Jo
8.1-11
1 Jesus, entretanto, foi para o monte das Oliveiras.
2 De madrugada, voltou novamente para o templo, e
todo o povo ia ter com ele; e, assentado, os ensinava.
3 Os escribas e fariseus trouxeram à sua presença
uma mulher surpreendida em adultério e, fazendo-a ficar de pé no meio de todos,
4 disseram a Jesus: Mestre, esta mulher foi apanhada em flagrante adultério. 5
E na lei nos mandou Moisés que tais mulheres sejam apedrejadas; tu, pois, que
dizes? 6 Isto diziam eles tentando-o, para terem de que o acusar. Mas Jesus,
inclinando-se, escrevia na terra com o dedo.
7 Como insistissem na pergunta, Jesus se levantou e
lhes disse: Aquele que dentre vós estiver sem pecado seja o primeiro que lhe
atire pedra. 8 E, tornando a inclinar-se, continuou a escrever no chão.
9 Mas, ouvindo eles esta resposta e acusados pela
própria consciência, foram-se retirando um por um, a começar pelos mais velhos
até aos últimos, ficando só Jesus e a mulher no meio onde estava.
10 Erguendo-se Jesus e não vendo a ninguém mais além
da mulher, perguntou-lhe: Mulher, onde estão aqueles teus acusadores? Ninguém
te condenou?
11 Respondeu ela: Ninguém, Senhor! Então, lhe disse
Jesus: Nem eu tampouco te condeno; vai e não peques mais.
A bíblia nos
mostra Jesus, muitas vezes, tomando atitudes surpreendentes. Por exemplo, os
fariseus, saduceus, religiosos e sacerdotes de Israel haviam decidido matá-lo.
Quando você
sabe que tem um grupo de pessoas influente, poderoso, na verdade, as pessoas
mais poderosas entre o seu povo, tomando a decisão de tirar a sua vida, o que
você faria. O normal seria esconder-se. O normal seria Jesus permanecer lá na
Galiléia, longe de Jerusalém, onde estaria relativamente seguro.
Mas eram dias
de festas em Jerusalém, a festa dos tabernáculos, uma das três grandes festas
anuais israelitas.
E Jesus,
sabedor da sua missão, e desejoso de cumpri-la, não se esconde. Jesus vai para
Jerusalém e se apresenta no templo, ensina no templo, e quando estes poderosos,
que haviam decidido mata-lo, vem até Jesus, Jesus não se atemoriza deles, mas
os contradita, mostra-lhes que o coração deles era duro, que eles tinham no
coração o intento de mata-lo.
Havia um
intento assassino no coração daqueles homens e, ao mesmo tempo, eles se
apresentavam como homens da lei, defensores da lei, como se fossem o padrão de
cumprimento da Palavra de Deus para o povo de Israel—haviam decidido por sua
morte e precisavam apenas de uma razão para sua execução.
Jesus não os
teme, e mesmo após envergonhá-los publicamente, acusá-los de desejar mata-lo,
ainda assim Jesus permanece em Jerusalém, segundo o seu costume, ensinando a
“todo o povo”. Aqueles homens mandam guardas para prender a Jesus que vão e,
enquanto aguardam uma oportunidade para prendê-lo ouvem-no ensinando à
multidão, porque não ousariam prender Jesus numa situação daquela podendo gerar
grande transtorno ou comoção na cidade, ficaram esperando a oportunidade, nas
proximidades, ouvindo a Jesus e não conseguem cumprir o seu intento.
Quando voltam
para os líderes religiosos, e, lá chegando, diz que é impossível prender a
Jesus porque ele ensinava como ninguém jamais falara, certamente incluindo aí
os próprios sacerdotes que os enviaram para prender o mestre.
Ao terminar do
dia, o Senhor Jesus sai de Jerusalém e vai para o monte das oliveiras, e, de
madrugada, volta para Jerusalém, de madrugada volta para o templo, onde vai
ensinar para o povo, como nos mostra o texto sagrado no qual vamos aprender um
pouco mais sobre a palavra de Deus.
João nos conta
um evento marcante do ministério de Jesus, o momento do julgamento de uma
mulher surpreendida em adultério.
Aqueles homens,
fariseus e escribas, não criam em Jesus como o messias, não gostavam de Jesus,
não aceitavam nada que viesse de Jesus. Mesmo quando Jesus realizava milagres,
mesmo quando Jesus curava enfermos, ainda assim eles se indispunham contra
Jesus.
O problema não
estava no que Jesus fazia, mas na indisposição do coração deles para com Jesus
e o que Jesus representava, o medo de perder o status de liderança de Israel. O
coração deles estava cheio de malignidade, fechado para Deus. Um coração
fechado para tudo aquilo que o Senhor Jesus dissesse ou fizesse - nada mudaria
a disposição, a dureza do coração daqueles homens.
E nesta
indisposição para com Jesus, neste desejo de fazer o mal para Jesus eles trazem
a Jesus uma mulher surpreendida em adultério. Ao ler esta história sobre esta
mulher surpreendida em adultério, a história destes homens arrastando uma
mulher, colocando-a no meio da multidão e acusando esta mulher numa atitude
extremamente vexatória e vexaminosa.
Quando eu vejo
este teatro, este circo armado, a primeira observação que eu faço é: é evidente
que esta mulher foi surpreendida em flagrante adultério com alguém, com algum
homem. Mas onde está ele? Onde está o homem que estava com esta mulher? Porque
ele não está ali sendo julgado ao lado dela? Porque o intento daqueles homens,
daqueles fariseus, não era fazer justiça.
O texto é muito
claro ao afirmar que o intento deles era provar ao Senhor, criar embaraço para
o Senhor, porque se fosse para fazer justiça eles trariam o homem e a mulher. A
lei mosaica (Lv 20:10 Se um homem adulterar com a mulher do
seu próximo, será morto o adúltero e a adúltera) previa o julgamento do homem e da mulher, ambos
submetidos a julgamento público (na verdade, apenas a acusação e a prolação da
sentença já prevista na legislação mosaica) e executados a pedradas.
Mas onde está o casal?
Onde está o homem? Porque só a mulher? O julgamento dela, segundo a lei, previa
a morte. Era apenas uma questão de formalidade, tirá-la da cidade, leva-la para
o lado externo do muro de Jerusalém onde cada um lançaria pedras até que ela
morresse.
Mas os fariseus levam
aquela mulher para Jesus e lhe perguntam: Mestre, o que o Senhor tem a nos
dizer sobre esta mulher que foi surpreendida adulterando. Eles já chegam com o
julgamento pronto, com o veredicto na ponta da língua: “A lei diz que nós devemos
matá-la. E o Senhor, o que dizes?”
Jesus tinha algumas
opções: a primeira era dizer mate-a, mas logo ele que veio para buscar e salvar
os perdidos? Logo ele que veio para restaurar o ferido? Por outro lado, se ele
dissesse mate-a ele perderia o apoio da multidão, e, embora ele nunca tenha se
interessado por publicidade (Mc 9:9 Ao descerem do monte, ordenou-lhes
Jesus que não divulgassem as coisas que tinham visto, até o dia em que o Filho
do Homem ressuscitasse dentre os mortos) ou pelo apoio de
multidão (Jo 6.64-66 Contudo, há
descrentes entre vós. Pois Jesus sabia, desde o princípio, quais eram os que
não criam e quem o havia de trair. E prosseguiu: Por causa disto, é que vos
tenho dito: ninguém poderá vir a mim, se, pelo Pai, não lhe for concedido. À vista
disso, muitos dos seus discípulos o abandonaram e já não andavam com ele) o que os fariseus queriam era justamente que a multidão o
abandonasse, que deixasse de estar próxima de Jesus e aí eles poderiam
prendê-lo e mata-lo sem maiores problemas.
Por outro lado, se ele
dissesse para não matá-la, para perdoá-la eles o questionariam porque, se ele,
como afirma, veio para cumprir a lei (Mt 5:17 Não penseis que vim revogar a Lei ou
os Profetas; não vim para revogar, vim para cumprir) estaria mandando que a lei fosse desobedecida. O que
Jesus poderia fazer numa situação como esta?
Se ele manda cumprir a
lei, seria tido por inclemente, se age com clemencia, seria tido por
desobediente à lei - e a própria lei mandava que se alguém se levantasse no
meio do povo, como profeta, e pregasse rebeldia contra o Senhor deveria ser
morto (Dt 13.5 Esse profeta ou sonhador será morto,
pois pregou rebeldia contra o SENHOR, vosso Deus, que vos tirou da terra do
Egito e vos resgatou da casa da servidão, para vos apartar do caminho que vos
ordenou o SENHOR, vosso Deus, para andardes nele. Assim, eliminarás o mal do
meio de ti).
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