Porque Patriota
caiu?
Tem coisas
que eu entendo, mas que ficam realmente difíceis de serem explicadas. Uma delas
é a queda do chanceler Antônio Patriota da chefia do Itamaraty. Porque ele
caiu? Para começar a entender é preciso voltar quase dois anos nesta história. Há
exatos 445 dias um político de oposição ao regime bolivariano de Evo Morales - o
mesmo que tungou parte da Petrobrás (num processo que tem levado a empresa a
valer cada vez menos) sem um pio do governo brasileiro porque Evo é aliado do
PT no Foro de São Paulo – pediu asilo na embaixada brasileira por estar sendo
perseguido política e juridicamente pelo narcopresidente.
Pelas convenções
internacionais, especialmente uma firmada no âmbito do Mercosul, o governo
boliviano tinha que conceder salvo-conduto para o senador Roger Molina deixar o
país – prazo que a Bolívia estendeu por 1 ano, dois meses e 20 dias, enrolando
o governo brasileiro. Espere, enrolando? Não, o governo brasileiro não fez nem
uma cobrança formal neste longo período. Tinha outras coisas mais importantes a
tratar, como hoje se sabe. O Brasil não insistiu, e Molina ia ficando por lá.
Como no
Itamaraty também tem gente que não reza pela cartilha do Foro de São Paulo, o
diplomata Eduardo Saboia resolveu a questão de uma maneira aventuresca, deixando
de informar seus superiores, trouxe para o Brasil o senador boliviano. Saboia sabe
que sua carreira diplomática está proporcionalmente ligada ao tempo que o PT
continuará a exercer o poder no Brasil. Vai para a geladeira, muito em breve,
assim que a poeira baixar.
A Bolívia vinha
agindo contra as convenções internacionais, contra tratados de reciprocidade
entre os países e, no final das contas, Patriota caiu. E porque caiu? Porque não
sabia que Saboia ia fazer o que Dilma e Evo Morales não queriam: tirar o
senador Molina da Bolívia. Patriota caiu porque não conseguiu manter Molina
preso na Bolívia, como manterão os cubanos presos no Brasil, como mantiveram
presos dois pugilistas cubanos aqui até devolverem-nos aos seus feitores
castristas – gostaria, inclusive, de saber como eles andam, se ainda estão
vivos.
Há,
entretanto, o lado da Bolívia nesta história. Saboia passou por 6 barreiras, e
teve que negociar a passagem do carro oficial da embaixada em cada uma delas. É
impossível que os bolivianos não soubessem quem estava sendo conduzido dentro
do carro. O colunista Reinaldo Azevedo levanta a seguinte questão:
Querem saber?
Tudo indica que o Brasil acabou vítima de uma embromação boliviana. Não sei,
não! Mas é possível que o índio de araque tenha passado uma rasteira no Brasil.
Ora, ora… Se o governo boliviano sabia que um adversário seu estava refugiado
na embaixada e se lhe recusava o salvo-conduto, o normal, convenham, é que essa
embaixada estivesse sendo monitorada a uma prudente distância: o bastante para
não parecer hostil com o Brasil, mas o suficiente para que se percebesse alguma
movimentação estranha. Parece bastante plausível que o governo boliviano
quisesse se livrar do pepino, mas sem dar a entender que cedeu — e jogando,
adicionalmente, a responsabilidade nas costas do Brasil. O Brasil virou o cobre
de plantão do governo boliviano — somos vistos por lá como imperialistas,
entendem? Mais dia menos dia, o senador tentaria deixar o prédio. E foi o que
fez. É grande a chance de que o governo boliviano soubesse da fuga. Preferiu,
no entanto, resolver a questão. Os protestos e exigências de esclarecimento —
bem como o pedido de extradição — fazem
parte do espetáculo. Quem sabe Evo não arranca mais alguns trocos do Brasil,
não é?
Então, se o
governo boliviano sabia, Porque patriota caiu?
Patriota caiu
porque não conseguiu manter as aparências, e Dilma já o considerava fraco e sem
comando, mas, ao mesmo tempo, foi incompetente para fazer a vontade do Foro de
São Paulo. Patriota caiu porque não fez as vontades de Evo e Dilma, não por que
não quisesse. Patriota caiu porque não é bom ator, como Evo. Enfim, Patriota
caiu porque a pátria, para o PT, é o Foro de São Paulo. Creio que, nesta
história, Dilma sofreu um embuste de Evo, e sua reação imediata ao demitir
Patriota indica isso. Talvez agora ela já saiba, mas não vai admitir,
readmitindo Patriota. E Evo Morales ainda posa de vítima para seus conterrâneos,
enquanto aqui, temos mais uma crise que evidencia o que todo o mundo já sabe: o
Brasil é a casa mãe Joana onde cubanos, bolivianos, venezuelanos e afins fazem
o que bem entendem, desde que sejam amigos da mãe Dilmona.
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