Tão-somente sê forte e
mui corajoso para teres o cuidado de fazer segundo toda a lei1 que meu servo Moisés te ordenou; dela não te desvies, nem para a direita nem para a esquerda, para que sejas bem-sucedido por onde quer que andares [1].
Josué 1.7
Embora estejamos relativamente habituados a tomar decisões afinal todos temos uma série de responsabilidades profissionais, familiares e pessoais, todos temos, em algum momento, uma certa dúvida, uma certa relutância sobre que rumos tomar, sobre o que é melhor a fazer e sobre se fazer o certo é o melhor a fazer. Pode parecer
contraditório, mas não é incomum acreditarmos erroneamente que fazer o certo
não é a melhor opção. Porque tantas dificuldades para tomar as decisões certas
e agir corretamente?
Eu gostaria de
oferecer algumas razões, certamente não todas, para esta dificuldade porque também é possível que existam propósitos ocultos e inconfessáveis [justificados até com pensamentos piedosos ou práticos] que não queremos que as pessoas saibam, embora Deus saiba.
Observe no texto que escolhemos para nossa meditação que
Deus chama Josué e lhe diz para ser forte e mui corajoso para fazer o que é
certo. Bom, crentes devem querer ser fortes e corajosos, mas fortes e corajosos
em relação a que? Certamente não para a prática do mal. Qual era o maior perigo
que Josué e os hebreus corriam?
Sem dúvida o grande risco era o de se desviarem do caminho
da obediência ao Senhor (Js 23:12), como efetivamente vamos ver acontecer nos dias dos juízes
(Jz 21:25) como
foram advertidos por Josué (Js 24:19).
Não era o exército de
Faraó, que já não os ameaçava há mais de 40 anos. Não eram os povos da terra na
qual eles peregrinavam. É preciso força e coragem para fazer tomar decisões
corretas quando o mundo inteiro quer que sejamos injustos.
Josué precisava ser
forte e muito corajoso para tomar uma única atitude - mas uma atitude que
influenciaria toda a sua vida, uma única atitude que determinaria o curso de
sua vida e que deveria ser mantida por toda a sua vida.
Josué não precisava
de coragem para enfrentar os exércitos inimigos - ele já tinha provado que a
possuía. Josué não precisava de coragem para atravessar um deserto - ele já
fazia isso há 40 anos. Josué não precisava de coragem para entrar e sair de território
hostil - ele já o havia feito 40 anos antes e Deus conhecia seu coração.
Josué precisava de
força e muita coragem para algo que parece muito mais simples, uma coragem de
que muitos carecem - coragem para fazer a vontade de Deus em meio a sua geração,
em meio a seu povo, entre seus parentes, entre aqueles que nos conhecem bem.
Observe
que Deus diz a Josué:
i. Seja forte e muito corajoso para fazer segundo toda
a lei;
Deus
não queria que Josué guardasse um pouco da lei, ou que fizesse as coisas mais
ou menos - ele não se agrada de quem faz sua obra relaxadamente (Jr 48.10) preferindo até mesmo que nada
fosse feito (Ml
1.10). Como um dos primeiros líderes dos hebreus que dariam
sequência de juízes, Josué deveria se lembrar da lei do Senhor (Dt 16.19). Lembremos
que o ensino das Escrituras é que aquele que tropeça num só ponto da lei se faz
devedor de toda a lei (Tg
2.10).
ii. Seja forte
e muito corajoso para não te desviares da lei nem para a direita nem para a esquerda;
Deus
não queria que Josué fosse extremista, caindo no legalismo de muitas regras e
nenhuma liberdade ou escorregando no liberalismo de tudo é permitido e nada é
proibido e muito menos fazer como Saul e cair no erro do politicamente correto (1Sm 15.24). Deus
não deseja que ninguém seja escravo de mandamentos (Cl 2.20-23) mas também
não aceita que usem mal da liberdade que nos é dada em Cristo (Gl 5.13).
iii. Seja forte
e muito corajoso porque se obedeceres a lei serás bem-sucedido por onde quer
que andares.
Vale
a pena obedecer a Deus. Do ponto de vista de Deus o sucesso na vida é
construído à partir da fidelidade ao Senhor (Jó 1.22).
Ninguém é bem-sucedido, por mais que consiga ajuntar bens ou atingir seus alvos
tão insistentemente perseguidos sem ter o temor do Senhor no coração (Sl 127.2). O
que acontece é justamente o contrário: ajuntar riquezas desprezando o temor do
Senhor é loucura, é falta de sabedoria (Lc
12.20-21).
É
preciso ser forte e muito corajoso para tomar a atitude de obedecer ao Senhor
em todos os seus caminhos quando há caminhos que parecem direitos (Pv 14.12)
mas se não são os caminhos do Senhor são caminhos tortuosos (Ez 18.29)
embora pareçam mais interessantes (Mt
7.13).
Lembre-se ainda que,
segundo as Escritura, somente os que tiverem a coragem de deixar tudo por amor
de Cristo herdarão o reino dos céus (Mc
10.29).
De fora do reino de
Cristo ficam, junto com os ladrões, mentirosos, assassinos, idólatras e
feiticeiros uma categoria aparentemente inofensiva, mas que não teve a coragem
necessária para confessar a Cristo como Senhor: os medrosos, os covardes (Ap 21.8).
A única direção que
vale a pena tomar na vida é aquela orientada pela Palavra de Deus. E para isso
precisamos ser fortes e mui corajosos. E você? É corajoso o suficiente para
seguir a Cristo, agir com justiça e suportar a inimizade do mundo (Mt 10.22)?
Não temas quando
tiveres que optar entre obedecer a Deus, em a pressão para agir de acordo com a
vontade da maioria ou agir com justiça: o Senhor se agradou em dar-lhe o seu
reino (Lc 12:32).
[1] O que é ser justo?
O conceito usual de ser justo é o de uma pessoa que não faz nada errado ou que
analisa criteriosamente as situações e toma uma decisão sem ferir o direito,
independente de quaisquer circunstâncias ou preferências pessoais. Uma rápida pesquisa
num dicionário traz os seguintes sinônimos: equânime, probo, reto, íntegro,
segundo a lei, moralmente irrepreensível. Religiosamente indica aquele que não
tem falha moral ou espiritual. Moralmente irrepreensível. Teologicamente justo
é aquele que se encontra em estado de graça perante Deus, isto é, justificado,
que não tem justiça própria (Fp 3.9-11). No AT o justo era o guardador da Lei, irrepreensível em seus caminhos, que nao tinha o que esconder, que não precisava fazer nada às escondidas e que nao se envergonhava de nada do que fazia. Exemplos de justiça piedosa: Jó (Jó 1.8), Abraão (Tg 2.23) e outros como José e Daniel.
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