quarta-feira, 19 de junho de 2013

PAPO DE SORVETERIA

Não havia pensado no quanto uma pausa para tomar um sorvete fosse instrutiva sobre a mentalidade do brasileiro quanto a política e políticos. E neste post não pretendo mencionar um dos meus temas prediletos, os maus políticos. Quero tratar do outro lado da questão: o eleitor. Certa vez, enquanto tomava o meu sorvete três jovens discutiam animadamente sobre o processo político recém-encerrado na sua cidade. 
E mencionavam os problemas havidos, a já corriqueira (mas não menos criminosa e inescrupulosa) compra de votos por parte de candidatos. Mas o que me chamou a atenção foi observar que há uma verdadeira lei da oferta e da procura de votos. Os jovens mencionaram pessoas que chegaram a trocar de candidato duas vezes durante uma quinzena – apoiavam um, passaram para o outro e votaram em um terceiro candidato.
Mas permitam-me mencionar o debate, estranho e esclarecedor debate, entre os jovens. Afirmavam estar participando de sua primeira eleição, e, por causa de sua juventude (entre 16 e 18 anos) ninguém lhes procurou para comprar o seu voto (e realmente não pareciam ter idade suficiente para votar). Mencionaram nomes de candidatos e cabos eleitorais que ofereceram R$ 150,00 por votos de pessoas conhecidas, mas que estavam prontos para também receber o dinheiro – se votaria ou não só a urna saberia (trata-se de um golpe muito comum na internet – vender e não entregar). Mas assumiram que receberiam o dinheiro sem problema (e não denunciariam os criminosos) porque "têm direito de participar de uma mafiazinha uma vez que os políticos enriquecem organizando máfias maiores". E disseram ainda que "Se os políticos roubam, porque não roubar um pouquinho também?" Para tais jovens, o setor público é nada mais que uma fonte de recurso de onde quem pode tira o que pode, quem não pode espera a próxima eleição.
No final das contas, endossavam a prática dos políticos inescrupulosos, aceitando-a como natural e desejavam participar ao menos das migalhas deixadas cair por eles. Infelizmente estes jovens se tornarão adultos e farão escolhas políticas – talvez se tornem candidatos eles também, e desde já assumem que serão inescrupulosos eles também. Tudo dito às claras, em plena praça, com a presença de no mínimo vinte pessoas.
Eu me envergonho de políticos que fazem tais coisas. E me envergonho de quem vende o seu voto a um bandido, um ladrão, um desonesto, um criminoso. Envergonho-me de constatar que este pensamento está na mente de ímpios de uma forma absolutamente natural, mas me entristeço e lamento que conhecedores do evangelho também troquem seus votos por favores pessoais. Como cobrar honestidade de um político eleito com um voto vendido como se vende farinha no mercado, perguntando "quem dá mais"?
Temo pelo futuro de um país cuja juventude é estimulada a ser desonesta e interesseira, mercadejando a sua opinião. Tenho por divisa que "uma pessoa que se vende sempre recebe mais do que vale, porque na verdade não vale nada". O caráter de uma pessoa é o que ela tem de mais precioso – e vai se esfacelando desde a mais tenra juventude. Lamentável, e os frutos que serão colhidos são absolutamente indesejáveis. Triste nação que não tem Deus como seu Senhor!

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