EM SUA BUSCA POR
INDEPENDÊNCIA SAUL AINDA TENTA PRESERVAR AS APARÊNCIAS (vs. 27-31)
Ao
perceber que já não havia volta, Saul tenta fazer o que muitos tem feito,
salvar as aparências. Longe de Deus por causa de seu pecado e da rebeldia em
ouvir ao Senhor, rejeitado pelo Senhor de maneira definitiva restava-lhe o apego
ao trono.
Saul
sabia ser um rei sob tutela, um mordomo que deveria obedecer ao Senhor para
permanecer na regência - e, quando cai em si e vê que não tem mais a aprovação
do Senhor busca amparar-se, ao menos, na aprovação dos homens.
Ele
não pede para Samuel interceder por ele. Não se humilha perante o Senhor
pedindo perdão. Ele tenta, por força, manter Samuel ao seu lado (Zc 4:6).
Mas as coisas no reino de Deus não são feitas pela força.
Se
assim fosse o Senhor não teria dispensado os milhares que seguiam a Gideão e
mantido apenas 300 (Jz 7:7) sem espadas nas mãos, sem o uso do poder do
homem (Jz 7:2).
Mas
o uso da força só piorou as coisas para Saul. Apenas aumentou a sua humilhação
em saber que o Senhor tinha dado o reino a outro que Deus considerou melhor do
que ele, o que não significa que fosse sem pecado, mas que tinha um coração que
era dirigido pelo Senhor (Dt 9:4).
Samuel
não voltaria atrás, não poderia mudar o recado dado a Saul porque era um
profeta fiel ao Senhor (I Rs 22:14). Ele não poderia voltar atrás por
que o Senhor não voltaria atrás: o reino não mais seria de Saul. Entretanto, após muita insistência, Saul
consegue convencê-lo a participar do sacrifício que seria entregue ao Senhor.
Mas, novamente, as palavras de Saul indicam um coração longe de Deus, um
coração que não queria agradar a Deus mas aos homens, chamando ao Senhor,
novamente, de Deus de Samuel.
Seu
desejo era ser visto pelos homens, ser visto com Samuel pelos anciãos do povo,
pelo povo de Israel. Ele não queria que ninguém soubesse que fora reprovado por
Deus. À partir daquele dia ele viveria de aparências. Mas aparências não são
mantidas indefinidamente, mais cedo ou mais tarde as máscaras caem - se antes o
Espírito do Senhor havia vindo sobre ele, agora se retirou dele - e isto seria
impossível de esconder daqueles com quem ele convivia (I Sm 16:14-15).
Quantas
pessoas que aparentavam possuir grande vitalidade espiritual estão, hoje,
apenas como uma casca vazia, espiritualmente definhando mas tentando mostrar
algo que não conseguem mais ser. Há muitos decepcionados, frustrados,
desanimados, longe de Deus mas tentando, ainda, demonstrar um calor que não vem
do coração. Vivem uma vida aparentemente cristã insatisfatória, sem comunhão,
sem alegria no Senhor, sem prazer na Palavra de Deus.
Talvez
muitos estejam exatamente como Saul. E isto é um problema grave. Impenitentes,
resistentes, rebeldes - talvez seja a hora de entender que estão em um momento
crucial, onde um de dois caminhos terá que ser seguido: o da benção ou o da
maldição (Is 1.18-20).
Outros
talvez estejam experimentando o mesmo sentimento de Davi (Sl 32.3-5) e
buscando, de coração, uma restauração (Sl 51.10-12).
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