Já foi mencionado que é o verdadeiro evangelho que produz frutos para a vida eterna. E penso que esta é uma responsabilidade de cada cristão: dar tudo de si para que a verdadeira mensagem não seja esquecida sob quaisquer tesouros mundanos, sob quaisquer formas de filosofias, sob qualquer forma de legalismo ou cientificismo materialista e existencialista.
Esta não é uma batalha insignificante, é questão de vida ou
morte. É somente pelo verdadeiro evangelho que o bom perfume de Cristo será
percebido (II Co 2.15-17 Porque nós somos para com Deus o bom perfume
de Cristo, tanto nos que são salvos como nos que se perdem. Para com estes,
cheiro de morte para morte; para com aqueles, aroma de vida para vida. Quem,
porém, é suficiente para estas coisas? Porque nós não estamos, como tantos
outros, mercadejando a palavra de Deus; antes, em Cristo é que falamos na
presença de Deus, com sinceridade e da parte do próprio Deus).
Este evangelho tem, pelo menos, três características
fundamentais, sem os quais não pode ser chamado do evangelho de Cristo Jesus:
I.
CRISTO E A CRUZ
Não pode haver pregação do evangelho que se esqueça da cruz.
Quando Paulo deixou a cruz em segundo plano - na verdade, ele nem a menciona, o
resultado foi irrisório. No mesmo ambiente greco-romano, agora em Corinto,
Paulo resolve pregar apenas Cristo, e não um Cristo filosófico, mas o Cristo da
cruz, ou, mais precisamente, o Cristo das Escrituras (Jo 7.38 Quem
crer em mim, como diz a Escritura, do seu interior fluirão rios de água viva).
Para muitos anunciar um messias morto em uma cruz era
loucura, pois os filósofos acreditavam que era o conhecimento que produzia a
elevação do Espírito [como nas religiões espiritualistas reencarnacionistas);
outro grupo acreditava que era a negação de qualquer valor à carne que
produziria crescimento moral; outros acreditavam que era a lei [e a cruz era
símbolo de maldição - Dt 21.23 ...o seu cadáver não
permanecerá no madeiro durante a noite, mas, certamente, o enterrarás no mesmo
dia; porquanto o que for pendurado no madeiro é maldito de Deus; assim, não
contaminarás a terra que o SENHOR, teu Deus, te dá em herança) que
conduziria à salvação.
Paulo afirma que “Cristo morreu”, e todos sabiam em que lugar
Cristo havia morrido. Mencionar a morte de Cristo, real, é mencionar o seu
opróbrio e, também, a sua glória. Não é possível esquecer que a Escritura
afirma que, quando Cristo clamava “tetelestai” (Jo 19.30 Quando,
pois, Jesus tomou o vinagre, disse: Está consumado! E, inclinando a cabeça,
rendeu o espírito) aquilo era um brado de vitória, de cumprimento cabal do
seu ministério, apesar da angústia sentida (Jo 15.13 Ninguém tem
maior amor do que este: de dar alguém a própria vida em favor dos seus amigos).
Apesar de tudo isto, a cruz é, para Cristo, lugar de glória e
não de derrota, como seria para qualquer outro (Is 53.11 Ele verá o fruto do penoso trabalho de sua
alma e ficará satisfeito; o meu Servo, o Justo, com o seu conhecimento,
justificará a muitos, porque as iniquidades deles levará sobre si).
II.
A CRUZ E O FIM DA MALDIÇÃO
Se para a maioria dos homens a cruz seria a mais completa e
humilhante derrota, nela Cristo cravou a derrota da morte e do inferno (Cl
2.14-15 ...tendo cancelado o escrito de dívida, que era contra nós e que
constava de ordenanças, o qual nos era prejudicial, removeu- o inteiramente,
encravando-o na cruz; e, despojando os principados e as potestades,
publicamente os expôs ao desprezo, triunfando deles na cruz).
Na cruz Cristo remove a maldição que estava sobre os
pecadores (Gl 3.13 Cristo nos
resgatou da maldição da lei, fazendo-se ele próprio maldição em nosso lugar
(porque está escrito: Maldito todo aquele que for pendurado em madeiro),
ele toma sobre si as nossas dores, remove com seu sangue as nossas iniquidades
(Is 53.4 Certamente, ele tomou
sobre si as nossas enfermidades e as nossas dores levou sobre si; e nós o
reputávamos por aflito, ferido de Deus e oprimido), oferecendo-se como o
resgate (Hb 2.17 Por isso mesmo,
convinha que, em todas as coisas, se tornasse semelhante aos irmãos, para ser
misericordioso e fiel sumo sacerdote nas coisas referentes a Deus e para fazer
propiciação pelos pecados do povo) que nos abre o caminho para podermos nos
apresentar diante de Deus (Cl 1.21-23 E a vós outros também que, outrora, éreis estranhos e inimigos no
entendimento pelas vossas obras malignas, agora, porém, vos reconciliou no
corpo da sua carne, mediante a sua morte, para apresentar-vos perante ele
santos, inculpáveis e irrepreensíveis, se é que permaneceis na fé, alicerçados
e firmes, não vos deixando afastar da esperança do evangelho que ouvistes e que
foi pregado a toda criatura debaixo do céu, e do qual eu, Paulo, me tornei
ministro).
III.
A VITÓRIA NA MORTE
A morte de Cristo, na cruz, não foi por que ele merecia (I
Pe 3.18 Pois também Cristo morreu,
uma única vez, pelos pecados, o justo pelos injustos, para conduzir-vos a Deus;
morto, sim, na carne, mas vivificado no espírito), mas foi a morte de um
justo em lugar de pecadores dignos daquele lugar (Ez 18.20 A alma que pecar, essa morrerá; o filho não
levará a iniqüidade do pai, nem o pai, a iniqüidade do filho; a justiça do
justo ficará sobre ele, e a perversidade do perverso cairá sobre este). A
morte de Cristo, seu sangue derramado naquela cruz foi o preço a ser pago pela
nossa redenção (I Pe 1.18-19 ...
sabendo que não foi mediante coisas corruptíveis, como prata ou ouro, que
fostes resgatados do vosso fútil procedimento que vossos pais vos legaram, mas
pelo precioso sangue, como de cordeiro sem defeito e sem mácula, o sangue de
Cristo) - e esta verdade é essencial ao evangelho.
Os evangelistas não deixam dúvidas a respeito da morte de
Jesus - fazem questão de detalhar, inclusive, o seu sepultamento. Os romanos só
entregavam um corpo para o sepultamento após provas inquestionáveis da morte -
no caso, o fato de fazerem uma ferida em Jesus e sair “sangue e água” (Jo
19.34 Mas um dos soldados lhe abriu o lado com uma lança, e logo saiu
sangue e água), indicando hemorragia interna, falência pulmonar e cardíaca.
Era absolutamente necessário que Cristo fosse realmente
sepultado (Rm 6.4 Fomos, pois,
sepultados com ele na morte pelo batismo; para que, como Cristo foi
ressuscitado dentre os mortos pela glória do Pai, assim também andemos nós em
novidade de vida) porque nós também fomos sepultados com ele, e da morte
fomos retirados por Cristo, mas eles foram abandonados na morte, de modo que
podemos cantar a derrota definitiva da morte (I Co 15.26 O último inimigo a ser destruído é a morte)
e seu poder. Libertos do pecado em Cristo Jesus, libertos do temor da morte (I
Co 15.56 O aguilhão da morte é o
pecado, e a força do pecado é a lei) podemos cantar a vitória que nos foi
dada (I Co 15.55 Onde está, ó
morte, a tua vitória? Onde está, ó morte, o teu aguilhão?).
IV.
A VITÓRIA SOBRE A MORTE
Tudo isto remete ao ponto fundamental deste texto: a vitória
sobre a morte. Cristo não foi detido pela morte, mas ressuscitou ao terceiro
dia. A ressurreição de Cristo é um atestado, dado pelo próprio Deus, de que sua
obra (At 2.22 Varões israelitas, atendei a estas palavras: Jesus, o
Nazareno, varão aprovado por Deus diante de vós com milagres, prodígios e
sinais, os quais o próprio Deus realizou por intermédio dele entre vós, como
vós mesmos sabeis) e sacrifício foram aceitos (Hb 5.5 Assim,
também Cristo a si mesmo não se glorificou para se tornar sumo sacerdote, mas o
glorificou aquele que lhe disse: Tu és meu Filho, eu hoje te gerei).
É a ressurreição de Cristo que o próprio Deus nos dá como
penhor da nossa ressurreição (I Co 15.20 Mas, de fato, Cristo
ressuscitou dentre os mortos, sendo ele as primícias dos que dormem).
Podemos almejar a ressurreição dos mortos e a vida eterna porque Cristo, nosso
salvador, ressurgiu dos mortos (I Co 15.14 E, se Cristo não
ressuscitou, é vã a nossa pregação, e vã, a vossa fé) e é o doador da vida
(Jo 17.1-8 Tendo Jesus falado estas coisas, levantou os olhos
ao céu e disse: Pai, é chegada a hora; glorifica a teu Filho, para que o Filho
te glorifique a ti, assim como lhe conferiste autoridade sobre toda a carne, a
fim de que ele conceda a vida eterna a todos os que lhe deste).
Afirmar que Cristo ressuscitou é admitir a sua presença (Mt
28.20 ...ensinando-os a guardar todas
as coisas que vos tenho ordenado. E eis que estou convosco todos os dias até à
consumação do século), o seu reinado sobre os seus - é admitir também que
ele é capaz de dar a vida a quem ele quiser, que ele é galardoador de todos
quantos o seguem.
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