O texto da nossa mensagem de hoje pode parecer
inusual e até estranho, pois o normal seria o pregador buscar estabelecer
razões para a fé. Mas as pessoas também possuem razões para não crer. Pretendo
chamar a atenção justamente para as justificativas que muitas pessoas possuem
para a incredulidade.
Razões que muitas vezes estão no coração e que quase nunca são
expressas, nunca são explícitas, e, em alguns casos, até o próprio incrédulo
reluta em admitir que é incrédulo por causa disso.
Mas a palavra conhece o coração do homem, o Senhor Jesus conhece
o coração do homem e o Espírito do Senhor conhece o coração do homem mais que o
próprio homem que pode ser facilmente enganado por ele.
Neste texto observaremos três razões claras, três justificativas
para a incredulidade.
Este relato de João está inserido num momento de relativa
popularidade de Jesus, popularidade que fez com que ele não fosse tão querido
pelas lideranças religiosas - para ser verdadeiro, ele era odiado pelos
sacerdotes, escribas e fariseus porque desmascarava a sua hipocrisia [Lc
20.17-19: Mas Jesus, fitando-os, disse: Que quer dizer,
pois, o que está escrito: A pedra que os construtores rejeitaram, esta veio a
ser a principal pedra, angular? Todo o que cair sobre esta pedra ficará em
pedaços; e aquele sobre quem ela cair ficará reduzido a pó. Naquela mesma hora,
os escribas e os principais sacerdotes procuravam lançar-lhe as mãos, pois
perceberam que, em referência a eles, dissera esta parábola; mas temiam o povo].
Geralmente popularidade gera reconhecimento, pessoas correndo de um lado
para o outro, para ouvir, para tocar ou coisas semelhantes [Mt
9.8:
Vendo isto, as multidões, possuídas de temor, glorificaram a Deus, que dera tal
autoridade aos homens]. É assim quando um cantor
famoso vai a uma cidade, especialmente uma cidade pequena onde a sua presença
não é corriqueira.
Mas no caso de Jesus havia muita gente que queria estar perto dele, as
multidões o seguiam e o comprimiam, muitos tinham curiosidade em conhece-lo,
como Nicodemos [Jo 3.1: Havia, entre os fariseus, um
homem chamado Nicodemos, um dos principais dos judeus. Este, de noite, foi ter
com Jesus e lhe disse: Rabi, sabemos que és Mestre vindo da parte de Deus;
porque ninguém pode fazer estes sinais que tu fazes, se Deus não estiver com ele], Zaqueu [Lc 19.2: Eis que um homem, chamado
Zaqueu, maioral dos publicanos e rico,
procurava ver quem era Jesus, mas não podia, por causa da multidão, por
ser ele de pequena estatura] e até mesmo Herodes [Lc
9.9:
Herodes, porém, disse: Eu mandei decapitar a João; quem é, pois, este a
respeito do qual tenho ouvido tais coisas? E se esforçava por vê-lo], cada uma delas com suas próprias razões.
Mas havia outras pessoas que já haviam tomado a decisão de que fariam
tudo que pudessem para tirar a vida de Jesus [Jo
11.53: Desde aquele dia, resolveram matá-lo]. E esta decisão já era de conhecimento público, isto é, já circulava
um boato em Jerusalém e na Judéia que havia pessoas que queriam matar a Jesus [Jo
7.25:
Diziam alguns de Jerusalém: Não é este aquele a quem procuram matar?].
Certamente Jesus, seus discípulos e seus irmãos sabiam disso - o que
pode ser refletido no fato de que eles sobem para Jerusalém para a festa dos
tabernáculos sem a companhia do Mestre, apesar de seus irmãos desejarem que ele fizesse os seus milagres publicamente - e não havia lugar e época melhor para isso do que uma das três festas anuais que ocorriam em Jerusalém com a presença de judeus de todo o mundo mediterrâneo e até africano.
Os judeus deveriam dirigir-se para Jerusalém ao menos três vezes ao ano: na festa dos tabernáculos [Sucot] e na páscoa, instituídos por Moisés [Lv 23] e na festa da libertação [Purim], instituída durante o período da rainha Ester para comemorar a vitória sobre Hamã e sua tentativa frustrada de destruir os judeus [Et 9.23: E o mandado de Ester estabeleceu estas particularidades de Purim; e se escreveu no livro]. E os irmãos de Jesus, na época da festa das colheitas aceitam que ele não vá com eles, resignando-se de que ele não aparecesse em Jerusalém.
Os judeus deveriam dirigir-se para Jerusalém ao menos três vezes ao ano: na festa dos tabernáculos [Sucot] e na páscoa, instituídos por Moisés [Lv 23] e na festa da libertação [Purim], instituída durante o período da rainha Ester para comemorar a vitória sobre Hamã e sua tentativa frustrada de destruir os judeus [Et 9.23: E o mandado de Ester estabeleceu estas particularidades de Purim; e se escreveu no livro]. E os irmãos de Jesus, na época da festa das colheitas aceitam que ele não vá com eles, resignando-se de que ele não aparecesse em Jerusalém.
Mas Jesus também vai para Jerusalém, pois ele era um judeu praticante,
e, como tal, ele guardaria o costume. Não seria ele a dar mau exemplo, não é
verdade? Aquele que cumpriu toda a lei não ofenderia o costume
desnecessariamente, embora, em muitas outras ocasiões, ele tenha mostrado que
os costumes eram apenas desculpas para o descumprimento da lei de Deus [Mc
7.13:
...invalidando a palavra de Deus pela vossa própria tradição, que vós mesmos
transmitistes; e fazeis muitas outras coisas semelhantes].
Em Jerusalém as pessoas perguntavam sobre Jesus, embora sabendo das
ameaças contra a sua vida.
De repente, no lugar mais acessível da festa, no lugar central de
Jerusalém, onde todos podiam encontra-lo, eis que ali se faz presente Jesus.
Fazendo o que sempre fez: ensinando, discorrendo sobre a Palavra de Deus.
O verso 14 diz que Jesus subiu ao templo e ensinava, maravilhando os
judeus [Mc
1.22:
Maravilhavam-se da sua doutrina, porque os ensinava como quem tem autoridade e
não como os escribas]. Jesus lhes mostra que a
origem do seu ensino não é humana, e que aqueles que são de Deus certamente
compreenderiam as suas palavras, aceitariam a sua doutrina [Jo
7.16:
Respondeu-lhes Jesus: O meu ensino não é meu, e sim daquele que me enviou]. Jesus de maneira indireta afirma que ele falava apenas visando a
glória de Deus, enquanto que os religiosos, que se diziam cumpridores da lei,
na verdade não a observavam e tinham, em seu coração, o intento de mata-lo.
Apesar de saberem que queriam matar a Jesus, ainda assim eles escondem
seu intento sob uma grossa capa de hipocrisia [toda a Jerusalém comentava que
queriam matar Jesus], e Jesus demonstra que eles estavam indignados contra ele
porque eles, que eram escrupulosos no cumprimento da lei [Mt
23.23: Ai de vós, escribas e fariseus, hipócritas,
porque dais o dízimo da hortelã, do endro e do cominho e tendes negligenciado
os preceitos mais importantes da Lei: a justiça, a misericórdia e a fé;
devíeis, porém, fazer estas coisas, sem omitir aquelas!], guardavam o sábado mas nele trabalhavam, se fosse o caso, para
circuncidar uma criança [tinha que ser ao oitavo dia] ou realizavam obras
emergenciais [Lc 14:5: A seguir, lhes perguntou:
Qual de vós, se o filho ou o boi cair num poço, não o tirará logo, mesmo em dia
de sábado?].
Mas porque ele, Jesus, curara um homem num sábado, num gesto de evidente
misericórdia, queriam condená-lo à morte. Este padrão se repetiu, por exemplo,
quando ele curou a mulher hemorrágica - sempre mostrando a misericórdia de Deus
e evidenciando a dureza dos corações religiosos.
João afirma que eles decidiram matar a Jesus pelo simples fato de ter
curado uma pessoa no sábado [Jo 5.8:
Então, lhe disse Jesus: Levanta-te, toma o teu leito e anda. Imediatamente, o
homem se viu curado e, tomando o leito, pôs-se a andar. E aquele dia era
sábado. Por isso, disseram os judeus ao que fora curado: Hoje é sábado, e não
te é lícito carregar o leito]. E a lei dizia que o sábado
era para descanso, adoração e atos de misericórdia [Lc
14.5: A
seguir, lhes perguntou: Qual de vós, se o filho ou o boi cair num poço, não o
tirará logo, mesmo em dia de sábado?]. Jesus havia cumprido a lei
e ainda assim desejavam mata-lo [Jo 5.16: E
os judeus perseguiam Jesus, porque fazia estas coisas no sábado]. Seu cumprimento da lei era absolutamente hipócrita. É disso que Jesus
os chama: eles diziam observar a lei e, contra a lei, queriam matar a Jesus.
Eles não criam em Jesus pelo simples fato de não quererem fazer a
vontade de Deus [Jo 8.42-45:
Replicou-lhes Jesus: Se Deus fosse, de fato, vosso pai, certamente, me havíeis
de amar; porque eu vim de Deus e aqui estou; pois não vim de mim mesmo, mas ele
me enviou. Qual a razão por que não compreendeis a minha linguagem? É porque
sois incapazes de ouvir a minha palavra. Vós sois do diabo, que é vosso pai, e
quereis satisfazer-lhe os desejos. Ele foi homicida desde o princípio e jamais
se firmou na verdade, porque nele não há verdade. Quando ele profere mentira,
fala do que lhe é próprio, porque é mentiroso e pai da mentira. Mas, porque eu
digo a verdade, não me credes] - e, portanto, dispensavam
conhece-la como ela deveria ser conhecida [Mc
12.24: Respondeu-lhes Jesus: Não provém o vosso erro
de não conhecerdes as Escrituras, nem o poder de Deus?].
Se eles quisessem fazer a vontade de Deus eles teriam que ouvir a voz de
Deus através das palavras de Jesus - o que não estava acontecendo, evidenciando
que eles não eram das ovelhas do Senhor [Jo 10.26: Mas
vós não credes, porque não sois das minhas ovelhas].
Eles não queriam fazer a vontade do Senhor - o problema daqueles homens
é que eles sentiam ciúmes de Jesus.
A primeira justificativa para a incredulidade é o ciúme, isto é, o
desejo de ser glorificado e não dar glória a ninguém:
CÍUME OCASIONADO POR
VANGLÓRIA
Corria já em meio a festa, e
Jesus subiu ao templo e ensinava. Então, os judeus se maravilhavam e diziam:
Como sabe este letras, sem ter estudado? Respondeu-lhes Jesus: O meu ensino não
é meu, e sim daquele que me enviou. Se alguém quiser fazer a vontade dele,
conhecerá a respeito da doutrina, se ela é de Deus ou se eu falo por mim mesmo.
Quem fala por si mesmo está procurando a sua própria glória; mas o que procura
a glória de quem o enviou, esse é verdadeiro, e nele não há injustiça. Não vos
deu Moisés a lei? Contudo, ninguém dentre vós a observa. Por que procurais
matar-me?
Jo
7.14-19
A primeira justificativa para a rejeição do senhorio de Jesus é o fato
de muitos desejam ser exaltados, desejam ser glorificados, e não aceitam de
modo algum se humilharem perante ninguém.
A incredulidade está enraizada no coração do homem pelo fato de ele querer uma glória que não lhe pertence.
Desde o Éden foi assim [Gn 3.5:
Porque Deus sabe que no dia em que dele comerdes se vos abrirão os olhos e,
como Deus, sereis conhecedores do bem e do mal], desde o primeiro pecado foi assim, desde a primeira desobediência foi
assim, desde o primeiro furto foi assim.
O homem desejando ser ele, o objeto de toda a glorificação. O homem
desejando gloria para si mesmo. Os sacerdotes pagavam caro pelo privilégio de
serem sumo-sacerdotes pagando uma verdadeira fortuna como suborno para os
governadores romanos.
Para que os lideres fossem reconhecidos como tais eles vestiam roupas
diferenciadas, vestiam roupas multicoloridas, com longos filactérios, roupas que
identificavam-nos como religiosos.
Iam para as praças, para as esquinas, onde as pessoas passavam, e faziam
ali as suas orações. No templo e nas sinagogas faziam longuíssimas orações,
verdadeiros discursos. Um exemplo disso é encontrado no fariseu que chega no
templo e começa a “agradecer” a Deus o fato de não ser publicano e outras
coisas mais [Lc 18.11-12: O
fariseu, posto em pé, orava de si para si mesmo, desta forma: Ó Deus, graças te
dou porque não sou como os demais homens, roubadores, injustos e adúlteros, nem
ainda como este publicano; jejuo duas vezes por semana e dou o dízimo de tudo
quanto ganho]. Na verdade ele não estava
agradecendo coisa nenhuma a Deus. Na verdade ele dizendo a todos os presentes
que não era publicano, que era dizimista, que era guardadora da lei, que,
enfim, era um homem que deveria ser considerado por todos como um modelo de
justiça. O que ele estava fazendo, na verdade, era um ato de auto exaltação, de
glorificação de si mesmo.
O grande problema destes homens, impeditivo para que acreditassem em
Jesus, mesmo vendo as obras maravilhosas que Jesus fazia, apesar dos numerosos
sinais que ele fazia não era a ponto de chegarem a Jesus e questionarem-no
pedindo sinais [Jo 2.18: Perguntaram-lhe, pois, os
judeus: Que sinal nos mostras, para fazeres estas coisas?]. Sendo que o que faltou não foram sinais. Jesus multiplicou pães e
peixes para milhares de pessoas, curou enfermos, cegos, paralíticos, mudos,
leprosos, fez mortos se levantarem. Sinais estavam diante dele, mas eram uma
geração má e adúltera, uma geração que buscava a sua própria glória. E Jesus
lhes diz que seu problema era que eles não queriam glorificar a quem merece ser
glorificado. Queriam ser exaltados, queriam ser glorificados. Esta era a
primeira razão detectada nos corações daqueles homens, daqueles lideres
religiosos em Israel. Eles queriam ser eles os exaltados, queriam ser
glorificados, queriam ser o centro das atenções.
Queriam ser tidos como homens piedosos quando, na verdade, de piedosos
não tinham nada. Eram hipócritas, nenhum deles observava a lei.
Esta era a primeira razão - a primeira justificativa de muitos, embora
muitos não admitam isso. Esta era a primeira justificativa: eu quero ser
glorificado, eu quero que olhem para mim, e para ninguém mais. Não estão dispostos
a dizer que vivem para glória de outro, como Paulo fez [Gl
2.20:
...logo, já não sou eu quem vive, mas Cristo vive em mim; e esse viver que,
agora, tenho na carne, vivo pela fé no Filho de Deus, que me amou e a si mesmo
se entregou por mim]. Não podem dobrar joelhos,
nem a cerviz perante ninguém. Queriam ser exaltados, estavam enciumados de
Jesus, mas este não era o único problema. Havia mais.
CEGUEIRA FRUTO DO PRECONCEITO
No último dia, o grande dia da
festa, levantou-se Jesus e exclamou: Se alguém tem sede, venha a mim e beba.
Quem crer em mim, como diz a Escritura, do seu interior fluirão rios de água
viva. Isto ele disse com respeito ao Espírito que haviam de receber os que nele
cressem; pois o Espírito até aquele momento não fora dado, porque Jesus não
havia sido ainda glorificado. Então, os que dentre o povo tinham ouvido estas
palavras diziam: Este é verdadeiramente o profeta; outros diziam: Ele é o
Cristo; outros, porém, perguntavam: Porventura, o Cristo virá da Galiléia? Não
diz a Escritura que o Cristo vem da descendência de Davi e da aldeia de Belém,
donde era Davi?
Jo
7.37-42
À partir do verso 37 encontramos a segunda justificativa: preconceito.
Eis a segunda justificativa para a incredulidade.
Enquanto alguns, reconhecendo a veracidade do ensino de Jesus, se
sentiram inclinados para crer, admitindo que ele era o profeta,
não um profeta, não mais um dos profetas, mas o profeta tão aguardado,
anunciado por Moisés [Dt 18.15: O
SENHOR, teu Deus, te suscitará um profeta do meio de ti, de teus irmãos,
semelhante a mim; a ele ouvirás]. É o grande profeta, aquele
que viria e deveria ser ouvido pelo povo de Deus, trazendo a revelação perfeita
da vontade de Deus para nós, o que Cristo efetivamente fez.
Alguns diziam este é o Cristo, o messias, o enviado, aquele que tem sido
aguardado desde os patriarcas, satisfazendo assim a esperança messiânica do
judaísmo.
Mas alguns acharam, em Cristo, uma justificativa para não crer. Diziam:
“Porventura o Cristo virá da Galiléia”? Galiléia dos gentios, terra de gente
desprezada, de gente que se misturava com os pagãos, se relacionavam com os
numerosos gentios que construíram mais de uma dezena de cidades na região, que
historicamente ficou conhecida por decápolis [as dez cidades].
Os habitantes da Galiléia eram desprezados como pessoas que não
guardavam a lei, gente inculta. Pode vir alguma coisa boa da Galiléia? É a
pergunta feita, de imediato, por Natanael diante do anúncio feito por Felipe a
respeito do Messias ser Jesus, de Nazaré [Jo 1.46: Perguntou-lhe Natanael: De Nazaré pode sair
alguma coisa boa? Respondeu-lhe Filipe: Vem e vê].
Preconceito, meus irmãos, esta é a segunda justificativa para a
incredulidade. Preconceitos, conceitos previamente assumidos que ocupam o lugar
que deveria ser ocupado somente pela fé, somente pela verdade, e aquela
multidão estava cheia, estava de eivada, cheia de preconceitos.
Inúmeras vezes ouço pessoas dizendo que não gostam de crentes por
diversos motivos, que não gostam da igreja por uma série de razões mas muitos
deles não conhecem a Igreja, ou, em muitas situações, conhecem um arremedo de
igreja, pois falsas existem aos montes, como existiam falsos messias antes de
Jesus [At
5.36-37: Porque, antes destes dias, se levantou Teudas,
insinuando ser ele alguma coisa, ao qual se agregaram cerca de quatrocentos
homens; mas ele foi morto, e todos quantos lhe prestavam obediência se
dispersaram e deram em nada. Depois desse, levantou-se Judas, o galileu, nos dias
do recenseamento, e levou muitos consigo; também este pereceu, e todos quantos
lhe obedeciam foram dispersos].
Ou talvez conheçam a Igreja em momentos de crise, tal como Pedro no
momento do julgamento de Cristo [Jo 18.25: Lá
estava Simão Pedro, aquentando-se. Perguntaram-lhe, pois: És tu, porventura, um
dos discípulos dele? Ele negou e disse: Não sou].
Seja qual for o motivo, preconceitos. Com bases reais ou sem base
alguma, mas ainda assim, preconceitos. É como alguém que foi atropelado por um
carro amarelo achar que todos os carros amarelos querem atropelá-lo.
Já ouvi muitas coisas a respeito dos cristãos e do cristianismo - e elas
machucam. Machucam ainda mais por saber que boa parte dela é fruto de maus atos
de cristãos - ainda que em muitos casos sejam maus atos de maus cristãos, ou,
pior ainda, de falsos cristãos, fazendo a obra do inimigo, tentando
desacreditar a Igreja de Deus.
São expressões preconceituosas, expressões de quem não conhece
verdadeiramente o evangelho, de quem não conhece verdadeiramente o evangelho de
Jesus Cristo, gente que talvez nunca tenha conhecido uma pessoa verdadeiramente
transformada pelo evangelho de Cristo Jesus.
Talvez tenham conhecido apenas maus crentes, ou membros da Igreja que
não eram crentes de fato, criando conceitos ruins que não correspondem à
realidade dos fatos.
Gente que, de pronto, recusa qualquer convite para conhecer a verdade,
conhecer a verdadeira Igreja e conhecer o verdadeiro evangelho. Não estou
advogando a perfeição da Igreja, ela não é perfeita. Se há um lugar onde a
perfeição não deve ser buscada é na Igreja, porque a Igreja não existe para
colocar uma maquiagem sobre a imperfeição. Mas este é o lugar onde a perfeição
é buscada pelos que estão ali, mas sabendo que, por sua própria causa, ainda
não é o que deve ser, mas, pela graça de Deus, já não é mais o que era.
Aquelas pessoas acreditavam que da Galiléia nunca poderia vir nada de
bom além de peixes. Pode vir alguma coisa boa, ou alguém de bom daquele lugar?
E em seu coração respondiam: Não. Pode vir algum mestre da Galiléia dos
gentios, terra de gente ignorante? Não, eles diziam.
E o preconceito impedia-lhes de ver a verdade que eles conheciam. Veja que coisa curiosa: eles perguntavam se
o Cristo viria da Galiléia e não de Belém da Judéia, da descendência de Davi?
Mas eles sabiam quem era Jesus. E ele não era de outro lugar que não de Belém,
da Judéia, filho de José, como se cuidava, descendente de Davi, como bem
podemos ver na genealogia registrada por Lucas [Lc
1.26-27: No sexto mês, foi o anjo Gabriel enviado, da
parte de Deus, para uma cidade da Galiléia, chamada Nazaré, a uma virgem
desposada com certo homem da casa de Davi, cujo nome era José; a virgem
chamava-se Maria].
Eles sabiam a verdade, mas eles ignoravam a verdade - preferiam a sua
própria mentira [Rm 1.25: ...pois eles mudaram a verdade de Deus
em mentira, adorando e servindo a criatura em lugar do Criador, o qual é
bendito eternamente. Amém!]. Quando Jesus nasceu houve
sinais extraordinários. Sua chegada foi anunciada por anjos aos pastores [Lc
2.9-11: E um anjo do Senhor desceu aonde eles estavam,
e a glória do Senhor brilhou ao redor deles; e ficaram tomados de grande temor.
O anjo, porém, lhes disse: Não temais; eis aqui vos trago boa-nova de grande
alegria, que o será para todo o povo: é que hoje vos nasceu, na cidade de Davi,
o Salvador, que é Cristo, o Senhor], foi reconhecida por
profetas [Simeão - Lc 2.25-27: Havia em Jerusalém um homem chamado
Simeão; homem este justo e piedoso que esperava a consolação de Israel; e o
Espírito Santo estava sobre ele. Revelara-lhe o Espírito Santo que não passaria
pela morte antes de ver o Cristo do Senhor. Movido pelo Espírito, foi ao templo;
e, quando os pais trouxeram o menino Jesus para fazerem com ele o que a Lei
ordenava - e Ana - Lc
2.36-38: Havia
uma profetisa, chamada Ana, filha de Fanuel, da tribo de Aser, avançada em
dias, que vivera com seu marido sete anos desde que se casara e que era viúva
de oitenta e quatro anos. Esta não deixava o templo, mas adorava noite e dia em
jejuns e orações. E, chegando naquela hora, dava graças a Deus e falava a
respeito do menino a todos os que esperavam a redenção de Jerusalém] no templo e interpretada corretamente por magos orientais para
vergonha dos sacerdotes [Mt 2.2: E perguntavam: Onde
está o recém-nascido Rei dos judeus? Porque vimos a sua estrela no Oriente e
viemos para adorá-lo]. Herodes, temeroso de
perder o trono, promoveu uma carnificina nas cercanias de Belém para tentar
matar o legítimo herdeiro do trono, pois
era descendente de Davi.
Jesus era de Belém da Judéia e ainda assim aquelas pessoas não
conseguiam enxergar a contradição em que caíam por causa do seu preconceito
apenas porque Jesus havia crescido na Galiléia.
O seu preconceito os cegava. O óculos, a venda do preconceito os impedia
de ver a luz do mundo que brilhava diante deles [Jo
8.12: De
novo, lhes falava Jesus, dizendo: Eu sou a luz do mundo; quem me segue não
andará nas trevas; pelo contrário, terá a luz da vida]. Preconceito. Todavia, há uma terceira justificativa para a
incredulidade.
MEDO DA PRESSÃO DO SEU GRUPO
À partir do verso 45 encontramos a terceira justificativa: medo da
pressão do seu grupo. Eis a terceira justificativa para a incredulidade: medo.
Voltaram, pois, os guardas à
presença dos principais sacerdotes e fariseus, e estes lhes perguntaram: Por
que não o trouxestes? Responderam eles: Jamais alguém falou como este homem.
Replicaram-lhes, pois, os fariseus: Será que também vós fostes enganados?
Porventura, creu nele alguém dentre as autoridades ou algum dos fariseus?
Quanto a esta plebe que nada sabe da lei, é maldita. Nicodemos, um deles, que
antes fora ter com Jesus, perguntou-lhes: Acaso, a nossa lei julga um homem,
sem primeiro ouvi-lo e saber o que ele fez? Responderam eles: Dar-se-á o caso
de que também tu és da Galiléia? Examina e verás que da Galiléia não se levanta
profeta. E cada um foi para sua casa.
Jo 7.45-52
Uma terceira razão para que as pessoas justifiquem a sua incredulidade é
o fato de que muitas vezes são pressionadas, tem medo de serem pressionadas.
Quando os guardas voltam após testemunhar o falar de Jesus de maneira
extraordinária - e o povo reconhecia que Jesus ensinava como quem tem autoridade
e não como os fariseus [Mc 1.22: Maravilhavam-se
da sua doutrina, porque os ensinava como quem tem autoridade e não como os
escribas]. O relato dos guardas diz que os religiosos não
tinham a mesma autoridade de Jesus pois admitiam que ninguém jamais tinha
falado como Jesus, nem mesmo eles [Jo 7.46: Responderam eles:
Jamais alguém falou como este homem] os sacerdotes zombam de
suas palavras e perguntam se eles também haviam sido convertidos a Jesus, se
eles também haviam sido convencidos pelas palavras de Jesus e os colocam no
mesmo nível da população aos quais considerava “maldita e ignorante” por seu
desconhecimento da lei. Desprezavam a mesma população que os alimentava, a
mesma população da qual eles queriam os aplausos e dos quais se sentia enciumada
porque eles estavam seguindo a Jesus.
Colocando em uma linguagem mais corriqueira, mais atual, é como se eles
dissessem: vocês acreditaram neste Jesus? Vocês ainda não perceberam que nenhum
nobre, nenhum doutor da lei acreditou em Jesus?
Nicodemos, que aparece anteriormente no relato de João [Jo
3.1-2: Havia, entre os fariseus, um homem chamado
Nicodemos, um dos principais dos judeus. Este, de noite, foi ter com
Jesus e lhe disse: Rabi,
sabemos que és Mestre vindo da parte de Deus; porque ninguém pode fazer estes
sinais que tu fazes, se Deus não estiver com ele], já era conhecido do apóstolo. É provável que o relato deste episódio
no templo tenha sido feito pelo próprio Nicodemos, ou talvez José de Arimatéia [Jo
19.38: Depois disto, José de Arimatéia, que era
discípulo de Jesus, ainda que ocultamente pelo receio que tinha dos judeus, rogou a Pilatos lhe
permitisse tirar o corpo de Jesus. Pilatos lho permitiu. Então, foi José de
Arimatéia e retirou o corpo de Jesus].
Nicodemos se levanta e diz: “Estamos cometendo um erro, julgando alguém
sem conhecer, sem examinar, isso é um erro”. Mas aqueles homens olham para
Nicodemos e o questionam: você também é discípulo dele? Você também vai se
juntar aos discípulos dele? Os fariseus e sacerdotes fazem uma ameaça velada a
Nicodemos: se ele quisesse ser discípulo de Jesus, que ficasse à vontade, mas
que os teria como seus opositores. E Nicodemos sabia muito bem o que isto
significava. Ele os teria como inimigos - e cruéis inimigos, capazes de tudo
para se manterem no poder. Nicodemos era um deles, era um dos maiorais, sabia
muito bem como as coisas funcionavam.
Então, temos aqui a terceira justificativa para a incredulidade: medo de
ser pressionado pelos amigos, medo de ser pressionado pelos familiares, medo da
pressão dos colegas da faculdade, medo da pressão dos colegas do lazer. É medo
de ser pressionado. É medo de ser considerado quadrado, retrógrado. Medo.
Encontramos outras pessoas assim nas Escrituras. José de Arimatéia
demorou para assumir que era discípulo de Jesus - e quando surge na história
bíblica ainda é com medo. Os pais do homem que foi curado de cegueira não
ousavam nem mesmo admitir que fora Jesus quem curara seu filho [Jo
9.20-22: Então, os pais
responderam: Sabemos que este é nosso filho e que nasceu cego; mas não sabemos
como vê agora; ou quem lhe abriu os olhos também não sabemos. Perguntai a ele,
idade tem; falará de si mesmo. Isto disseram seus pais porque estavam com medo
dos judeus; pois estes já haviam assentado que, se alguém confessasse ser Jesus
o Cristo, fosse expulso da sinagoga]. Medo. Medo de pressão.
CONSIDERAÇÕES FINAIS
Três justificativas para a incredulidade: a primeira justificativa é
ciúmes, a busca da glória própria. A segunda justificativa: preconceitos.
A terceira, medo.
Para concluir, diante destas justificativas, para aqueles que preferem
continuar incrédulos, para aqueles que preferem viver sem compromisso com Jesus
porque ele é da Galiléia, a Palavra de Deus afirma que quem crê no filho tem a
vida eterna. Quem não crê, sobre ele permanece a ira de Deus [Jo 3.36: Por isso, quem crê no
Filho tem a vida eterna; o que, todavia, se mantém rebelde contra o Filho não
verá a vida, mas sobre ele permanece a ira de Deus].
As tuas justificativas, as justificativas dos homens para não crerem
podem parecer boas o suficiente para toda a vida, mas serão lamentadas por toda
a eternidade.
O nome de tudo isto se chama pecado: medo, preconceito, desejo de glória
para si mesmo - pecados. E a Palavra de Deus nos diz que nós não devemos carregar
estas coisas no coração porque estas coisas levarão aquele que as carrega para
longe de Deus. Sobre os tais permanecerá a ira de Deus. A Palavra de Deus nos
diz que quando um homem conhece o amor de Deus ele faz com que você jogue fora
o medo.
A Palavra de Deus nos diz que todas as coisas que foram escritas foram
escritas para nossa instrução, para que creiamos, e crendo, tenhamos vida e
assim joguemos fora o preconceito.
A Palavra de Deus nos diz que Deus não divide a sua glória com ninguém,
mas que da mesma maneira que o filho o glorificou, o filho também será
glorificado - apenas o filho, e ninguém mais.
A Palavra de Deus nos diz que somos salvos tão somente se abandonarmos a
incredulidade e nos tornarmos crentes [Jo 20.27: E
logo disse a Tomé: Põe aqui o dedo e vê as minhas mãos; chega também a mão e
põe-na no meu lado; não sejas incrédulo, mas crente]. Abandone o medo. Jogue fora o preconceito. Despeça a vanglória e creia.
Creia no Senhor Jesus como seu Senhor. Creia no Senhor Jesus como seu salvador
e então experimentará e usufruirá do amor, da comunhão e da graça de Deus
através de Cristo Jesus, aquele que morreu na cruz para salvar a sua vida, para
te livrar da morte, do pecado, do inferno, da ira de Deus.
Somente aquele que crê verá a vida. Somente aquele que crê tem a vida
eterna.
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