segunda-feira, 9 de setembro de 2019


INTRODUÇÃO: APRENDENDO A SER CRENTE COM O CRENTE DANIEL 


Todos possuem algum modelo que admiram. Quando eu era adolescente, meu modelo de jogador de futebol era Arthur Antunes Coimbra, o grande Zico. Mas como eu não tinha a habilidade dele, acabei me espelhando em outro jogador menos habilidoso, mas que eu poderia imitar mais facilmente, Carlos Caetano Bledorn Verri, essencial para a conquista do tetracampeonato mundial de futebol: Dunga. Hoje tremo ao pensar que nossos adolescentes tem como modelo jogadores como Neymar, por exemplo. Mas é assim mesmo, gostamos mais ou menos de um jogador de futebol, de um astro do cinema, de um cantor pop, de um político desta ou daquela inclinação ideológica.

Na vida cristã não é diferente. Nós nos identificamos mais ou menos com alguns personagens das Escrituras. Uns se acham mais parecidos com Pedro e sua impulsividade, ou com Paulo e sua firmeza na exposição teológica, ou com a submissão de Sara, ou ainda com a disposição de Débora. Eu gosto muito de um profeta que não escreveu nenhum livro mas que tinha uma proposta ministerial extraordinária. Seu nome é Micaías (1Rs 22.14; 2Cr 18.13) e às vezes temos o mau hábito de identificar algumas pessoas com personagens bíblicos (quase sempre esta comparação é com personagens não muito piedosos ou bem sucedidos, para dizer o mínimo.

Mas a bíblia diz que não é para ser assim. Todos os personagens bíblicos retratam uma coisa só: a humanidade em sua imperfeição e o resultado da graça de Deus em suas vidas. Tudo quanto foi escrito foi escrito para que fossemos consolados e edificados e não nos desesperássemos em nossas fraquezas (Rm 15:4). O adúltero e assassino Davi foi o “homem segundo o coração de Deus” porque Deus o escolheu para fazer com ele uma aliança perpétua.

Jeremias foi um profeta fiel nos últimos dias de Judá e durante o cativeiro porque Deus o escolheu e o deu por profeta às nações. Bem assim os apóstolos, que, aliás, tem este título justamente por terem sido “enviados com uma missão”.

Em alguns estudos à partir de agora vamos nos deter um pouco mais cuidadosamente sobre a vida de um homem de Deus que é apontado como exemplo de piedade.

Embora as Escrituras não digam nada sobre pecados neste homem, creio que ele também era um pecador por que o ensino da Palavra é que não há quem nunca peque e sempre faça o bem.

Ele foi, durante algum tempo, contemporâneo de Jeremias. Viu seu pais ser destruído pelos babilônicos. Viu sua família ser massacrada dentro das muralhas de Jerusalém. Viu sua liberdade e seus sonhos de infância e juventude serem brutalmente arrancados e foi levado cativo.

Sua vida já lhe pertencia mais. Viveria em uma nação hostil ao seu estilo de vida, hostil à sua fé. Se já não é fácil ser crente numa nação que se diz cristã, e se não é fácil viver como crente no meio de crentes, imagine a dificuldade a que ele seria submetido.

Seu nome foi Daniel - servo de Deus no cativeiro babilônico, ali renomeado como Beltessazar mas sempre chamado de Daniel, mesmo na corte (Dn 5:13).

Daniel nasceu em Jerusalém, de família nobre, foi levado cativo para a Babilônia no terceiro ano do reinado de Jeoaquim e foi escolhido para ser um dos jovens nobres que seriam treinados para o serviço do monarca babilônico (Dn 1:1-6) o que era, também, uma forma de aculturação da liderança feita cativa e uma maneira de fazer com que os povos não se rebelassem porque seus nobres estavam em uma espécie de cativeiro de luxo no palácio real.

Daniel tinha tudo para não se importar com a sua religião. Na mentalidade comum de seu tempo todos diziam que seu Deus não fora capaz de resistir aos deuses babilônicos (2Cr 32:17).

Sua infância e juventude foi dentro de uma cidade corrompida como Isaías e Jeremias denunciaram, e, se era mesmo de nobre linhagem, viu seus parentes, os reis de Israel, superarem-se dia a dia em intrigas e práticas de impiedades. Religião não era uma prioridade para sua família.

Mas mesmo assim temos muito o que aprender com este homem que já era mais que um adolescente quando foi levado para Babilônia.

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