sexta-feira, 18 de setembro de 2015

CORRENTES INTERPRETATIVAS DA TEOLOGIA PAULINA - LIBERAL

A INTERPRETAÇÃO LIBERAL

Tendo como ponto de partida o que Paulo teria a dizer sobre o Espírito a interpretação liberal procurou analisar esse elemento da perspectiva da antropologia grega, passando a distinguir duas linhas: a linha jurídica-legal (justificação) com origens judaicas e a linha ética (ou ética-mística) encontrada no contraste entre carne e espirito voltada para o pensamento greco-helenista. O espírito não seria uma antítese do finito e humano como em Baur para se tornar um antípoda do sensual. O espirito é tido como o mais importante principio racional no ser humano e deve subjugar a natureza sensual inferior, a carne. A comunhão com Cristo (em Cristo) é vista como um misticismo voltado para a ética e não como inclusão objetiva de crentes em Cristo, mas uma ligação espiritual e mística que daria origem a uma vida de amor e liberdade espiritual num sentido religioso geral. A presença do elemento “judaico” da justificação leva autores a considerar que em Paulo havia duas representações contraditórias (jurídica e ética) e que ele variava de uma para outra sem se dar conta desta contradição. No fim, tudo é reduzido a uma tentativa de transformar a teologia e religião de Paulo numa religiosidade ética-racional sem dependência alguma com os fatos redentores – encarnação, morte e ressurreição de Cristo. Wrede, por sua vez, entende que o Jesus de Paulo (inconscientemente) não tinha relação com o Jesus histórico, mas sim com seus conceitos pessoais baseados na escatologia judaica a respeito de um ser divino – mas Jesus continuaria a ser, apenas, uma figura humana.

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