Há
alguns dias o cardeal Bergoglio, bispo maior da Igreja romana com o título de
Francisco I, afirmou que, como homem, Jesus Cristo fracassou ao morrer na cruz,
afinal, a cruz é lugar de morte, maldição, cessação de vida. Ao mesmo tempo,
junto com esta afirmação, ele, recentemente, disse que ateus também podem ser
salvos porque o alcance da graça de Deus é maior do que podemos pensar. Do alto
da pretensa “infalibilidade papal” o bispo romano estaria com a razão? Estaria
ele certo ao jogar por terra toda a base da fé cristã?
A
resposta é: não, o cardeal Bergoglio não tem razão. Ele está equivocado tanto
no que se refere a doutrina quanto às suas intenções. O que as Escrituras têm a
nos dizer sobre esse assunto?
Nada
melhor do que observarmos o que a bíblia diz a uma Igreja especialmente
sugestiva neste caso, a Igreja de Cristo em Roma. Datada da metade do primeiro
século, a carta de Paulo aos romanos estabelece verdades inquestionáveis para a
fé cristã - verdade que somente alguém imbuído de espírito de heresia ousaria
abandonar.
Porque
Cristo, quando nós ainda éramos fracos, morreu a seu tempo pelos ímpios.
Dificilmente, alguém morreria por um justo; pois poderá ser que pelo bom alguém
se anime a morrer. Mas Deus prova o seu próprio amor para conosco pelo fato de
ter Cristo morrido por nós, sendo nós ainda pecadores. Logo, muito mais agora,
sendo justificados pelo seu sangue, seremos por ele salvos da ira. Porque, se
nós, quando inimigos, fomos reconciliados com Deus mediante a morte do seu
Filho, muito mais, estando já reconciliados, seremos salvos pela sua vida; e
não apenas isto, mas também nos gloriamos em Deus por nosso Senhor Jesus
Cristo, por intermédio de quem recebemos, agora, a reconciliação.
Rm 5.6.11
Vejamos
aqui o que a bíblia diz sobre a morte de Jesus.
Em
primeiro lugar, a morte de Cristo não
foi um fracasso (Mc 10:45) e
isto deve continuar a ser anunciado pela Igreja (I Tm 2:6). A morte de Cristo foi, na verdade, uma grande vitória
porque, na cruz, ele, sozinho, substituiu todos os que ele veio buscar. A cruz
simboliza o nosso destino, o que era nosso por direito adquirido (Rm 6:23).
Cristo,
na cruz, efetivamente pagou o preço dos nossos pecados e, longe de sentir-se
derrotado, suas palavras são de vitória ao clamar “está consumado” (Jo 19.30), entregando, em seguida, seu
espírito não ao inferno, mas ao seu pai celeste “nas tuas mãos entrego o meu
espírito” (Lc 23.46) exatamente como
estava predito pelas Escrituras (Sl 31:5).
Na cruz o justo morreu pelos injustos (I
Pe 3:18) alegrando-se grandemente pelo fruto do penoso trabalho de sua alma
(Is 53:11). Derrotado na cruz?
Fracassado? Só se desprezarmos o ensino do próprio Jesus nas sagradas páginas
das Escrituras.
Em
segundo lugar, a morte não interrompeu a
vida ou os planos de Cristo (Jo
10:18). A morte de Cristo não foi um acidente nem foi decretada pela
traição de Judas (Jo 17:12), nem
pelos conluios dos escribas, fariseus, herodianos e sacerdotes (Jo 8:40). É verdade que os ímpios se
ajuntaram contra o ungido do Senhor (At
4:26) exatamente como havia sido dito pela bíblia que aconteceria (Sl 2:2) mas isso só aconteceu no
momento que o Senhor quis que acontecesse (Jo
7:30). Cristo morreu no tempo determinado por Deus (Rm 5:6), sem esperar que deixássemos de ser o que sempre seriamos
sem ele – fracos, isto é, impotentes para resolver nosso estado de perdição (Ef 2:5).
Em
terceiro lugar, a morte de Cristo teve eficácia total, não foi em vão:
Na
sua morte Deus provou o seu amor para conosco (v. 8). Quando as pessoas pedem
alguma prova de carinho e amor para outra, certamente estão pedindo muito menos
do que o que Deus fez (I Jo 4:9) e o
que Cristo fez em sacrifício que foi aceito pelo Senhor (Ef 5:2). É até normal uma pessoa dar uma prova de amor por alguém
que ama e que imagine que seja por ela amada, mas dar prova de amor por
inimigos, só Deus é capaz de algo assim;
Na
sua morte Cristo também concede justificação aos ímpios (I Co 6:11) porque ele paga os seus débitos na cruz (Cl 2:14) e um débito pago não pode ser
cobrado uma segunda vez pois isso seria uma flagrante injustiça;
Na
sua morte Deus nos reconcilia consigo mesmo (Cl 1:22) por intermédio de seu filho, Jesus Cristo. Deixamos de ser
considerados sem Deus no mundo e passamos a ser vistos em Cristo, o que o
apóstolo Paulo considera a coisa mais sublime do mundo (Fp 3:8);
Por
causa da morte vitoriosa de Cristo passamos da morte para a vida (Jo 5:24) e se antes éramos merecedores
da ira de Deus (Jo 3:36) agora somos
considerados seus filhos, e recebemos, então, o princípio de uma nova vida que
se manifestará em glória (I Jo 3:2);
Ao
invés de cometermos o equívoco de consideramos a morte de Cristo na cruz um
fracasso, como fez o cardeal Bergoglio, devemos olhar para os efeitos dela em
nós e percebermos o quão bem sucedido ele foi, porque, por intermédio de Cristo
fomos livrados da morte, recebemos vida eterna, temos paz com Deus (Rm 5:1) e podemos nos alegrar na
presença do Senhor (Sl 97:12) em
substituição ao terror e fuga comum aos filhos de Adão (Gn 3:10) porque o amor que ele nos concedeu e que nos leva a amá-lo
(I Jo 4:18) é perfeito, e o perfeito
amor lança fora toda forma de medo.
Não,
Jesus não foi um fracassado – ele venceu, e crer nele é garantia de vitória (I Co 15:57). Em Cristo, mesmo
enfrentando dificuldades imensas, podemos, sim, ser mais do que vencedores –
mas só em Cristo (Rm 8:37), pois do
contrário, mesmo que um homem ganhe o mundo inteiro, será um grande fracassado
por perder o que ele tem de mais importante: a sua própria alma (Lc 9:25).
Por
fim, a vitória de Cristo é a vitória que concede salvação aos pecadores que
nele crerem, e isto, certamente, não inclui a salvação de ateus, porque ateus
não creem. A palavra do Senhor é claríssima: a salvação é somente para os que
creem em Jesus (Jo 1:11-12), sobre
os demais permanece a ira de Deus (Jo
3:36) pelo fato de recusarem, obstinadamente, a graça salvadora de Deus em
Cristo Jesus (Ap 21:8). E isto, nem
Bergoglio, nem a Igreja de Roma pode mudar.
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