Algum tempo atrás eu escrevi um post sobre moralidade, imoralidade e amoralidade. Na sociedade brasileira há uma sociedade que se apresenta como bastião da moralidade, como um clube onde imorais não entram. Apregoam – e sabe-se que isto é mais um dos muitos mitos que conhecemos – fazer uma verdadeira devassa na vida dos possíveis candidatos, rejeitando qualquer um que não possua uma ficha impoluta. Se tivéssemos acesso à lista dos maçons nacionais, veríamos que muitos deles não se encontram entre os mais puros de corações que conhecemos.
Por outro lado a maçonaria é apresentada [por seus inimigos] como uma grande confraternização de conspiradores, pessoas que se reúnem para planejar os destinos da sociedade e realizar golpes escusos. Acho que não possuem todo este poder. Meu ponto de vista é que é mais uma agremiações de pessoas que têm interesses os mais diversos, e que, por motivos honestos ou não, sentem que tornando-se membros desta sociedade poderão atingí-los mais facilmente, já que seu "confrade" tem a obrigação de ajudá-lo. Um exemplo: um arquiteto que precisa de trabalho em tese será ajudado por um empreiteiro membro da mesma sociedade. Um advogado poderá ter algum grau de favorecimento se um juiz for seu colega de "farda".
Entretanto, reportagem da revista época [aqui] apresenta uma faceta insuspeita da gangue, digo, da sociedade secreta: um grupo de juízes matogrossenses, maçons, que foram afastados pelo Conselho Nacional de Justiça por desviarem para a maçonaria mais de R$ 1.4 milhão do Tribunal de Justiça do Mato Grosso em benefício da construção de uma sede da entidade. São eles: desembargador José Ferreira Leite [presidente do tribunal e grão mestre da ordem]; juízes Horácio da Silva Neto e Marcelo Barros [auxiliares de Ferreira no tribunal e assessores jurídicos na maçonaria. E os juízes Irênio lima Fernandes e Marcos Aurélio dos Reis Ferreira [presidente do Tribunal Eleitoral Maçônico e deputado na Assembléia Legislativa Maçônica]. O primeiro usou o status de presidente para promover os demais "confrades" dentro da hierarquia judiciária matogrossense. Será por isso que é bom ser maçom? Para ter uma ajudinha? E depois retribuir?
Além destes cinco citados nominalmente acima, outros dois desembargadores e três juízes também foram afastados. A punição aos dez magistrados foi apenas a de aposentadoria compulsória, pena máxima de processos administrativos que o Conselho Nacional de Justiça pode julgar – o que é lamentável. Os juízes ladrões vão continuar a receber, mensalmente, como punição [?], bem mais do que 40 brasileiros conseguem trabalhando. O conselheiro do Conselho Nacional de Justiça, Ives Gandra Martins, lamenta este descalabro, mas nada pode fazer porque a lei da magistratura não mudou: esta é a pena máxima. Enquanto a lei não muda, uma punição mais severa depende de inquérito criminal que investiga peculato, apropriação de dinheiro público. A pena é de dois a 12 anos de prisão, mas não se aplica a réus primários – caso destes bandidos togados e paramentados. Se condenados, o máximo que pode acontecer aos bandidos magistrados maçons é seguirem livres para continuarem o trabalho em entidades privadas – mas sem a aposentadoria pública. Ou seja, nada de cadeia. Aconteça o que acontecer, já se sabe: para estes ladrões, a liberdade e um bom salário pelo resto de suas porcas vidas.
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