terça-feira, 13 de agosto de 2013

I. O CRISTÃO E A OBRIGAÇÃO DE ANUNCIAR O EVANGELHO

Todavia, não é qualquer evangelho que merece ser anunciado pelos cristãos. Paulo afirma a existência do evangelho, e de “outro evangelho” (Gl 1.6-9 Admira-me que estejais passando tão depressa daquele que vos chamou na graça de Cristo para outro evangelho, o qual não é outro, senão que há alguns que vos perturbam e querem perverter o evangelho de Cristo. Mas, ainda que nós ou mesmo um anjo vindo do céu vos pregue evangelho que vá além do que vos temos pregado, seja anátema). Assim, um falso evangelho não apenas não deve ser pregado pelos cristãos mas combatido com veemência.
O cristão não deve perder tempo com o anúncio de nada que não seja o evangelho de Cristo (I Rs 22.14 Respondeu Micaías: Tão certo como vive o SENHOR, o que o SENHOR me disser, isso falarei), vendo-o como uma obrigação (I Co 9.16 Se anuncio o evangelho, não tenho de que me gloriar, pois sobre mim pesa essa obrigação; porque ai de mim se não pregar o evangelho!) por mais atrativo que isto possa parecer (Cl 2.8 Cuidado que ninguém vos venha a enredar com sua filosofia e vãs sutilezas, conforme a tradição dos homens, conforme os rudimentos do mundo e não segundo Cristo).
Nos versos 1 e no início do 3 Paulo enfatiza que o evangelho é para ser lembrado, recebido e mantido com fidelidade. Paulo atesta que foi exatamente isto o que fez. Recebeu o evangelho e o passou adiante.
Após ter passado em Atenas e apresentado, no Areópago, um evangelho “temperado com filosofia” sem grandes resultados, ele decidiu pregar, entre os coríntios, apenas Cristo, e este crucificado (I Co 2.2 Porque decidi nada saber entre vós, senão a Jesus Cristo e este crucificado).
É incompreensível a indisponibilidade e indisposição crônicas de um grande número de cristãos para a com a pregação do evangelho. Tenho observado cristãos que afirmam não saber pregar o evangelho defendendo com convicção esportistas, políticos, programas televisivos e outros assuntos, muitas vezes com maior veemência do que muitos pregadores em seus púlpitos. Porque isto é assim? Ofereço pelo menos três respostas:

i. CONHECIMENTO

Se pedirmos para alguns cristãos citarem os nomes dos apóstolos de Jesus, ou os livros da bíblia talvez sejamos envergonhados. Mas se o assunto for os personagens da novela que está acabando, ou os jogadores de seu clube, o risco de vergonha é muito maior, porque muitos saberão.
E isto é assim porque investem muito tempo, estudam com afinco os personagens e as características dos jogadores de seus clubes, o que, infelizmente, não fazem em relação à Palavra de Deus (Js 1.8 Não cesses de falar deste Livro da Lei; antes, medita nele dia e noite, para que tenhas cuidado de fazer segundo tudo quanto nele está escrito; então, farás prosperar o teu caminho e serás bem-sucedido), apesar das advertências do Senhor de que um povo sem conhecimento é um povo condenado à destruição, mesmo que lenta (Os 4.6 O meu povo está sendo destruído, porque lhe falta o conhecimento. Porque tu, sacerdote, rejeitaste o conhecimento, também eu te rejeitarei, para que não sejas sacerdote diante de mim; visto que te esqueceste da lei do teu Deus, também eu me esquecerei de teus filhos).

ii. PAIXÃO

Uma segunda resposta é que sempre encontramos pessoas dispostas a darem sua vida por aquilo que amam. Paulo e os apóstolos consideravam a sua vida de pouco valor (I Ts 2.8 ...assim, querendo-vos muito, estávamos prontos a oferecer-vos não somente o evangelho de Deus, mas, igualmente, a própria vida; por isso que vos tornastes muito amados de nós) para que o evangelho fosse conhecido.
Conhecemos pessoas dispostas aos mais diversos e absurdos sacrifícios em prol de cantores, atletas e celebridades. E está se tornando cada vez mais raro encontrar pessoas dispostas a pelejar pela fé que uma vez por todas foi entregue aos santos (Jd 1.3 Amados, quando empregava toda a diligência em escrever-vos acerca da nossa comum salvação, foi que me senti obrigado a corresponder-me convosco, exortando-vos a batalhardes, diligentemente, pela fé que uma vez por todas foi entregue aos santos) e, muito menos, a dar a sua vida pela fé.
Enquanto a paixão, como o mundo a conhece, é destrutiva e busca principalmente a satisfação pessoal, o tipo de paixão que estamos nos referindo é aquele sentimento que se doa pelo próximo, ainda que isto resulte em sofrimento próprio. Enquanto a paixão mundana é egoísta, o sentimento de que falamos é altruísta.

iii. INTERESSE

Geralmente podemos observar isto em três áreas: no comércio, quando vendedores ganham por comissão, na religião, quando se acredita que as obras proporcionarão a melhoria espiritual e até mesmo a redenção [teoria da compensação) e, finalmente, na política, especialmente durante as eleições quando se pretende que determinado candidato consiga um cargo (e, por conseguinte, ofereça como recompensa vantagens aos seus apoiadores, como cargos, favores, etc...).
Como o verdadeiro cristianismo é uma religião onde as obras entram como consequência da salvação, e não como um meio, muitos cristãos não se sentem motivados para praticá-las, sob o tolo argumento de que já estão salvos mesmo.
O problema é que isto é uma tolice, ou, mais que isso, uma impiedade (Pv 22.13 Diz o preguiçoso: Um leão está lá fora; serei morto no meio das ruas) e falta de sabedoria (Pv 6.6 Vai ter com a formiga, ó preguiçoso, considera os seus caminhos e sê sábio), pois a palavra diz que o cristão, cheio de graça, é sempre abundante em boas obras (II Co 9.8 Deus pode fazer-vos abundar em toda graça, a fim de que, tendo sempre, em tudo, ampla suficiência, superabundeis em toda boa obra), as quais Cristo preparou para que andássemos nelas (Ef 2.10 Pois somos feitura dele, criados em Cristo Jesus para boas obras, as quais Deus de antemão preparou para que andássemos nelas).
Como o preguiçoso de Provérbios 22 qualquer justificativa serve para não fazer nada, por mais absurda que seja - até mesmo um cristão dizer que não tem conhecimento bíblico - e não o tem porque perde tempo com novelas, jogos e uma montanha de outras distrações.
Sei que é muito pouco, mas creio que teríamos um cristianismo, especialmente um presbiterianismo, muito mais consistente e poderoso se cada cristão reservasse ao menos meia hora por dia para leitura e meditação da Palavra, com orientações hermenêuticas adequadas dos líderes. Mas, infelizmente, não há interesse.
Encerro esta primeira abordagem com a convicção de que ser testemunha do Senhor Jesus, anunciando todas as coisas que ele tem nos ensinado não é uma questão de escolha, mas uma imposição do Senhor aos seus discípulos (Mt 28.19-20 Ide, portanto, fazei discípulos de todas as nações, batizando-os em nome do Pai, e do Filho, e do Espírito Santo; ensinando-os a guardar todas as coisas que vos tenho ordenado. E eis que estou convosco todos os dias até à consumação do século), um mandamento que deve ser cumprido por aqueles que o amam (Jo 15.14 Vós sois meus amigos, se fazeis o que eu vos mando) mesmo se o ambiente não for favorável (Rm 8.36 Como está escrito: Por amor de ti, somos entregues à morte o dia todo, fomos considerados como ovelhas para o matadouro).

Porque pregar o evangelho? Porque ele é o poder de Deus para salvação de todo aquele que nele crê (Rm 1.16 Pois não me envergonho do evangelho, porque é o poder de Deus para a salvação de todo aquele que crê, primeiro do judeu e também do grego). Porque Deus resolveu salvar pecadores pela loucura da pregação (I Co 1.21 Visto como, na sabedoria de Deus, o mundo não o conheceu por sua própria sabedoria, aprouve a Deus salvar os que creem pela loucura da pregação). Isto nos conduz ao segundo ponto deste estudo:

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