O texto
mostra-nos uma segunda evidência da messianidade de Jesus.
O MESSIAS CONHECE O
CORAÇÃO DOS HOMENS
Podemos
ver no texto que aqueles homens que estavam ali desejosos de matar aquela
mulher (e, também, criar problemas para Jesus). Embora tenham sido,
anteriormente, acusados publicamente de suas mas intenções, eles ouvem o Senhor
Jesus lhes dizer: se vocês estão sem pecado, se há aqui alguém sem pecado,
então, seja o primeiro a atirar pedras na mulher. É como se ele dissesse: “Se
aqui há alguém movido por intenções realmente justas, então tem o direito de
atirar pedras, mas se a intenção for outra, é melhor tomar vergonha na cara,
arrepender-se de seus pecados e mudar imediatamente de atitude”.
Acho
curioso a atitude de Jesus de se abaixar e continuar escrevendo na areia. Ele
não olha no olho de ninguém, ele não acusa ninguém que está ali. Ele
simplesmente se abaixa como se dissesse que agora o problema era com a
consciência de cada um. Assim como não acusara a mulher, também não os acusa.
Jesus
trata a todos igualmente. Diz-nos o texto que aqueles homens, um olhando para o
outro, todos se entreolhando, e eles sabiam o que estavam fazendo, haviam
estabelecido um conluio contra Jesus, seu estratagema era pecaminoso à luz da
lei e dos costumes, como lembrou-lhes antes Nicodemos (Jo 7.50-51 Nicodemos,
um deles, que antes fora ter com Jesus, perguntou-lhes: Acaso, a nossa lei
julga um homem, sem primeiro ouvi-lo e saber o que ele fez?). Já haviam tomado a
decisão de matar ao Senhor Jesus e, portanto, sabiam que estavam ali não em
busca de justiça, mas tentando criar um problema que levasse à morte do Senhor.
Eles sabiam,
uns e outros sabiam que o seu coração estava carregado de pecados. E eles eram
hipócritas, tinham uma serie de pecados mas não ousariam admitir que eram sem
pecado por um motivo muito simples: imagine um doutor da lei dizendo “eu sou
sem pecado”. Como ele diria “eu sou sem pecado” se a própria lei diz que não há
justo, nem sequer um (Sl 53:3 Todos se extraviaram e juntamente se corromperam; não há
quem faça o bem, não há nem sequer um)?
Como
eles iriam ousar afirmar que estavam sem pecados se estavam ali com o objetivo
claro e deliberado de cometerem um assassinato. Eles já haviam julgado e
condenado Jesus, só faltava a aplicação da pena, que conseguiriam tempos depois
usando estratagemas como traição e suborno (Mt 26.14-16: Então, um
dos doze, chamado Judas Iscariotes, indo ter com os principais sacerdotes,
propôs: Que me quereis dar, e eu vo-lo entregarei? E pagaram-lhe trinta moedas
de prata. E, desse momento em diante, buscava ele uma boa ocasião para o
entregar)
e mentira (Mc 14.56-59 Pois muitos testemunhavam falsamente contra Jesus, mas os
depoimentos não eram coerentes. E, levantando-se alguns, testificavam
falsamente, dizendo: Nós o ouvimos declarar: Eu destruirei este santuário
edificado por mãos humanas e, em três dias, construirei outro, não por mãos
humanas. Nem assim o testemunho deles era coerente).
Para
entendermos sua disposição de coração João registra a repreensão de Nicodemos,
não aceita pelos demais, sobre seus intentos assassinos (Jo 7.50-52 Nicodemos,
um deles, que antes fora ter com Jesus, perguntou-lhes: Acaso, a nossa lei
julga um homem, sem primeiro ouvi-lo e saber o que ele fez? Responderam eles:
Dar-se-á o caso de que também tu és da Galiléia? Examina e verás que da
Galiléia não se levanta profeta). Nicodemos chama a atenção do sinédrio mas eles
escarnecem da lei. Já haviam julgado e decidido a matar a Jesus. Por isso Jesus
pergunta se há alguém ali sem pecado. Se houvesse, poderia começar o
apedrejamento. A bíblia nos fala que ouvindo eles esta resposta, e acusados
pela própria consciência, foram-se retirando um por um. Até mesmo os ouvintes
iniciais de Jesus se retiram, provavelmente sentindo-se envergonhados por terem
sido influenciados pelos fariseus e escribas. Parece que os discípulos de
Jesus, João especialmente, se colocam de fora da história, ficando apenas como
observadores.
Foram se
retirando, um por um, a começar pelos mais velhos, até os últimos, ficando só
Jesus e a mulher no lugar onde ela fora colocada. Um por um se retiraram. A
prova da messianidade de Jesus, a evidência da messianidade de Jesus está
também no fato de que Jesus conhecia os intentos do coração daqueles homens.
Jesus sabia o que se passava em seu íntimo, sabia o que queriam, qual o seu
propósito, sabia qual era o seu projeto, sabia que estavam ali com desejo de
sangue (daquela mulher e do próprio Jesus) e nada mais - pecadores, cometendo
pecados, e intentando cometer ainda mais pecados, um abismo chamando outro
abismo.
Jesus
não precisava que ninguém lhe dissesse o que se passava no coração deles (Jo
2:25 E não precisava de que alguém lhe desse testemunho a
respeito do homem, porque ele mesmo sabia o que era a natureza humana, e, ainda Mt 22:18
Jesus, porém, conhecendo-lhes a malícia, respondeu: Por que me
experimentais, hipócritas?).
Mas há,
ainda, uma terceira evidência da messianidade de Jesus neste relato. Após
aqueles homens terem saído o mesmo Jesus que havia se abaixado para escrever na
areia, e sabendo que não havia mais ninguém ali para condenar a mulher, sabendo
que ali só ficara ele, a mulher e provavelmente os discípulos que relatam o
episódio, olha para a mulher e diz: Mulher, ninguém te condenou? É óbvio que
ele sabia que ninguém a havia condenado. Ela ainda estava ali, viva, e os
acusadores tinham ido embora.
Jesus
pretendia dar um novo passo no julgamento daquela mulher - um passo de
restauração. Pergunta-lhe: Ninguém te condenou? Ao que ela responde: Ninguém,
Senhor. Talvez ela tivesse dito estas palavras num misto de alívio e de temor,
porque sabia que estava diante de alguém sem pecado (Jo 8:46 Quem dentre
vós me convence de pecado? Se vos digo a verdade, por que razão não me
credes?). E
aquele que estava ali era, evidentemente, sem pecado, podendo, então, atirar a
primeira pedra. Jesus havia desafiado os religiosos a mostrar algum pecado que
ele houvesse cometido.
É
verdade que ele era homem, semelhante a nós (Hb 4:15 Porque não
temos sumo sacerdote que não possa compadecer-se das nossas fraquezas; antes,
foi ele tentado em todas as coisas, à nossa semelhança, mas sem pecado), mas, mesmo
tentando, não caiu em pecado.
Aquela
mulher, olhando para Jesus, diz: Ninguém, Senhor. Mas ainda era uma pecadora,
ainda era digna de apedrejamento, e ainda havia uma pessoa capaz de julgá-la e
condená-la. Aquela mulher chegou naquele lugar com a mais absoluta certeza de
que haveria de morrer. Ela chegou ali, no meio daquela multidão, com a certeza
de que não sairia viva dali. Ela não tinha esperança alguma, provavelmente já
tivesse visto outros julgamentos a respeito do mesmo pecado, talvez já tivesse
até participado de outros justiçamentos. Não havia clemência para o adultério.
Não era como hoje, onde o adultério se tornou uma coisa comum, corriqueira, e
todo mundo considera normal. Não, todo mundo não. Nem todo mundo faz. Nem todo
mundo acha normal. A lei moral ainda permanece valida, o adultério ainda é
pecado aos olhos do Senhor, o Senhor ainda abomina o adultério.
Mas,
naquela época, a punição era o apedrejamento, a punição era ser colocado contra
uma parede e coberto de pedradas até se tornar numa massa sanguinolenta no
chão.
Neste
relacionamento restaurador vamos encontrar mais uma evidência da messianidade
de Jesus.
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