sábado, 13 de setembro de 2014

DIAS DE FEIRA... DIAS DE VAIDADES?

Uma pastoral a respeito da participação dos cristãos na Feira Agropecuária de Xinguara - FAX 2014

Cristão, o personagem da alegoria “O Peregrino”, do pastor inglês John Bunyan, em sua caminhada da Cidade da Destruição rumo à Cidade Celestial tem que passar por uma feira chamada de Feira das Vaidades. Ali, a preços bem convidativos, são oferecidos todos os tipos de prazeres que um homem possa desejar com o intento de que os mesmos permaneçam ali, abandonando a jornada. E não é sem luta que ele consegue passar pela feira, abandonando as propostas tentadoras que lhe eram feitas.
Não é nada fácil viver em dias de feira de vaidades sem se deixar influenciar. O ambiente que é criado busca, de todas as formas, incentivar a participação, e, ao mesmo tempo, criar naqueles que não participam uma sensação de “estar de fora”.  A música, as vestes, as conversas - tudo gira em torno da feira. Propagandas estridentes convidam para shows de famosos e nem tão famosos assim.
Quem tem recursos, e pode, e até alguém que não tem, e se endivida para ao menos parecer poder, enfeita-se para, em pleno Pará, ficar parecendo com cow boys estadunidenses. E algumas, no afã de aparecer, acabam parecendo pole dancers das boates norte americanas. O sábio diria “vaidade, vaidade, tudo é vaidade”. E não deixa de ser. É uma corrida insana, semeando vaidade, semeando vento, para colher, no mínimo, nada, e, na pior das hipóteses, tempestades.
O que dizer aos cristãos em plena feira?
Antes de ser questionado se sou contrário à realização de uma feira agropecuária em nossa cidade devo afirmar que não, não sou, é claro que não sou. Afinal, nossa cidade vive da agricultura e, muito mais, da pecuária. Sem a pecuária nossa cidade simplesmente não existiria.
O que me impulsiona a escrever este texto é o envolvimento dos cristãos na feira. De novo: acredito que eles podem se envolver, podem trabalhar, podem até prosperar financeiramente à partir dela. Mas este envolvimento deve ser o de cristãos enviados ao mundo, com um propósito e buscando glorificar a Deus onde o Senhor os tem colocado.
O que não pode, e esta não é uma “regrinha de crente”, é querer ser como o mundo, ser não um crente no mundo, mas um mundano. Isto não é admissível - onde o cristão estiver, ele tem que fazer a diferença. Seu andar tem que fazer diferença. Seu falar tem que fazer diferença. Seu pensar tem que fazer diferença. Seu vestir tem que causar impacto positivamente, tem que fazer diferença.
As oportunidades para ser testemunha do Senhor, embaixador de Cristo podem ser muitas - se não estiver preparado é melhor ficar em casa (Cl 4.5). Se você não está pronto para a batalha, fique no quartel. Você vai ser convidado para barracas, para shows, para bebedices e glutonarias, para exposição à lascívia e luxúria, para todo tipo de atividade que, certamente, não glorificará ao seu Senhor. Que escolhas fará?
Não tenha medo de perder um amigo por causa de um não - é provável que este “não” seja a sementinha para que alguém que é apenas um colega venha a se tornar um irmão em Cristo Jesus. Deixe-o ver que, por causa de Cristo, houve uma diferença em suas atitudes, em suas escolhas, em suas decisões - mesmo que estas fossem como as dele no passado. Deixe-o ver que houve uma mudança. Deixe-o perceber que suas decisões são santas, suas escolhas são sadias, seu desejo é agradar a Cristo e não satisfazer a carne (I Pe 4.4).
O que fazer? Ir ou não ir? Vá, passeie com a família, com amigos, divirta-se. Mas não se esqueça em momento algum que deve passear, divertir-se como cristão que é. Sempre me pedem respostas práticas, e não princípios, como costumo fazer. Então, ei-los:
i. Pastor, posso ir aos shows? Não deve, mas eu não posso proibir você de ir, afinal, se o Espírito Santo não falar nada sobre ser santo, ser separado para o Senhor, ao seu coração, adianta eu proibir?
ii. Pastor, posso participar de apostas? Não deve, mas eu não vou te proibir, afinal, se o Espírito não te convencer que não deve gastar seu dinheiro naquilo que não é pão, então, porque você seria convencido por minha palavra (Is 55.2)?
iii. Pastor, posso me vestir com mini-roupas? Não deve, mas isto é você quem deve decidir, porque você é quem sabe a quem seu corpo pertence e como será visto (I Ts 4.3-5). Santidade ou lascívia, o que prefere?
iv. Pastor, posso tomar uma cervejinha com os amigos? Não deve, mas se você acha que não faz mal escandalizar alguém com o que você faz (Rm 14.20) e que a repreensão sobre os que escandalizam não lhe importa (Lc 17.1-2) então só me resta pedir a Deus para lhe esclarecer estas coisas.
v. Pastor, posso fumar um... Quer saber? Nem entendo porque responder mais, porque, afinal, com tantas indagações, não há mesmo como dar testemunho do Senhor Jesus como salvador porque um coração inclinado para o mau simplesmente demonstra que ainda não foi convertido ao Senhor. Tem certeza que é crente mesmo?
Apesar da aparente ironia, é absolutamente sério o que vai acima.

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