Fp 1.1-11
1
Quanto ao mais, irmãos meus, alegrai-vos no Senhor. A mim, não me
desgosta e é segurança para vós outros que eu escreva as mesmas coisas.
2
Acautelai-vos dos cães! Acautelai-vos dos maus obreiros! Acautelai-vos da falsa
circuncisão!
3
Porque nós é que somos a circuncisão, nós que adoramos a Deus no Espírito, e
nos gloriamos em Cristo Jesus, e não confiamos na carne.
4
Bem que eu poderia confiar também na carne. Se qualquer outro pensa
que pode confiar na carne, eu ainda mais: 5
circuncidado ao oitavo dia, da linhagem de Israel, da tribo de Benjamim, hebreu
de hebreus; quanto à lei, fariseu, 6
quanto ao zelo, perseguidor da igreja; quanto à justiça que há na lei,
irrepreensível.
7
Mas o que, para mim, era lucro, isto considerei perda por causa de Cristo.
8
Sim, deveras considero tudo como perda, por causa da sublimidade do
conhecimento de Cristo Jesus, meu Senhor; por amor do qual perdi todas as
coisas e as considero como refugo, para ganhar a Cristo
9
e ser achado nele, não tendo justiça própria, que procede de lei, senão a que é
mediante a fé em Cristo, a justiça que procede de Deus, baseada na fé; 10 para o conhecer, e o
poder da sua ressurreição, e a comunhão dos seus sofrimentos, conformando-me
com ele na sua morte; 11
para, de algum modo, alcançar a ressurreição dentre os mortos.
Quais
são as características de um cristão que realmente conhece a Cristo? Nossa
pergunta não se dirige aos membros de nenhuma Igreja, nenhuma instituição
humana em particular – já vivemos o suficiente para saber que não há nenhuma
instituição humana que esteja livre de pessoas comprometidas com as estruturas
mas não essencialmente comprometidas com o alvo real. Dito de outra maneira,
dentro do nosso contexto, não há nenhuma Igreja que esteja perfeitamente
comprometida com a glorificação do nome do Senhor.
Isto
não quer dizer que as Igrejas que existam não sejam Igrejas de Cristo – creio
que muitas são, a questão que abordo nesta ocasião é: todas elas, e cada uma
delas, ainda está caminhando, ainda está no mundo e misturada com o mundo,
embora não pertença mais a ele. Está vivendo um processo de santificação, de
separação. E, neste processo, é absolutamente essencial que haja uma real
consagração de vidas ao Senhor – lamentavelmente em muitos casos há uma
confusão entre consagração e uma mera aparência de piedade, uma figura exteriormente
"séria", sisuda, mas descuidada do interior. Consagração é comprometimento
com a verdade de Deus e este comprometimento deve gerar, de alguma forma,
alegria no Senhor (Sl 32:11).
Nossa
proposta para esta noite é que você pode ser uma pessoa realmente alegre,
realmente feliz e, ao mesmo tempo, realmente comprometida com o Senhor e com o
seu reino, tendo a alegria do Senhor em sua vida, sendo fortalecido pelo
Espírito do Senhor (Sl 51:12) e ao mesmo tempo afastando seu coração dos prazeres transitórios do
pecado (Gl 5:16), por mais atrativos que
eles sejam.
Observe
que eu usei os verbos sempre no gerúndio porque eu quero que você entenda que
você só pode ser alegre no Senhor se começar e não parar de andar com o Senhor.
Não é uma coisa do passado, nem apenas do presente, nem uma expectativa futura
– é algo a ser experimentado em toda a vida.
Ser
um cristão alegre no Senhor não significa, entretanto, não ter que enfrentar
algum tipo de dificuldade, aliás, quanto mais consagrada for o cristão, maiores
os enfrentamentos que ela terá com o mundo. O mundo só se opõe aos cristãos quando
eles se torna um corpo estranho em seu meio (I
Pe 4:4). Enquanto a Igreja for morna, ela será tolerada e até amada pelo
mundo (Jo 15:19), mas não saberá, jamais, o
que experimentar a alegria de carregar, verdadeiramente, o nome de Jesus Cristo
(At 5:41).
Quais
são as características destes cristãos alegres e compromissados essencial e
integralmente com o Senhor? A primeira destas características é que ela:
INTRODUÇÃO
….. 1 …..
Paulo
continua falando para as mesmas pessoas, pessoas que, com ele, possuem a mesma
comunhão em Cristo. Eles são "meus irmãos" [adelfo\j mou=] e precisam de orientação para não deixarem de ser cristãos alegres [xairw=] que, para eles, é fruto do
fato de estarem no [en] Senhor [kurioj], soberano governante de
todas as coisas.
Para
Paulo, como um pastor e pai amoroso, não é motivo de desgosto repetir um ensino
que resulta em benção para a Igreja. Paulo não vê como um fardo, mas como uma
parte do ministério, uma parte necessária para segurança e confirmação [asfalhj] da fé que ele sabia haver
naquela comunidade de crentes que ele lhes escrevesse. O interesse de Paulo era
o bem dos filipenses, e o recurso que Paulo tinha era escrever-lhes [grafw=] lembrando o que eles já
conheciam muito bem. O que Paulo está dizendo não é para crentes neófitos, mas
de alerta e confirmação para crentes amadurecidos, crentes que viram o
ministério paulino em Filipos, crentes que ouviram seus ensinamentos (Fp 4:9).
De
que Paulo achava necessário eles serem lembrados? Cremos que estamos diante de membros
de uma igreja que guardava o ensino apostólico, que eram irmãos consagrados ao
Senhor, que procuravam viver zelosamente a ponto de Paulo não precisar tratar
de problemas como os existentes na Igreja em Corinto, pelo contrário, apelas
alertá-los para que problemas não viessem a existir.
I. CRENTES CONSAGRADOS CUIDAM DA DOUTRINA
A
primeira característica destes cristãos é eu eles são atentos guardiães da verdade.
É pela verdade que uma Igreja permanece ou cai. Mesmo quando nos referimos ao
amor ele precisa ser verdadeiro (I Pe 1:22). O apóstolo inicia o
terceiro capitulo considerando suficiente o que já foi dito, deixando o assunto
por encerrado e passando a tratar de uma nova necessidade da Igreja. Como ela
poderia permanecer de pé?
….. 2 …..
A
primeira coisa que Paulo acha necessário escrever novamente aos filipenses é
para eles terem cautela [blepw], terem discernimento
mental, examinar cautelosa e cuidadosamente as coisas espirituais, colocarem-se
em atitude de defesa para não serem atingidos por três tipos de perigos
existentes e que deles faziam seu alvo:
i.
Acautelai-vos dos cães
Estamos
acostumados a vermos cachorros como animal de estimação, muitos sendo melhor
cuidados do que milhões de seres humanos. Mas cães [kuwn] eram vistos, muitas vezes, em
matilhas que atacavam rebanhos e pessoas e, comiam carniça e eram vistos como
impuros. Metaforicamente (e não alegoricamente) o termo é usado para
referir-se a um homem de mente impura, e os filipenses deveriam ser cautelosos
para que sua mente não fosse usada e manipulada ou maculada por este tipo de
pessoa, que não possui a amente de Cristo [I
Co 2.16].
ii.
Acautelai-vos dos maus obreiros
O
segundo cuidado que Paulo orienta os filipenses a terem é com os maus obreiros
[kakoj ergathj], isto é, causadores de problemas, prejudiciais,
destrutivos, perniciosos e banais. O problema dos maus obreiros, para Paulo, não
é que eles nada façam - é eles são de natureza diferente da natureza da igreja.
São de natureza má, são perniciosos, suas obras geram problemas, suas ações são
prejudiciais e o resultado é destruição, como os trabalhadores maus da parábola
contada por Jesus [Lc 20.19] que só intentam matar,
roubar e destruir [Jo 10:10].
iii.
Acautelai-vos da falsa circuncisão
A terceira advertência é
contra os judaizantes a quem Paulo chama duramente de mutilados [katatomh]. Paulo era judeu, fora
também ele circuncidado, manda circuncidar a Timóteo (At 16.3[1]) mas adverte que a
circuncisão não é de nenhum proveito espiritual (Gl
5:2)
e, ao mesmo tempo, faz um contraste entre a circuncisão verdadeira, espiritual,
do coração [Rm 2.29] e a mera mutilação genital
que não acompanha nenhuma conversão verdadeira nem traz nenhum fruto espiritual.
Os primeiros e mais graves problemas da igreja foram causados pela resistência
dos mutilados fisicamente e incircuncisos de coração [At 7.51].
Já
vimos que a primeira característica de crentes que vão experimentando a alegria
do Senhor em sua caminhada é que eles são guardiães da verdade de Deus,
defensora da doutrina que uma vez por todas foi entregue aos santos (II Jo 1:9-10).
Isto
serve de advertência para os crentes do séc. XXI que, em nome do politicamente
correto, se esquivam de defender a fé e, pior ainda, enchem a sua casa de
doutrinas aberrantes e antibíblicas. Não tenho sombra de dúvidas que Paulo
diria para os crentes do séc. XXI para mudarem de canal quando estiverem
transmitindo as verborragias e bobagens de pregadores caídos, malas falantes e
suas bobagens internacionais, mundiais ou universais.
Conhecer
a verdade de Deus é concordar com ela significa confiar inteiramente no Senhor,
por isso crentes consagrados não cometem o equívoco de acreditarem-se capazes
de produzir a própria alegria e satisfação eternas (Lc
12:19).
CRENTES CONSAGRADOS ABANDONAM A AUTO CONFIANÇA
….. 3 - 4 – 5 - 6 …..
Provavelmente
o maior perigo para os filipenses, naquele momento, era representado pelos
judaizantes, como ele alerta Tito [Tt 1.10], alerta também aos gálatas
que a circuncisão não é de proveito algum (Gl
5:2)
e insiste em que aquela era uma simples mutilação exterior que traria vantagens
apenas para os que exigiam sua circuncisão (Gl
6:13).
A
razão para [gar] pensar assim é que os cristãos
é que foram realmente circuncidados, eles realmente foram alvo da circuncisão
verdadeira [peritomh e não katatomh], que é a circuncisão do
coração. Metaforicamente Paulo está dizendo que aqueles que foram separados da
multidão não regenerada, da multidão dos espiritualmente impuros e que se
consagraram a Deus é que tiveram suas paixões e impurezas espirituais
removidas.
A
circuncisão verdadeira é a que leva a adoração [latreuw] verdadeira a Deus. A verdadeira adoração ao
verdadeiro Deus leva à sujeição à sua vontade por intermédio do Espírito [pneuma], que os cães, maus
obreiros e mutilados não podiam possuir. Enquanto os "mutilados" se
gloriavam na lei, isto é, confiavam na Lei, os cristãos viam a Cristo, o
Messias, como sua glória[kauxaomai] e [em contraste] não
punham a sua confiança em si mesmos [peiqo] e se tranquilizavam acreditando em sua carne [sarz], irregenerada e incapaz de
agradar a Deus (Rm 8:8).
Carne
refere-se à natureza terrena humana, afastada da influência divina, propensa ao
pecado e passivamente alheia a Deus e, na prática, em oposição a Deus [Mt 12.30]. Embora, se fosse para
confiar na carne, Paulo poderia deixar-se persuadir [exw=] por esta falsa confiança,
apegar-se ao legalismo e manter-se confiando [pepoiqhsij] na carne [sarz] porque se alguma outra
pessoa [eitij] supõe ou pensa [dokew] poder confiar [peiqw=] na capacidade da carne, ele
[egw=, enfático] sabia que o
poderia muito mais que os demais [mallon] porque ele era:
i.
Quanto aos ritos:
Paulo foi circuncidado [peritomh] segundo os ritos judaicos
ao oitavo dia [oktahmeroj], de acordo com a lei [Lv 12.3];
muitos dos fervorosos judaizantes eram prosélitos, circuncidados em idade
posterior, quando foram convertidos ao judaísmo;
ii.
Quanto à genealogia
A linhagem [ex genoj] de Paulo remetia a Israel
segundo a carne, mais especificamente da filiação [fulh] de Benjamin, um dos dois
filhos preferidos de Israel com sua esposa preferida, Raquel, considerando-se
hebreu de hebreus [legitimamente hebreu]. Hebreu de sangue e hebreu de coração;
iii.
Quanto às formalidades legais
Paulo era um criterioso
observador da lei [nomoj] mosaica, era fariseu [farisaioj] instruído aos pés de um
dos mais sábios mestres do I. Séc., Gamaliel (At
22:3). Como os fariseus Paulo buscara distinção e
honra pela observância externa de rituais e formas exteriores de piedade, como
jejuns, orações e esmolas [estavam tão convencidos disso que não se apercebiam
que eram negligentes de piedade genuína, de coração] e se orgulhavam de suas
supostas boas obras a ponto de chamarem a atenção pública para elas [Mt 6.2].
iv.
Quanto à
vida pessoal
Paulo era um zeloso [zhloj] guardador da lei, de mente
fervente, indignado a ponto de perseguir [diokw] a Igreja [ekklhsia] com o intento de
destruí-la. Paulo preferia fazer parte dos restantes denunciados por Lucas
(amigo pessoal e companheiro de viagens) como apartados da fé [At 5.12-13]; seu zelo extremado, como o dos fariseus [Rm 10:2] levou-o a considerar-se mais tarde, blasfemo e insolente [I Tm 1:13].
v.
Quanto ao
legalismo
Pela justiça [kata dikaiosinh] que há na lei de Moisés Paulo
era publicamente reconhecido [ginomai] como irrepreensível [amemptoj], desmerecedor de qualquer
censura, o que era importante (I Tm 3.7) mas não era essencial (Gl 1.10). Paulo sabia que, embora passando pelo
escrutínio dos homens, ele era e continuava sendo um pecador (Rm 7:19), aliás, o principal deles (I Tm 1:16).
Nenhum
de nós pode, em sã consciência, acreditar-se mais piedoso que Paulo
"antes" da sua conversão. E é esse Paulo que afirma ter sido o
principal dos pecadores, com todo este zelo religioso. E mesmo depois da
conversão Paulo continua dizendo não confiar na carne (Rm 7:23).
Provavelmente o maior problema para a espiritualidade cristã atual seja a
pregação descomprometida com a Palavra de Deus e voltada para interesses
pessoais, financeiros ou de reconhecimento e não as políticas públicas de
cerceamento da liberdade religiosa.
O
perigo não está em fecharem os nossos suntuosos templos (a Igreja já se reuniu
à sombra de árvores, em prisões, cavernas e até em túmulos subterrâneos) – o
perigo está em não ter mais a Palavra de Deus pregada nos púlpitos, em tê-la
substituída por mensagens de auto ajuda e não de socorro do alto. O perigo está
em que as Igrejas se transformem em lugares onde as pessoas entrem confiantes
em si mesmos, batendo no peito cheio de autoconfiança (Lc 18.11-12) mas saindo de lá sob a
condenação de Deus e rumando direto pro inferno (Lc
18.14).
Pessoas
confiantes de si mesmo cometem o erro de não confiarem em mais ninguém, e a
autossuficiência faz com que não esperem nem no Senhor – e tornam-se cristãos
relaxados. Cristãos verdadeiros e consagrados fazem como Paulo: esperam no
Senhor.
CRENTES CONSAGRADOS ESPERAM NO SENHOR
….. 7 - 8 …..
Mas
[alla], sabendo que é impossível possuir justiça própria, sabendo que não
pode confiar na carne e suas obras (Gl 5.19-21) porque mesmo as melhores
são como trapos de imundícia (Is 64:6) e nada que o homem carnal
possa fazer consegue agradar a Deus (Rm 8:8) é preciso que o homem, mesmo o mais religioso,
abandone a sua vã confiança na carne, e faça como Paulo.
Paulo
considerou [hgeomai] estas coisas que ele fazia, sua
religiosidade e zelo, coisas que ele considerava valiosas[kerdoj] e dignas de serem buscadas
com grande esforço, coisas nas quais ele arrogava-se vantagem sobre os demais
judeus (Gl 1:14) como uma grande perda, um grande prejuízo. O
esforço religioso sem Cristo foi considerado em vão. Só havia uma coisa que
valia a pena – estar em Cristo porque só em Cristo o cristão pode exclamar
alegremente estar livre da lei do pecado e da morte (Rm 8:2). Não havia outra razão justa o suficiente para
Paulo abandonar seu estilo de vida anterior: nem família, nem amigos, nem
projetos, nem desejos de honra, fama ou sucesso, pelo contrário (Fp 4.12), o único desejo de Paulo era ser achado em
Cristo Jesus que o capacitava para vencer alegremente todas as situações (Fp 4.13).
Novamente
Paulo diz que não tem plena convicção em considerar (alla
menounge hgeomai) todas as coisas
mencionadas anteriormente (ritos, genealogia, formalidades religiosas, fama e
julgamento humano) como algo que lhe trazia prejuízos [zhmia] porque ele se esforçava e
jamais alcançaria o resultado desejado. Era ainda maior prejuízo porque estava
ocupando um lugar que poderia ser ocupado por algo incomparavelmente melhor –
e, ao ser colocado diante da [einai dia] incomparável superioridade
[uperexw] do conhecimento [gnosij] intenso, real,
experiencial de Cristo Jesus, ou de Jesus, o Cristo de Deus, fica patente o
quanto era inútil uma busca por algo que seja diferente de estar em Cristo.
Nada
mais seguro do que pertencer ao próprio Senhor [mou kurioj], soberano e divino,
diferente dos demais senhores que os gentios adoravam nos tempos de Paulo: ou
eram fictícios (Ef 2:12), como os deuses, ou eram
meros humanos orgulhosos, como os governantes (At
12. 21).
Paulo
afirma que, por [a expressão "por amor" não está no texto original,
foi inserida para dar maior sentido ao contexto geral] Cristo [dia hoj], isto é, para ter Cristo em sua vida e viver por meio dele,
sofreu danos e deixou [zhmiow] para trás (Fp 3.13-14) de absolutamente tudo [paj], mas ele não lamenta
porque estas coisas eram fonte de prejuízo, aliás, ele usa uma palavra ainda
mais forte, considerando [hgeomai] tudo aquilo como escória [skubalon], ou, numa tradução mais
forte literal. excremento de animal
com o propósito de, ao fim de [ina] tudo ganhar a maior benção
de todas: tornar-se vencedor para [estar em] Cristo.
Esperamos
no Senhor porque sabemos que não há alternativa – somente em Cristo podemos
chegar ao pai – não há nenhum outro caminho (Jo
14:6). Escolher atalhos significa escolher caminhos que, embora bons
aparentemente, acabam em morte certa (Pv
16:25).
OS BENEFÍCIOS DE SER UM CRISTÃO VERDADEIRO
Se
um cristão verdadeiro é alguém que guarda a verdadeira doutrina, que luta por
ela contra os mestres de falsidade; se ele abandona a confiança em si mesmo e
espera unicamente no Senhor, quais os benefícios que ele receberá por sua
fidelidade, por sua devoção e confiança no Senhor? É isto o que Paulo nos diz
nos versos 9 a 11.
….. 9 – 10 - 11 …..
ESTAR EM CRISTO
Qual
a maior benção que uma pessoa pode receber nesta vida? Ganhar o mundo inteiro,
como muitos tem tentado e, neste esforço, perdido a si próprios (Lc 9:25). Paulo abriu mão de tudo o que havia sido seu alvo
no mundo para ser achado em Cristo. Só pode ser encontrado em Cristo quem está
em suas mãos (Jo 10:28). E quem está em suas mãos
aceitou seu convite (Mt 11:28), achegou-se a Jesus (Jo
6:37) e recebeu de suas mãos a vida eterna (Jo
3:36).
A
maior benção é ser achado em Cristo [heurisko], sem depender dos esforços
inúteis, e, mesmo tendo todas as qualificações anteriores que poderiam levar à
reivindicação de justiça pessoal, não tendo mais nenhum apego à uma pretensa
justiça própria ou legalista [dikaiosunh ek
nomoj] na
lei, pelo contrário [alla] se apegando à justiça de
Cristo, obtida por sua obediência para todos aqueles que são da fé [pistij
- Rm 3:27], uma convicção e confiança
tanto na existência de Deus [Hb 11:6] quanto um relacionamento
pessoal com ele [I Co 4:17] em Cristo, por Cristo e
com Cristo [Xristoj] o Messias aguardado. É nele, no Senhor,
justiça nossa [Jr 33.16], que
se obtém a verdadeira justiça que tem origem em Deus que, pela fé [epi pistij], é justificado (Rm 3:28).
CONHECER A CRISTO
Paulo
também afirma que, além de estar em Cristo, o verdadeiro crente também obtém o
benefício de conhece-lo verdadeiramente. E este conhecimento se manifesta em
três aspectos:
i. Pessoalmente
[ginwskw= autoj], um conhecimento pessoal,
não apenas teórico ou histórico, significa experimentar da intimidade. Os
homens sempre buscaram conhecer a Deus, e, como não conseguiram por seus
próprios esforços, criaram deuses para si de acordo com suas próprias ideias,
assim, estes deuses eram "conhecidos". Mas o verdadeiro Deus
continuava desconhecido (At 17:23) mesmo para os mais argutos inquiridores da
antiguidade, e muitos deles se contam, até hoje, como os maiores de todos os
tempos. Mas Deus não quer se manter desconhecido, por isso se manifestou de
diversas maneiras(Hb 1.1-2), e a nós, por intermédio de um relacionamento com
seu filho Jesus Cristo (Jo 14:21).
ii. Poderosamente
[dunamij] Além do conhecimento
pessoal o crente desfruta da experiência do poder de Deus em sua vida (II Tm 1:7), um poder que nenhuma estrutura, nenhuma instituição
civil ou religiosa possui além dele mesmo [autoj]. Poder para salvar, poder
para restaurar à vida, poder para fazer mortos reviverem [anastasij] tanto no último dia como
nos momentos que o Senhor assim o desejou.
Ainda que os discípulos de
Jesus já naqueles dias desejassem poder como o mundo desejava – e,
lamentavelmente, como os cristãos hoje continuam desejando (Lc 22.24), Jesus lhes manifestou outro poder (At
1:8), muito mais poderoso e impactante, que mudou a história do mundo (At 17:6).
iii. Intimamente
Comunhão é participação real
naquilo que é de outrem [dele - autoj]. Comunhão com Cristo é participação real em sua
vitória – e a vitória de Cristo foi obtida na cruz, por isso Paulo afirma que é
uma benção participar dos sofrimentos [paqhema], suas angústias e aflições,
o que tanto Paulo [At 9.15-16] como os demais apóstolos experimentaram [I
Pe 3.14]
com resignação [II Tm 3.11] e alegria [At 5.41].
E isto é para todos os que
desejam andar com o Senhor (II Tm 3.12). Talvez possamos afirmar
que uma das grandes dificuldades dos crentes modernos em terem comunhão com
Deus esteja no fato de que os crentes se autonomearam príncipes, filhos do dono
do mundo, e, portanto, indignos de sofrimentos. Ora, se indignos de sofrimento,
também indignos de comungar com ele de sua vitória (I
Jo 5:4), indignos de serem, verdadeiramente, mais que
vencedores (Rm 8:37) porque para ser mais que
vencedor é necessário estar, verdadeiramente, em Cristo.
TER VIDA EM CRISTO
A
terceira benção mencionada por Paulo é possuir vida – e só é possível ter vida
em Cristo Jesus (Jo 6:53). Ter vida em Cristo
significa tomar uma nova forma, viver de acordo com um novo modelo,
conformar-se [summorfow=] com ele mesmo [autoj] na sua própria morte, ser
morto [qanatoj]. Tem que morrer para viver (Jo 12:24). Ter vida em Cristo
significa, primariamente, morrer para o mundo (Gl
6:14).
O
alvo final não se refere apenas a esta vida (I
Co 15:19). O alvo do cristão é a vida eterna, e, para
alcançá-la, ele precisa receber de algum modo [ei poj], de alguma maneira
[impossível pelos meios anteriormente citados - Rm
8.3] alcançar [katantaw=]: a ressurreição dentre os
mortos [nekroj] – tanto mortos física quanto espirituais,
como eram contados tanto Paulo como os
judeus, com seu legalismo, quanto os demais homens, eu e você, até que fomos
resgatados da morte e de um estado de alheamento à vida de Deus [Ef 4.18] efetivamente andavam [Ef 2.2].
CONSIDERAÇÕES FINAIS
Em
quem temos depositado a nossa confiança? Em quem temos confiado? Em quem você
confia para alcançar a vida eterna? Em que você confia? Sua família não estará
ao seu lado no dia de julgamento. Seus amigos não poderão fazer nada, pois
terão eles próprios de prestar contas. Suas ações terão valor ofensivo, trapos
de imundícia…
O
Senhor quer encontrar apenas uma coisa quando voltar: fé (Lc 18:8). O que ele vai encontrar
nas suas mãos? Religiosidade? Apego ao nome da sua família? Honra e fama entre
os homens?
Ele
só quer fé. É pela fé que somos salvos, não por obras (Ef 2.8-9). É olhando para a cruz,
deixando de confiar nas obras das nossas mãos mas entregando nossas mãos a Deus
para ele fazer a sua obra (Sl 90:17).
Guarde
uma pergunta minha em seu coração, e dê a resposta para Deus: o que você tem
para ele, agora? Há, porventura, fé em seu coração? Fé suficiente não apenas
para viver, mas para morrer?
[1]
A circuncisão de Timóteo é por causa de uma circunstância de aceitação no campo
de missões. Paulo, entretanto, não aceita circuncidar a Tito por causa de
exigências religiosas dos judaizantes (Gl
2:3 - Contudo, nem mesmo Tito, que estava comigo, sendo grego, foi constrangido
a circuncidar-se).
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