ao perverso: Ó perverso, certamente, morrerás; e tu não falares, para avisar o perverso do seu caminho, morrerá esse perverso na sua iniqüidade, mas o seu sangue eu o demandarei de ti], cumprindo o mandamento do Senhor de auxílio mútuo [Gl 6.2: Levai as cargas uns dos outros e, assim, cumprireis a lei de Cristo].

A PUREZA DA IGREJA, UM IDEAL A SER ANCANÇADO VIVENDO UMA NOVA VIDA EM CRISTO

A022VIVER UMA NOVA VIDA EM CRISTO

Paulo apresenta o modo bíblico de ver a Igreja do Senhor. A palavra Igreja é usada com o significado de “aqueles que foram chamados para fora [do mundo de pecado]”. É a Igreja do Senhor, que ouviu o chamado do Senhor. É a comunidade dos salvos, dos chamados, dos santos, daqueles que experimentaram o amor de Deus e já não amam mais as coisas do mundo [I Jo 2.15: Não ameis o mundo nem as coisas que há no mundo. Se alguém amar o mundo, o amor do Pai não está nele].

Se o velho fermento, metáfora para o pecado que contamina e conduz à morte deve ser lançado fora, ele é uma lembrança de que na saída do Egito significava deixar para trás o modo de pensar que haviam aprendido desde que desceram para lá com José, lançar fora o fermento significava que teriam que começar novamente, aprender novas leis, novos costumes.

Quem está acostumado a comprar fermento no supermercado precisa saber como era o fermento antigo. Uma pessoa, ao fazer um pão, guardava sempre um pouco da massa, já fermentada, e esta massa serviria para fermentar o próximo pão, e assim sucessivamente. Lançar fora o fermento significava não mais comer do pão egípcio, significava romper vínculos. De uma maneira mais direta: abandonar o passado, começar de novo.

Ainda apontado para a páscoa, Paulo faz uma comparação ainda mais forte: Cristo morreu para que os cristãos pudessem celebrar a nova páscoa, não mais com um cordeiro e pães comuns, mas com o verdadeiro cordeiro e com o vigor da sinceridade e da verdade. Pode-se oferecer um cordeiro em sacrifício com uma disposição ímpia no coração [Mt 15.8: Este povo honra-me com os lábios, mas o seu coração está longe de mim], com maldade e malícia.

Era e é possível ser membro de uma comunidade cristã com maldade e malícia no coração. Desde Judas, Ananias, Safira e Simão, Figelo, Hermógenes, Demas e muitos outros é dito que no meio da Igreja há alguns que não pertencem a ela, com sinceridade e verdade [I Jo 2.19: Eles saíram de nosso meio; entretanto, não eram dos nossos; porque, se tivessem sido dos nossos, teriam permanecido conosco; todavia, eles se foram para que ficasse manifesto que nenhum deles é dos nossos]. Mas a exortação de Paulo é para os crentes, para os chamados à santidade, chamados para uma nova vida, que morreram em Cristo [I Pe 2.24: carregando ele mesmo em seu corpo, sobre o madeiro, os nossos pecados, para que nós, mortos para os pecados, vivamos para a justiça; por suas chagas, fostes sarados] e que estão prontos a andar na contramão do mundo, se preciso for, mas sempre dirigidos por seu Senhor.

Paulo convoca os crentes a viverem a vida cristã como uma festa contínua - enquanto o passado deveria ser definitivamente abandonado, a nova vida é como uma festa, com alegria e santidade, sinceridade e verdade, contínuas. Não apenas demonstrações esporádicas que um insincero é capaz de fazer.

Esta nova vida traz novas atitudes. Mudanças no falar, no pensar, no agir. E a primeira mudança é nas associações. Paulo sabia da impossibilidade de os cristãos viverem dissociados dos incrédulos. Não era isso o que ele queria nem o que Jesus queria [Jo 17.15: Não peço que os tires do mundo, e sim que os guardes do mal]. Nas suas relações normais a Igreja sempre vai se envolver com pessoas que sejam “impuros do mundo”. É grande a lista de pecados e não é necessário discorrer sobre elas neste momento.

Paulo se referia a outro tipo de associações [mistura de si mesmo] com os impuros: aqueles que, dizendo-se irmão, age como os ímpios agem. É interessante que, entre os impuros do mundo, Paulo menciona apenas quatro categorias de pecados [impuros - refere-se a pecados sexuais, os fornicadores; avarentos (dominados pelo desejo de possuir coisas e controlar pessoas), roubadores (que se apropriam do alheio) e idólatras - que tem uma relação errônea com Deus].

Mas, ao tratar dos cristãos, ele acrescenta mais duas [beberrões e maldizentes - loidorej, que lançam injúria contra outros - Mt 5.22: Eu, porém, vos digo que todo aquele que sem motivo se irar contra seu irmão estará sujeito a julgamento; e quem proferir um insulto a seu irmão estará sujeito a julgamento do tribunal; e quem lhe chamar: Tolo, estará sujeito ao inferno de fogo]. Paulo orienta a Igreja a evitá-los de maneira completa, determinando que com tais “nem ainda comais”, não mantenhais comunhão.

Isto se reflete primordialmente no culto, na santa ceia, mas, também, se aplica ao máximo de ocasiões que for possível evitar. Este tipo de pessoa era muito comum em Corinto. Não era difícil encontrar um fornicário numa cidade com milhares de prostitutos e prostitutas cultuais, ou roubador no meio de milhares de aventureiros de diversos países, ou idólatra numa cidade greco-romana, ou ainda avarentos no meio de comerciantes rapaces. Beberrões e maldizentes também não deveriam ser raros num ambiente como aquele.

Com uma matriz como esta, era de se esperar que velhos hábitos lutassem contra a influência santificadora do Espírito - o que era intolerável era que os velhos hábitos se sobrepusessem ao Espírito. A igreja é a comunidade dos que foram chamados “para serem” tornados santos, e não um grupo que foi chamado por capacidades extraordinárias das quais Deus tinha algum tipo de necessidade [I Co 1.26-29: Irmãos, reparai, pois, na vossa vocação; visto que não foram chamados muitos sábios segundo a carne, nem muitos poderosos, nem muitos de nobre nascimento; pelo contrário, Deus escolheu as coisas loucas do mundo para envergonhar os sábios e escolheu as coisas fracas do mundo para envergonhar as fortes; e Deus escolheu as coisas humildes do mundo, e as desprezadas, e aquelas que não são, para reduzir a nada as que são; a fim de que ninguém se vanglorie na presença de Deus].

A Igreja em Corinto relutou em colocar em prática as orientações paulinas por causa de interesses pessoais, laços familiares, amizades ou até mesmo temor de enfrentar o pecado e o risco que isto poderia desencadear [At 19.15-16: Mas o espírito maligno lhes respondeu: Conheço a Jesus e sei quem é Paulo; mas vós, quem sois? E o possesso do espírito maligno saltou sobre eles, subjugando a todos, e, de tal modo prevaleceu contra eles, que, desnudos e feridos, fugiram daquela casa], mas mesmo neste caso o nome do Senhor foi glorificado, como já mencionamos anteriormente [At 19.17-18: Chegou este fato ao conhecimento de todos, assim judeus como gregos habitantes de Éfeso; veio temor sobre todos eles, e o nome do Senhor Jesus era engrandecido. Muitos dos que creram vieram confessando e denunciando publicamente as suas próprias obras] e chegamos a conclusão que não basta usar o nome de Jesus, é preciso ser, de fato, seu servo para receber o poder do Espírito Santo.

Depois de aprendermos que a Igreja deve ser intolerante com o pecado e sua influência septicêmica, e ver que é seu dever estabelecer um pacto comunitário para lançar fora o que contamina todo o corpo, o que vai resultar numa vida de renovação constante diante de Deus e testemunho eficaz diante dos homens, resta-nos ver quais os resultados que a Igreja pode esperar quando decide firmemente enfrentar e extirpar o pecado, seja qual for o custo.

A PUREZA DA IGREJA: UM IDEAL A SER ALCANÇADO SABENDO QUE DEUS É JUIZ DE TODOS

DEUS É O JUIZ DE TODOS

Conquanto a Igreja em Corinto já tivesse o veredicto sobre o pecado e o pecador que agia como não convertido em seu meio, e era seu dever executar a sentença, havia outra questão que talvez preocupasse alguns: e o que acontecerá com ele quando estiver fora da Igreja? Não seria melhor mantê-lo aqui e esperar que a sua frequência a Igreja mudasse suas atitudes? Não seria dureza demais “entregá-lo a satanás” [I Co 5.5: ... entregue a Satanás para a destruição da carne, a fim de que o espírito seja salvo no Dia do Senhor Jesus]?

Para Paulo, não. Pior seria deixá-lo na Igreja com uma falsa sensação de segurança. Enquanto o pecador não compreende adequadamente em que direção estão levando seus passos ele não muda de rumo. A verdadeira conversão sempre começa com a percepção do estado de pecado [Rm 7.24: Desventurado homem que sou! Quem me livrará do corpo desta morte?]. Somente percebendo que se encaminha para um abismo é que o pecador deseja escapar dele.

A PUREZA DA IGREJA, UM IDEAL A SER ALCANÇADO CONFIANDO NO JULGAMENTO DE DEUS

A CONFIANÇA DO JULGAMENTO DE DEUS

BSB2O pecador precisa ser advertido da ira vindoura - e, infelizmente, para alguns, o convívio da Igreja não lhe é suficiente [I Jo 2.19: Eles saíram de nosso meio; entretanto, não eram dos nossos; porque, se tivessem sido dos nossos, teriam permanecido conosco; todavia, eles se foram para que ficasse manifesto que nenhum deles é dos nossos], podem até experimentar da graça que Deus derrama sobre a Igreja, e apresentar alguns sinais exteriores como batismo e pública profissão de fé [Mc 16.16: Quem crer e for batizado será salvo; quem, porém, não crer será condenado], como no caso de Elimas, já mencionado anteriormente.

Ser mero membro da Igreja, mesmo que por muito tempo, não é suficiente para alcançar a santidade. Podem mudar os costumes, o linguajar, mas, mais cedo ou mais tarde, volta-se aos velhos hábitos [II Pe 2.22: Com eles aconteceu o que diz certo adágio verdadeiro: O cão voltou ao seu próprio vômito; e: A porca lavada voltou a revolver-se no lamaçal]. Mas, mais danoso ainda é o viver dentro da Igreja, professando uma fé que não produz santidade [Hb 10.26: Porque, se vivermos deliberadamente em pecado, depois de termos recebido o pleno conhecimento da verdade, já não resta sacrifício pelos pecados].

Paulo tinha absoluta confiança no julgamento de Deus. Ele conhece os que lhe pertence, mesmo que sejam infiéis [II Tm 2.13: ...se somos infiéis, ele permanece fiel, pois de maneira nenhuma pode negar-se a si mesmo]. Mas conhece, também, os que não são, mesmo que aparentem ser [Dt 32.5: Procederam corruptamente contra ele, já não são seus filhos, e sim suas manchas; é geração perversa e deformada]. Há o costume, ultimamente, de dizer que não devemos fazer julgamentos. Mas este não é o ensino das Escrituras, que não deseja que sejamos enganados [Mt 7.15: Acautelai-vos dos falsos profetas, que se vos apresentam disfarçados em ovelhas, mas por dentro são lobos roubadores]. Mas como identifica-los? Jesus nos dá a receita: pelos seus frutos [Mt 7.19-20: Toda árvore que não produz bom fruto é cortada e lançada ao fogo. Assim, pois, pelos seus frutos os conhecereis].

Este julgamento é feito na Igreja, pela Igreja e sobre a Igreja [I Co 5.3-5: Eu, na verdade, ainda que ausente em pessoa, mas presente em espírito, já sentenciei, como se estivesse presente, que o autor de tal infâmia seja, em nome do Senhor Jesus, reunidos vós e o meu espírito, com o poder de Jesus, nosso Senhor, entregue a Satanás para a destruição da carne, a fim de que o espírito seja salvo no Dia do Senhor Jesus], na certeza de que o juiz que preside tal tribunal é o Senhor [Mt 18.18: Em verdade vos digo que tudo o que ligardes na terra terá sido ligado nos céus, e tudo o que desligardes na terra terá sido desligado nos céus].

E quanto aos mundanos? Da mesma maneira que não buscaram a Igreja para encontrar abrigo, também não se submeteram a ela como tribunal. Não compete a Igreja julgar os inconversos. Trata-se de outro povo, com outras leis - muito embora ainda tenham que prestar contas ao Senhor de toda a terra [Jó 34.23: Pois Deus não precisa observar por muito tempo o homem antes de o fazer ir a juízo perante ele]. E é ele quem os julgará.

O que se espera de quem vem para a Igreja é que venha fazer parte de um povo santo, um povo que rejeite o pecado como algo permitido em seu meio por saber de sua influência danosa que leva a destruição do corpo, e tenha um firme propósito de viver, alegremente, em novidade de vida, testemunhando do poder do Espírito Santo para santificar pecadores, mesmo os piores, na certeza de que Deus, a seu tempo, e modo, retribuirá a cada um segundo a suas obras [Mt 16.27: Porque o Filho do Homem há de vir na glória de seu Pai, com os seus anjos, e, então, retribuirá a cada um conforme as suas obras] e mesmo quem não se importa com Deus também receberá a recompensa merecida [Sl 56.7: Dá-lhes a retribuição segundo a sua iniqüidade. Derriba os povos, ó Deus, na tua ira!].

A mudança de vida de uma pessoa começa pela convicção de que há uma justa condenação pelos atos de impiedade. Igrejas cheias de convencidos intelectual e emocionalmente são Igrejas cheias de pecados não perdoados, e isto não interessa ao Senhor. Paulo desejava que os coríntios chegassem ao arrependimento [Rm 2.4: Ou desprezas a riqueza da sua bondade, e tolerância, e longanimidade, ignorando que a bondade de Deus é que te conduz ao arrependimento?], que confessassem seus pecados e obtivessem o perdão gracioso de Deus [I Jo 1.9: Se confessarmos os nossos pecados, ele é fiel e justo para nos perdoar os pecados e nos purificar de toda injustiça]. Creio que o Senhor ainda deseja isto para seu povo, tanto quanto desejava ao inspirar Paulo para escrever aos coríntios. Ele ainda convida, vinde a mim, os cansados e sobrecarregados, para que achem descanso [Mt 11.28: Vinde a mim, todos os que estais cansados e sobrecarregados, e eu vos aliviarei].

A VIDA MORAL DA IGREJA: MENSAGENS EM I CO 5

Retirei o link do livreto anterior, aqui o texto completo:

http://www.4shared.com/file/l5CjvcWl/ICo_5.html
Ico5

sábado, 11 de agosto de 2012

DA SÉRIE DE MENSAGENS EM I CORÍNTIOS: I Co 5.1-5

1A VIDA MORAL DA IGREJA É QUE FAZ DELA SAL DA TERRA E LUZ DO MUNDO

http://www.4shared.com/file/fMb5Kwgq/ICo_515.html

Espero que seja uma bênção para todos os que lerem.

Tem sido para mim, tem me ensinado muito nestes dias turbulentos.

Acima de tudo, o apego à Palavra que orienta e conforta, no tempo exato.

A VIDA MORAL DA IGREJA É QUE FAZ DELA SAL DA TERRA E LUZ DO MUNDO - INTRODUÇÃO

I Co 5.1-5

INTRODUÇÃO

Frequentemente se ouve que a Igreja deve ser o sal da terra e a luz do mundo. E esta afirmação geralmente está atrelada à proclamação em impactos evangelísticos ou algo parecido.

Isto não deixa de ser verdade, mas, retornando ao capítulo 4, onde o apóstolo Paulo faz uma clara distinção entre o poder que Deus dá mediante a ação do seu Espírito na Igreja, capacitando-a a viver o evangelho, e a loquacidade da carne, que pode até apresentar a mensagem – mas só de palavra, sem poder algum, percebemos claramente que ser sal e luz é muito mais do que apresentar uma mensagem esporádica - necessária, mas muito inferior ao propósito de Deus para seu povo.

Uma olhada para a Igreja coríntia imediatamente nos faz perceber que ela não estava sendo sal e luz. Estava faltando uma série de coisas para que ela pudesse impactar poderosamente - e não apenas retoricamente - aquela que era a cidade mais moralmente depravada da região.

Faltava, por exemplo, comunhão, unidade, pois a Igreja estava sofrendo com o partidarismo em seu meio. Esqueceram-se que Cristo é tudo em todos [I Co 12.6: E há diversidade nas realizações, mas o mesmo Deus é quem opera tudo em todos], isto é, que todos ali, indistintamente, se realmente convertidos, eram de Cristo [Jo 6.37: Todo aquele que o Pai me dá, esse virá a mim; e o que vem a mim, de modo nenhum o lançarei fora].

Faltava, também, maturidade. Agiam como crianças, sem a necessária atitude de pessoas amadurecidas, testadas nas vicissitudes da vida e prontos a serem modelo para todos os que lhes perguntassem sobre a razão da esperança que guardavam no coração [I Pe 3.15: ...antes, santificai a Cristo, como Senhor, em vosso coração, estando sempre preparados para responder a todo aquele que vos pedir razão da esperança que há em vós].

Ora, onde há imaturidade não pode, realmente, haver comunhão, não pode haver paz, e, finalmente, faltava santidade na Igreja coríntia. Lembremos que ela era composta por crentes, de verdade. Nem Paulo nem nós colocamos qualquer dúvida sobre a salvação da membresia da Igreja coríntia. Mas o fato é que eles estavam apagando o Espírito, isto é, tornando-imperceptível [I Ts 5.19: Não apagueis o Espírito] e, assim, nem eles nem os outros podiam ver Deus em suas vidas [Hb 12.24: Segui a paz com todos e a santificação, sem a qual ninguém verá o Senhor]. Sem paz, sem santificação, e, sem santificação, não poderiam afirmar, como Paulo, que Cristo podia ser visto nele.

Mas eram crentes, apesar de sua infidelidade momentânea [I Co 1.9: Fiel é Deus, pelo qual fostes chamados à comunhão de seu Filho Jesus Cristo, nosso Senhor], receberam o perdão dos seus pecados e o dom do Espírito e por isso foram capacitados a viverem espiritualmente [At 2.38: Respondeu-lhes Pedro: Arrependei-vos, e cada um de vós seja batizado em nome de Jesus Cristo para remissão dos vossos pecados, e recebereis o dom do Espírito Santo].

A Igreja coríntia fora chamada para uma luta árdua contra o pecado é algo contra o qual devemos lutar com todas as nossas forças - uma luta, árdua, sem tréguas porque o inimigo não descansa um só segundo, temos que estar vigilantes o tempo inteiro porque o inimigo não vem de longe, ele está muito mais perto de nós do que eu gostaria. O inimigo é o nosso próprio ser, nossas próprias inclinações carnais e pecaminosas [Rm 7.23: ... mas vejo, nos meus membros, outra lei que, guerreando contra a lei da minha mente, me faz prisioneiro da lei do pecado que está nos meus membros]. Se o inimigo fosse externo, seria relativamente mais fácil combatê-lo. Mas não, ele é a nossa própria natureza carnal [Tg 1.14-15: Ao contrário, cada um é tentado pela sua própria cobiça, quando esta o atrai e seduz. Então, a cobiça, depois de haver concebido, dá à luz o pecado; e o pecado, uma vez consumado, gera a morte].

A VIDA MORAL DA IGREJA É QUE FAZ DELA SAL DA TERRA E LUZ DO MUNDO - A BANALIZAÇÃO DA PRÁTICA DO PECADO

A BANALIZAÇÃO DA PRÁTICA DO PECADO

Mas o problema de Corinto não era simplesmente a existência do pecado, como Paulo destaca ao iniciar esta seção é que ali havia não apenas o pecado, presente em todo lugar onde o ser humano estiver, mas que ali o pecado estava se tornado corriqueiro, normal, habitual, sem qualquer tipo de tratamento. Ouçamos atentamente a frase de Paulo na tradução que usamos: “Geralmente se ouve que há entre vós imoralidade”. Entretanto, a palavra o)lo/j é melhor traduzida como “inteiramente verdadeiro’. Devemos entender o “geralmente” da nossa tradução como referindo-se a um fato conhecido, comentado e não contraditado simplesmente porque ninguém se atreveria a contraditar o que todos sabiam ser verdade. Seria por demais ridículo, vergonhoso para quem ousasse advogar tal causa.

O problema que Paulo está tratando é o fato de pecados estarem ocorrendo na Igreja, e todos considerarem isto um fato que podia ser ignorado. Paulo não o ignora: ele dá nome ao pecado, confronta o pecado pelo nome que tem. Falar do pecado em termos genéricos era o mesmo que ignorá-lo, ou, se preferimos, referir-se a muitos ali existentes sem tratar de nenhum. O nome do pecado corrente em Corinto era porne/ia [imoralidade, fornicação] de onde origina a palavra pornografia [registro de atos imorais]. O apóstolo confronta uma imoralidade que estava acontecendo no seio da Igreja e ninguém ousava enfrentar o imoral [ou os imorais].

A realidade da Igreja em Corinto não era, em nada, diferente daquilo que encontramos nas Igrejas que conhecemos. O pecado era e ainda é uma realidade com a qual temos que nos defrontar. O problema mais crucial não é a existência do pecado [ainda que sua existência seja um problema], mas a falta de confronto, de tratamento. Amar o pecador significa dar-lhe uma oportunidade de perceber seu erro, confrontá-lo, exortá-lo e conduzi-lo ao arrependimento [At 17.30: Ora, não levou Deus em conta os tempos da ignorância; agora, porém, notifica aos homens que todos, em toda parte, se arrependam]. Quem ama seu próximo não o deixa caminhar rumo ao precipício sem, no mínimo, avisá-lo ou tentar segurá-lo. O amor bíblico não relaxa em ver alguém se destruindo.

O cerne do problema era que havia muito do que se envergonhar, e a única solução para sua vergonha era um arrependimento coletivo, porque havia muitos pecados em curso. Era necessário que todo o povo clamasse por perdão - uns pecaram agindo, outros se omitindo, mas havia a absoluta necessidade de se humilharem em busca do perdão [II Cr 7:14: ...se o meu povo, que se chama pelo meu nome, se humilhar, e orar, e me buscar, e se converter dos seus maus caminhos, então, eu ouvirei dos céus, perdoarei os seus pecados e sararei a sua terra].

Como poderia aquela Igreja ter o poder do qual Paulo falava aos gregos tessalonicenses [I Ts 1.5: ...porque o nosso evangelho não chegou até vós tão-somente em palavra, mas, sobretudo, em poder, no Espírito Santo e em plena convicção, assim como sabeis ter sido o nosso procedimento entre vós e por amor de vós] se não tinham vida que demonstravam intimidade com o Espírito que santifica? Paulo não separa o poder do Espírito de uma vida espiritualmente sadia, moralmente aceitável. E é impressionante que o procedimento da Igreja estava causando vergonha até mesmo para os ímpios habitantes de Corinto.

Aqueles que deveriam espelhar santidade estavam fazendo justamente o contrário.

A VIDA MORAL DA IGREJA É QUE FAZ DELA SAL DA TERRA E LUZ DO MUNDO – O APROFUNDAMENTO NA PRÁTICA DO PECADO

O APROFUNDAMENTO NA PRÁTICA DO PECADO

Paulo denuncia o pecado, dá-lhe nome [imoralidade] e agora o qualifica. Não é um pecado de menor monta social - era algo tão grave, mas tão grave, que já seria surpreendente encontra-lo entre os gentios, quanto mais na Igreja de Deus. A bíblia condena qualquer proximidade sexual - ainda que não consumada - em diversos graus de parentesco, e, neste assunto, a segunda advertência recai justamente sobre a mulher do pai, isto é, madrasta [Lv 18.8: Não descobrirás a nudez da mulher de teu pai; é nudez de teu pai]. Mesmo em Corinto e sua moral relaxada tal prática era inaceitável. Os gentios não faziam tal coisa, considerando-a uma grande perversidade e uma afronta à sociedade. E isto estava acontecendo na Igreja, sem que ninguém se opusesse ou denunciasse pecado tão grave.

Mas, e se a mulher fosse, agora viúva, ou fosse divorciada?, alguém pode perguntar. A bíblia continua proibindo tal ato e a sociedade pagã também não a aceitava. Não sabemos se tal relacionamento era um caso sexual ou se a mulher havia sito tomada como concubina, de qualquer maneira, não era um relacionamento lícito, não era um casamento, era um ato pecaminoso e ofensivo, imoral e ilegal. Paulo denuncia isso como um atrevimento, uma afronta, um desafio desnecessário que a Igreja fazia ao paganismo circundante, chamando a atenção para si não pelo testemunho, mas pelo horror do pecado praticado. Era colocar holofotes sobre a podridão, ao invés de sobre a santidade.

A existência do pecado na Igreja já era indesejável, mas vê-lo não apenas tolerado como elevado a um grau tal que superava até os ímpios era um absurdo, como lembra Pedro que os gentios, normalmente, achavam estranho que os cristãos não cometessem as mesmas obras que eles, como se fosse uma olimpíada de pecados [I Pe 4.3-4: Porque basta o tempo decorrido para terdes executado a vontade dos gentios, tendo andado em dissoluções, concupiscências, borracheiras, orgias, bebedices e em detestáveis idolatrias. Por isso, difamando-vos, estranham que não concorrais com eles ao mesmo excesso de devassidão], pelo contrário, por seu procedimento mostrava-lhes o quão reprováveis eram [I Pe 4.5-6: os quais hão de prestar contas àquele que é competente para julgar vivos e mortos; pois, para este fim, foi o evangelho pregado também a mortos, para que, mesmo julgados na carne segundo os homens, vivam no espírito segundo Deus].

Mas onde estava este viver no Espírito segundo Deus? Se os gentios olhavam para os cristãos buscando falhas - porque interesse em santidade eles não tinham mesmo - em Corinto eles encontravam. E isto era vergonhoso. Eles podiam desafiar os cristãos com as palavras de Tiago: Tg 2.18: Mas alguém dirá: Tu tens fé, e eu tenho obras; mostra-me essa tua fé sem as obras, e eu, com as obras, te mostrarei a minha fé. O que se podia ver ali eram as obras da carne - e obras que superavam as obras dos gentios.

Para a obediência os coríntios eram crianças, eram imaturos [I Co 3.2-3: Leite vos dei a beber, não vos dei alimento sólido; porque ainda não podíeis suportá-lo. Nem ainda agora podeis, porque ainda sois carnais. Porquanto, havendo entre vós ciúmes e contendas, não é assim que sois carnais e andais segundo o homem?] mas estavam se tornando verdadeiros campeões na prática do pecado. Deveria ter sido exatamente o contrário [Hb 5.12: Pois, com efeito, quando devíeis ser mestres, atendendo ao tempo decorrido, tendes, novamente, necessidade de alguém que vos ensine, de novo, quais são os princípios elementares dos oráculos de Deus; assim, vos tornastes como necessitados de leite e não de alimento sólido].

A VIDA MORAL DA IGREJA É QUE FAZ DELA SAL DA TERRA E LUZ DO MUNDO

O SENTIMENTO DE AUTOSSUFICIÊNCIA

Paulo já havia tratado os coríntios com uma ligeira ironia ao comparar o seu ministério e os frutos que colhia e os resultados entre os convertidos. Paulo chama-se louco, fraco e desprezível. Ironicamente, os filhos na fé são colocados num patamar superior, sábios, fortes e nobres [I Co 4.10: Nós somos loucos por causa de Cristo, e vós, sábios em Cristo; nós, fracos, e vós, fortes; vós, nobres, e nós, desprezíveis]. E eles realmente se sentiam superiores. Este sentimento vai se revelar no fato de pecarem, de cometerem pecados cada vez mais reprováveis e ainda assim não se importarem.

A soberba tomou conta de seus corações, provavelmente por fazerem parte de uma igreja importante em uma cidade de grande importância. Mas o que isto significava realmente? Eles se sentiam satisfeitos, autossuficientes, considerando que já não precisavam mais da palavra apostólica [Ef 2.20: ...edificados sobre o fundamento dos apóstolos e profetas, sendo ele mesmo, Cristo Jesus, a pedra angular]. O livro de apocalipse retrata igrejas importantes daquela região que não existem mais, com um recado a uma das mais ricas, Laodicéia - e uma das suas falhas mais gritantes foi justamente a autossuficiência [Ap 3.17: ... pois dizes: Estou rico e abastado e não preciso de coisa alguma, e nem sabes que tu és infeliz, sim, miserável, pobre, cego e nu]. É evidente que aqui se cumpre o que a palavra diz sobre a soberba preceder a ruina [Pv 16.18: A soberba precede a ruína, e a altivez do espírito, a queda]. Eles já se achavam superiores uns aos outros, dando origem ao partidarismo. A soberba também vai se expressar na discriminação socioeconômica verificada no momento da comunhão [I Co 11.21-22: Porque, ao comerdes, cada um toma, antecipadamente, a sua própria ceia; e há quem tenha fome, ao passo que há também quem se embriague. Não tendes, porventura, casas onde comer e beber? Ou menosprezais a igreja de Deus e envergonhais os que nada têm? Que vos direi? Louvar-vos-ei? Nisto, certamente, não vos louvo].

Mas agora eles levam a soberba - assim como o pecado da imoralidade, ao extremo, opondo-se não ao arauto da palavra, mas ao Senhor da palavra [I Co 10.22: Ou provocaremos zelos no Senhor? Somos, acaso, mais fortes do que ele?].

Diante de tão grave pecado esperava-se que o povo de Deus se arrependesse, se convertesse de seus maus caminhos, se humilhasse e buscasse a graça do Deus perdoador [Rm 8.32: Aquele que não poupou o seu próprio Filho, antes, por todos nós o entregou, porventura, não nos dará graciosamente com ele todas as coisas?], mas não era isso o que estava acontecendo. Não estavam se importando com o pecado, não queriam corrigi-lo e agiam como se o seu estado moral e espiritual fosse o ideal. E não era. A soberba os tornava hipócritas, isto é, levavam-no a fazer um juízo de si muito mais elevado do que realmente eram. Consideravam-se fortes espiritualmente e estavam semimortos. Consideravam-se poderosos, entretanto, sua vida não demonstrava poder algum.

Diante do chamado ao arrependimento e a restauração, mantinham a cerviz dura como era comum aos israelitas, tanto no deserto [Dt 9.13: Falou-me ainda o SENHOR, dizendo: Atentei para este povo, e eis que ele é povo de dura cerviz] quanto na terra prometida [II Rs 17.14: Porém não deram ouvidos; antes, se tornaram obstinados, de dura cerviz como seus pais, que não creram no SENHOR, seu Deus] e até mesmo após a morte de Jesus Cristo [At 7.51: Homens de dura cerviz e incircuncisos de coração e de ouvidos, vós sempre resistis ao Espírito Santo; assim como fizeram vossos pais, também vós o fazeis].

A VIDA MORAL DA IGREJA É QUE FAZ DELA SAL DA TERRA E LUZ DO MUNDO: A NECESSÁRIA INTERVENÇÃO ESPIRITUAL

A NECESSÁRIA INTERVENÇÃO ESPIRITUAL

Paulo considera o pecado cometido como um ultraje, e estranha que os coríntios não lamentassem [epenqesate = pranteassem como a um morto] sua existência naquela Igreja. A comparação é muito clara: ou o pecador era considerado como se morto para a comunidade da fé, ou a própria Igreja estava se mostrando necrosada. Qualquer médico, enfermeiro ou mesmo um fazendeiro sabe que, quando uma parte do corpo está morta, em estado de necrose e putrefação, deve ser cortada imediatamente para que não contamine o restante do corpo, e a necrose não venha a se transformar em septicemia [infecção generalizada].

Paulo, firme e amorosamente, aponta uma solução para o problema coríntio: uma ação espiritual. Certamente havia quem temesse a presença de Paulo, mas o apóstolo julgava-a dispensável. Provavelmente Timóteo [I Co 4.17: Por esta causa, vos mandei Timóteo, que é meu filho amado e fiel no Senhor, o qual vos lembrará os meus caminhos em Cristo Jesus, como, por toda parte, ensino em cada igreja] tenha sido enviado com instruções claras sobre como tratar o problema - aliás, mais que instruções, Paulo já havia emitido um julgamento preciso sobre como tratar o pecador impenitente, que estava trazendo tamanho escândalo e vergonha para a Igreja: se agia como mundano, deveria ser entregue ao príncipe deste mundo, Satanás, que só pode destruir a carne [Mt 10.28: Não temais os que matam o corpo e não podem matar a alma; temei, antes, aquele que pode fazer perecer no inferno tanto a alma como o corpo].

A presença de Paulo não precisava ser física. Ele estava espiritualmente presente, pois o espírito que o levava a sentenciar a disciplina sobre o faltoso era o mesmo que exigia a santificação da Igreja.

É uma sentença dura, mas necessária, e evidencia o zelo de Paulo pela saúde espiritual da Igreja. E se aquele pecador fosse um eleito de Deus, como poderia ser ele entregue a Satanás? Se crente fosse, ao experimentar a ausência da comunhão, andando longe da influência do Espírito Santo veria ainda mais claramente o tamanho do seu erro. Se descrente, aplicar-se-ia o velho ditado: a porca lavada voltou ao lamaçal [II Pe 2.22: Com eles aconteceu o que diz certo adágio verdadeiro: O cão voltou ao seu próprio vômito; e: A porca lavada voltou a revolver-se no lamaçal], porque é da sua natureza viver na lama.

A VIDA MORAL DA IGREJA É QUE FAZ DELA SAL DA TERRA E LUZ DO MUNDO–RESULTADOS DA VERDADEIRA DISCIPLINA ESPIRITUAL

RESULTADOS DA VERDADEIRA DISCIPLINA ESPIRITUAL

A aplicação da disciplina sobre um caso tão grave teria um efeito triplo:

i. A cessação do pecado no meio do povo de Deus, de maneira que abandonassem todas as práticas ofensivas a Deus [II Co 7.9: ...agora, me alegro não porque fostes contristados, mas porque fostes contristados para arrependimento; pois fostes contristados segundo Deus, para que, de nossa parte, nenhum dano sofrêsseis] e parassem de desprezar sua graça [Rm 2.4: Ou desprezas a riqueza da sua bondade, e tolerância, e longanimidade, ignorando que a bondade de Deus é que te conduz ao arrependimento?];

ii. A educação da Igreja, mediante a palavra de Deus, útil e eficaz, capaz de instruir o povo de Deus para que seja perfeito e habilitado para toda boa obra [II Tm 3.17: ...a fim de que o homem de Deus seja perfeito e perfeitamente habilitado para toda boa obra], evitando e principalmente reprovando, a partir de então, as obras infrutíferas das trevas [Ef 5.11: E não sejais cúmplices nas obras infrutíferas das trevas; antes, porém, reprovai-as] e sendo abundantemente frutíferos na obra do Senhor, como pede Paulo a estes mesmos coríntios [I Co 15.58: Portanto, meus amados irmãos, sede firmes, inabaláveis e sempre abundantes na obra do Senhor, sabendo que, no Senhor, o vosso trabalho não é vão];

iii. A oportunidade ao faltoso de perceber a gravidade do seu pecado, buscando o arrependimento para a vida [II Co 7.10: Porque a tristeza segundo Deus produz arrependimento para a salvação, que a ninguém traz pesar; mas a tristeza do mundo produz morte] porque este é o desejo do Senhor [II Pe 3.9: Não retarda o Senhor a sua promessa, como alguns a julgam demorada; pelo contrário, ele é longânimo para convosco, não querendo que nenhum pereça, senão que todos cheguem ao arrependimento].

A VIDA MORAL DA IGREJA É QUE FAZ DELA SAL DA TERRA E LUZ DO MUNDO [APLICAÇÃO]

APLICAÇÃO

Como podemos olhar para tudo quanto Paulo diz aos coríntios, e tudo quanto a palavra diz, e aplicar à nossa realidade? Não apenas à realidade da Igreja local onde congregamos hoje, mas à realidade da Igreja cristã contemporânea, uma vez que, hoje, estamos aqui nesta Igreja, mas não sabemos o que o Senhor nos tem preparado para os próximos anos. Não sabemos onde estaremos nos próximos dias, meses ou anos. Então temos que buscar uma maneira de entender este texto à vida cristã como um todo, em todos os seus aspectos, em todos os seus momentos. A primeira pergunta que fazemos é: esta palavra é relevante para nós? E a única resposta admissível é: SIM, pois a palavra de Deus é viva e eficaz [Hb 4.12: Porque a palavra de Deus é viva, e eficaz, e mais cortante do que qualquer espada de dois gumes, e penetra até ao ponto de dividir alma e espírito, juntas e medulas, e é apta para discernir os pensamentos e propósitos do coração]. A segunda pergunta é: como ela pode ser vivida hoje? Podemos aplicá-la da seguinte maneira:

1. A Igreja de um Deus santo não pode tolerar o pecado como se fosse uma coisa normal em seu meio. O pecado é uma anomalia que deve ser combatido, e o método para combatê-lo é prescrito nas Escrituras [Mt 18.15-17: Se teu irmão pecar contra ti, vai argui-lo entre ti e ele só. Se ele te ouvir, ganhaste a teu irmão. Se, porém, não te ouvir, toma ainda contigo uma ou duas pessoas, para que, pelo depoimento de duas ou três testemunhas, toda palavra se estabeleça. E, se ele não os atender, dize-o à igreja; e, se recusar ouvir também a igreja, considera-o como gentio e publicano]. Lembre-se todo pecado é contra ti, porque todo pecado na Igreja é um pecado contra o corpo do qual você faz parte;

2. A Igreja que não compactua com o pecado e o rejeita, mas também deve ser a Igreja que busca a restauração do faltoso. A disciplina visa o bem, e não o mal do faltoso [II Tm 3.16: Toda a Escritura é inspirada por Deus e útil para o ensino, para a repreensão, para a correção, para a educação na justiça];

3. A Igreja não apenas não deve tolerar o pecado, ao mesmo tempo em que busca restaurar o faltoso, também deve evidenciar de maneira pública o seu repúdio pelo mesmo, para que seu testemunho seja eficiente [I Pe 3.15-16: ...antes, santificai a Cristo, como Senhor, em vosso coração, estando sempre preparados para responder a todo aquele que vos pedir razão da esperança que há em vós, fazendo-o, todavia, com mansidão e temor, com boa consciência, de modo que, naquilo em que falam contra vós outros, fiquem envergonhados os que difamam o vosso bom procedimento em Cristo]. Ao invés de superar o mundo em suas práticas ímpias, a Igreja deve superá-los com suas boas ações porque foi criada para isso [Tt 2.14: ...o qual a si mesmo se deu por nós, a fim de remir-nos de toda iniqüidade e purificar, para si mesmo, um povo exclusivamente seu, zeloso de boas obras] que é altamente proveitoso [Tt 3.8: Fiel é esta palavra, e quero que, no tocante a estas coisas, faças afirmação, confiadamente, para que os que têm crido em Deus sejam solícitos na prática de boas obras. Estas coisas são excelentes e proveitosas aos homens].

Uma Igreja que assim age vai atrair a atenção dos homens, não por seus pecados, não por seus excessos, mas por sua santidade. Seu testemunho vai ser eficiente, quando disser que as coisas velhas já passaram, que tudo se fez novo [II Co 5.17: E, assim, se alguém está em Cristo, é nova criatura; as coisas antigas já passaram; eis que se fizeram novas], e que isto foi obra de Jesus, terá uma prova a apresentar: sua própria vida. Poderá dizer: olhem para mim e vejam Cristo [Gl 2.20: ...logo, já não sou eu quem vive, mas Cristo vive em mim; e esse viver que, agora, tenho na carne, vivo pela fé no Filho de Deus, que me amou e a si mesmo se entregou por mim] e imitem-me nisto [I Co 11.1: Sede meus imitadores, como também eu sou de Cristo].

Quem entrou vê pecado nos membros da Igreja? Sim.

Quem entrou nesta ig busca um modelo de vida? Sim.

Ofereço o modelo da palavra - ferro afiando ferro [Pv 27.17: Como o ferro com o ferro se afia, assim, o homem, ao seu amigo]; pecadores cuidando de pecadores [Gl 6.2: Levai as cargas uns dos outros e, assim, cumprireis a lei de Cristo], um sustentando o outro e corrigindo o outro para, juntos, como corpo, glorificarem a Deus.

Aqui nesta Igreja, deste púlpito, não tem discurso acalorado mas vazio da palavra [I R$ 22.14: Respondeu Micaías: Tão certo como vive o SENHOR, o que o SENHOR me disser, isso falarei] nem promessa de bênção sem renúncia e luta [Lc 9.23: Dizia a todos: Se alguém quer vir após mim, a si mesmo se negue, dia a dia tome a sua cruz e siga-me], mas um desafio a entregar-se a Cristo [Mt 11.28-30: Vinde a mim, todos os que estais cansados e sobrecarregados, e eu vos aliviarei. Tomai sobre vós o meu jugo e aprendei de mim, porque sou manso e humilde de coração; e achareis descanso para a vossa alma. Porque o meu jugo é suave, e o meu fardo é leve] e lutar contra o pecado todos os dias [Pv 8.34: Feliz o homem que me dá ouvidos, velando dia a dia às minhas portas, esperando às ombreiras da minha entrada], resistindo e vencendo a tentação [Tg 4.7: Sujeitai-vos, portanto, a Deus; mas resisti ao diabo, e ele fugirá de vós] porque Deus não permite que elas, as tentações, sejam maiores que o dom do seu Espírito para nós fugirmos dela [I Co 10.13: Não vos sobreveio tentação que não fosse humana; mas Deus é fiel e não permitirá que sejais tentados além das vossas forças; pelo contrário, juntamente com a tentação, vos proverá livramento, de sorte que a possais suportar].

Quer experimentar esta graça? Quer experimentar esta dádiva maravilhosa de Deus, que é vencer o tentador, a tentação, resistir ao pecado e tornar-se mais que vencedor em Cristo Jesus [Rm 8:37: Em todas estas coisas, porém, somos mais que vencedores, por meio daquele que nos amou]? Venha tornar-se membro deste povo lutador. E vencedor em Cristo!

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quinta-feira, 2 de agosto de 2012

AS TRÊS PENEIRAS

Esta história faz parte do repositório universal da filosofia. Encontra-se a mesma com diversas pequenas alterações, mas a idéia central é a mesma. Esta foi a versão que mais gostei. Espero que seja útil.

Um homem foi ao encontro do filósofo grego Sócrates levando-lhe uma "informação" que julgava de seu interesse:

- Quero contar-te uma coisa muito séria a respeito de um amigo teu!

- Espera um momento – disse calmamente Sócrates [pai do método filosófico que ficou conhecido como maiêutica, isto é, conduzir as pessoas a encontrarem as respostas certas por si mesmos, sem que lhe fossem impostas ideias alheias] levantando os olhos da leitura que fazia – Antes de contar-me alto tão sério e importante, quero saber se fizeste passar essa informação pelas três peneiras.

- Três peneiras? Que queres dizer?

- Vamos peneirar aquilo que quer me dizer. Quanto mais importante, maior a necessidade de passarmos tal informação por elas. Devemos SEMPRE usar as três peneiras.

- Não sei que peneiras são essas, diz o informante.

- Se não as conheces, vou te apresenta-las e ajudar a usá-las, presta, pois, bem atenção. A primeira é a peneira da VERDADE. Tens certeza de que isso que queres dizer-me é verdade?

- Bem, foi o que ouvi outros contarem. Não sei exatamente se é verdade. A história parece provável.

- Então, analise se esta história passa pela primeira peneira. Se passar, aplique a segunda peneira é a da BONDADE. Com certeza, deves ter passado a informação pela peneira da bondade. Ou não?

Envergonhado, o homem respondeu:

- Devo confessar que não. Não há qualquer bondade nesta história.

- Então, não me custa te ensinar a terceira peneira que é a da UTILIDADE. Pensaste bem se é útil o que vieste falar a respeito do meu amigo?

- Útil? Na verdade, não vejo porque tal informação possa ser útil ou benéfica.

- Então, disse-lhe o sábio, se o que queres contar-me não é verdadeiro, porque o trazes? Se não produz o bem, para que transmiti-la? E, finalmente, se não é útil, então é melhor que o guardes apenas para ti porque para mim não terá utilidade alguma.

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