A NECESSIDADE DE UM TESTEMUNHO QUE ALIE PREGAÇÃO E AÇÃO
O que
estou afirmando é que um testemunho eficaz não dissocia atos de palavras. Uma
pregação isolada, por um pregador ou conferencista pode produzir muitos frutos,
mas para o cristão que quer ter uma vida que produza impacto sem dúvida é
necessário que sua palavra seja ilustrada por sua vida e que seus atos sejam
explicados por sua palavra.
Como fazer
isso? A Igreja está disposta a viver esta experiência transformadora? Os
cristãos querem, de fato, ter uma vida que alie vida e palavras? Para isso é
necessário que abandone atitudes e ações reprováveis e em seu lugar se coloque
atitudes virtuosas e amorosas que evidenciem a vitalidade de sua fé.
CRISTÃOS,
LIVRES APENAS PARA AMAR
Sei que é
paradoxal, mas, assim como nenhum cristão que preze o ensino bíblico ousaria
negar que os não convertidos a Cristo são escravos das paixões mundanas achando
que libertinagem é liberdade (II Pe 2:19 ...prometendo-lhes
liberdade, quando eles mesmos são escravos da corrupção, pois aquele que é
vencido fica escravo do vencedor),
assim também, o cristão, antagonicamente, é libertado desta escravidão para que
possa, realmente amar, de fato, e não meramente de palavras, isto é, apenas
afirmarem amar (I Jo 3.18 Filhinhos,
não amemos de palavra, nem de língua, mas de fato e de verdade).
Como podemos perceber, ou, mais precisamente,
estimular este amor? De que maneira cada membro pode fazer da sua Igreja uma
comunidade que se estimula ao amor é às boas obras (Hb 10:24 Consideremo-nos
também uns aos outros, para nos estimularmos ao amor e às boas obras), num testemunho impactante até mesmo para
os não convertidos? Quero propor algumas aplicações práticas de como fazer
isso.
COMO
JULGAR O PRÓXIMO
O apóstolo Paulo lembra no verso 13 que tipo
de julgamento evidencia a graça de Deus. Julgar-se superior a alguém - mesmo
que este seja débil na fé, mais fraco ou de menos conhecimento - é um erro e
uma ofensa a Deus, que escolheu a ambos, igualmente, e sob a mesma base, isto
é, todos pecadores (Rm 3:23 ...pois
todos pecaram e carecem da glória de Deus) e
salvos gratuitamente, não por obras (Ef 2:5 ...e
estando nós mortos em nossos delitos, nos deu vida juntamente com Cristo, -
pela graça sois salvos e ainda Ef 2.9 ...não de obras, para que ninguém se glorie). A orientação bíblica é para acolher, e o
Senhor é quem julgará os seus servos.
Mas sei de uma coisa: tenho muitos irmãos
fracos, inconstantes, e, pior, pecadores. Eu sei que são pecadores. Em alguns
casos sei até que pecados eles tem cometido. Minha dificuldade começa quando
não sei porque eles os cometem. Não sei porque pecam tanto. Também não sei onde
eles vão parar com estes procedimentos. Gostaria mesmo de saber o que eles tem
na cabeça e no coração. E sei que, quanto mais eu sei dos pecados de meus
irmãos, mais devo me considerar a pessoa mais indicada para ajudá-los.
Sabe quando é que nossos irmãos mais precisam
de nós? É justamente quando eles estão prostrados. É da misericórdia que eles
mais precisam, e o papel dos cristãos é serem misericordiosos com os caídos,
expressando o caráter de Cristo (Is 42:3
Não esmagará a cana quebrada, nem
apagará a torcida que fumega; em verdade, promulgará o direito).
Julgue o seu irmão, mas julgue-o digno do seu
amor. Julgue-o digno de ser amado, e ame-o.
COMO
AUXILIAR O PRÓXIMO
Ainda no verso 13 Paulo diz-nos para tomarmos
a resolução de não criarmos qualquer embaraço para nossos irmãos, e não custa
lembrar as palavras do Senhor (Mt 18:6 Qualquer,
porém, que fizer tropeçar a um destes pequeninos que creem em mim,
melhor lhe fora que se lhe pendurasse ao pescoço uma grande pedra de moinho, e
fosse afogado na profundeza do mar). Cada
cristão tem que tomar a resolução de nada fazer para enfraquecer ou destruir o vigor,
a força, o entusiasmo e a utilidade de outros cristãos na obra do Senhor,
lembrando que há irmãos que caem mais facilmente que outros.
Cabe aos cristãos fazer o que estiver ao seu
alcance para aplainar os caminhos dos seus irmãos. Numa corrida, um obstáculo
pode fazer ruir o esforço de muitos quilômetros. Tropeços podem fazer desistir,
tirar o animo ou a vitalidade de alguém que tem ido relativamente bem na vida
cristã.
Um tropeço pode até impedir novas caminhadas.
Seja instrumento de Deus para impedir a queda. Lamentavelmente tem muitos que
fazem exatamente o contrário, tornando-se pedra de tropeço, rocha submersa que
perfura o casco do navio incauto (Jd 1:12 Estes
homens são como rochas submersas, em vossas festas de fraternidade,
banqueteando-se juntos sem qualquer recato, pastores que a si mesmos se
apascentam; nuvens sem água impelidas pelos ventos; árvores em plena estação
dos frutos, destes desprovidas, duplamente mortas, desarraigadas).
Sair do caminho, avisar do perigo, alertar é
uma demonstração do genuíno amor de Deus que tem sido derramado em nossos
corações (Rm 5:5 Ora, a esperança não confunde, porque o amor
de Deus é derramado em nosso coração pelo Espírito Santo, que nos foi outorgado). Tanto maior ajuda precisa quanto mais
fraco for o irmão. Ao mesmo tempo, cuidado: o argueiro do irmão pode ser apenas
a distração que te impede de ver a trave no seu (Mt
7:4-5 Ou como dirás a teu irmão:
Deixa-me tirar o argueiro do teu olho, quando tens a trave no teu? Hipócrita!
Tira primeiro a trave do teu olho e, então, verás claramente para tirar o
argueiro do olho de teu irmão). Mas
se você consegue ver os tropeços no caminho de seu irmão, então, ajude a
aplainá-los.
COMO
PROMOVER AMOROSAMENTE A LIBERDADE DO PRÓXIMO
Uma música dos anos 80 ilustrava a verdade
bíblica de que há quem queira dominar sobre a consciência alheia. São os
“pretensos donos de Jesus”, senhores da consciência, donos da Igreja. Em nome
do amor que sentem pelo poder, pelo controle querem se tornar dominadores do
rebanho (I Pe 5.2-3 ...pastoreai o rebanho de Deus que há entre
vós, não por constrangimento, mas espontaneamente, como Deus quer; nem por
sórdida ganância, mas de boa vontade; nem como dominadores dos que vos foram
confiados, antes, tornando-vos modelos do rebanho). Mas não é isto o que se espera de um
cristão, pelo contrário, deve–se dar maior importância com o que o outro sente
do que o que, na maioria das vezes, deseja ser imposto. Ninguém foi constituído
juiz e senhor sobre os seus irmãos. Mesmo os que se encontram presos a maus
costumes e pecados precisam ser ajudados e serem libertados, inclusive das
obrigações que muitos dominadores do rebanho, movidos por torpe ganância,
desejam impor-lhes (Tt 1:11 É preciso fazê-los calar, porque andam
pervertendo casas inteiras, ensinando o que não devem, por torpe ganância).
Exerça sua liberdade com amor a Deus, ao
próximo e a si mesmo. Se seu irmão for realmente livre para amar ele será livre
para te amar. Ambos tem a ganhar com esta liberdade. Seu irmão te amará mais se
você não tentar impedi-lo de amar-te livremente.
Quando a bíblia diz que o reino de Deus não é
comida nem bebida (Rm 14:17 Porque o reino de Deus não é comida nem
bebida, mas justiça, e paz, e alegria no Espírito Santo) ela está dizendo que o reino de Deus não é
material, e isto inclui você. O reino de Deus é amor e justiça, e o amor sempre
se refere a agir de dentro para fora, pois o contrário disto chama-se
egocentrismo, egoísmo.
Chamo a esta forma prática de viver o
cristianismo de testemunho altruísta, isto é, o testemunho que visa o bem do
próximo, e, como este próximo é, também, parte do mesmo corpo, acaba se
tornando em benefício de todos, inclusive do cristão que testemunha
eficientemente sua fé.
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