EM SUA BUSCA POR INDEPENDÊNCIA
SAUL REJEITA OBSTINADAMENTE A REPREENSÃO DO SENHOR (vs. 16-21)
Antes
que Saul continuasse na promoção de si mesmo e de seu sacrifício de tolos,
Samuel lhe diz que o que realmente importa não era o que ele pensava estar
fazendo, mas o que o Senhor pensava do que ele estava fazendo. Saul não gosta
da interrupção da sua autopromoção, do seu desejo de mostrar que estava se tornando
um grande rei. E é este justamente o ponto. O próprio Saul sabia não grande em
Israel (I Sm 9.21), e é lembrado de que foi ungido por Deus para ser rei
mesmo sendo insignificante, mesmo sendo pequeno, mesmo não sendo o que ele
agora queria ser, grande. Samuel resume o recado de Deus dizendo o seguinte:
i.
Você não era nada e eu te fiz rei;
ii.
Você estava à procura de jumentas e eu te dei a missão de conduzir meu povo;
iii.
Você não tinha nem direção nem comida no embornal, e eu te mandei destruir os
amalequitas.
E
conclui com perguntas simples: porque não fez o que te mandei? Porque não se
contentou em obedecer? Porque cobiçar o que não era para ser cobiçado - não se
lembrara de Acã e do resultado de sua cobiça (Js 7:)?
Samuel
acusa Saul de desobediência, de cobiça. Ele não precisava ter feito nada
daquilo. Não precisava ter trazido nenhum prisioneiro. Não precisava do gado
amalequita. Deus não o queria, Deus não havia pedido nada daquilo. Isto é uma
dura advertência para a Igreja do séc. XXI, que a cada dia inova, inserindo no
culto coisas que não podem ser encontradas nas Escrituras, não são pedidas por
Deus e, portanto, entram na quota daquilo que o Senhor abomina, como abominou a
atitude de Saul.
Mas
Saul não aceita a repreensão, e sua dura cerviz o conduz cada vez mais (Pv
29:1). Saul ousa discordar. Samuel lhe dissera que lhe diria o que o Senhor
falou, o mesmo Senhor que o fez rei. Quando o Senhor o repreende, o homem
grande, mas nunca um grande homem, diz que não, que as coisas não eram daquele
jeito, eram exatamente o contrário. Homens grandes não aceitam ser
contrariados, grandes homens aprendem para se tornaram ainda maiores. Saul
queria ser o padrão de interpretação da vontade de Deus. Ele sabia qual era a
vontade de Deus, e ele queria definir se ele agradara a Deus ou não, mesmo Deus
dizendo-lhe um enfático não. Saul quer definir o que é vontade de
Deus, quer definir o que é cumprir a vontade de Deus, quer definir o que agrada
a Deus.
Saul
se mostra o oposto de Davi - aquele que é apelidado de o homem segundo o coração
de Deus. Sempre que errava - e errou algumas vezes, ao ser repreendido cai em
si, arrepende-se e submete-se à vontade do Senhor (I Cr 21:13). Saul
rebate, Saul rejeita a repreensão. Saul fez pior que Eli, o sacerdote que foi
repreendido por Deus e apenas “reclamou” das ações de seus filhos, sem,
contudo, corrigi-los como eles precisavam ser corrigidos (I Sm 2.24).
Saul diz que Samuel está errado. Mas Samuel falava o que o Senhor lhe havia
dito, logo, na prática, o que Saul está fazendo é afirmar que quem está errado
é Deus, e não ele.
Comparando
as ações de Saul com as nossas, chegamos à triste conclusão de que os cristãos
do séc. XXI fazem a mesma coisa: rejeitam a vontade de Deus, e dizem, com suas
ações, que não concordam com Deus, que sabem mais que Deus.
Antes
que alguém diga que Saul devia estar louco, é preciso dizer que esta é a
atitude mais comum de todos os homens. Quando Deus diz para fazer de um jeito e
decidimos fazer de outro estamos dizendo a Deus que, se ele quiser, ele que se
agrade do que estamos fazendo, porque, afinal, estamos fazendo, o que já é
melhor que nada. Isso é tolice, é afrontar a Deus. E nunca dá certo. Quem é o
homem para afirmar que sabe mais que Deus (Is 40:13)?
Observe
que a impenitência dos filhos de Eli, a dureza de coração de Faraó, a
insistência no erro de Ananias são apenas prenúncios do julgamento de Deus. O
Senhor endurece o coração daqueles a quem julgou e condenou (Is 6:10).
E o
seu coração? Como está? Espero sinceramente que não esteja endurecido e
rebelde, porque para quem se rebela e endurece o coração contra o Senhor resta
apenas horrível expectação de juízo (Hb 12.29).
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