A INTERPRETAÇÃO LIBERAL
Tendo como ponto de partida o que Paulo teria a dizer sobre
o Espírito a interpretação liberal procurou analisar esse elemento da
perspectiva da antropologia grega, passando a distinguir duas linhas: a linha
jurídica-legal (justificação) com origens judaicas e a linha ética (ou
ética-mística) encontrada no contraste entre carne e espirito voltada para o
pensamento greco-helenista. O espírito não seria uma antítese do finito e
humano como em Baur para se tornar um antípoda do sensual. O espirito é tido
como o mais importante principio racional no ser humano e deve subjugar a
natureza sensual inferior, a carne. A comunhão com Cristo (em Cristo) é vista
como um misticismo voltado para a ética e não como inclusão objetiva de crentes
em Cristo, mas uma ligação espiritual e mística que daria origem a uma vida de
amor e liberdade espiritual num sentido religioso geral. A presença do elemento
“judaico” da justificação leva autores a considerar que em Paulo havia duas
representações contraditórias (jurídica e ética) e que ele variava de uma para
outra sem se dar conta desta contradição. No fim, tudo é reduzido a uma
tentativa de transformar a teologia e religião de Paulo numa religiosidade
ética-racional sem dependência alguma com os fatos redentores – encarnação,
morte e ressurreição de Cristo. Wrede, por sua vez, entende que o Jesus de
Paulo (inconscientemente) não tinha relação com o Jesus histórico, mas sim com
seus conceitos pessoais baseados na escatologia judaica a respeito de um ser
divino – mas Jesus continuaria a ser, apenas, uma figura humana.
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