sábado, 13 de julho de 2013

A RESSURREIÇÃO COMEÇA AGORA - ESTUDO EM I Co 15



SE NÃO COMEÇAR AGORA, NÃO HAVERÁ RESSURREIÇÃO PARA A VIDA ETERNA

I Co 15.28-34
28  Quando, porém, todas as coisas lhe estiverem sujeitas, então, o próprio Filho também se sujeitará àquele que todas as coisas lhe sujeitou, para que Deus seja tudo em todos.
29  Doutra maneira, que farão os que se batizam por causa dos mortos? Se, absolutamente, os mortos não ressuscitam, por que se batizam por causa deles?
30  E por que também nós nos expomos a perigos a toda hora?
31  Dia após dia, morro! Eu o protesto, irmãos, pela glória que tenho em vós outros, em Cristo Jesus, nosso Senhor.
32  Se, como homem, lutei em Éfeso com feras, que me aproveita isso? Se os mortos não ressuscitam, comamos e bebamos, que amanhã morreremos.
33  Não vos enganeis: as más conversações corrompem os bons costumes.
34  Tornai-vos à sobriedade, como é justo, e não pequeis; porque alguns ainda não têm conhecimento de Deus; isto digo para vergonha vossa.

O que é, para o cristão, a doutrina da ressurreição?
Para o apóstolo Paulo ela é uma verdade tão essencial e presente a ponto de considerar a própria vida apenas um benefício em prol da Igreja gentílica ainda nascente (Fp 1:22-24 Entretanto, se o viver na carne traz fruto para o meu trabalho, já não sei o que hei de escolher. Ora, de um e outro lado, estou constrangido, tendo o desejo de partir e estar com Cristo, o que é incomparavelmente melhor. Mas, por vossa causa, é mais necessário permanecer na carne).
Paulo conhece seu valor e importância como o “apóstolo dos gentios”, mas, ao mesmo tempo, almeja algo muito melhor, que é estar com Cristo na glória - e isto passava pela morte e consequente ressurreição (Fp 1:21 Porquanto, para mim, o viver é Cristo, e o morrer é lucro).
O cristianismo verdadeiro é diferente de todas as outras doutrinas porque, enquanto a maioria é muito útil para esta vida, mas de nenhuma eficácia na eternidade, a fé cristã é da eternidade para ser vivenciada desde já, numa viva esperança de glória.
Lamentavelmente, assim como a Igreja coríntia, a Igreja moderna tem incorrido em dois erros: por um lado enfatiza demasiadamente a fé para esta vida, transformando-a numa busca desenfreada por realizações aqui e agora. Embora ainda pecadores querem viver usufruindo um estilo de vida materialista sem contratempos, como se já estivessem glorificados. Para manter esta farsa apelam até mesmo para a mistificação, para a mentira.
Outro erro lamentável é o de viver como se a fé se relacionasse apenas com a eternidade, sem os efeitos morais e éticos práticos na vida diária.
Mentirosos continuam mentindo, ladroes continuam roubando, ímpios permanecem em suas impiedades, devassos continuam em sua vida luxuriosa (Ap 22:11 Continue o injusto fazendo injustiça, continue o imundo ainda sendo imundo; o justo continue na prática da justiça, e o santo continue a santificar-se) enquanto afirmam de nariz empinado e dura cerviz que “uma vez salvos, salvos para sempre” como se a salvação, o novo nascimento, não fosse fruto do arrependimento de uma vida sem frutos (I Pe 1:18 ...sabendo que não foi mediante coisas corruptíveis, como prata ou ouro, que fostes resgatados do vosso fútil procedimento que vossos pais vos legaram) e desse origem a uma nova vida que seja digna da vocação santa  (Ef 4:1 Rogo-vos, pois, eu, o prisioneiro no Senhor, que andeis de modo digno da vocação a que fostes chamados) daquele que nos chama das trevas para a luz (At 26:18 ...para lhes abrires os olhos e os converteres das trevas para a luz e da potestade de Satanás para Deus, a fim de que recebam eles remissão de pecados e herança entre os que são santificados pela fé em mim).
Paulo sentiu a necessidade de lembrar aos cristãos coríntios que a ressurreição era uma expectativa e uma certeza de fé (Hb 11:1 Ora, a fé é a certeza de coisas que se esperam, a convicção de fatos que se não vêem) que eles deviam carregar enquanto serviam ao Senhor nesta vida.
A pregação de Paulo não era apenas escatológica. Sua soteriologia era prática, carregava exigências para o hoje, aqui, agora.
Qual a razão de viver como cristão se não houvesse a ressurreição? E como esperar a ressurreição sem viver em novidade de vida (Rm 6:4 Fomos, pois, sepultados com ele na morte pelo batismo; para que, como Cristo foi ressuscitado dentre os mortos pela glória do Pai, assim também andemos nós em novidade de vida), sem vida cristã? Não são duas coisas complementares ou excludentes, mas apenas uma vida, uma vida de glória em glória (II Co 3:18 E todos nós, com o rosto desvendado, contemplando, como por espelho, a glória do Senhor, somos transformados, de glória em glória, na sua própria imagem, como pelo Senhor, o Espírito).
Para melhor entendermos o texto precisamos, antes, fazer uma observação preliminar. Paulo observa que a prática religiosa coríntia apontava para a crença na ressurreição. Dado o objetivo da carta (tratar de problemas que afetavam a eficácia do testemunho daquela comunidade) ele apenas menciona o costume de alguns que se batizavam por causa dos mortos (“eles” no verso 29: Doutra maneira, que farão os que se batizam por causa dos mortos? Se, absolutamente, os mortos não ressuscitam, por que se batizam por causa deles?), mas não se inclui - é bastante provável que o “nós” do verso  30 (E por que também nós nos expomos a perigos a toda hora?) se referisse à toda a Igreja ou, ao menos, à parte da cristandade que ele considerava ortodoxa e portadora da fé que uma vez por todas fora entregue as santos (Jd 1:3 ...Amados, quando empregava toda a diligência em escrever-vos acerca da nossa comum salvação, foi que me senti obrigado a corresponder-me convosco, exortando-vos a batalhardes, diligentemente, pela fé que uma vez por todas foi entregue aos santos) e que ele recebera do próprio Senhor (Gl 1:12  ...porque eu não o recebi, nem o aprendi de homem algum, mas mediante revelação de Jesus Cristo).
De todo modo, é evidente que Paulo não se inclui entre os que aderiram a esta prática que não encontra respaldo em lugar algum das Escrituras - ela é mencionada apenas uma vez, uma única vez, e ainda assim como uma prática de uma igreja com sérios problemas litúrgicos.
Paulo usa os praticantes desta espécie de necrobatismo como uma introdução para argumentar sobre os efeitos da crença na ressurreição para a vida e o testemunho dos cristãos. Ela funcionava como um dínamo, uma moleque o impulsionava em seu testemunho, em seu ministério e pregação.
Quais são os efeitos práticos, na vida quotidiana, de se acreditar na ressurreição dos mortos?
CRER NA RESSURREIÇÃO TRAZ SENTIDO À VIDA CRISTÃ
Já mencionamos em outras mensagens que o cristão é um cidadão estranho. Vive no mundo, mas não pertence a ele. Obedece às suas leis e autoridades (Rm 13:1 Todo homem esteja sujeito às autoridades superiores; porque não há autoridade que não proceda de Deus; e as autoridades que existem foram por ele instituídas), mas sua lealdade é a um legislador superior a todos os homens, todas as autoridades deste mundo (At 5:29 Então, Pedro e os demais apóstolos afirmaram: Antes, importa obedecer a Deus do que aos homens).
Enquanto o mundo ensina a busca de autossatisfação a qualquer custo, sua atitude deve ser a de abnegação e serviço (Hb 13:17 Obedecei aos vossos guias e sede submissos para com eles; pois velam por vossa alma, como quem deve prestar contas, para que façam isto com alegria e não gemendo; porque isto não aproveita a vós outros) para agradar ao seu Senhor (Cl 3:24  ...cientes de que recebereis do Senhor a recompensa da herança. A Cristo, o Senhor, é que estais servindo).
No contexto de Paulo e, ainda hoje, em alguns lugares, ser cristão não era uma parte da cultura. O cristianismo era uma “religio ilícita”, uma religião incluída no rol dos crimes de “majestas”, uma ofensa moral e pessoal ao próprio imperador. Ser cristão implicava apenas em ser discriminado ou ridicularizado.
Ser cristão era ser considerado um criminoso digno de morte (Rm 8:36 Como está escrito: Por amor de ti, somos entregues à morte o dia todo, fomos considerados como ovelhas para o matadouro). Podia-se perder tudo apenas por ser cristão. E os cristãos viam isto não como uma tragédia, mas como um privilégio que o Senhor lhes concedia (I Pe 4:13 ...pelo contrário, alegrai-vos na medida em que sois coparticipantes dos sofrimentos de Cristo, para que também, na revelação de sua glória, vos alegreis exultando).
Muitos milhares de cristãos pereceram por sua fé. Ninguém, a não ser o Senhor, sabe seus nomes porque eles estão registrados no livro da vida porque foram fiéis até a morte (Ap 21:27 Nela, nunca jamais penetrará coisa alguma contaminada, nem o que pratica abominação e mentira, mas somente os inscritos no Livro da Vida do Cordeiro). Como encontrar coragem para enfrentar o martírio sem a crença na ressurreição?
Que sentido fazia abandonar todas as honrarias e prazeres mundanos, correndo perigos, vivendo sob constante ameaças, se a ressurreição não fosse real? Como explicar a ousadia do antes impulsivo mas receoso Pedro? Como explicar sua alegria em sofrer quando antes ele estava disposto a matar? Como explicar a transformação de Paulo, de algoz e perseguidor da Igreja no missionário que apanhava, naufragava, era preso, apedrejado, mas se mantinha firme e alegre, mesmo quando soube da sua morte iminente (Fp 2:17 Entretanto, mesmo que seja eu oferecido por libação sobre o sacrifício e serviço da vossa fé, alegro-me e, com todos vós, me congratulo).
A bíblia afirma que aquilo que o homem acredita ser influencia o que ele é na prática. A fé na ressurreição influencia o dia-a-dia do cristão. Se a fé é apenas um conjunto de ideias que só servem para dar algum conforto moral então ela vai ser bastante útil para esta vida, uma vida de um cristianismo vazio, sem renúncia, sem transformação, sem arrependimento, sem conversão, sem esperança de glória. Lamento dizer mas isto não é fé. É um mero conjunto de conceitos e costumes. Para Paulo a fé implicava em sentido para a vida - uma vida segundo Cristo e não segundo o curso deste mundo, erro contra o qual somos advertidos pelo apóstolo (Cl 2:8 Cuidado que ninguém vos venha a enredar com sua filosofia e vãs sutilezas, conforme a tradição dos homens, conforme os rudimentos do mundo e não segundo Cristo).
Os cristãos do séc. I não tinham a vida mansa e relaxada, sem perigos, dos cristãos do III milênio. Certamente eles seriam bons cristãos hoje, forjados que foram no fogo da perseguição, mas será que os cristãos de hoje seriam por eles considerados, pelo menos, cristãos? Será que estes modernos cristãos ao menos iam querer serem membros de uma Igreja sob constante perigo e ameaças de morte? Será que os cristãos de nosso tempo teriam peito para andar como cristãos como hoje se enchem de slogans evangélicos? Duvido que ousassem fazer uma marcha que Jesus nunca pediu, por exemplo.
 CRER NA RESSURREIÇÃO DÁ PODER PARA BATALHAR PELA FÉ
Judas conclama os cristãos a batalharem pela fé que uma vez por todas foi entregue aos santos (Jd 1:3 ...Amados, quando empregava toda a diligência em escrever-vos acerca da nossa comum salvação, foi que me senti obrigado a corresponder-me convosco, exortando-vos a batalhardes, diligentemente, pela fé que uma vez por todas foi entregue aos santos). Certamente se envergonharia - ou chamaria muitos a se envergonharem - de seu cristianismo morto e, pior do que sem obras, cheio de más obras.
Em tempos de politicamente correto temos um cristianismo inepto,  vazio, sem vigor e sem sentido. Um cristianismo não vivido. Provavelmente a sabedoria do cristianismo do séc. XXI não ousaria enfrentar o sindicado dos ourives de Éfeso (At 19.24-28 Pois um ourives, chamado Demétrio, que fazia, de prata, nichos de Diana e que dava muito lucro aos artífices, convocando-os juntamente com outros da mesma profissão, disse-lhes: Senhores, sabeis que deste ofício vem a nossa prosperidade e estais vendo e ouvindo que não só em Éfeso, mas em quase toda a Ásia, este Paulo tem persuadido e desencaminhado muita gente, afirmando não serem deuses os que são feitos por mãos humanas. Não somente há o perigo de a nossa profissão cair em descrédito, como também o de o próprio templo da grande deusa, Diana, ser estimado em nada, e ser mesmo destruída a majestade daquela que toda a Ásia e o mundo adoram. Ouvindo isto, encheram-se de furor e clamavam: Grande é a Diana dos efésios!).
Vale lembrar que ali estava uma das maravilhas do mundo antigo, o grande templo de Diana (Atos 19:35  O escrivão da cidade, tendo apaziguado o povo, disse: Senhores, efésios: quem, porventura, não sabe que a cidade de Éfeso é a guardiã do templo da grande Diana e da imagem que caiu de Júpiter?).
Paulo lembra que como feras enraivecidas se levantaram contra ele (I Co 15:32 Se, como homem, lutei em Éfeso com feras, que me aproveita isso? Se os mortos não ressuscitam, comamos e bebamos, que amanhã morreremos) e exigiram sua morte. E quase o conseguiram. Como enfrentar uma turba daquelas se temesse pela própria vida, se não tivesse a certeza absoluta da ressurreição de entre os mortos e da vida eterna?
Pedro e João enfrentaram o mesmo sinédrio que conseguira a morte de Jesus e lhes proibia de anunciarem a sua ressurreição (At 4.18-20 Chamando-os, ordenaram-lhes que absolutamente não falassem, nem ensinassem em o nome de Jesus. Mas Pedro e João lhes responderam: Julgai se é justo diante de Deus ouvir-vos antes a vós outros do que a Deus; pois nós não podemos deixar de falar das coisas que vimos e ouvimos). Como obter poder para testemunhar ali sem a certeza da ressurreição. É inexplicável e humanamente impossível sem a ressurreição como resposta.
Paulo afirma que, sem a fé na ressurreição, é melhor dedicar-se aos negócios desta vida, é melhor comer e beber pois o fim é certo. Não há, para o materialista, outro caminho que não o do mundanismo, do hedonismo. Para o materialista nem o estoicismo faz algum sentido. O melhor mesmo é aproveitar o que o mundo tem a oferecer.
O que é lamentável é que é exatamente isto o que se observa no cristianismo contemporâneo, tão cheio de alegrias, de eventos alegres, tão prazenteiro. Os cristãos, assim como o mundo, estão comendo e bebendo, mas está faltando cristianismo, ou melhor, está faltando Cristo no cristianismo contemporâneo. A fé cristã tem sido para esta vida, para as necessidades do tempo presente, exatamente o contrário da perspectiva dos cristãos primitivos (Rm 8:18 Porque para mim tenho por certo que os sofrimentos do tempo presente não podem ser comparados com a glória a ser revelada em nós).
Em muitos cristãos falta coragem para viver como cristãos, como se fosse possível ser cristão sem o Espírito de Cristo (II Tm 1.7 Porque Deus não nos tem dado espírito de covardia, mas de poder, de amor e de moderação). Perdem a batalha pela fé em sua própria vida, em seus próprios corações fogem à luta, permitem-se ser derrotados em seu próprio ambiente de batalha. Sem vida cristã, não tem nenhum vigor espiritual, tornam-se ineptos para o evangelismo, para a propagação da fé mesmo em um ambiente consideravelmente favorável e não hostil.
Talvez se vivessem nos dias de Paulo, com as demandas da fé exigidas naqueles dias, jamais houvessem se tornado cristãos, cristãos nominais, porque isto não é uma categoria possível nos dias dos primeiros  cristãos e, lamentavelmente, é admitido atualmente. Ninguém contrataria um pedreiro que dissesse: “Eu sou pedreiro nominal, fiz um curso, mas nunca construí nada nem vou construir”. Ou um médico? Um dentista? Cristãos nominais? Soldados que não lutam, que não batalham? É disso que Tiago fala quando coloca um desafio na boca dos ímpios contra aqueles que se dizem cristãos mas não vivem como cristãos: mostra-nos tua fé (Tg 2:18 Mas alguém dirá: Tu tens fé, e eu tenho obras; mostra-me essa tua fé sem as obras, e eu, com as obras, te mostrarei a minha fé).
Cristãos nominais logo entrariam para o rol dos caídos (lapsari), dos traidores  (tradittori) ou dos vendidos (libelattici), como foram chamados os que abandonaram a fé nos momentos de perseguição sob o império romano. Eram diferentes categorias para identificar a mesma coisa: cristãos que não tinham a verdadeira fé na promessa da ressurreição.
Foi a certeza da ressurreição que levou Paulo, Pedro, Tiago, João, Brandina, Policarpo, Inácio e tantos outros cristãos a não darem valor à própria vida (At 20:24 Porém em nada considero a vida preciosa para mim mesmo, contanto que complete a minha carreira e o ministério que recebi do Senhor Jesus para testemunhar o evangelho da graça de Deus) e poderem afirmar que viver era útil para servir a Cristo e aos santos, mas morrer era infinitamente melhor (Fp 1:23 Ora, de um e outro lado, estou constrangido, tendo o desejo de partir e estar com Cristo, o que é incomparavelmente melhor) - e assim estavam capacitados a enfrentar ousadamente quaisquer inimigos para defender a fé - tão diferente do cristianismo atual que não ousaria sequer discordar dos amigos que zombam da sua fé.
CRER NA RESSURREIÇÃO PRODUZ SANTIDADE NESTA VIDA
Um engano comum podia ser encontrado na comunidade coríntia: eles acreditavam que precisavam misturar-se aos outros coríntios, fazendo o que eles faziam, festejando como festejavam, partilhando de seus banquetes na tentativa de ser popular e, quem sabe, ter oportunidade de evangelizar.
A pergunta é: evangelizar o que? Anunciar quais boas novas? Que o messias veio e morreu? Que nada mais resta após a morte? Que não há esperança de vida eterna? Que o próprio messias não sabia exatamente o que veio fazer e que mensagem veio anunciar? Isto é fazer-se tolo achando que o mundo é tolo. Como conduzir o mundo a uma transformação sem saber nem para onde conduzi-lo?
É verdade que Paulo afirma que fez-se de tudo para com todos (I Co 9.22 Fiz-me fraco para com os fracos, com o fim de ganhar os fracos. Fiz-me tudo para com todos, com o fim de, por todos os modos, salvar alguns) no intuito de ganhar alguns para Cristo, mas isto não significou abrir mão de nada que comprometesse a sua fé ou seu testemunho. Costumes locais, escrúpulos religiosos judaicos e coisas de menos importância podiam ser acomodadas, mas Cristo, sua cruz, sua vida, sua ressurreição eram coisas inegociáveis.
Ele não se misturava às práticas religiosas de Éfeso, nem à licenciosidade pagã coríntia. E é este o ponto que aborda aqui: a verdadeira vida cristã não se mistura com o mundanismo que o cerca (Ec 10:1 Qual a mosca morta faz o ungüento do perfumador exalar mau cheiro, assim é para a sabedoria e a honra um pouco de estultícia).
Paulo adverte os coríntios com uma expressão muito forte, que significa mais do que ser enganado. Paulo não quer que eles possuam uma disposição mental incorreta que ocasione más ações. A advertência é para que tomem cuidado com tudo o que puder afastá-los do centro da vontade de Deus, e o único jeito a fazer é manterem os olhos fitos em Jesus, o autor e consumador da fé (Hb 12:2 ...olhando firmemente para o Autor e Consumador da fé, Jesus, o qual, em troca da alegria que lhe estava proposta, suportou a cruz, não fazendo caso da ignomínia, e está assentado à destra do trono de Deus).
A ênfase de Paulo a respeito das más conversações não se refere apenas às palavras, mas a uma troca, um intercâmbio de informações e experiências, produzindo uma síntese que na verdade é uma antítese da pureza exigida na vida cristã. Qualquer coisa que não é pura é impura, é corrupta, é inaceitável pelo Senhor (Ml 1.8 Quando trazeis animal cego para o sacrificardes, não é isso mal? E, quando trazeis o coxo ou o enfermo, não é isso mal? Ora, apresenta-o ao teu governador; acaso, terá ele agrado em ti e te será favorável? - diz o SENHOR dos Exército).
Lembremos rapidamente das causas das divisões entre os coríntios: legalismo, filosofia, liberalismo moral, partidarismo e falsa espiritualidade. Tudo isto produziu uma Igreja doente, fraca, ferida e incapacitada para dar bom testemunho (Ap 3.1 Ao anjo da igreja em Sardes escreve: Estas coisas diz aquele que tem os sete Espíritos de Deus e as sete estrelas: Conheço as tuas obras, que tens nome de que vives e estás morto. Sê vigilante e consolida o resto que estava para morrer, porque não tenho achado íntegras as tuas obras na presença do meu Deus).
Paulo enfatiza que os bons hábitos, a pureza de vida, o fervor espiritual, a atitude evangelizadora que deveria existir entre os coríntios estava sendo substituída pelo partidarismo, pela glorificação de homens ou teorias, pelo mundanismo e até pela idolatria, e nada disso produz a glória de Deus.
A crença na ressurreição conduz à consideração de que é uma tolice abandonar princípios e valores eternos para usufruir dos prazeres transitórios deste mundo pecaminoso, diferente do que fez Moisés (Hb 11:25 ...preferindo ser maltratado junto com o povo de Deus a usufruir prazeres transitórios do pecado).
Por qual razão alguém abriria mão de bênçãos de duração eterna em favor de migalhas temporais? Só se não acreditasse nas bênçãos eternas, como Demas  (II Tm 4.10 Porque Demas, tendo amado o presente século, me abandonou e se foi para Tessalônica; Crescente foi para a Galácia, Tito, para a Dalmácia) porque não conhecia a graça de Deus (Tt 2.11 Porquanto a graça de Deus se manifestou salvadora a todos os homens, educando-nos para que, renegadas a impiedade e as paixões mundanas, vivamos, no presente século, sensata, justa e piedosamente, aguardando a bendita esperança e a manifestação da glória do nosso grande Deus e Salvador Cristo Jesus, o qual a si mesmo se deu por nós, a fim de remir-nos de toda iniqüidade e purificar, para si mesmo, um povo exclusivamente seu, zeloso de boas obras).
O argumento de Paulo é que os cristãos não precisavam se corintianizar para serem eficientes em seu testemunho, o que eles precisavam era testemunhar através de uma vida santa para cristianizar Corinto, eles deveriam ser sal e jamais perder o sabor (Mt 5:13 Vós sois o sal da terra; ora, se o sal vier a ser insípido, como lhe restaurar o sabor? Para nada mais presta senão para, lançado fora, ser pisado pelos homens) porque senão os próprios homens os rejeitariam como hipócritas, com uma mensagem que não conseguiam viver.
Os cristãos só conseguiriam evangelizar Corinto através de uma vida pura, com sal num ambiente moralmente deteriorado, como luz em meio às trevas - e quanto mais densas forem as trevas, tanto mais eficaz, perceptível e eficaz seria a luz do cristão verdadeiro.
O QUE ESPERAR DE QUEM CRÊ NA RESSURREIÇÃO
Fico maravilhado em pensar que não é por causa de coisas corruptíveis que a vida do cristão é santificada, por que estas coisas mudam, perdem valor, são esquecidas. Os costumes também mudam, e as exigências morais de uma época podem não ser relevantes em outra, ou até mesmo, na mesma época, em outro lugar.
Se as motivações dos cristãos se resumissem às coisas deste mundo como manter a fé diante da verdade que, desta vida, ninguém leva nada? De que adianta ter como aspirações eternas o que traz ansiedade, o que ladroes podem roubar, ferrugem pode corroer, traça pode consumir e governos podem confiscar (Mt 6.19-20 Não acumuleis para vós outros tesouros sobre a terra, onde a traça e a ferrugem corroem e onde ladrões escavam e roubam; mas ajuntai para vós outros tesouros no céu, onde traça nem ferrugem corrói, e onde ladrões não escavam, nem roubam)?
Louvemos a Deus porque é dele que nos vem a motivação, a força e o poder espiritual para resistir aos numerosos ataques à fé nestes dias maus (Ef 6:13  Portanto, tomai toda a armadura de Deus, para que possais resistir no dia mau e, depois de terdes vencido tudo, permanecer inabaláveis), então receberemos a coroa da vida das mãos do Senhor dos senhores, do nosso grande rei e Salvador (Tg 1:12 Bem-aventurado o homem que suporta, com perseverança, a provação; porque, depois de ter sido aprovado, receberá a coroa da vida, a qual o Senhor prometeu aos que o amam).
Enquanto os filósofos oferecem dezenas de novas indagações sobre o sentido da vida - e a maioria já abandonou qualquer aspiração metafisica, caindo no materialismo e até no nihilismo, a fé cristã oferece uma resposta simples à busca por sentido nesta vida. Sabemos quem somos, sabemos nossa origem e nosso destino, e sabemos o propósito de estar aqui.
Nossa esperança eterna traz ousadia e alegria ao testemunharmos. Não há o que temer se a recompensa pelo que se perde é infinitamente maior que o que se pode ganhar neste mundo (Mc 10.29-30 Tornou Jesus: Em verdade vos digo que ninguém há que tenha deixado casa, ou irmãos, ou irmãs, ou mãe, ou pai, ou filhos, ou campos por amor de mim e por amor do evangelho, que não receba, já no presente, o cêntuplo de casas, irmãos, irmãs, mães, filhos e campos, com perseguições; e, no mundo por vir, a vida eterna), lembrando que a coroa de glória só é dada aos fiéis, mesmo diante da morte (Ap 2:10 Não temas as coisas que tens de sofrer. Eis que o diabo está para lançar em prisão alguns dentre vós, para serdes postos à prova, e tereis tribulação de dez dias. Sê fiel até à morte, e dar-te-ei a coroa da vida), porque vivem neste mundo sabendo que não pertencem a ele, como forasteiros e peregrinos aqui (I Pe 2:11 Amados, exorto-vos, como peregrinos e forasteiros que sois, a vos absterdes das paixões carnais, que fazem guerra contra a alma) mas cidadãos do reino eterno (Ef 2:19 Assim, já não sois estrangeiros e peregrinos, mas concidadãos dos santos, e sois da família de Deus).
Ao ditado corrente que diz que “todo mundo quer ir pro céu mas ninguém quer morrer” tenho que dar algumas respostas:
1) Nem todo mundo quer ir pro céu - na verdade, há muitos tolos que nem acreditam que o céu ou Deus existam (Sl 10:4 O perverso, na sua soberba, não investiga; que não há Deus são todas as suas cogitações). Só vai querer ir pro céu quem crer que Deus existe e recompensa os fiéis (Hb 11:6 De fato, sem fé é impossível agradar a Deus, porquanto é necessário que aquele que se aproxima de Deus creia que ele existe e que se torna galardoador dos que o buscam);
2) Para o cristão a morte não é motivo de terror, ela já foi vencida (I Co 15.55 Onde está, ó morte, a tua vitória? Onde está, ó morte, o teu aguilhão?), e, se a morte é o caminho para a vida, pelo menos eu estou pronto, fazendo minhas as palavras de Paulo (Fp 1:23 Ora, de um e outro lado, estou constrangido, tendo o desejo de partir e estar com Cristo, o que é incomparavelmente melhor).
3) O caminho para a vida eterna é um caminho de santidade, preparado pelo Senhor para seu povo (Tt 2:14 ...o qual a si mesmo se deu por nós, a fim de remir-nos de toda iniqüidade e purificar, para si mesmo, um povo exclusivamente seu, zeloso de boas obras).
Mas, lembre-se, não é a morte, simplesmente, que leva para o céu. É a fé em Cristo demonstrada numa vida de santidade. Deixe-me concluir perguntando-te se você acredita na vida eterna? Você a quer? Você a quer mesmo? Está vivendo aqui, hoje, já na expectativa de ir experimentando uma pálida amostra do que ela é na plenitude (I Co 2:9 ...mas, como está escrito: Nem olhos viram, nem ouvidos ouviram, nem jamais penetrou em coração humano o que Deus tem preparado para aqueles que o amam)?
Você acredita? Você a quer? Você tem Jesus, a vida eterna, em seu coração (João 5:24  Em verdade, em verdade vos digo: quem ouve a minha palavra e crê naquele que me enviou tem a vida eterna, não entra em juízo, mas passou da morte para a vida)?



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