Uma pastoral a respeito da participação dos cristãos na Feira Agropecuária de Xinguara - FAX 2014
Cristão, o personagem da alegoria
“O Peregrino”, do pastor inglês John Bunyan, em sua caminhada da Cidade da
Destruição rumo à Cidade Celestial tem que passar por uma feira chamada de
Feira das Vaidades. Ali, a preços bem convidativos, são oferecidos todos os
tipos de prazeres que um homem possa desejar com o intento de que os mesmos
permaneçam ali, abandonando a jornada. E não é sem luta que ele consegue passar
pela feira, abandonando as propostas tentadoras que lhe eram feitas.
Não
é nada fácil viver em dias de feira de vaidades sem se deixar influenciar. O
ambiente que é criado busca, de todas as formas, incentivar a participação, e,
ao mesmo tempo, criar naqueles que não participam uma sensação de “estar de
fora”. A música, as vestes, as conversas
- tudo gira em torno da feira. Propagandas estridentes convidam para shows de
famosos e nem tão famosos assim.
Quem
tem recursos, e pode, e até alguém que não tem, e se endivida para ao menos
parecer poder, enfeita-se para, em pleno Pará, ficar parecendo com cow
boys estadunidenses. E algumas, no afã de aparecer, acabam parecendo pole
dancers das boates norte americanas. O sábio diria “vaidade, vaidade,
tudo é vaidade”. E não deixa de ser. É uma corrida insana, semeando vaidade,
semeando vento, para colher, no mínimo, nada, e, na pior das hipóteses,
tempestades.
O
que dizer aos cristãos em plena feira?
Antes
de ser questionado se sou contrário à realização de uma feira agropecuária em
nossa cidade devo afirmar que não, não sou, é claro que não sou. Afinal, nossa
cidade vive da agricultura e, muito mais, da pecuária. Sem a pecuária nossa
cidade simplesmente não existiria.
O
que me impulsiona a escrever este texto é o envolvimento dos cristãos na feira.
De novo: acredito que eles podem se envolver, podem trabalhar, podem até
prosperar financeiramente à partir dela. Mas este envolvimento deve ser o de
cristãos enviados ao mundo, com um propósito e buscando glorificar a Deus onde
o Senhor os tem colocado.
O
que não pode, e esta não é uma “regrinha de crente”, é querer ser como o mundo,
ser não um crente no mundo, mas um mundano. Isto não é admissível - onde o
cristão estiver, ele tem que fazer a diferença. Seu andar tem que fazer
diferença. Seu falar tem que fazer diferença. Seu pensar tem que fazer
diferença. Seu vestir tem que causar impacto positivamente, tem que fazer
diferença.
As
oportunidades para ser testemunha do Senhor, embaixador de Cristo podem ser
muitas - se não estiver preparado é melhor ficar em casa (Cl 4.5). Se
você não está pronto para a batalha, fique no quartel. Você vai ser convidado
para barracas, para shows, para bebedices e glutonarias, para exposição à
lascívia e luxúria, para todo tipo de atividade que, certamente, não
glorificará ao seu Senhor. Que escolhas fará?
Não
tenha medo de perder um amigo por causa de um não - é provável que este “não”
seja a sementinha para que alguém que é apenas um colega venha a se tornar um
irmão em Cristo Jesus. Deixe-o ver que, por causa de Cristo, houve uma
diferença em suas atitudes, em suas escolhas, em suas decisões - mesmo que
estas fossem como as dele no passado. Deixe-o ver que houve uma mudança.
Deixe-o perceber que suas decisões são santas, suas escolhas são sadias, seu
desejo é agradar a Cristo e não satisfazer a carne (I Pe 4.4).
O
que fazer? Ir ou não ir? Vá, passeie com a família, com amigos, divirta-se. Mas
não se esqueça em momento algum que deve passear, divertir-se como cristão que
é. Sempre me pedem respostas práticas, e não princípios, como costumo fazer.
Então, ei-los:
i. Pastor,
posso ir aos shows? Não deve, mas eu não posso proibir você de ir, afinal,
se o Espírito Santo não falar nada sobre ser santo, ser separado para o Senhor,
ao seu coração, adianta eu proibir?
ii.
Pastor, posso participar de apostas? Não deve, mas eu não vou te
proibir, afinal, se o Espírito não te convencer que não deve gastar seu
dinheiro naquilo que não é pão, então, porque você seria convencido por minha
palavra (Is 55.2)?
iii.
Pastor, posso me vestir com mini-roupas? Não deve, mas isto é você quem
deve decidir, porque você é quem sabe a quem seu corpo pertence e como será
visto (I Ts 4.3-5). Santidade ou lascívia, o que prefere?
iv.
Pastor, posso tomar uma cervejinha com os amigos? Não deve, mas se você
acha que não faz mal escandalizar alguém com o que você faz (Rm 14.20) e
que a repreensão sobre os que escandalizam não lhe importa (Lc 17.1-2)
então só me resta pedir a Deus para lhe esclarecer estas coisas.
v. Pastor,
posso fumar um... Quer saber? Nem entendo porque responder mais, porque, afinal,
com tantas indagações, não há mesmo como dar testemunho do Senhor Jesus como
salvador porque um coração inclinado para o mau simplesmente demonstra que
ainda não foi convertido ao Senhor. Tem certeza que é crente mesmo?
Apesar
da aparente ironia, é absolutamente sério o que vai acima.
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