terça-feira, 6 de agosto de 2013

A CEIA: UMA MENSAGEM DO PASSADO [Parte I] Estudos em I Co 11.23-26

Paulo nos ensina que a Santa ceia é, antes de mais nada, UMA MENSAGEM VINDA DO PASSADO, isto é, é o relato de um evento histórico. Os versos 23 a 25 estão cheios de verbos e expressões como “recebi”, “entreguei”, “foi traído”, “tomou o pão”, “tendo dado”, “partiu”, “disse” e “fazei” para evocar que o cristão não deve se esquecer do que seu Senhor fez.
A ceia é uma celebração para ser realizada lembrando tudo o que Jesus fez, não apenas naquela noite, mas evocando a própria pessoa e obra do Senhor Jesus.
Paulo enfatiza a pessoa, e não os feitos ou ensinamentos de Jesus porque nos dias e na região onde eles viviam havia muitos mitos a respeito de heróis, semideuses e deuses e seus feitos mitológicos (Hércules, Romulo e Remo), dando origem a dinastias, cidades e reinos.
Jesus não deveria ser visto como mais um destes realizadores de feitos extraordinários, pois ele era muito mais que isso. Jesus não era um simples homem que alcançara a divindade, como Hercules;  não era um filho de uma divindade em uma de suas aventuras terrenas, mas era o próprio Deus que se fizera carne - o Filho que, por sua própria vontade, havia experimentado toda a angústia natural aos homens e vencido, como verdadeiro homem - em quem, corporalmente, habitava nos seus dias e, ainda hoje habita, a plenitude da divindade (Cl 2.9 ...porquanto, nele, habita, corporalmente, toda a plenitude da Divindade).
Paulo podia citar pessoas que estiveram presentes no momento em que o Senhor instituíra a Ceia, podia evocar o testemunho de dezenas, talvez centenas de pessoas, que viram os feitos e ouviram os discursos de Jesus (I Co 15.6 Depois, foi visto por mais de quinhentos irmãos de uma só vez, dos quais a maioria sobrevive até agora; porém alguns já dormem). Lucas, companheiro de Paulo, havia feito uma cuidadosa pesquisa a respeito do que se passara, e certamente Paulo tinha conhecimento do resultado desta pesquisa [o evangelho de Lucas e o livro de Atos dos Apóstolos).
O que Paulo lembra aos coríntios é que a fé que eles possuíam em seu coração não era uma invenção de homens, mas era resultado da ação do consolador, enviado pelo próprio Jesus, no coração dos que creram.
Não podemos nos esquecer que o apóstolo João afirma que contou a história de Jesus (e creio que este era também o objetivo dos demais apóstolos) com um propósito: o de levar à fé os que dela tomassem conhecimento (Jo 20.31 Estes, porém, foram registrados para que creiais que Jesus é o Cristo, o Filho de Deus, e para que, crendo, tenhais vida em seu nome), e certamente esta mensagem havia causado transformações significativas na vida dos coríntios. Mas, por motivos diversos, por carnalidade e conformidade com o mundo, esta mensagem estava sendo esquecida por aqueles que eram, verdadeiramente, crentes no Senhor Jesus. Paulo não duvida de sua fé, mas os repreende por sua carnalidade e infantilidade espiritual.
Dois mil anos depois, nós, cristãos do século XXI, que estamos incluídos tanto nos habitantes dos confins da terra como na multidão dos bem aventurados crentes que não tiveram o privilégio de ver com os olhos carnais (Jo 20.29 Disse-lhe Jesus: Porque me viste, creste? Bem-aventurados os que não viram e creram), embora andemos pela fé, e não pelo que vemos (II Co 5.7  ...visto que andamos por fé e não pelo que vemos), também precisamos ser constantemente lembrados que Jesus é, verdadeiramente, o filho de Deus.
Precisamos ser lembrados da vida e da morte de Jesus Cristo. São inúmeras as “distrações” apresentadas aos olhos da Igreja para que ela se  esqueça de Cristo, crucificado (I Co 2.2 Porque decidi nada saber entre vós, senão a Jesus Cristo e este crucificado). Falsas teologias, muitas delas aparentemente muito piedosas, filosofias, religiosidade de poder, carreira, sucesso...
São tantas coisas que ficaria longo e entediante enumerá-las, mas que cada um de nós sabe exatamente qual é, pois a Escritura nos diz que o pecado tenazmente nos assedia [não um pecado em particular, mas o pecado, isto é, aquilo contra o qual Paulo lutava com todas as suas forças e percebeu que só em Cristo obteria vitória - Hb 12:1 Portanto, também nós, visto que temos a rodear-nos tão grande nuvem de testemunhas, desembaraçando-nos de todo peso e do pecado que tenazmente nos assedia, corramos, com perseverança, a carreira que nos está proposta). E é em Cristo, somente em Cristo, que elas são vencidas. E esta é a mensagem da Santa Ceia: em Cristo obtemos a vitória sobre o pecado, sobre a tentação, sobre o mundo, sobre o inimigo e, inclusive, sobre nossos próprios desejos corruptos.
É na ceia que somos chamados a examinarmo-nos a nós mesmos, e, então, percebermos que nossos esforços nos levavam cada vez mais para o abismo, e Cristo nos deu vitória - a nós e à sua Igreja, individual e comunitariamente.
Olhemos para trás, olhemos para Cristo, mantenhamos nosso olhar no autor e consumador da fé (Hb 12.2 ...olhando firmemente para o Autor e Consumador da fé, Jesus, o qual, em troca da alegria que lhe estava proposta, suportou a cruz, não fazendo caso da ignomínia, e está assentado à destra do trono de Deus), não desmaiemos em nossas lutas (Hb 12.3 Considerai, pois, atentamente, aquele que suportou tamanha oposição dos pecadores contra si mesmo, para que não vos fatigueis, desmaiando em vossa alma), e  ao mesmo tempo olhemos para frente, prossigamos para o prêmio da soberana vocação - pois aquele que suportou a oposição dos pecadores também nos diz que, nele, somos mais que vencedores (Rm 8.37 Em todas estas coisas, porém, somos mais que vencedores, por meio daquele que nos amou).


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