domingo, 7 de março de 2010

OS CAMINHOS DA IGREJA NO SÉCULO XXI – EXPRESSIONISMO CULTURAL

EXPRESSIONISMO CULTURAL

A segunda alternativa – é uma variante da primeira – que se tem proposto é que a Igreja se torne um veículo de sua própria cultura. Assim, nada mais natural que tenha receptividade nos locais onde se encontre. Sua mensagem aculturada se adapta às preferências de um dado lugar, não questiona os valores vigentes e vai de onda em onda. Como um golfista escolhe o taco de acordo com o terreno que precisa vencer em suas tacadas, assim tem sido com boa parte das chamadas igrejas evangélicas. Não precisam de teologia, não precisam de dogmas, precisam apenas conhecer a cultura na qual estão inseridas, e adequar-se a elas, travestir a cultura com o evangelho é dizer: é assim que a bíblia deve ser interpretada no séc. XXI.

Um exemplo que podemos aduzir, neste momento, é a questão do pecado. O que é pecado? Segundo as Escrituras é a falta de conformidade com o padrão estabelecido por Deus [Rm 3.23 - ... pois todos pecaram e carecem da glória de Deus], é a quebra de um ou mais mandamentos. E mandamentos são ordens que devem ser obedecidas [Sl 119.4 - Tu ordenaste os seus mandamentos para que os cumpramos à risca] sem questionamento pelo simples motivo que Deus tem o direito, como criador e preservador, de ser obedecido. Todavia, para esta Igreja que busca relevância cultural, pecado é apenas a expressão de inconformidade com normas vigentes – e se algo é socialmente aceito, culturalmente defensável, então, deve ser tolerado. Não é por outra causa que há Igrejas que defendem o aborto, o homossexualismo, a eutanásia, etc.

Outro exemplo que podemos afirmar é o do arrependimento, da conversão e santificação. O que é isto? À luz da bíblia o arrependimento é um sentimento de tristeza e pesar pelo pecado cometido, pela ofensa contra Deus – e isto resulta numa conversão, isto é, mudança de mente e comportamento, constante e progressiva, à partir de um coração impactado pela mensagem redentora de um Deus amoroso que deu seu próprio filho como resgate pelos pecados de inimigos. Mas para uma Igreja que deseja a relevância cultural o arrependimento vai ser pouco mais que o medo de ter seus atos vergonhosos descobertos e punidos dentro da sociedade na qual convive, e a conversão vai ser apenas a adesão a normas "sociais" e "eclesiásticas", a mandamentos humanos [Is 29.13 - O Senhor disse: Visto que este povo se aproxima de mim e com a sua boca e com os seus lábios me honra, mas o seu coração está longe de mim, e o seu temor para comigo consiste só em mandamentos de homens, que maquinalmente aprendeu...], e, desta forma, a santificação passa a ser vista muito mais como um crescimento dentro desta mesma sociedade.

Uma entidade assim não tem uma mensagem a oferecer – torna-se um clube, um ponto de encontro, um dado da cultura, um ponto na paisagem [pode até ser influente, interessante, socialmente relevante], mas não tem objetivo de transformar vidas, de salvar almas, de glorificar a Deus – apenas deseja manter-se ativa. Não conta com o poder de Deus numa sincera confissão de fé para continuar existindo [Mt 16.18 - Também te digo que tu és Pedro, e sobre esta pedra edificarei a minha Igreja, e as portas do inferno não prevalecerão contra ela] e por isso precisa se travestir de uma pretensa relevância cultural.

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