Além de ser uma mensagem baseada em fatos reais, histórica, apontando para o que Jesus fez, ensinou e, também, para o que ele é [o mesmo ontem, hoje e eternamente), a Ceia do Senhor aponta também para a fé que os cristãos carregam em seu coração, e os impulsiona em suas ações diárias, causando, ao mesmo tempo, estranheza e curiosidade, admiração e perseguição.
Mas a mensagem da ceia não se restringe ao passado e ao presente, ela aponta também para o futuro, para uma viva esperança de glória. Paulo lembra que, quando os cristãos estão celebrando a ceia, comendo o pão e bebendo o cálice estão, na verdade, anunciando a sua esperança na volta do Senhor Jesus, que prometeu aos seus discípulos que voltaria para que eles estivessem com ele.
Para uma igreja que era assediada constantemente por judeus que diziam que Jesus não havia ressuscitado, por gentios que diziam que era um despropósito acreditar na ressurreição da carne era evidente que crer na volta de Jesus era um enorme desafio. Como crer na volta de quem não teria morrido? Como aguardar a volta gloriosa e corpórea de alguém que, no máximo, havia se tornado um espírito evoluído?
Materialistas e espiritualistas duvidam da ressurreição de Cristo, e, por isso, atacam também a doutrina da sua volta. Mas Deus, em sua palavra, anuncia diversas vezes que aquele que foi também retornará. Diz-nos que aquele que veio uma primeira vez, em humilhação e para sofrer em nosso lugar voltará para reinar com glória absoluta e irresistível.
E cabe aos cristãos anunciar este retorno glorioso. E os cristãos fazem isso enquanto celebram a Ceia do Senhor. Paulo determina aos coríntios, e por ser palavra inspirada de Deus para a sua Igreja de todas as épocas, que deve obedecer os mandamentos do Senhor à risca, que a ceia do Senhor seja celebrada até que o Senhor venha.
O cerne do evangelho é a morte vicária de Cristo, na cruz, em favor de seus eleitos. Cristo morreu para criar, para si mesmo, um povo exclusivamente seu. Sem a morte de Cristo não há evangelho, não há ceia, não há salvação. É por isso que a mensagem da Igreja não deve omitir, em momento algum, a cruz de Cristo.
E, se a Igreja esquecer-se de anunciar sua morte em qualquer outro tipo de mensagem, isto torna-se virtualmente impossível em se tratando as Ceia do Senhor. A ceia só faz sentido com um Cristo que se doa pelos seus discípulos. A ceia só faz sentido com um Cristo que vence a morte por seus eleitos. A ceia só faz sentido com o anúncio da sua volta gloriosa.
Participar da ceia faz com que a Igreja olhe para o passado, tirando dele forças para enfrentar as lutas do tempo presente, com a certeza da companhia do Senhor ao lado do seu povo, mas tendo como alento a esperança da glória que haverá de ser revelada nos filhos de Deus, no grande e terrível dia do Senhor.
Por mais que haja quem duvide, e, inclusive, chegue a pregar contra esta verdade, ou, no mínimo, a omiti-la, a verdadeira Igreja de Cristo continua repetindo à exaustão as palavras de João: Maranata, isto é, “Vem, Senhor”.
E ele virá. E a Igreja de Cristo continuará anunciando e celebrando a vida, a morte e a ressurreição do Senhor Jesus, apesar de toda a oposição (At 4.18-20 Chamando-os, ordenaram-lhes que absolutamente não falassem, nem ensinassem em o nome de Jesus. Mas Pedro e João lhes responderam: Julgai se é justo diante de Deus ouvir-vos antes a vós outros do que a Deus; pois nós não podemos deixar de falar das coisas que vimos e ouvimos), até que ele venha.
Ainda que o mundo duvide, ainda que a maioria duvide, ainda que mesmo muitos cristãos nominais não se preocupem com esta verdade a verdadeira Igreja não se esquivará de continuar anunciando a morte de Jesus na alegre expectativa de sua volta gloriosa (II Co 3.9 Porque, se o ministério da condenação foi glória, em muito maior proporção será glorioso o ministério da justiça).
CONSIDERAÇÕES FINAIS
Penso que, quando Paulo conclama os coríntios a examinarem-se a si mesmos, ele se refere a todos os problemas locais, às divisões, às diferentes filosofias e ideologias, à questão moral e até mesmo relacional, à perda da comunhão entre os irmãos, mas, também, refere-se à um desafio de fé: só deve participar da ceia do Senhor quem está ansioso por sua volta.
Que tal aproveitar este momento para, além de fazer um exame de si mesmo, de sua vida e de seus pecados, como tradicionalmente fazemos, fazer uma análise de sua fé?
Você realmente crê que Jesus está vivo e assentado à destra de Deus? Você realmente crê que ele não apenas está vivo, mas reinando sobre terra e céus? Mais que isso, você realmente crê que ele voltará para chamar os seus para si e condenar os ímpios? E ainda, você está pronto para este encontro? Você o deseja? Você o aguarda ansiosamente? Gostaria que fosse exatamente agora? E se fosse agora?
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