O EVANGELHO É O AMOR DO ETERNO SE REVELANDO NA HISTÓRIA
Sabemos que Cristo é o
cordeiro de Deus [Jo 1.29: No dia seguinte, viu João a Jesus, que vinha para ele, e disse:
Eis o Cordeiro de Deus, que tira o pecado do mundo!], e que este cordeiro
foi dado por nós desde antes da fundação do mundo [I Pe 1.17-21: Ora, se invocais como Pai aquele que, sem
acepção de pessoas, julga segundo as obras de cada um, portai-vos com temor
durante o tempo da vossa peregrinação, sabendo que não foi mediante coisas
corruptíveis, como prata ou ouro, que fostes resgatados do vosso fútil
procedimento que vossos pais vos legaram, mas pelo precioso sangue, como de
cordeiro sem defeito e sem mácula, o sangue de Cristo, conhecido, com efeito,
antes da fundação do mundo, porém manifestado no fim dos tempos, por amor de
vós que, por meio dele, tendes fé em Deus, o qual o ressuscitou dentre os
mortos e lhe deu glória, de sorte que a vossa fé e esperança estejam em Deus], e que foi antes
mesmo de o mundo vir a existir que Deus escolheu os seus - e esta decisão se
reflete na história da humanidade [Mt 25.34: ...então, dirá o Rei aos que estiverem à sua direita: Vinde,
benditos de meu Pai! Entrai na posse do reino que vos está preparado desde a
fundação do mundo].
Paulo
lembra aos coríntios a história do evangelho, mostra que o evangelho é
história, história verdadeira, são fatos reais, e faz isso usando alguns
verbos.
1
Irmãos, venho lembrar-vos o evangelho que vos anunciei, o qual recebestes e no
qual ainda perseverais; 2 por ele também sois salvos, se retiverdes a palavra tal
como vo-la preguei, a menos que tenhais crido em vão.
Primeiro
ele faz uso do verbo lembrar, que indica que já havia um conhecimento
prévio, ninguém se lembra do que nunca aprendeu. Só é possível lembrar do que
já foi aprendido anteriormente, do que já foi visto, que já foi vivenciado,
experimentado. Paulo lembra-lhes do evangelho que já lhes foi anunciado, pois
Paulo já estivera entre eles, já lhes havia ensinado e que eles prontamente receberam como
aquilo que eles deveriam crer. Não se tratava de nenhuma novidade. Ele não
está se referindo a nada novo, pelo contrário, ele afirma que a nossa fé tem que estar
alicerçada na velha historia.
É
inútil viver correndo atrás de fatos novos, atrás de novos contos e eventos
para alicerçar a nossa fé. Ficar correndo de um lado para outro buscando coisas
novas e extraordinárias, que, aliás, é inútil e traz desassossego para alma,
fruto de soberba e não de desejo de conhecer melhor a Deus [Sl 131.1: SENHOR, não é soberbo o meu coração, nem altivo o
meu olhar; não ando à procura de grandes coisas, nem de coisas maravilhosas
demais para mim] pois a temos o que nos basta, Deus e sua palavra.
Mas
Paulo diz que além de lembrar o que já lhes fora anunciado, Paulo diz que eles
já haviam recebido o evangelho - e havia uma prova cabal de que eles haviam
recebido este ensino. A vida, a existência da Igreja em Corinto era um fato
consumado. Os coríntios podiam dizer qualquer coisa, poderiam ousar qualquer
coisa, poderiam até negar o apostolado de Paulo, mas eles eram Igreja e isto
era um fato inegável que autenticava a mensagem e o apostolado paulino [II Co 3.2-3: Vós sois a nossa carta, escrita em nosso
coração, conhecida e lida por todos os homens, estando já manifestos como carta
de Cristo, produzida pelo nosso ministério, escrita não com tinta, mas pelo
Espírito do Deus vivente, não em tábuas de pedra, mas em tábuas de carne, isto
é, nos corações]. E a sua existência era o fato que provava que haviam
recebido o evangelho.
Paulo
diz-lhes “Vocês continuam crendo, vocês não deixaram de crer, estão com
problemas, estão com dificuldades, escrevo-lhes para ajuda-los a resolver as
suas dificuldades, mas vocês perseveram na fé”. Só que antes de perseverar ele
coloca “ainda”. Vocês ainda perseveram.
3Antes de tudo, vos entreguei o que também recebi: que
Cristo morreu pelos nossos pecados, segundo as Escrituras, 4 e que foi sepultado e
ressuscitou ao terceiro dia, segundo as Escrituras.
Paulo
está afirmando que os coríntios estavam correndo um risco muito sério, que era
o risco da apostasia, do abandono da fé. Creio que individualmente o crente não
pode perder aquilo que Deus lhe deu, a salvação de sua alma, mas uma
instituição, uma Igreja local, pode muito bem se tornar sinagoga de satanás [Ap 2.9: Conheço a tua tribulação, a tua pobreza (mas tu és
rico) e a blasfêmia dos que a si mesmos se declaram judeus e não são, sendo,
antes, sinagoga de Satanás]. Eles corriam o risco da apostasia, do afastamento da
verdade, de abraçarem o erro e, na prática, em muitas situações eles já estavam
agindo errado, mas ainda não haviam abandonado o evangelho.
Paulo
lhes diz que eles não devem mesmo abandonar o evangelho, pois é por ele que
eles são salvos se retiverem a palavra tal como haviam recebido do apostolo. Há
uma exigência quase imperceptível aqui: eles não podem adulterar o evangelho
colocando em seu lugar outra coisa, como os gálatas estavam fazendo. Os gálatas
estavam deixando o genuíno evangelho e estavam abraçando uma aberração
legalista, semelhante ao judaísmo mas que não era o judaísmo, algo parecido com
o moderno adventismo sabatista e legalista que escraviza pessoas à lei
oferecendo uma graça deficiente e ineficiente.
Mas
não era isto o que acontecia em corinto. Era uma Igreja complicada,
problemática, difícil, mas ainda estava retendo o evangelho da maneira que
haviam recebido. A menos, é claro, que alguns houvessem aceito a mensagem em
vão, meramente intelectual - gostando da maneira de Paulo, ou de Apolo, ou dos
petrinos pregarem.
Uma
fé baseada numa recepção meramente intelectual do evangelho não fica muito
tempo na Igreja. Quem crê de maneira emocional e emotiva também não fica, pois
sai assim está satisfeita ou que se decepciona com algo. Uma fé por interesses
não merece ser chamada de fé, mas de laço e maldição [At 8.20: Pedro, porém, lhe respondeu: O teu dinheiro seja
contigo para perdição, pois julgaste adquirir, por meio dele, o dom de Deus]. Mas quem recebe o
evangelho de coração, esse fica, apesar de todas as dificuldades como
aconteciam na Igreja em Corinto. Paulo lembra os fatos do evangelho para os
coríntios: que Cristo morreu pelos nossos pecados. Ele não morreu à toa, não
morreu para dar uma demonstração de um caminho ou das consequências de ações
humanas, mas morreu para pagar os preços dos nossos pecados. Quando ele diz na
cruz tetelestai ele vai
além de mostrar um caminho, pelo contrário, ele é o caminho [Jo 14.6: Respondeu-lhe Jesus: Eu sou o caminho, e a
verdade, e a vida; ninguém vem ao Pai senão por mim].
Ao
bradar tetelestai ele
afirma que pagou o preço dos seus pecados, afirma que não resta mais nada, que
você não precisa mais guardar dias, abster-se de alimentos, leis cerimoniais ou
mandamentos humanos porque Cristo pagou o preço de todos os nossos pecados [Cl 2.8: Cuidado que ninguém vos venha a enredar com sua
filosofia e vãs sutilezas, conforme a tradição dos homens, conforme os
rudimentos do mundo e não segundo Cristo].
Paulo
diz que Cristo morreu pelos nossos pecados segundo as Escrituras. Diz mais, que
Cristo morreu de fato, que foi sepultado, mas ressuscitou ao terceiro dia,
ressurgiu dos mortos, não era uma enganação, não era um espirito, mas era
verdadeiro Deus, verdadeiro homem.
5
E apareceu a Cefas e, depois, aos doze.
6
Depois, foi visto por mais de quinhentos irmãos de uma só vez, dos quais a
maioria sobrevive até agora; porém alguns já dormem.
7
Depois, foi visto por Tiago, mais tarde, por todos os apóstolos 8 e, afinal, depois de
todos, foi visto também por mim, como por um nascido fora de tempo.
De
fato, levantou-se de entre os mortos, segundo as Escrituras, e apareceu a muita
gente [às mulheres, a Pedro, aos doze, aos mais de quinhentos discípulos que,
naqueles dias, ainda podiam ser consultados] inclusive a ele, ainda que fora de
tempo, a ponto de Paulo qualificar-se como um “aborto”.
9
Porque eu sou o menor dos apóstolos, que mesmo não sou digno de ser chamado
apóstolo, pois persegui a igreja de Deus.
Paulo
não era contado entre os apóstolos originais de Jesus, é o único apostolo que
não era contado nem mesmo entre os discípulos de Jesus, mas Cristo apareceu
para ele no caminho de Damasco, e entregou-lhe seu evangelho [Gl l.11-12: Faço -vos, porém, saber, irmãos, que o
evangelho por mim anunciado não é segundo o homem, porque eu não o recebi, nem
o aprendi de homem algum, mas mediante revelação de Jesus Cristo]. Fico impressionado
com a desfaçatez e a falta de vergonha e humildade de alguns que vivem se
arrogando o título de apóstolos enquanto olho para Paulo e vejo-o dizendo: “eu
não merecia ser chamado de apóstolo” e estes enganadores vivem exigindo serem
chamados e tratados como apóstolos, ou, pelo contrário, tratados como
potestades, porque não querem ser tratados como os apóstolos foram [Mt 20.25: Então, Jesus, chamando-os, disse: Sabeis que os
governadores dos povos os dominam e que os maiorais exercem autoridade sobre
eles. Não é assim entre vós; pelo contrário, quem quiser tornar-se grande entre
vós, será esse o que vos sirva; e quem quiser ser o primeiro entre vós será
vosso servo; tal como o Filho do Homem, que não veio para ser servido, mas para
servir e dar a sua vida em resgate por muitos].
O
evangelho é história, é um fato histórico real e impactante. Se o evangelho é
para você apenas uma historinha que lhe é contada na escola bíblica dominical
ou na Igreja então você ainda não creu como deveria ter crido, e ainda não está
salvo. Mesmo que você vã na Igreja todo dia, se você ainda não creu segundo as
Escrituras então a sua fé é vã, não tem nenhum valor e não vai te livrar da
condenação. É como se você entrasse em um barco cheio de buracos e sem remo.
Você não vai a lugar nenhum, só vai afundar no abismo.
Mas
não é apenas isso, o evangelho não é apenas o conhecimento da vida, morte e
ressurreição de Jesus. O evangelho é mais do que isso, vai além disso.
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