EM SUA BUSCA POR
INDEPENDÊNCIA SAUL REJEITA CONSCIENTEMENTE A VONTADE DE DEUS (v. 4-15)
Saul
continuou lutando com a mesma bravura de quando libertara Jabes-Gileade. Era o
mesmo comandante impetuoso, era o mesmo hábil chefe militar - e demonstrou isso
vencendo os amalequitas. E o fez de uma maneira arrasadora, afugentando-os para
longe das fronteiras de Israel. Até aqui ele estava obedecendo. À partir do
verso 8 começam os problemas. Era comum os reis capturarem os vencidos e depois
estabelecerem acordos, usarem como garantias ou cobrarem alguma forma de resgate.
Mas estas coisas passavam pela busca de alguma segurança humana, quando a
garantia que Israel precisava era o próprio Senhor.
Saul
e o povo tomaram dos animais dos amalequitas, coisas que não precisavam tomar,
nem para si, porque o Senhor lhes dava o sustento, nem para oferecer ao Senhor,
pois este não aceita ofertas que não tragam junto o coração do adorador (II
Sm 24.24). Deus também não queria que eles trouxessem nada das cidades
amalequitas, porque não os queria misturando-se com aquela cultura pagã.
Mas,
por melhores que fossem suas intenções, havia um problema: Deus não queria.
Deus não queria um culto prestado com ovelhas, cordeiros e bois gordos
amalequitas. Deus não queria o melhor dos ímpios - porque o melhor dos ímpios é
apenas impiedade (Jr 6:20).
O
nome do problema de Saul? Desobediência. Porque sua pretensão não era
aceitável? Porque era fruto da rebeldia, de um coração que havia deixado de
seguir ao Senhor. E o Senhor o faz saber imediatamente através de Samuel, que
caiu em profunda tristeza porque seu coração se apegara a Saul. Ao procura-lo,
nova decepção - o rei estava se exaltando pela vitória obtida, levantando para
si um monumento como faziam os reis pagãos, aliás, como era provável que o
próprio Agague costumasse fazer (Is 42:8). Saul estava agindo
impulsivamente sem perceber que seu coração o enganara (Jr 17:9), que
ele estava se afastando do Senhor (Is 59:2) e não agradando-o como
pensava (Is 55:8-9).
Saul
estava totalmente enganado ao acreditar que sua vultosa oferta seria aceitável,
como estava enganado o rico que achava que ofertava mais que a viúva (Mc
12:44) embora este caso fosse ainda pior. Também estava enganado Ananias ao
entregar parte do valor do campo como se fosse todo o valor (At 5:3) ou
Simão ao oferecer dinheiro em troca de uma benção (At 8:20).
Saul
se alegra ao ver Samuel como um aluno se alegraria ao completar uma tarefa da
qual fora incumbido pelo mestre, e, ainda, fazer algo mais. Era este algo mais
que ele queria apresentar: o monumento, os animais para o sacrifício, tudo
prontinho, tudo feito segundo a sua vontade. E este era o problema - embora ele
não percebesse, não cumprira a vontade do Senhor.
Agradamos
ao Senhor somente quando fazemos o que ele pede - fazer menos é negligência,
fazer diferente é invencionice, fazer mais é impossível (Gn 17:1),
padrão que não mudou apesar de ter passado tanto tempo (Mt 5:48) e ao
qual ninguém consegue alcançar (Rm 3:23). O sucessor de Saul também
passou por situação semelhante, mais de uma vez, ao fazer um recenseamento que
o Senhor não ordenou e, também, ao tentar transportar a arca do Senhor para
Jerusalém de acordo com a invenção dos
filisteus (I Sm 6:7) com um trágico resultado (II Sm 6.3): a
morte de Uzá (II Sm 6.7). Mais tarde Davi tentaria fazê-lo segundo a
vontade de Deus (Ex 25.13-14 - compare com Nm 7.9) e daria certo
(II Sm 6.13).
Saul
resume sua tolice ao dizer que destruiu totalmente apenas o resto - como alguém
pode destruir algo totalmente se só destruiu o resto?
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