terça-feira, 23 de setembro de 2014

SUA IGREJA TEM UMA BELA FACHADA?

Há alguns dias um amigo, comentando um artigo publicado no meu blog, escreveu a frase acima. Trata-se de um elogio sincero, verdadeiro, e não ouso discordar dele. Realmente a fachada da nossa igreja é muito bonita, fugindo aos tradicionais padrões “caixote torre” que encontramos aos montes, isto quando não tem uma pirâmide ou esquadro na frente.
Recentemente, conversando com um colega de ministério, comentávamos sobre a costumeira falta de “boa ambição” ou de fé dos nossos edificadores que constroem Igrejas muito pequenas - contrastando com Igrejas três a quatro vezes maiores encontrados, às vezes, em meros povoados. Parece que a mensagem que queremos passar é a de uma igreja para poucos, como se os eleitos fossem apenas um punhado, numa interpretação equivocada da  afirmação de Jesus que “muitos são os chamados, poucos os escolhidos” (Mt 22:14). Nossa Igreja, hoje, é um contraste a esta visão. E devemos dar graças a Deus por isso. Nosso desafio agora é atingir a meta sonhada alguns anos atrás: certamente havia o desejo de preencher os 240 lugares disponíveis com cristãos sinceros, compromissados, com adoradores que adorem a Deus em Espírito e em verdade.
Mas o que isso tem a ver com o elogio feito à fachada da nossa Igreja? Quero estender o que escrevo não a uma Igreja em particular, mas à Igreja como um todo - ou aos membros das igrejas espalhadas por todos os cantos do mundo. Temos, espalhados por todos os cantos do mundo grandes santuários, Igrejas de tamanho e arquiteturas as mais diversas, até mesmo imitações, sim, meras imitações hipotéticas e megalômanas e narcisistas do que teria sido o grande templo de Salomão. A diferença é a mesma sempre: o Senhor manifestou a sua glória naquele lugar de uma maneira extraordinária, como manifestaria mais tarde no novo templo, construído por Herodes (Ag 2:9) e não nestes.
O que não podemos ser é uma Igreja de fachada. Jesus, a glória que encheu o templo de uma vez por todas (Jo 1:14) denuncia a existência de pessoas que, presentes no templo, não são templo do Espírito Santo. Jesus as chama de “sepulcros caiados” (Mt 23:27).
Quem são eles? Vejamos algumas características dos tais sepulcros caiados:
I. São religiosos, conhecedores da religião, das estruturas religiosas e até dos livros religiosos. Estão profundamente empenhados com a religião e são zelosos guardadores das tradições religiosas. Nos dias de Jesus eram os escribas (doutos na lei, dedicados a estudar as Escrituras desde a infância) e os fariseus (guardadores criteriosos de costumes e interpretações bastante estritas dadas pelos rabinos no decorrer dos séculos em resposta a questionamentos dos crentes);
II. São hipócritas, isto é, possuem um julgamento de si mesmos bastante acima do que realmente são (Lc 18.11-12). Hipocrisia é julgar-se mais do que é, ou, na acepção religiosa usada por Jesus, é acreditar-se justo sem, no entanto, agir com justiça diante dos homens e mesmo diante de Deus;
III. São exibidos, isto é, se mostram belos, querem ser vistos, percebidos, elogiados (Mt 23:5). Suas orações e ações religiosas tem o objetivo de serem vistos pelos homens - e recebem, dos homens, a recompensa que desejam;
IV. Não são puros, isto é, não foram santificados pelo Espírito, e, não sendo a habitação do santo (Ez 36:27), acabam ocupados por outras coisas tornando-se escravos do mal (Mt 12.45).
Igrejas grandes ou Igrejas pequenas, Igrejas bonitas ou Igrejas que se parecem com caixotes - não importa a aparência, não importa a fachada, o que importa é se quem se reúne nelas o faz para adorar verdadeiramente ao Senhor ou se são semelhantes aos que o Senhor Jesus denuncia? Não nos atrevamos a julgar o servo alheio (Rm 14:4), cuidemos primeiro de nós mesmos.

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