ESCÂNDALO! Grito novamente: escândalo. Ainda não perdi a capacidade de me escandalizar. Dentro e fora da Igreja. Mas estamos perdendo isto. O notório operador do esquema do mensalão (Delúbio Soares) vaticinou que suas roubalheiras virariam piada de salão. Esta semana nós vimos que, ao menos entre seus iguais, ele tinha razão. Tanto o presidente da câmara quanto do senado foram literalmente pegos com a mão nos cofres públicos. Renan Calheiros (de triste biografia, ou deveria dizer, folha corrida), presidente do senado, usou avião da FAB para comparecer com familiares a um casamento, saindo de Maceió rumo à Bahia e depois para Brasília num fim de semana, 15 de junho (pelo menos não estava no horário de trabalho). O outro, Henrique Eduardo Alves, de folha corrida (por enquanto) menos extensa, usou do mesmo expediente para buscar a namorada e familiares para assistirem a final da copa da confusões no Rio de Janeiro (aproveitou para almoçar com o prefeito, Eduardo Paes). Por favor, fiquem indignados. Eu fiquei. O segundo disse que vai devolver o valor equivalente ao translado de seus amigos e futuros parentes (cerca de R$ 9.000,00). Já o segundo disse que estava num evento social, num fim de semana, em ambiente fechado, como representante do estado brasileiro e que não vai devolver coisa nenhuma, que tem o direito de usar. Para eles, o estado é uma capitania particular, foi assaltado e tomaram posse.
Para complicar ainda mais o quadro geral, esta semana foi revelado que um assessor do dep. Henrique Eduardo foi assaltado e lhe roubaram uma mala com “apenas” R$ 100.000,00. Ninguém ainda perguntou de quem era o dinheiro. Nem de onde. Nem para que. Deve ser normal assessores que ganham em torno de R$ 12.000, andarem com maletas com 9 vezes o seu salário. Ninguém se pronuncia sobre isso em Brasília.
Que governantes são esses que temos no Brasil? Que Brasil desgovernado é este que temos. Numa semana em que milhares saíram às ruas para protestar contra tudo isto o que está aí nossos governantes continuaram a fazer exatamente o mesmo de sempre. Qual a novidade nisto tudo? Fizeram pantomima no plenário para demonstrar “sintonia com o povo” ao rejeitarem a PEC 37, mas foi jogo de cena, há outras tentativas de golpe político em curso. E quando o fracasso nacional se evidenciar, vamos ter um país falido com multibilionários como os russos. Lulinha que o diga - já deve estar pensando em que clube de futebol comprar [seria o Corinthians que ganhou um estádio de futebol com a ingerência do pai?].
Lançaram um projeto de constituinte que era um golpe ao estilo chavista - não passou. Estão tentando outro, com um plebiscito que dá plenos poderes ao congresso, manipulado e alugado pelo petismo, para referendar o continuísmo de um partido no poder.
Aliás, este mesmo partido já se articula para tentar ser protagonista de um manifesto que é, antes de mais nada, contra tudo o que está aí, do qual ele é o principal ator. É um escárnio contra a inteligência do brasileiro. Dá nojo ver tudo isto, ver a desfaçatez e lembrar do vaticínio do Sr. Delúbio Soares: vai virar piada de salão. Só não sei ainda se os brasileiros são os palhaços ou quem paga a conta - ou os dois, lamentavelmente.
Mas, espera, o que isto tem a ver com o título deste artigo? É que de vez em quando ouço pessoas dizendo que, se estivessem no lugar deles, fariam o mesmo. Mas algumas destas pessoas saíram às ruas alguns dias atrás. Incoerência? Vontade de derrubar quem lá está para tomar o lugar e fazer igual?
Provavelmente você não faria isso. Você não quer fazer igual. Talvez você nem almeje um lugar na administração pública. E, se lá estivesse, você jamais faria como Lula, Dirceu, Sarney, Eduardo, Calheiros e companhia. Posso crer que seus padrões éticos e morais, especialmente cristãos, te impediriam de agir à semelhança dos tais.
Vejo tais políticos como expressão da polis, isto é, da população que os elege. Você pode dizer que não votou em Renan. Tudo bem, nem alagoano você é. E talvez não tenha votado na Dilma, no Lula, Sarney ou qualquer um dos citados aqui.
Mas não sejamos apressados, eles representam o espírito dos nossos tempos - deixe-me contar-te algumas situações vividas por alguns conhecidos, Pafúncio e Nostrôncio e Prascóvia. Pafúncio precisava resolver um negócio urgente, e, sem pensar duas vezes, usou o telefone do trabalho para resolvê-lo. Nostrôncio estava de viagem marcada, e soube que um carro da empresa iria para o mesmo lugar, e não viu problema nenhum em pegar uma carona. Prascóvia tinha um trabalho da faculdade para entregar, e geralmente saía do emprego diretamente pro curso. Na noite anterior, por volta da meia noite, como costuma acontecer, a sua impressora resolveu não funcionar. Chegou no trabalho e não viu nenhum mal em imprimir ali mesmo, afinal, eram só 25 páginas.
Será que Prascóvia, Pafúncio e Nostrôncio podem condenar sem antes corrigir os seus próprios erros, sem antes tirar a trave dos próprios olhos?
Leia João 8.3-11
3 Os escribas e fariseus trouxeram à sua presença uma mulher surpreendida em adultério e, fazendo-a ficar de pé no meio de todos, 4 disseram a Jesus: Mestre, esta mulher foi apanhada em flagrante adultério. 5 E na lei nos mandou Moisés que tais mulheres sejam apedrejadas; tu, pois, que dizes?
6 Isto diziam eles tentando-o, para terem de que o acusar. Mas Jesus, inclinando-se, escrevia na terra com o dedo. 7 Como insistissem na pergunta, Jesus se levantou e lhes disse: Aquele que dentre vós estiver sem pecado seja o primeiro que lhe atire pedra. 8 E, tornando a inclinar-se, continuou a escrever no chão.
9 Mas, ouvindo eles esta resposta e acusados pela própria consciência, foram-se retirando um por um, a começar pelos mais velhos até aos últimos, ficando só Jesus e a mulher no meio onde estava.
10 Erguendo-se Jesus e não vendo a ninguém mais além da mulher, perguntou-lhe: Mulher, onde estão aqueles teus acusadores? Ninguém te condenou? 11 Respondeu ela: Ninguém, Senhor! Então, lhe disse Jesus: Nem eu tampouco te condeno; vai e não peques mais.
Aqueles homens não ousaram condenar a mulher porque eles tinham três desejos no coração: matar aquela mulher, envergonhar Jesus e matá-lo posteriormente. Já haviam decidido fazer isso. Tinham pecado no coração. Jesus podia condená-los, pois andou por toda parte fazendo o bem. Precisamos de autoconfrontação, de abandono do pecado para ter, novamente, voz diante de tantos desmandos, de tanta desonestidade.
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