quinta-feira, 12 de junho de 2008

O SIGNIFICADO DO TERMO

O SIGNIFICADO DO TERMO
O termo católico (katolika) foi usado pela primeira vez por Inácio de Antioquia, para descrever a Igreja de seu tempo – nada tendo a ver com o romanismo. O sentido empregado é o de "universal", também nada tendo a ver com a seita "macedista". Por católica ele se referia à Igreja que partilhava a mesma fé em Cristo, segundo o ensino dos apóstolos, em um ambiente no qual proliferavam as mais diversas heresias.
A NECESSIDADE DO TERMO
Dentre as muitas heresias do período, contra as quais o termo foi usado, destacamos:
GNOSTICISMO – o termo gnosticismo é aplicado a uma variedade de movimentos religiosos dos sécs. I e II d.C. – embora diferindo entre si teológica, ritualística e eticamente, todos ofereciam salvação (fuga da existência material) pela gnose, um tipo de conhecimento oculto, uma relação íntima do ser com o eterno, inefável, através de um revelador especial (no cristianismo, este revelador seria Cristo – assim como e no espiritismo).
Um dos mais influentes gnósticos foi Valentiniano, que assegurou que o mundo surgiu de um par primordial, sendo composto de pleroma (espírito) e aeon (matéria). O espiritual, acabou preso na matéria, só podendo ser resgatado pela Sofia (sabedoria) – da qual Cristo é a encarnação. Jesus, o homem, teria sido "ocupado" pelo Cristo, tendo sua consciência cósmica despertada. O gnosticismo, embora sem muita força dentro do cristianismo, ainda persiste, embora disfarçadamente.
Outro grande gnóstico foi Marcion, o primeiro a elaborar uma lista de livros canônicos (partes do evangelho de Lucas, Atos e 10 cartas paulinas). Rejeitava o Deus do antigo testamento, Iaveh (o qualquer que seja a pronúncia correta), a quem julgava mau, legalista e vingativo, e dizia que o Deus a ser adorado era o Pai amoroso, revelado em Jesus Cristo.
NICOLAÍSMO – surgiu em Éfeso e Pérgamo (Ap 2.6 –15). Viviam licenciosamente, tanto moral quanto espiritualmente. Deles derivaram os gnósticos libertinos do séc. II.
DOCETISMO – sem expositor que se destacasse, o docetismo pode ser visto como um ramo do gnosticismo, rejeitando a verdadeira humanidade de Cristo, que, para eles, teria surgido já adulto, anunciado sua mensagem e enganado aos homens e a satanás com uma morte aparente (daí o nome docetismo = aparência).
MANIQUEÍSMO – negavam que Cristo tivesse duas naturezas – a divina e a humana (monofisismo). O mundo era visto por eles como o palco da disputa entre o bem e o mal. Colocavam Deus em pé de igualdade com satanás – e a posição tomada pelo homem pode determinar o resultado desta disputa. Nas crenças orientais esta concepção reflete-se na figura do yin-yang (ou, no horóscopo ocidental, no signo de peixes).
DONATISMO – seguidores do bispo Donato, que assegurava que ordenações feitas por pessoas que caíram não eram válidas. Assim saíram da fé tradicional cerca de 80 bispos africanos. Asseguravam que a eficácia dos sacramentos dependia do caráter moral dos ministrantes – e não do caráter de Deus. Contra os donatistas foi usada a força imperial pela primeira vez (Honório I) – prática que permaneceu até o séc. XX.
EUTIQUIANISMO – seguidores de Êutico, considerado o pai do monofisismo. Em meio a um debate sobre Cristo ser verdadeiro Deus e verdadeiro homem, Êutico preferiu não fazer distinção entre as naturezas divinas e humana de Cristo – mas dizia que a natureza humana de Cristo foi absorvida pela natureza divina e, assim, Cristo teria tido uma natureza, sempre. A humana até o batismo e a divina, daí em diante.
EBIONISMO – os ebionitas (pobres) atacavam a Igreja estabelecida, e diziam que os cristãos deveriam observar os rituais judaicos, ao mesmo tempo que abandonar todo o contato com o mundo.
O USO DO TERMO
Estes são apenas alguns exemplos das inúmeras heresias dos primeiros séculos do cristianismo. Em resposta às pressões que vinham de todos os lados, os cristãos precisavam definir o que seria a verdadeira Igreja – e, assim, poder lutar contra as falsas, batalhando pela fé que uma vez por todas foi entregue aos santos (Jd 1.3).
Além de enfrentar estas heresias, o cristianismo ainda tinha que se ver com a filosofia pagã, os mitos e mistérios orientais e a perseguição imperial.
Quais os critérios para se estabelecer quais Igrejas mereciam ser chamadas "segundo a fé ortodoxa" – aplicação do termo católico?
a. Fundação por um apóstolo;
Como poucas eram as Igrejas que podiam reivindicar tal característica, nesta característica também englobou-se também os discípulos ou enviados dos apóstolos.
b. Reconhecimento do cânon como normativo;
c. Reconhecimento da autoridade da Igreja (os concílios) sobre as autoridades particulares;
d. Manutenção da fé tal qual ensinada pelos apóstolos.
Assim, qualquer Igreja que não pudesse reivindicar para si tais características não podia ser considerada católica. É neste sentido que Agostinho diz que fora da Igreja católica (da Igreja verdadeira) não pode haver salvação.Assim, podemos afirmar que o termo católico ou universal não pode ser aplicado a uma denominação, bem como também não e aplicável a todas as denominações existentes.

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